tribuna socialista

segunda-feira, maio 04, 2009

OS RACIOCINIOS ABSTRACTOS DE QUEM JÁ FOI DE ESQUERDA ....

Dito ou não dito (a defesa do dito "bloco central"), Jorge Sampaio trouxe para o debate um assunto muito importante: a questão da "estabilidade" !

À direita e à (em alguma) esquerda, a "estabilidade" dos governos eleitos para cumprir legislaturas, é, quase sempre, apresentada de uma forma abstracta e muitissimo pouco mobilizadora. Quem a defende, deveria reflectir sobre os exemplos concretos das consequências que as "estabilidades" têm ao nível da qualidade da democracia.

Para Jorge Sampaio e outros, a "estabilidade" joga-se nas construções aritméticas parlamentares que geram "maiorias absolutas". Ao longo das suas intervenções, Sampaio nunca fala sobre o sentido das políticas produzidas pelas maiorias absolutas e sobre as suas consequências na vida concreta das pessoas. Para Sampaio, a "estabilidade política" parece ser muito mais importante que tudo o resto ... E o resto é a justiça social, a democracia a todos os níveis, o acesso à justiça, o acesso à saúde, o acesso à educação ... ! Será que a tal "estabilidade política" alguma vez gerou algumas dessas coisas (!) ????

Jorge Sampaio, sempre no abstracto, coloca o dedo num ponto importante: a necessidade de se construirem maiorias que, na sua definição, cortem transversalmente o espectro político! Mas Sampaio, desde o seu consulado presidencial, fala mais como "senador" e quase nunca como homem que vem da esquerda e das causas de justiça social!

O grande tema para debate, neste País e por razões muito óbvias, este ano, é a possibilidade de se construir uma maioria social que dê origem a uma maioria política de sentido democrático, de sentido de reforço das liberdades e de sentido socialista. Todos estes sentidos entendidos como complementos de uma alternativa ao neo-liberalismo, o actual estádio do capitalismo ou "economia de mercado", que vem afectando de uma forma transversal todo o tecido social português e europeu, aumentando o número de grupos sociais com tendência para formas de proletarização.

Jorge Sampaio quando raciocina parece que só tem presente as "variáveis" (!!) parlamentares e os políticos que habitam essas "variáveis" ... esquece-se sempre dos que fazem os dia-a-dias mas que só são chamados a pronunciarem-se de "x" em "x" anos ...

Sem comentários: