
Apesar dos meios de comunicação terem dado relevância (alguma) ao que se passou no Zimbabwe; apesar das Chancelarias Europeias terem mostrado preocupação ; apesar da União africana estar chocada, porque será que tenho a sensação de que há um “ruidoso silêncio” internacional quando se fala do sr. Mugabe ?
De herói da libertação , contra o regime branco na Rodésia de Ian Smith, a vencedor das eleições de 1980, Mugabe passou ao ciclo “típico do ditador africano”, como disse o bispo Desmond Tutu.
Robert Mugabe lidera o país há 27 anos e quer concorrer a um novo mandato nas eleições presidenciais de 2008. Terá na altura 84 anos. Há mesmo observadores que vão mais longe e pensam que o ditador quererá continuar até 2014. Terá então 90 anos !
O Zimbabwe encontra-se mergulhado numa crise económica, social e política desde 2000, quando o governo deu início a um programa de nacionalização das terras e propriedades controladas pela população branca. Nessa ocasião, a Grã- Bretanha, país de origem de muitos fazendeiros brancos do Zimbabwe, iniciou uma campanha para o isolamento internacional de Harare. Ao mesmo tempo, as forças de segurança do regime aumentaram os níveis de repressão contra opositores políticos, jornalistas e sindicalistas ; fraudes em eleições e deslocação forçada de milhares de pessoas, acusadas de apoiarem a oposição.
Neste contexto, Morgan Tsvangirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) tem sido uma referência na luta à ditadura. Os movimentos pró-democracia (partidos de oposição, igreja e grupos de defesa dos direitos humanos) estão agrupados na plataforma Save Zimbabwe Campaign (Salvem o Zimbabué) e, tinham marcada uma “oração colectiva”, para o passado domingo (11 de Março), nos arredores de Harare.
Mas, as forças policias do regime reprimiram brutalmente essa reunião, fazendo um morto (Gift Tandare) e mais de uma dezena de prisões. Entre os detidos está o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, que foi brutalmente espancado na prisão.” Não lhe distinguíamos entre a cabeça e o rosto e não conseguia ver como deve ser”, disse a sua advogada Innocent Chagonda. Tsvagirai foi hospitalizado devido às violentas agressões a que foi sujeito na prisão, juntamente com dezenas de outros opositores. Apesar dos protestos, Mugabe não dá sinais de retrocesso.
No segundo semestre deste ano, vai decorrer a presidência portuguesa da União Europeia, e José Sócrates já anunciou que pretende realizar a II Cimeira EU-África.
Deixamos algumas perguntas : que fórmula mágica terá Sócrates encontrado para ultrapassar a rejeição britânica a um encontro com Mugabe ? Ou dos africanos a não se sentarem sem a presença de Mugabe ? Que silêncio leva a que esta ditadura pareça se “legitimada” a nível internacional ? Tal como noutras abordagens a regimes africanos, há ou não pesos e medidas diferentes ?
(*) Por João Botelho
De herói da libertação , contra o regime branco na Rodésia de Ian Smith, a vencedor das eleições de 1980, Mugabe passou ao ciclo “típico do ditador africano”, como disse o bispo Desmond Tutu.
Robert Mugabe lidera o país há 27 anos e quer concorrer a um novo mandato nas eleições presidenciais de 2008. Terá na altura 84 anos. Há mesmo observadores que vão mais longe e pensam que o ditador quererá continuar até 2014. Terá então 90 anos !
O Zimbabwe encontra-se mergulhado numa crise económica, social e política desde 2000, quando o governo deu início a um programa de nacionalização das terras e propriedades controladas pela população branca. Nessa ocasião, a Grã- Bretanha, país de origem de muitos fazendeiros brancos do Zimbabwe, iniciou uma campanha para o isolamento internacional de Harare. Ao mesmo tempo, as forças de segurança do regime aumentaram os níveis de repressão contra opositores políticos, jornalistas e sindicalistas ; fraudes em eleições e deslocação forçada de milhares de pessoas, acusadas de apoiarem a oposição.
Neste contexto, Morgan Tsvangirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) tem sido uma referência na luta à ditadura. Os movimentos pró-democracia (partidos de oposição, igreja e grupos de defesa dos direitos humanos) estão agrupados na plataforma Save Zimbabwe Campaign (Salvem o Zimbabué) e, tinham marcada uma “oração colectiva”, para o passado domingo (11 de Março), nos arredores de Harare.
Mas, as forças policias do regime reprimiram brutalmente essa reunião, fazendo um morto (Gift Tandare) e mais de uma dezena de prisões. Entre os detidos está o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, que foi brutalmente espancado na prisão.” Não lhe distinguíamos entre a cabeça e o rosto e não conseguia ver como deve ser”, disse a sua advogada Innocent Chagonda. Tsvagirai foi hospitalizado devido às violentas agressões a que foi sujeito na prisão, juntamente com dezenas de outros opositores. Apesar dos protestos, Mugabe não dá sinais de retrocesso.
No segundo semestre deste ano, vai decorrer a presidência portuguesa da União Europeia, e José Sócrates já anunciou que pretende realizar a II Cimeira EU-África.
Deixamos algumas perguntas : que fórmula mágica terá Sócrates encontrado para ultrapassar a rejeição britânica a um encontro com Mugabe ? Ou dos africanos a não se sentarem sem a presença de Mugabe ? Que silêncio leva a que esta ditadura pareça se “legitimada” a nível internacional ? Tal como noutras abordagens a regimes africanos, há ou não pesos e medidas diferentes ?
(*) Por João Botelho
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