tribuna socialista

domingo, fevereiro 28, 2010

CUBA, CHE, ... , UMA REFLEXÃO !

A propósito de alguns comentários / debate que decorre, por estes dias, no Facebook, a propósito da morte de um dissidente cubano...

Sobre o Che já escrevi que é uma personalidade complexa, numa época complexa e sujeita a reacções contraditórias.
Tal como a Cuba libertada de Baptista, também Che viveu ensanduichado pelas consequências do bloqueio imperialista e da (ainda hoje estranha) sedução de alguma esquerda por uma União Soviética que já era, nessa altura, estaliniana, totalitária e com ímpetos imperiais.
A própria figura do Che chegou ao ponto de hoje ser fácil e "olimpicamente" aproveitada por todos os instrumentos desta execrável economia de mercado (uma das máscaras do capitalismo puro e duro): em prontos a vestir, em papelarias, em sex-shop (!!), em guloseimas ... estranha forma esta de tornar "soft", comestível, a figura de alguém que era suposto ser revolucionário ...

Mas, a partir de determinado momento (a sua saída de Cuba, marcará alguma desilusão com a evolução politica do processo revolucionário???), o trajecto de Che parece a fuga para não se sabe o quê, à procura de não se sabe também o quê, ... , até que é morto ...

Relativamente a Cuba, a sua evolução tudo aponta para a repetição do que já vimos nos países do Leste europeu, quando caiu o Muro de Berlim ... a incapacidade do tal "homem novo" (produzido pelo estalinismo) saber resistir aos apelos do capitalismo/liberalismo ...
Pelo meio, fica essa incapacidade de todos os totalitarismos (nestes incluo também o neo-liberalismo globalizado) saberem conviver com todas as liberdades (individuais, colectivas,...), aproveitando-se sempre delas, naquilo que a cada um deles aproveita como mais conveniente. Sempre em desfavor das grandes maiorias sociais a quem só acabam por ser reservados deveres ...

Em Cuba, o mais grave, é se essa nação (no sentido de conjunto definido de pessoas com anos e anos de cultura, de afirmação, de História) saberá resistir e não se extinguirá com o fim do actual totalitarismo e o retorno a dias do capitalismo selvagem e desenfreado ...

3 comentários:

Anónimo disse...

Sem a pretensão de lhe dizer sobre o que escrever, deixo-lhe o desafio de dizer preto no branco se a dissidência deve ser punida com prisão. Creio saber a resposta, por me parecer trotskista.

Mas que alternativas se devem abrir em Cuba: pluripartidarismo com possibilidade de partidos pró-capitalistas participarem em eleições? Partidos só socialistas (ceifando, igualmente, a liberdade total de associação)?

Os dias de Cuba revolucionária há muito que acabaram, agora iniciaram-se mais greves de fome. Penso que o fim do regime pode estar para breve.

João Pedro Freire disse...

Antes de mais, continuo a não entender por que razão o comentário aqui por estes sítios tem de ser anónimo ... não gosto de responder a anónimos!
Não, a "dissidência" não deve ser punida! Até porque esse termo - dissidência! - é muito estranho ao meu dicionário.
Sou pelo pluripartidarismo, sem restrições. A partidos e não só a partidos. Até porque a democracia também não se esgota no parlamentarismo e no partidarismo, tal e qual o conhecemos ... e que parece um funil!
Cuba tem de permitir o pluripartidarismo, tem de permitir as liberdades democráticas, de expressão, de imprensa, de opinião, ... , todas as liberdades. Cuba teve, com a sua revolução, avanços muito importantes, em áreas como a educação e a saúde, que devem ser defendidos, como é óbvio, por todos aqueles que não confundem totalirismo com socialismo.
Na minha opinião, o liberalismo, o capitalismo, não é alternativa para Cuba ... mas isso é o que eu penso! E o que penso, se fosse cubano, deveria ser submetido a sufrágio universal.
Não, não sou trotskista! Mas essa treta dos rótulos começa a aborrecer e a saturar ... considero-me socialista libertário!

M. João Baptista da Silva disse...

Tens toda a razão, João Pedro Freire no seu comentário sobre o tema em questão.
Já agora, eu não considero os comentários anónimos. Eu penso que nem responderia. Apagava e pronto!
E também eu já começo a ficar farta de ser rotulada por ser do BE. O Bloco de Esquerda é um partido abrangente, de uma esquerda grande e pluralista onde cabem muitas tendências democráticas.