Em 2011 haverá muito provavelmente eleições legislativas antecipadas. Já se viu que apesar de haver uma maioria teórica de esquerda na Assembleia da República, a tendência do PS para se aliar ao PSD inviabilizou uma política de esquerda face à actual crise económica e financeira. Pelo contrário, foi uma política agressivamente neo-liberal que veio a ser imposta aos portugueses, a qual não só nada faz para atacar as fontes estruturais da crise como veio tornar inevitável um agravamento das condições de vida de todos os que dependem do seu trabalho para viver.
Há muitas visões de esquerda em Portugal e não tem havido capacidade para ultrapassar as diferenças entre elas, o que tem inviabilizado a adopção de políticas de esquerda, apesar de haver no nosso país uma maioria sociológica de esquerda.
Face à gravidade da crise, é essencial que tal não volte a acontecer.
Para isso é necessária a criação de uma ampla coligação eleitoral de esquerda que englobe desde o PCTP até à ala esquerda do PS, passando pelo PCP, pelo BE e pelo Verdes, e que inclua os muitos independentes de esquerda que têm preferido até agora preservar a sua independência.
Com um programa cuidadosamente elaborado, este é um leque eleitoral que poderia captar de 30 a 40% dos votos, criando condições reais para uma participação no governo, e para permitir a adopção de políticas eficazes contra a crise, sem cedências à banca e aos grandes interesses económicos nacionais e estrangeiros.
O programa de uma tal coligação deveria ter como prioridade a redução da nossa dependência financeira do exterior, promovendo a colocação da dívida pública em Portugal e adoptando mecanismos de limitação do valor das importações ao valor das exportações, o que não só travaria o agravamento da nossa dívida externa como promoveria a produção em Portugal. O reforço do uso de energias renováveis e a redinamização da nossa produção alimentar, seriam outras prioridades a levar em conta. Tal como a defesa dos direitos dos trabalhadores e a socialização da banca.
O sucesso de empresas como a Auto-Europa, Continental e tantas outras, é a prova de que os trabalhadores portugueses são competitivos e não precisam de aceitar reduções salariais, desde que lhes sejam proporcionados os meios tecnológicos adequados e sejam competentemente dirigidos no seu trabalho. É a incompetência de quadros superiores e de empresários gananciosos que está na origem da baixa produtividade média em Portugal, e não a falta de qualidade e de esforço de quem trabalha. É preciso que um governo de esquerda meta na ordem quem prefere distribuir dividendos a investir.
Por isso desde já lanço o desafio a todos os que são de esquerda para que comecem a trabalhar para a criação de uma coligação com a designação de Frente Democrática, com a amplitude já referida, para que nunca mais se possa impor aos portugueses políticas ruinosas ao serviço da oligarquia internacional.
(**) Nuno Cardoso da Silva
2 comentários:
Vamos a isso!
http://viasfacto.blogspot.com/2010/11/o-programa-da-alianca-de-esquerda-unida.html
Greve geral já!
Vamos mostrar que os trabalhadores merecem ser respeitados!
Por uma frente democrática, por um mundo melhor! Greve geral já!
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