tribuna socialista

quarta-feira, maio 28, 2008

O "SENADOR" MÁRIO SOARES FALOU ...


Ontem Mário Soares escreveu no Diário de Notícias para opinar sobre "Pobreza e Desigualdade". Como sempre, isto é, sempre que escreve sobre questões que possam tocar no partido do qual foi fundador, tem direito a mil e uma citações na nossa imprensa e entre algumas figuras que dão pelo nome de "comentadores" ...


Mário Soares que é conhecido como um "senador da nossa democracia", arrisca-se, com o que escreve, a ter o mesmo papel que qualquer senador tem, onde existem: falam, falam, falam mas não fazem nem resolvem nada!


Da leitura do texto de Mário Soares fica-se com uma grande dúvida: o que incomoda o ex-secretário geral do PS é a pobreza e as políticas do SEU governo ou antes as consequências ELEITORAIS que essas políticas podem ter para o SEU PS que pode vir a perder social e eleitoralmente para o BE e o PCP?


Mário Soares é um democrata que se respeita, é um social-democrata que também se respeita. Mas não é mais democrata nem mais social-democrata que Oskar Lafontaine na Alemanha. E damos este exemplo, porquê? Porque o Sr.Lafontaine também foi presidente de um "partido-irmão" do PS português e, não obstante, o seu percurso e a sua idade, soube agir, em vez, de só falar ou escrever. Lafontaine disse BASTA ao liberalismo das direcções do SPD, fundou o seu próprio movimento e depois soube juntar-se a outras correntes políticas, sindicais e sociais que querem um socialismo para o século XXI, a alternativa ao neo-liberalismo, participando na criação do novo "Die Linke", o Partido da Esquerda, na Alemanha. Este partido é, neste momento, o 3º maior da Alemanha, atrás dos democratas-cristãos e do SPD ...


Por cá, Mário Soares continua a falar e a escrever ...


Convém também não esquecer que o ex-Presidente, foi o candidato OFICIAL da direcção do PS que também é governo, nas últimas eleições presidenciais, e, que têm sido os responsáveis por:


  • liberalizar selváticamente a sociedade e a economia portuguesas, através de políticas de direita que a direita parecia ter vergonha de assumir.

  • amarfanhar o PS tornando-o uma espécie de partido de autómatos, onde quem não aceita (e felizmente existe muita gente!) essa condição é ... marginalizado.

  • tornar o PS em MAIS UM partido igual a qualquer um que esteja perfilhado pelos parametros da chamada economia de mercado e pelo neo-liberalismo.

Mário Soares em vez de CITAR e CITAR estudos e estatísticas, e, depois apelar a quem já está incapaz de mudar o que quer que seja, deveria olhar para o espaço europeu e analisar o que é que fazem, hoje em dia, os partidos da Internacional Socialista ... poderia resumir-se no seguinte, dizem uma coisa na oposição e fazem outra no governo, como, aliás, também já fez Soares!


Como qualquer intervenção de qualquer "senador" da praça portuguesa, como por exemplo, aquando das intervenções de Cavaco Silva, também Mário Soares conseguiu pôr o governo, que APARENTEMENTE criticou, a estar de acordo com o que disse ... lá está, é esta a capacidade de intervenção e de mudança dos "senadores" ... não conseguem nada, a não ser serem falados nas conversas dos salões de chá!


As desigualdades, a pobreza, as marginalizações, o dito "Estado de Direito" só para alguns, a inexistência crescente de direitos sociais e de cidadania, exigem INTERVENÇÃO ... muito mais intervenção do que palavreado! E um dos caminhos para essa intervenção é lutar-se pela concretização de uma alternativa SOCIALISTA que provoque maioria social por políticas socialistas e democráticas contra a desorganização e o desastre neo-liberais. E essa maioria social tem a ver com as pessoas concretas, como os professores, como todas e todos aqueles que lutam pelo direito à saúde, como todas e todos os que estam fartos de ter uma vida precária, como todas e todos os que no interior prescindem do tractor para voltarem a usar o burro ou o boi com a charrua, ..., e também com os que política e socialmente continuam a acreditar que a alternativa ao liberalismo e a qualquer totalitarismo está no socialismo, estejam, no PS, no PCP, no Bloco de Esquerda ou sem partido!

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