"Nestes 3 anos critiquei ferozmente o PS em várias circunstâncias (dois exemplos: a reforma universitária e o casamento entre pessoas do mesmo sexo). Critiquei atitudes, discursos, políticas, sobretudo em torno da universidade ou em torno das questões LGBT e outras. (Como critiquei - mas essas críticas esquecem-nas os citadores compulsivos - os pressupostos, crenças e tiques de muito pensamento e acção da esquerda à esquerda da social-democracia). Mantenho essas críticas, como se mantem o contexto em que foram feitas. Fi-las por achar que o PS deve ser mais explicitamente de esquerda e rever os erros da terceira via e da cedência a uma suposta inevitabilidade neo-liberal no mundo de hoje. Fiz essas críticas ao mesmo tempo que fui afirmando a minha opção política por uma social-democracia a sério e o meu desejo de que a ruptura histórica entre a área do PS e a área do BE fosse (seja) ultrapassada graças ao contributo daqueles e daquelas que se revêm numa esquerda social-democrata. Continuarei a fazer críticas com estes pressupostos."
Não me parece que Miguel Vale de Almeida tenha cedido políticamente às políticas de José Sócrates, pelo facto de ter aceitado ser candidato a deputado pelo PS.
Miguel Vale de Almeida, pelo que escreve, mantém uma posição de independência face às políticas neo-liberais que caracterizaram a governação e a prática do PS nos últimos quatro anos. Miguel Vale de Almeida é um activista do movimento gay que se sente melhor numa posição de independência e que considera que será mais proveitoso (para os seus compromissos políticos e sociais) se conseguir ser eleito deputado.
Falta saber se Sócrates e a direcção do PS cumprirão o que agora prometem quanto a medidas como, por exemplo, o reconhecimento do casamento gay. E se não as cumprir como agirá Miguel Vale de Almeida.
Pessoalmente tenho todas as dúvidas do mundo sobre a roupagem de esquerda que Sócrates volta a vestir para consumo eleitoral. Já aqui se disse que "VAI ABRIR A TEMPORADA "DE ESQUERDA" DA DIRECÇÃO DO PS ...", mas não critico quem procura entrar no PS com propósitos de esquerda.
É preciso é que continuem a ter os meus propósitos no pós-eleições e saibam dialogar e estabelecer pontes com outras esquerdas ...
João Pedro Freire
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