Há 70 anos, o revolucionário russo Leon Trotsky foi barbaramente assassinado por um agente estalinista.
Em pleno exilio no México, Trotsky desenvolvia uma luta política e ideológica (contra a teoria do "socialismo num só país") contra a usurpação dos ideiais da Revolução soviética por Estaline e pela sua direcção no Partido Comunista que sucedia (através de assassinatos e purgas) à direcção que tinha iniciado o processo de "todo o poder aos sovietes".
Leon Trotsky não pode assistir ao processo de grupusculização crescente e de total descrédito da Quarta Internacional que fundou. Também por isso, o "trotsquismo" nunca conseguiu afirmar-se como corrente de massas.
Hoje em dia, ser-se "trotsquista" poderá significar alguma referência relativamente à pessoa de Trotsky, mas já não significa nenhum sentido revolucionário, socialista e internacionalista. Há "trotsquistas" que apoiam o populista Hugo Chávez e a "sua" Venezuela num processo que faz lembrar a "veneração" que os estalinistas-maoistas tinham para com a Albânia do tempo de Enver Hohxa.
Somos socialistas e luxemburguistas. Homenageamos Trotsky quanto à sua luta contra o totalitarismo estalinista. Mas não nos revemos na sua teoria leninista do partido, da vanguarda, do dito centralismo democrático.
Leon Trotsky não pode assistir ao processo de grupusculização crescente e de total descrédito da Quarta Internacional que fundou. Também por isso, o "trotsquismo" nunca conseguiu afirmar-se como corrente de massas.
Hoje em dia, ser-se "trotsquista" poderá significar alguma referência relativamente à pessoa de Trotsky, mas já não significa nenhum sentido revolucionário, socialista e internacionalista. Há "trotsquistas" que apoiam o populista Hugo Chávez e a "sua" Venezuela num processo que faz lembrar a "veneração" que os estalinistas-maoistas tinham para com a Albânia do tempo de Enver Hohxa.
Somos socialistas e luxemburguistas. Homenageamos Trotsky quanto à sua luta contra o totalitarismo estalinista. Mas não nos revemos na sua teoria leninista do partido, da vanguarda, do dito centralismo democrático.
A emancipação dos trabalhadores tem de ser obra dos próprios trabalhadores!
4 comentários:
COMENTÁRIO DE JOSÉ FERNANDES, via Grazia Tanta:
Olá, meu caro ,
Estou fora, de férias um tanto ausente de quase tudo mas, face a este ditirâmbico e depropositado elogio, que omite a realidade dum Staline falhado, não resisto a chamar a atenção para dois ou três aspectos que caracterizaram este personagem, os quais os seus mitificadores e mistificadores gostam de ignorar. Ainda mais, porque a publicação que editou este artigo invoca, abusivamente, a expressão "libertário".
Antes do mais, é de lamentar que estas pessoas precisem sempre de um guia, de um paisinho.
O Trotsky foi um intelectual que, como Lenine, Bukarine e muitos outros, embora com percursos distintos, se dedicou ao partido bolchevique com um fim básico, conquistar o poder e exercê-lo sobre as "massas", que os dirigentes pretendiam "amassar" à sua vontade.
Por isso, foi sob o seu comando que os sindicatos foram manietados e militarizados. Foi a sua cruel chefia, que destruiu e matou milhares de pessoas, entre os camponeses da Ucrânia, que, entre inúmeras dificuldades, iniciaram a construção de uma sociedade nova, autogerida e libertária, a Maknovichina. Foi ele que dirigiu as tropas do exército vermelho que destruiram e assassinaram milheres de operários e marinheiros que tinham erguido a comuna de Kronstad, revolucionários da primeira hora, que se encontravam desiludidos com o caminho que a revolução de 1917 tinha seguido.
E tudo isto invocando um ideal de mudança que não confiava no povo, nem nas suas organizações autónomas. Por isso, ele, Lenine, Estaline e os demais, defendiam que era preciso exercer o poder com mão de ferro, para que a revolução proletária avançasse. Nem que fosse necessario esmagar o povo! Como, décadas mais tarde, fez Pol Pot, no Camboja, para acabar com a sociedade de classes. Acabaria com as classes, nem que fosse necessário liquidar a pessoas e as classes, menos a sua e dos outros chefes que lhe obedeciam. Por isso mandou assassinar grande parte da população durante o período da sua ditadura.
Parece impossível como estes mitos ainda persistem na cabeça de alguns, mais de 90 anos depois dessa terrível experiência. Será que não aprendem nada?
Será que não sabem que a liberdade, a dignidade, só se constrói com base na própria liberdade e não através do arame farpado?
Infelizmente, no meio de tanta confusão e miséria material, moral e intelectual vigente, ainda não foi possível definir, no concreto, os melhores métodos para se atingir uma sociedade solidária, livre e, do meu ponto de vista, dotadada de um indispensável corte com as categorias mercantis exitentes. Mas, é perfeitamente viável definir aquilo que não interessa, como seja uma perspectiva seguidista em relação a ideiais e figuras que marcaram a história apenas de uma forma, negativa e cruel. Será que estas coisas são viciantes?
Um abraço,
Zé Luis
Caro José Fernandes,
Tomei a liberdade de incluir o seu comentário à minha posta sobre os 70 anos do assassinato de Trotsky.
Socorri-me do mail que me chegou, via Grazia Tanta.
A posta é sobre Trotsky. Não é sobre Estaline. Mas é visível a critica às concepções leninistas de partido, presentes em Trotsky e em Estaline.
O processo de critica de Trotsky a Estaline é positivo, mas é coxo e muito limitado, já que nunca conseguiu criar a ruptura necessária com todas as concepções que, desde 1917, contribuiram para que o "Todo o poder aos Sovietes" fosse substituido/usurpado pelo poder omnipresente e totalitário do partido confundivel com o aparelho de Estado crescentemente policial e burocrático.
Pode ser especulativo, mas costumo interrogar-me sobre o que teria acontecido se Trotsky não fosse assassinado e tivesse continuado a desenvolver as suas criticas áquilo a que ele chamava de "deformação burocrática" da União Soviética. Neste meu pensamento especulativo, socorro-me da ruptura protagonizada por Natalia Sedova com a "4ª Internacional" que ficou depois do assassinato de Trotsky ...
Tenho para mim e para a minha acção como activista e militante socialista que a liberdade é inegociável. A liberdade é sempre e sobretudo a liberdade dos que pensam de modo diferentes do meu!
Daqui decorre também o principio marxista de que a emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores. Sem vanguardismos, sem dirigismos, sem messias!
Pode achar "abusivo", mas não prescindo de me considerar socialista e libertário.
Benvindo com o seu comentário ao Tribuna Socialista!
João Pedro Freire
COMENTÁRIO DE ELVIRO PEREIRA, recebido por mail via GRAZIA TANTA. O comentário é longo, ultrapassando os 4.096 caracteres permitidos pela blogosfera. Publico parte. João Pedro Freire
Trotsky: Assassino dos trabalhadores!
Por Fenikso Nigra
07 de February de 2008
Publicamos o diário de Alexandre Berkman, observador das jornadas que
antecederam os ataques do governo bolchevique à Comuna de Kronstadt em
1921, um dos episódios mais importantes para os rumos da Revolução
Russa.
A Comuna de Kronstadt
A Comuna de Kronstadt, na versão dos bolcheviques, foi parte de uma
conspiração branca contra o poder dos sovietes, essa impressionante
formulação organizativa que o proletariado inventou ao fazer a
Revolução Russa. Na versão bolchevique, os marinheiros de Kronstadt
não passavam de traidores e provocadores de desordens que alçaram
armas contra a revolução. Mas, nessa história apologética, nada se
conta sobre a fome, o frio, os protestos operários e as revoltas
camponesas contra a burocratização do poder soviético que foram os
reais motivos da rebeldia de Kronstadt. Com o diário de Alexandre
Berkman, observador atento das jornadas fevereiro e março de 1921,
compreende-se que Kronstadt buscava, antes de tudo, recolocar o poder
revolucionário nos eixos. Segundo um panfleto que circulou pelas ruas
de Petrogrado naqueles dias: “O povo quer poder se consultar, a fim de
achar em comum uma solução para seus problemas”. A bolchevização da
revolução (levada à frente com o esmagamento de Kronstadt, a
estatização sindical, a formulação da Nova Política Econômica etc.)
significou a supressão do poder popular em favor da estatização que
decidiu os rumos da Revolução Russa para o stalinismo. A experiência
de Kronstadt mostra bem que a projeção da vanguarda na revolução como
chefe do proletariado é a traição de toda a causa. Há pouco se
completou 90 anos da Revolução Russa e conta-se nos dedos de uma mão
os que lembraram da Comuna de Kronstadt (ainda menos foram aqueles que
ofereceram uma avaliação adequada do processo). Portanto, é bem
oportuna a iniciativa do coletivo contraacorrente em traduzir o diário
de Alexandre Berkman (feito a partir da versão francesa publicada pela
Editions Bélibaste, de Paris).
Enquanto os trotskistas e outros oportunistas discutiam, os mausões dos stalinistas construiram o primeiro estado proletário do mundo, que se ergueu da ruína económica e se transformou numa superpotência em apenas 20 anos, que derrotou na 2ª guerra mundial um país industrial dezenas de anos mais desenvolvido, que colocou o primeiro homem no espaço, que construiu a sociedade onde as pessoas mais liam e mais consumiam cultura em todo o mundo, e melhor aproveitavam os tempos livres. A União Soviética apoiou os movimentos de libertação nacional em África que fizeram tremer o imperialismo e provocaram a descolonização, apoiou Nelson Mandela que mais tarde veio a derrotar o regime racista do apartheid. Foi por causa da União Soviética que os trabalhadores da Europa Ocidental conseguiram durante 50 anos arrancar direitos inéditos às classes possuidoras.
Enquanto tudo isto se passou, os oportunistas foram renegando todos os sucessos dos países socialistas, e ainda hoje continuam à espera do "messias", do estado verdadeiramente socialista, o qual só são sapazes de conceber em termos ideais, e como tal não se sabe como é que se o poderá construir.
É claro que quem se preocupa verdadeiramente com os problemas deste mundo não pode confiar em gente tão confundida...
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