tribuna socialista

sábado, dezembro 19, 2009

PRESIDENCIAIS: COMO UNIR AS ESQUERDAS? MANUEL ALEGRE A MELHOR OPÇÃO?

A partir das declarações de hoje de Francisco Louçã à TVI, pretende-se contribuir com um debate sobre como se podem unir as esquerdas nas próximas Presidenciais.

Será que Manuel Alegre seria o melhor candidato para unir as esquerdas? Existirá mais alguém?

Um debate sobre a unidade das esquerdas, óbviamente não se esgota nas fronteiras de qualquer partido da esquerda. Tem de ir mais além, tem de envolver partidos, correntes, grupos, movimentos, activistas, pessoas que estejam interessados numa candidatura que represente a pluralidade das esquerdas e constitua mudança política e de ruptura com o liberalismo.

Este debate está no Facebook e também ficará aqui no TRIBUNA SOCIALISTA.

Todos os contributos serão benvindos! Debate precisa-se!

5 comentários:

Anónimo disse...

"Sim a situação é outra. Vamos a ver o papel do Sócrates. Muitos dos votos do Alegre da outra vez foram ps's anti-Soares e não pró-Alegre. Por seu turno Alegre é muito titubeante e pouco corajoso; creio que nada fará sem o apoio do PS. Acho que sem isso ele não se perfilará como candidato do BE e eventualmente do Pc; e este, que fará? Embarca numa posição de subalternidade política e numérica face ao BE que terá uma melhor relação com Alegre? Interessante esta discussão mas há ainda muitas incógnitas"

Grazia Tanta, no Facebook

Francisco Gonçalves disse...

Será que o problema das esquerdas é vencer a direita nas Presidenciais? É obvio que se esse fosse o remédio eu recrutava a família toda para “botar” no Manel… só que o problema não é esse!!!
O problema, tal qual eu o vejo, é vasto e complexo e não se resume a receituários de algibeira, quando milhares de Portugueses não têm emprego, o de muitos é precário, e milhares passam a fronteira rumo a outros destinos, felizmente já não vão a salto, e amanhã até podem ir de TGV…
O problema das esquerdas reside nas suas lideranças que imaginam que só elas têm a fórmula certa para criar o paraíso na terra, e nesse sentido até se tornam parecidos com os seus opositores, a que convencionalmente chamamos de direita, sendo assim, discurso por discurso prefiro o meu…
De qualquer forma acho essa ideia do Manel a presidente um disparate (como contra todos achei no passado a do Otelo…), pois não basta o homem querer ser presidente e ter uma grande influencia na esquerda que gira à volta dos partidos para o promovermos, e porque razão não convidar um António Barreto? Que eu saiba o Senhor não deixou de ser de esquerda? Eu sei, diz algumas verdades, que por serem verdades incomodam muita gente, enquanto as verdades do outro, incomodam mais a malta de direita… contudo enquanto se discutem estas tricas, a malta do meu país, os meus conterrâneos, continuam sem emprego, as reformas daqui a uns anos descerão para metade (não sei que contas andaram a fazer, porque até aqui era quase por inteiro…), o crime aumenta, a escola é uma tristeza, e a culpa só não é do macaco do Palácio de Cristal, porque já não existe…

Xico Gonçalves

Prof-Forma disse...

É minha opinião que Alegre é, se quisermos, o candidato natural da Esquerda às eleições presidenciais. Por isso mesmo considero, também, que o PS tudo fará para lhe interpor um candidato que divida votos e o impeça de ganhar. A política liberal do PS depende de um Chefe de Estado que compartilhe a perspectiva ideológica que tem sido prosseguida no trato das matérias sócio-económicas, que não faça ondas se não em torno de assuntos menores e de birras pessoais, que abra espaço a uma política antipopular e ostensivamente fomentadora da concentração económica e do empobrecimento generalizado. Alegre, bem o sabemos, está longe de ser um campeão da classe trabalhadora. Mas não transigiria com um centésimo daquilo que Cavaco tem consentido, não permaneceria silencioso, não teria esta atitude. E Sócrates bem o sabe: pelo que, lançando mão do argumentário da traição e do posicionamento «excessivamente à Esquerda» do poeta (de há algum tempo, de resto, a circular na praça pela mão de gente grada do PS), avançará com um qualquer candidato que impeça Alegre de ganhar. Podia apostar nisso.

Anónimo disse...

O texto seguinte é da autoria de GRAZIA TANTA, e estará disponível como posta na página principal de TRIBUNA SOCIALISTA:
Alegre, candidato da esquerda?

Francisco Louça reafirmou (1) recentemente o apoio à candidatura de Alegre para Presidente da República e isso levanta desde logo três questões:

• Que se saiba os militantes do BE não foram ouvidos sobre o assunto. Embora seja uma questão interna ao BE, o autor destas linhas, não pertencendo embora a nenhum partido, sublinha a importância da afirmação para todas as esquerdas portuguesas;

• Depois, é caso para se perguntar se a eleição para PR é algo de fundamental para a redução do desemprego e da precariedade ou para o relançamento da luta social;

• Em terceiro lugar saber se Alegre oferece alguma garantia de ser um elemento contribuinte para esse relançamento da luta da multidão, contra Sócrates e o seu governo.

Em Portugal, quase toda a produção legislativa e todas as medidas com impacto social cabem ao governo, sendo limitada a capacidade de intervenção relevante do PR, de acordo com antigos desejos de Mário Soares, para se prevenir contra um novo Eanes. Portanto, seja quem for o próximo PR a sua actuação a favor da multidão de trabalhadores e ex-trabalhadores é pontual.

Por outro lado, há uma tendência na esquerda portuguesa de colocar os ovos todos na mesma cesta; isto é, colocar a contestação ao capitalismo, em todas as suas formas, no limitado e enganador quadro institucional da democracia de mercado em que se vive. Sou da opinião que o quadro institucional, nas suas várias instâncias – AR, Concertação Social, autarquias – deve ser subordinada à contestação popular, organizada, unida em torno de objectivos concretos, suficientemente desobediente para incomodar o governo e isenta das pretensões hegemónicas de maníacos do controlo do movimento popular.

Alegre sempre foi um acomodado cacique do PS a quem Sócrates estragou um momento de glória ao preteri-lo a Soares, na pugna com Cavaco. O ressaibo juntou-se ao célebre milhão de votos que terão sido mais motivados por uma lição a Soares e Sócrates do que pela bem timbrada voz de Alegre. E ambos têm sido jogados desde então, com frases enigmáticas, caminhadas titubeantes, sinais antagónicos, almoços “decisivos” com Sócrates e uma ou outra atitude dissonante na AR, mais para se valorizar junto de Sócrates do que como manifestações de um projecto político que não existe, nem pela sua coerência, nem pelo seu carácter de esquerda.

(...)

Para ser PR – seu sonho de fim de carreira cinzenta – Alegre sabe que precisa do PS e de Sócrates e que, para ganhar a corrida, precisa dos votos da esquerda. E Sócrates nada arrisca nisso, só tem a ganhar. E para ganhar - rindo-se de uma esquerda bem comportada, bem falante mas, vesga - não se importa nada de aparecer de braço dado, uma ou outra vez, com Louça e/ou Jerónimo.

(...)

Apoiar Sócrates, ainda que indirectamente, através de Alegre é legitimar esse desacreditado carrasco e aldrabão, líder absoluto da direita portuguesa. Que pensarão os votantes da esquerda se forem convidados a votar numa máscara de Sócrates chamada Alegre? E a eleição do candidato de Sócrates, com os votos da esquerda, que garantias dá aos trabalhadores, aos desempregados, aos precários?

Sabe-se da existência de muitos submarinos dentro dos partidos de esquerda e nas suas orlas, ansiosos de uma união de facto com o PS, mesmo com Sócrates, para ganharem lugares bem pagos no aparelho de Estado, na peugada do Pina Moura, do Lino, do Jorge Coelho, ou dessa espécie de Rosenberg português, o Santos Silva.

Ninguém duvide que existem muitos militantes dos partidos de esquerda que não votarão em Alegre, se isso lhes for proposto, contribuindo assim para uma clarificação – absolutamente necessária à esquerda – sobre o carácter do PS e dos caciques da esquerda.

Grazia Tanta

22/12/09

(1) Em 22/6/2009, Louça já havia dito exactamente o mesmo

Nuno Cardoso da Silva disse...

Já fui membro de uma comissão de honra da candidatura de Manuel Alegre, mas não me parece que se ganhe alguma coisa repetindo essa candidatura. Manuel Alegre não tem de facto a coragem que se exigiria a um Presidente de esquerda, e não se pode salvar o país com slogans.

Como disse Francisco, António Barreto seria de facto um candidato de esquerda muito melhor. Por mim apoiaria essa candidatura.