Há mais de 20 anos, os boletins da oposição socialista aos regimes estalinistas do Leste Europeu, conhecidos por SAMIZDAT, incluiam diversas análises que concluiam que a alternativa ao que existia a Leste não poderia ser o capitalismo.
Os oposicionistas ao regimes burocráticos e totalitários do Leste, não eram, todos eles, apologistas do sistema capitalista. Muitos, em número muito significativo, definiam-se como socialistas, alguns como comunistas. Para o dito "socialismo" do Leste, pediam democracia, pediam liberdade, pediam direito ao pluralismo e à liberdade de imprensa. Pediam também que a planificação económica deixasse de ser decidida pela nomenclatura e voltasse ao poder democrático dos trabalhadores.
O que existia a Leste, mostrava que o socialismo não pode existir como se fosse uma fortaleza fechada do resto do Planeta. O socialismo precisa de influenciar, precisa de confrontar em liberdade e em democracia!
O que existia a Leste também convinha às democracias liberais do Ocidente. Identificar o Leste com o "papão comunista" dava muito jeito a quem precisa também desse "argumento" para perpetuar um sistema que oferece desemprego em liberdade, exploração em liberdade, miséria em liberdade, e, um conceito de liberdade que acaba sempre por beneficiar os que mais possuem em detrimento dos que precisam de trabalhar, muitas vezes, para sobreviver!
O socialismo precisa de liberdade e de democracia como o corpo humano precisa de oxigénio. Tal como é sempre vital que a liberdade seja sempre a liberdade de pensar e agir de maneira diferente!
20 anos depois da queda do Muro, os que viveram a imposição do Muro a Leste e a Oeste, sabem, sentem, que a conquista da liberdade não chegou, só por si! Talvez faça todo o sentido lembrar slogans, cheios de sentido, que clamavam por "nem socialismo sem liberdade, nem liberdade sem socialismo".
Só por si, a liberdade não dá justiça, embora seja vital para se poder lutar por mais justiça social e mais justiça na economia!
20 anos depois da queda de um Muro injusto, totalitário, repressivo, inumano, vivemos, em liberdade, uma terrível crise económica e financeira com consequências desastrosas no plano social, mas também, no exercício das próprias liberdades democráticas. Os episódios sucedem-se quanto a exemplos que evidenciam que o capitalismo aprendeu muito com as práticas totalitárias dos antigos regimes de Leste!
20 anos depois da queda do Muro em Berlim é urgente defendermos a liberdade, defendermos a democracia para podermos prosseguir com uma luta internacional pelo socialismo, enquanto sociedade de justiça social, de liberdades, de democracia, de participação livre e generalizada!
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