Um exemplo CONCRETO de uma iniciativa em busca de uma alternativa contra a pobreza, contra a insegurança, contra as desigualdades, por mais e melhor democracia.
Várias esquerdas juntam-se, em 3 de Junho, 3ª Feira, demonstrando que a convergência para uma alternativa que represente uma maioria social de esquerda É POSSÍVEL!
Reproduzimos o texto saído em Esquerda.Net:
Manuel Alegre, alguns dirigentes históricos do Partido Socialista e o Bloco de Esquerda tornaram pública uma declaração de crítica às políticas do governo de José Sócrates na área social, e de compromisso de falar claro "contra o pensamento único, a injustiça e a desigualdade".
O apelo conjunto, com 85 assinaturas, convoca para a próxima terça-feira, dia 3 de Junho, uma sessão/festa no Teatro da Trindade, em Lisboa, onde usarão da palavra Manuel Alegre, Isabel Allegro, professora universitária e antiga colaboradora de Maria de Lourdes Pintasilgo, e o deputado bloquista José Soeiro.
A declaração começa por fazer um diagnóstico muito negativo da situação que se vive em Portugal 34 anos depois do 25 de Abril. "Novas e gritantes desigualdades, cerca de dois milhões de portugueses em risco de pobreza, aumento do desemprego e da precariedade, deficiências em serviços públicos essenciais, como na saúde e na educação. Os rendimentos dos 20 por cento que têm mais são sete vezes superiores aos dos 20 por cento que têm menos", assinalando que numa democracia moderna, os direitos políticos são inseparáveis dos direitos sociais. "Se estes recuam, a democracia fica diminuída. O grande défice português é o défice social, um défice de confiança e de esperança."
Os signatários colocam como exigência que se restaurem as metas sociais consagradas na Constituição e afirmam a necessidade de uma "cidadania contra a insegurança, contra as desigualdades, por mais e melhor democracia."
A declaração faz ainda referência à política dos Estados Unidos, de "agressão" e de violações do direito internacional e dos direitos humanos, afirmando que "Bagdad, Abu-Ghraib e Guantánamo são os novos símbolos da vergonha", e afirma a necessidade de lutar pelos valores da Paz e pelos Direitos Humanos.
Citando Miguel Torga, os signatários afirmam que "É tempo de buscar os diálogos abertos e o sentido de responsabilidade democrática que têm de se impor contra o pensamento único, a injustiça e a desigualdade."
Entre os 85 signatários estão os fundadores do Partido Socialista Carolina Tito de Morais e José Neves, o histórico militante socialista Edmundo Pedro, os deputados bloquistas Francisco Louçã, Luís Fazenda, José Soeiro e João Semedo, a autarca de Lisboa Helena Roseta, os sindicalistas Ulisses Garrido, Mariana Aiveca e Manuel Grilo, o arqueólogo Cláudio Torres, o reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, o ex-líder parlamentar do PCP Carlos Brito, o militar de Abril general Alfredo Assunção, o editor Nélson de Matos, entre outros.
Leia aqui a declaração e a lista de signatários
2 comentários:
O oportunismo deste tipo de declarações que misturam dados recolhidos em períodos anteriores com invenções e boatos, servem a quem?
Dizem falar contra o "pensamento único" e, de facto, pensam pouco no que estão a fazer!
Dizem estar contra a insegurança. Estamos todos. Só que juntar insegurança com análise política tem um sabor a ranço e a "deja vu" que dá que pensar àcerca da seriedade dos seus autores.
E então são contra as desigualdades. Parece-me louvável. O diabo é que não me recordo desses partidos apoiarem qq medidas do governo do PS quando enfrentou as corporações de juizes, de professores, de magistrados do MP, das farmácias, dos médicos...ou sou eu que sou distraído?
Mais democracia? Mas não foi este governo que se propôs e fez aprovar o regime de funcionamento da AR mais favorável às oposições? Ou o que têm , de facto ! , a apontar à independência que tem demonstrado em relação ao poder dos Tribunais,à comunicação social, etc, etc.
Depois, esta técnica de apresentar um comunicado e juntar-lhe comentários maldosos e pouco sérios, é uma prática que reconheço nalguns períodos da História mas que apenas um punhado de distraídos e de senis pode aprovar.
Apelar a uma "maioria social de esquerda", não é nada, e é abrir a porta a outras maiorias sociais de direita que já vimos e aturámos. Retirar conteúdos para invocar maravilhas futuras e despolitizadas, sem miolo, fala dos seus subscritores!
No momento em que o País se dedica empenhadamente a juntar os cacos de muitos anos de políticas erráticas, em termos sociais e económicos, de que é que se lembram estes iluminados:
Falam de pensamento único - quando o governo não tem nem controla qq meio de comunicação e quando a direita possui todas as principais TVs e jornais;Quando o que vemos e ouvimos diariamente são os comentadores e os candidatos da direita a serem endeusados e escutados atenta e demoradamente, aliás, na razão inversa da quantidade de ideias que debitam.
Choram a Injustiça? Mas qual? A que é promovida há anos pelos Tribunais independentes e irresponsáveis? Ou trata-se um ataque sórdido ao governo? É que se tal é caso, a falta de vergonha está a par da ausência de memória: Então não foi este governo que propôs e fez aprovar as mais avançadas medidas de justiça social, o maior ordenado mínimo, o apoio efectivo à pobreza na velhice, a mais vasta e profunda reforma no ensino desde o 1º ano até à universidade? Nessa universidade portuguesa onde a direita autorizara mais de mil cursos sem qq qualidade em universidades privadas de duvidosa génese e pior desempenho?
Então não foi este governo do PS que fez aprovar a IVG? ou as medidas contra a difusão de DST nas cadeias?
Ou que mais investiu nos últimos 30 anos em programas de apoio às novas oportunidades escolares, de apoio à velhice, à infância - com mais de 300 creches e J de Infância gratuítos - ou aos desempregados de longa duração?
A ambição de Manuel Alegre não sei se corresponde ao tamanho da sua obra literária, sei porém que é muito maior do que os seus trabalhos ou intervenções na AR, ao longo de muitos e muitos anos, onde não me recordo de uma única vez ter tido uma proposta ou um apoio ou uma recusa das aventuras que a direita todos os dias propõe. Helena Roseta e o seu ego é já um study case...
Quanto aos recém chegados bloquistas, o espanto só pode ser ultrapassado pelo oportunismo que denotam. Qual foi a proposta que apresentaram que tivesse pés para andar? Onde é que iam buscar os fundos necessários para destribuir as benesses que o elan populista lhes recheia as insulto-propostas?
Querem uma Albânia, um "orgulhosamente sós"? Qual é a proposta deles para a integração europeia? Estão ou não ao srviço da direita quando pretendem acolher sem barreiras nem controlo todos os imgrantes clandestinos na Europa? Apenas para disfarçar complexos neo-coloniais?
Ou para exibir internacionalismos baratos?
Novas e gritantes desigualdades?
Dois milhões de pobres?
Aumento do desemprego?
Deficiências na Saúde e na Educação?
Mas onde é que têm estado?
A educação estava bem , não era? com mais de 60% de abandono e de falta de resultados? Com as maiores despesas por aluno da Europa e os piores resultados?
A saúde? Valha-os Deus! As listas de espera, já ouviram falar? são deste governo? O abandono do campo e a concentração das populações nas cidades também são da responsabilidade do Sócrates?
A falta de médicos organizada e planeada entre os anteriores governos e a Ordem dos Médicos é um dos crimes e mais grotescos e de imensas repercussões na sociedade.
E então, reagir a números de relatórios que se referem a 2004, não sei como classificar.
Tenho na vida assistido a muita manipulação e falta de vergonha. Mas deste calibre e levada a cabo por pretensos libertadores é que não me recordo!
Tanta desonestidade tem de se voltar contra os oportunistas!
MFerrer
http://homem-ao-mar.blogspot.com
Para evitar desgostos que já me aconteceram com censuras e cortes em comentários, faço cópia e usá-lo-ei "accordingly"
O comentário de "mferrer" está publicado. Porque o debate se faz sobretudo entre posições divergentes. Mesmo quando as divergencias manifestadas no texto de mferrer, não adiantam grande coisa, já que mferrer continua com as velhas acusações de sempre feitas pela direcção sócratica do PS quando está perante criticas à esquerda.
O editor do Tribuna Socialista é socialista, já foi militante do PS durante anos suficientes para ter ficado a saber que aparelho do PS e bases militantes são duas realidades muito diferentes, e, também para saber que a se há alguma "Albania" nalgum partido portugês, essa realidade tem vindo a consolidar-se no PS por força daquilo que a direcção sócratica tem imposto, numa acção do tipo eucalipto ...
Como socialista, julgo muito importante a capacidade de se estabelecerem pontes entre correntes socialistas provenientes de organizações diferentes. Daí a importância da sesão pública de 3 de Junho. A qual não é um comício do Bloco de Esquerda "contra o PS", mas antes, uma sessão unitária de várias correntes socialistas contra a pobreza, as desigualdades e a falta de qualidade da democracia, para o que as políticas do actual governo em muito têm beneficiado.
Depois há também um aspecto que revela o "pensamento único" neo-liberal perfilhado por José Sócrates e que é a ideia que pretendem impor de que em termos económicos não haverá vida para além dos limites da dita economia de mercado, i.e. a economia liberal e capitalista ... havia, noutros tempos do PS, uma perspectiva que faz hoje muita falta: a ideia de uma economia com planificação democrática que reuna a participação organizada dos trabalhadores! Para um "socialista modernaço" isto é uma ideia "esquerdista" ... mas, na realidade, é também uma forma de inverter a tendência neo-liberal de desqualificar a democracia, a qual deveria voltar a ser o poder do povo a todos os níveis!
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