Impulsionado pela Associação 25 de Abril (a associação dos militares de Abril), os diversos partidos e personalidades das esquerdas, incluindo a direcção Sócrates do PS (uma esquerda algo formal e responsável por políticas neo-liberais) e os outros PSs mais de esquerda que ainda existem no PS, assinaram um apelo à participação popular na tradicional manifestação de comemoração da Revolução de Abril.
Este APELO subscrito por mais de 600 entidades (colectivas e particulares), representando algo que é sempre paradoxalmente novidade neste País - a unidade das esquerdas - acaba por ser algo que sugere duas reacções contraditórias: por um lado é de saudar a unidade das esquerdas, mesmo que só para uma manifestação; por outro lado, volta a ser criticável que as esquerdas só se unam para actos folclóricos e, para que isso aconteça, tenham de contar com a mão dos militares de Abril.
Mais uma vez, as esquerdas unem-se num certo diagnóstico abstracto da presente crise capitalista, mas continuam a falhar clamorosamente na capacidade para produzirem uma alternativa de democracia e de socialismo que consiga mobilizar trabalhadores, jovens, todas e todos os que querem uma realidade diferente daquela que o neo-liberalismo pruduz nos planos político, social, económico e cultural.
Manifestações atrás de manifestações sem nenhuma consequência no plano da alternativa social e política, podem produzir uma sensação de incapacidade política!
Seria importante que a mobilização popular que um apelo subscrito por todas as esquerdas vai concretizar, conseguisse mudar um pouco o clima de não diálogo e sectarismo que tem dominado as relações entre as esquerdas portuguesas.
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