
Segundo o Público, parece que o jovem dirigente da JSD não acredita no "conceito do emprego para a vida". E é aqui que se revela o sentido e a eficácia da referida campanha. Ou seja, o que a JSD de Lisboa pretende é uma espécie de emprego precário devidamente remunerado. Sem deixar de ser precário!
A praga dos recibos verdes é o termómetro da precariedade no emprego que invade não só quem entra no mercado do trabalho, mas tendencialmente TODO o chamado mercado de trabalho. Se pudessem, certamente que a vontade de muitos chamados empresários apontaria para 100% de precariedade em todo o mercado de trabalho. Facilitaria o fecho de empresas, diminuiria os custos e aumentaria o número dos que não protestam para assim garantirem um prato de lentilhas ...
Algumas questões se colocam:
- porque razão não podem existir empregos para toda a vida? O que é que tem a ver as novas tecnologias, por exemplo, com essa dita impossibilidade?
- porque razão um trabalhador não pode ter acesso a programas de formação profissional que o habilitem a enfrentar novos desafios tecnológicos? Programas de formação profissional suportados pela empresa onde está o trabalhador em vez da empresa dispensar o trabalhador por "extinção do posto de trabalho" ou "falta de adaptação" a novas tecnologias ou novos desafios.
- porque razão o chamado mercado de trabalho barra o acesso ao direito ao emprego a trabalhadores considerados mais velhos ou "séniores" ?
- porque razão o tal mercado de trabalho precariza (como se de uma inevitabilidade se tratasse) o emprego de jovens trabalhadores?
- Porque razão os trabalhadores (jovens ou séniores) são incentivados pelas empresas a não se sindicalizarem ou a não criar orgãos laborais próprios como forma de lutarem e defenderem os seus direitos, nomeadamente em matérias como a formação profissional e os planos remuneratórios ?
Os recibos verdes são a expressão da precarização dos empregos imposta por uma economia assente na ditadura da empresa e no menosprezo do trabalhador. Daí que qualquer campanha, para ir ao fundo da questão, terá de atacar a raíz do problema e não a (impossível) amenização da consequência desse problema!
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