Sim ... é preciso votar no Domingo, 23 de Janeiro! Votar contra Cavaco Silva! Votar para que seja possível a realização de uma 2ª Volta!
Não vai ser fácil ... e não é fácil quando as esquerdas não se entendem e quando o descontentamento social fica disperso, à mercê de populismos e de demagogias institucionais.
Quem são as esquerdas a que nos referimos? É uma maioria social e eleitoral que nunca tem tido expressão política. São jovens, são trabalhadores, são cidadãs e cidadãos, em geral, que votam PS (e muitos estão descontentissimos com as politicas governamentais de Sócrates), que votam Bloco de Esquerda, que votam PCP, que votam nos partidos mais pequenos das esquerdas, que se abstenhem, que já votaram à direita mas que aceitariam uma nova alternativa ...
Não é novidade as esquerdas não se entenderem ... e num País onde a maioria social até está do lado das esquerdas. Mas o que se passou com as Presidenciais foi do mais abjecto que podia ter acontecido.
Esteve muito mal a direcção política do Bloco de Esquerda e o seu coordenador, Francisco Louçã, quando apoiaram Manuel Alegre, mesmo antes de ele ser oficialmente candidato, e, mesmo assim, sabendo perfeitamente que seria também o candidato do PS governamental responsável por uma série de políticas que criaram, muito justamente, um enorme descontentamento social. O que é que poderia representar um candidato presidencial apoiado por um partido identificado com as politicas governamentais e apoiado por outro que é oposição a essas politicas governamentais? Esse candidato acabou por ser uma espécie de candidato do "nim", visível em muitas declarações que fez durante a campanha eleitoral, caracterizadas por muita abstração, muita retórica e muito pouco concreto e objectivo quando o interrogavam sobre as consequências sociais das políticas do governo do partido a que pertence. Muito mal, mesmo muito mal, ficará a direcção política do Bloco de Esquerda com a situação - desânimo, divisão, ... - em que colocou todo o BE !
A candidatura de Fernando Nobre não foi a candidatura da "iniciativa cidadã" que proclamou. Caindo várias vezes no populismo, Fernando Nobre juntou à sua volta, no seu "núcleo duro", um cocktail de personalidades que, caso ganhasse, rápidamente se anulariam, deixando Nobre sózinho com os seus discursos de apologia do seu "eu" ... A candidatura de Nobre mostrou que não chega não ter o apoio dos partidos para não importar os piores tiques partidários. Dos que começaram junto a Fernando Nobre, muitos o deixaram, desiludidos com o que viram ... Não basta um homem para se construir uma candidatura !
Francisco Lopes, o candidato assumidamente do PCP, mostrou, novamente, até onde pode ir o Partido Comunista em matéria de movimentos de convergência, como é o caso de uma candidatura presidencial. O discurso do candidato esbarra com o posicionamento sectário, fechado e até algo clubistico dos seus apoiantes militantes do PCP.
Manuel Alegre, Fernando Nobre e Francisco Lopes são candidaturas que disputam o apoio eleitoral do povo das esquerdas. Mas nenhuma delas consegue, só por si, reunir o apoio maioritário desse povo das esquerdas. No entanto, o voto válidamente expresso nestas candidaturas pode contribuir decisivamente para a realização de uma 2ª volta ...
Mais uma vez, as esquerdas, mais própriamente as suas direcções políticas, falharam na concretização de um esforço sério para a apresentação de uma candidatura mobilizadora de sentido democrático, socialista e anti-capitalista.
Mas é com a realidade que temos que teremos de nos mobilizar para a derrota de Cavaco Silva numa 2ª volta. Para isso, de acordo com o que está legislado para as Presidenciais, só contam votos válidamente expressos, não contam votos nulos, não contam votos em branco, não contam as abstenções!
Numa 2ª volta, o povo das esquerdas saberá, mais uma vez, demonstrar um sentido mais prático, mais objectivo e mais unitário que as direcções partidárias dessas esquerdas, para se derrotar Cavaco Silva.
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