O Bloco de Esquerda, através de Francisco Louçã, tem recusado - e bem! - alianças com um PS que, nos últimos quatro anos, avançou com políticas desalinhadas com qualquer perspectiva de esquerda e/ou socializante.
O Bloco de Esquerda já apresentou o seu "Programa de Governo" e, faz bem, em diferenciar-se de qualquer tendência neo-liberal, mesmo daquelas que, em períodos eleitorais, assumem uma tonalidade mais esquerdizante.
Louçã também tem referido que o Bloco é um partido de protesto mas também de proposta. O que é importante e afirmante!
Mas perante um possível cenário, pós-eleitoral legislativo, de falta de maioria absoluta (o que se festejará, a acontecer!) o Bloco deveria assumir uma posição mais pró-activa, à esquerda, na definição de uma alternativa de governo!
É importante a diferenciação em relação a um PS colonizado à direita pela direcção sócratica. É importante recusar também "alternativas" que resultem sómente de somas e jogos aritmético-parlamentares, mas que não produzem políticas e dinâmicas sociais diferentes, novas e de mudança. É importante também deixar claro que HÁ DIFERENÇAS entre um governo de direita com políticas de direita e um governo do PS com políticas de direita.
Mas, as pessoas interrogam-se: então qual é a alternativa que o Bloco de Esquerda quer? qual é a alternativa quando Louçã parece dizer que não faz "coligações" e/ou "alianças" com ninguém?
As respostas devem ser claras de modo a que as pessoas se mobilizem por algo novo mas também concreto!
O Bloco de Esquerda, como pólo organizado da esquerda socialista, intervém prioritáriamente nos movimentos sociais, já que é aqui que podem surgir novas dinâmicas alternativas. Dinâmicas alternativas de governo para novas políticas que estanquem o neo-liberalismo e voltem a dar a iniciativa aos trabalhadores, aos cidadãos!
A possível inexistência de uma maioria absoluta parlamentar vai acontecer num quadro de maioria parlamentar das esquerdas e, mais importante, de maioria social das esquerdas. E é aqui que deveria assentar a proactividade do Bloco: intervir mais activamente no movimento social, conseguir criar pontes e acções unitárias com TODO O ESPAÇO DA ESQUERDA SOCIALISTA!
E qual é o espaço da esquerda socialista: a base social e militante do PS, as suas correntes de esquerda, o Bloco de Esquerda, um enorme eleitorado flutuante à esquerda (embora profundamente independente e até volátil!).
A esquerda socialista é o espaço motor e dinamizador de uma nova alternativa de governo com políticas democráticas e socialistas. Mas a intervenção nos movimentos sociais, no movimento dos trabalhadores, nos novos movimentos de cidadania pode e criará dinâmicas sociais que suplantarão os limites dessa esquerda socialista!
É por aqui que seria necessário que o Bloco explicasse melhor quando fala de "alternativa" e diz que não faz coligações ou alianças com ninguém ...
1 comentário:
Pergunta essencial:
Se o BE tivesse a possibilidade de integrar um governo de coligação de partidos de esquerda, imporia como condição a nacionalização de toda a banca e a transformação da banca em actividade sem fins lucrativos?
Nuno Cardoso da Silva
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