tribuna socialista

sexta-feira, março 21, 2008

PROFESSORA AGREDIDA: ALGUMAS REFLEXÕES!

A agressão (sim, é disto que se trata!) de uma estudante a uma professora, em plena sala de aula, na Escola Carolina Michaelis, no Porto, é um acto que não é isolado e aparece integrado num processo complexo e grave:
  1. Há um processo em curso de desvalorização do ser professor em Portugal. Declarações governamentais de cariz populista contra os professores, contribuem, como exemplo que vem de cima, para um clima de intimidação dos próprios professores.
  2. As familias têm responsabilidades negativas na educação de jovens que nunca foram confrontados com a pedagogia do "não". Alguns jovens, desde pequeninos, são idolatrados como sendo uma espécie de "centro do mundo" ... tudo fazem, tudo podem fazer, às vezes até, no confronto com os próprios pais que tudo permitem ...
  3. Nas escolas não há a prática da democracia e da cidadania. Por exemplo, do lado dos estudantes, como são eleitas as actuais Associações de Estudantes, com que programas (!) e quais os seus principais objectivos. Que práticas promovem, nas escolas, o bom relacionamento entre professores, estudantes e o chamado pessoal administrativo, a não ser um relaciomento que se parce reduzir ao ser estudante para o estudante, ser professor para o professor e ser trabalhador administrativo para o trabalhador administrativo ...
  4. Há uma autentica alienação em tudo o que diz respeito a novas tecnologias consumíveis, tipo telemóvel. E essa alienação ignora o respeito por regras e boas práticas de convívio. Há muita gente que vive, dia após dia, uma realidade construída por SMS, por MMS, por linguagem codificada, ... , sempre desfasada da realidade concreta!

Actos como o que aconteceu na Carolina Michaelis e como vai acontecendo ao ritmo de um por dia nas escolas deste País, requerem tolerância zero!

A par da tolerância zero, é urgente que se restaure um clima de respeito pelos professores e se exija que a Escola Pública forme, com democracia vivida no seu seio, cidadãs e cidadãos!

1 comentário:

Anónimo disse...

Apesar de concordar inteiramente com o que disseste, acho que falta ver as coisas do outro lado. A verdade é que a educação caminha cada vez mais para uma autêntica perda de princípios e as regras tomam a base desta. O acto de ensinar para os alunos saberem (e não para serem alguém na vida) e o bom senso que os professores devem ter em conta para se formar cidadãos, tal como tu disseste, começa a ter um papel irrelevante. Não poderá ter sido a professora paranóica quando quis confiscar o telemóvel à aluna? E será que a palavra agredida é a indicada? Não será que a professora e a aluna estão a ser vistas de maneira diferente em termos civis?
O erro desta história é partir-se do príncipio logo que o professor é a criatura moralmente mais respeitada possível e o aluno é ainda um pseudo-cidadão. Atrevo-me a dizer que toda a mediatização deste caso é proveniente dum 'adultism' totalmente reles