
Provavelmente o aparecimento de um único candidato à esquerda, teria colocado tudo muito diferente do que temos hoje. Mas a proliferação de candidaturas à esquerda é a realidade que temos. Uma realidade que confirma a crónica incapacidade das esquerdas portuguesas para dialogarem entre si estabelecendo plataformas políticas convergentes.
As responsabilidades históricas da incapacidade de convergências à esquerda, pertencem a todos os intervenientes à esquerda. Para a presente eleição presidencial a principal responsabilidade pela divisão das esquerdas vai, por inteiro, para a actual direcção do PS que não só não quis, na prática, qualquer convergência à esquerda, como foi responsável por um processo no interior do PS que acabou por dividir irremediávemente os militantes e eleitores socialistas.
As candidaturas que foram surgindo à esquerda, começaram por seguir um processo de afirmação política excessivamente fixado na contestação a uma candidatura que ainda não o era e que depois de o ser, conseguiu afirmar-se, à direita, como candidatura única e convergente de um espaço social e político que vê nesta eleição a primeira oportunidade para colocar alguém seu em Belém.
Na nossa opinião, as candidaturas de esquerda deveriam aproveitar a campanha eleitoral para afirmar os seus projectos, mobilizando mais eficazmente os seus apoiantes.
A canpanha eleitoral, numa perspectiva de esquerda socialista, deverá ser uma oportunidade para vincar a necessidade de afirmação de uma democracia onde os direitos de cidadania e dos trabalhadores sejam garantidos e aprofundados nos planos político e social. Um Presidente com uma perspectiva de esquerda não pode, óbviamente, ficar indiferente a políticas e a processos que contribuem objectivamente para a degradação e afunilamento da democracia.
Um Presidente não é um primeiro-ministro, mas também não pode ser alguém sem projecto político claro, no quadro de uma Constituição que ainda mantém a influência política de tempos em que os cidadãos e os trabalhadores eram mais importantes que a actual força dos lobbies financeiros e das empresas.
Aos candidatos das esquerdas basta a afirmação política do que são para mobilizarem o povo de esquerda. Isso será o bastante para continuar a colocar a direita fora de Belém!

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