A proposta de revisão constitucional do PSD é o caminho para uma espécie de "nível zero" relativamente ao que se construiu desde 25 de Abril de 1974.
O PSD e seu líder Passos Coelho apresentam uma proposta de revisão constitucional que equivale à incorporação na Constituição de todas as políticas de direita dos diversos governos (os do PS incluídos) e de todas as reinvidicações dos patrões quanto à liberalização dos despedimentos. É uma revisão para acabar com tudo o que cheira a Revolução de Abril !
A direita precisou de 36 anos para pôr, de forma tão evidente, as garras de fora e mostrar a sua verdadeira face!
Súbitamente também, a direcção do PS liderada por José Sócrates, acordou para preocupações vestidas com linguagem de "esquerda". No entanto, são tiques que só surgem quando a direcção do PS dá conta que está para sair do governo ou então já está na oposição. No governo, a direcção do PS tem sido reponsável, sistemáticamente, por políticas que a direita, até agora, não tinha coragem de as implementar quando foi governo. Ou seja, políticas de direita, neo-liberais, muito parecidas com o sentido da revisão constitucional que o PSD agora propõe!
Não foi por causa da existência da actual Constituição (ainda incorporando muitas conquistas sociais, políticas e económicas de Abril) que aconteceram governos de direita, que se aplicaram políticas anti-sociais e neo-liberais, que o PS meteu o socialismo na gaveta dando a mão ao CDS, que o PS se coligou com o PSD, que o governo da direitista "Aliança Democrática" impôs muitas medidas anti-constitucionais, que se sucederam despedimentos e deslocalizações, ... !
Mas a existência de um texto Constitucional que fala em socialismo, que fala em Serviço Nacional de Saúde, que fala em emprego com direitos, que lembra (mesmo que de forma ténue!) a Revolução de Abril, continua a ser, para a direita e o patronato mais reacionário, uma autêntica pedra no sapato, um obstáculo para que o caminho fique livre para toda a espécie de desvarios e prepotências sociais e políticas!
A actual Constituição, só por si, não impediu que se sucedessem, ano após ano, actos, acções e políticas contra si. Mas esta Constituição é (ainda é!) um garante para políticas globais de justiça social, de justiça na economia, de justiça fiscal, de justiça ambiental. Esta Constituição é (ainda é!) um garante para a acção de um Presidente da República de esquerda, com preocupações sociais e com uma acção que influencie, à esquerda, o País e o governo!
Por isto, esta Constituição tem de ser defendida !
A sua defesa tem a ver com um movimento social forte que represente uma ampla convergência de todas e todos os que se identificam com o seu projecto de democracia social, económica, política e cultural.
A direita caceteira, neo-liberal e anti-social não pode passar!
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