
Não vamos comemorar a doença de Fidel de Castro, como fazem parte dos exilados cubanos em Miami ou como deverá fazer Bush na Casa Branca.
Também não desejamos "
felicidades" ou "
bom desempenho" ao irmão Raul de Fidel. Porque, de certeza, ou fará o mesmo ou mais do mesmo!
Também somos de opinião que a "
democracia" que a União Europeia quer para Cuba, significaria a repetição política dos exemplos do Leste Europeu, depois da queda do Muro de Berlim e da União Soviética. O liberalismo não é aplicável em Cuba, sob pena de Cuba se tornar num sucedâneo, no século XXI, da ditadura de Baptista derrubada por Fidel.
O acesso dos cubanos a um sistema de saúde e à educação, os progressos económicos até ao momento do bloqueio norte-americano, só foram possíveis porque Cuba conseguiu, durante algum tempo, a introdução de medidas socialistas. O liberalismo teria, de certeza, agravado as carências de toda a ordem do povo cubano.
O problema de Cuba é sobretudo um problema político: os cubanos estão afastados de uma vida política democrática. E uma vida política democrática não tem de ser a cópia das democracias ocidentais. Porque estas democracias também mantêm as pessoas afastadas de uma participação activa e não são exemplo de vida mais digna!
O exemplo da sucessão de Castro por Castro é elucidativo da inexistência de uma participação democrática dos trabalhadores, dos jovens e dos cubanos em geral. A democracia em Cuba -
falamos de uma democracia socialista que conciliasse formas directas activas com a representação plural no Parlamento - não pode ficar refém do controlo desse polvo policial formado pelas chamadas "
forças de defesa cubanas".
Porque razão a substituição de Fidel não pôde ser préviamente (ou à posteriori!) discutidas nas fábricas, nos bairros, nas escolas, nas forças armadas, em toda a sociedade cubana, com a possíbilidade de se apresentarem candidaturas alternativas?
Será que uma participação política e cidadã mais activa dos cubanos, não contribuiria também para a consolidação de Cuba como país?
A substituição de Castro por Castro, de uma forma que nada tem a ver com uma verdadeira democracia socialista, pode contribuir para um ainda maior abafamento de todos os sectores da sociedade cubana e pode por em perigo o próprio futuro de Cuba como nação independente.