tribuna socialista

quarta-feira, dezembro 01, 2010

RUBRA : ALGUNS COMENTÁRIOS CRITICOS ...



Rubra nr.9 Outono 2010 revistarubra@gmail.com

A revista Rubra é, em cada número editado, um exemplo de reflexão séria à esquerda. Há reflexão e, mais importante, são propostos caminhos para a acção.

O número 9, agora saído, continua nessa senda. Do seu conteúdo, sugerem-se os seguintes artigos:
  • Editorial: E Alegre se fez triste ... ou porque é que a esquerda não tem um candidato de jeito?
  • Dívida pública, negócios privados. "Quando se viram a braços com a crise no crédito privado que começou em 2008 (falência de bancos, crédito mal parado, etc), Governos burgueses como o de Sócrates só vêem uma saída: diminuir as verbas públicas destinadas aos serviços sociais (...) e aumentar impostos indirectos, os que mais incidem no bolso dos trabalhadores".
  • Entrevista com Michael Savas-Matsas, dirigente do EEK da Grécia. "Defendemos a rejeição unilateral da dívida aos usurários internacionais e a nacionalização da banca"
  • Entrevista com Sjaak Van der Velden, dirigente do Partido Socialista holandês: "Os trabalhadores fazem greve quando acreditam que vale a pena"
Neste número de Outono, surge encartado um folheto intitulado "Pela derrota da NATO. Pela vitória militar da Resistência Islâmica!"  que tem por referência a recente cimeira da NATO em Lisboa.

O conteúdo deste folheto merece-nos alguns comentários criticos. Começamos, desde logo, por discordar do seu título. Defendemos, sem equívocos, a retirada de Portugal da NATO, como defendemos imediatamente a saída da NATO, nomeadamente do Afeganistão. Consideramos, no entanto, que não há nenhuma "resistência islâmica" que possa ser apontada, por exemplo, na Somália, no Iraque e no Afeganistão, como correspondendo a algo com apoio popular nesses países. Aquilo a que se chama de "resistência islâmica" com capacidade militar, corresponde, nesses países, a grupos sem apoio popular e com uma relação de prepotência e de intimidação em relação às populações locais.

O conteúdo do folheto é, todo ele, construído segundo o principio de que "Estamos do lado da vitória militar da ditadura ocupada contra a "democracia ocupante" ...". Este principio, assente no princípio abstracto do conceito "povo", justificaria, desde um ponto de vista socialista e internacionalista, a perpectuação de muitas situações de prepotêcia, autoritarismo e securitárias e a paralização de qualquer acção laica, internacionalista e socialista.

No caso dos países referidos, consideramos que as populações locais vivem perante um monstro bicéfalo. Uma cabeça é o imperialismo norte-americano e ocidental e a outra cabeça representa o terror dos grupos fundamentalistas islâmicos, os únicos com capacidade militar. Desde um ponto de vista socialista e internacionalista, tudo deveria ser feito para se conseguir, nesses países, o surgimento de fortes movimentos sociais e populares com sentido laico, democrático, de classe e socialista.

Uma "vitória militar da Resistência Islâmica" não acrescentaria nada de nada a uma "derrota da NATO". Tal como, nos anos 70 do século passado, a vitória militar da Resistência Islâmica (na altura armada pelos norte-americanos) ao ocupante soviético no Afeganistão, representou um enorme retrocesso para a vida dos afegãos.

2 comentários:

maN bOwerline disse...

Entrando aqui pela primeira vez.Boa noite!

Anónimo disse...

maravilha de Blog!! Estou seguindo e linkando! amei.