tribuna socialista

sexta-feira, maio 16, 2008

2004: A EUROPA DOS 25 E O MOVIMENTO SOCIAL (*)




Um texto de Willebaldo Solano, antigo dirigente do POUM e hoje ligado à Fundación Andreu Nin, sobre o tema actualissimo da chamada construção europeia, numa perspectiva de esquerda e socialista.

Agora que acabámos de entrar na chamada Europa dos 25, num clima internacional detestável, dominado pela guerra injusta no Iraque e as suas terríveis consequências, vale a pena recordar un passado melhor.




Estávamos nos anos de 1946-1947, Hitler e Mussolini tinham desaparecido do horizonte e todos esperávamos pelo fim de Franco. Depois das lutas e sofrimentos da segunda guerra mundial eram muitos os que pensavam na reconstrução do nosso continente e alguns iam mais longe lançando a idea de uma Europa unificada e independente.



Entre estes, figuravam na primera linha, as forças mais avançadas do movimento operário e socialista. Em diversos locais, mas sobretudo em certos círculos da esquerda de Londres e de París, surgiu a ideia de adoptar um plano que tornasse impossível outra guerra entre os europeus.




O Independent Labour Party, o POUM reconstituido depois da guerra, Marceau Pivert e a sua esquerda socialista francesa, diversas e prestigiosas organizações da Resistencia ao fascismo de França, Itália, Holanda e Polónia, decidiram criar o que se veio a chamar, o Movimento pelos Estados Unidos Socialistas da Europa.



A ideia e o projecto surgiram antes do Movimento Europeu que criaram mais tarde certos sectores da burguesía na Francia e na Alemania. O Movimento pela Europa socialista extendeu-se pelos países mais importantes e penetrou nos partidos e nas organizações sindicais.




A melhor prova disso foi a Conferência Internacional que se realizou em París em 21 e 22 de Junho de 1947. Um célebre folheto intitulado “UNIR OU PERECER”, publicado eM inglês e em francês, relata os debates e as resoluções aprovadas dando uma ideia da importância dessa Conferência.



O Movimento pelos Estados Unidos Socialistas da Europa jogou um papel importante na vida política de diversos países europeus durante todo un período, decaindo depois como outros movimentos similares e como o própio Movimento Europeu. Mas o MEUSE contribuiu para favorecer a alianza das forças anti-franquistas espanholas e os seus elementos mais avançados intervieram activamente na criação do Movimento anti-imperialista pela Liberdade dos Povos animado por Jean Rous durante o duro período da emancipação nacional das colónias de África e da Ásia.



Os anos passaram. Na Europa aconteceram importantes mudanças, mas o interesse pela unidade europeia abrandou em diversos países como consequência dos estragos determinados pela política neo-liberal imperante da burguesía dominante. Por otro lado, a chamada Europa dos 25 veio complicar os numerosos problemas que desfiguraram as ilusões de outros tempos. Incluíndo o perigo de que os países más importantes estabeleçam um sistema de dominação exclusivo e arbitrário.



Nessas condições, o movimento operário e as forças que se reclamam do socialismo têm de se associar à escala europeia, intervindo activamente nas luta presentes criando as condições necessárias para uma acção constante contra as tentativas actuais da burguesía que tendem a reduzir ou abolir as conquistas essenciais do movimento operário obtidas desde a segunda guerra mundial.




A Europa não precisa de uma Constituição presunçosa nem de novas formas burocráticas, mas da unidade das forças vivas do movimento social que não renunciam à perspectiva libertadora do socialismo neste mundo em que o imperialismo norte-americano o quer dominar.




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