Debater é muito dificil! Dificil porque quem nele participa não se consegue libertar do partido, da corrente, do grupo a que pertence. Mesmo quando esse reduto organizativo proclama aos quatro ventos que quer o debate. Só que não quer ... Quer é que do debate todos passem a seguir o "seu" ponto de vista!
Participar num debate seria, desde logo, admitir que é possível criar espaços de convergência, pontes de cooperação. Mas, infelizmente, não! Em Portugal, cinquenta anos de ditadura fascista e anos de revolução incompleta, interrompida e, muitas vezes, sem qualquer sentido político definido, criaram, à direita e à esquerda, muitos sentidos proibidos, muitos becos sem saída, para qualquer ensaio de debate transversal.
Aqui interessa-nos, sobretudo, o debate à esquerda. Nas esquerdas! Para ver se se consegue criar um espaço, um ambiente, uma motivação, uma cultura para uma convergência das esquerdas para uma série de alternativas sociais e políticas que precisam dessa convergência para se provocarem mudanças que se vejam e se sintam na sociedade portuguesa.
Todos, à esquerda, sabemos uma evidência social: nas greves, nas lutas laborais, em muitos movimentos sociais, quando resolvemos passar do verbo à acção, as convergências até acontecem à esquerda. Lado a lado, nesses momentos de luta, ninguém pergunta se o companheiro(a) do lado é do partido/grupo A ou B ou C. Ninguém pergunta, mas toda a gente discute o que tem a discutir ...
No entanto, nos periódicos circos eleitorais que as democracias liberais produzem, mesmo à esquerda, o grupo, o partido, sobrepõem-se, quase sempre, à discussão serena (o que não quer dizer que não seja viva!) que possibilitaria convergências vitais para as mudanças também vitais e urgentes!
Dessas eleições todas, as presidenciais acabam por possibilitar alguns efeitos parecidos como aqueles que se produzem nas lutas e movimentos sociais: superam-se fronteiras partidárias, e, por exemplo, à esquerda, as esquerdas falam e tentam convergências dessas esquerdas ... infelizmente, sem grandes resultados práticos até ao momento!!!
Mas o que já se conseguiu com candidaturas como as de Otelo Saraiva de Carvalho, de Maria de Lurdes Pintasilgo e de Manuel Alegre, dá que pensar ... e pensar é tentar, desde já, criar debate, diálogos, convergências que permitam superar as fronteiras partidárias (quaisquer que elas sejam e onde quer que estejam!) para que mais, muito mais aconteça, em matéria de capacidade social e política para se mudar mesmo!
É por isto que propomos DEBATE sobre as presidenciais! É por isto que abrimos o TRIBUNA SOCIALISTA e vamos até ao Facebook ... é claro que sabemos que não somos figuras de primeira página de jornais ou de prime-time das televisões ou até opinion-makers! Limitamo-nos a ser ACTIVISTAS DE ESQUERDAS QUE QUEREM ALTERNATIVAS QUE MUDEM!
5 comentários:
Por mim sou inteiramente a favor desse debate, bem como do esforço de convergencia entre as esquerdas (para lá do debate). Nese caso o debate sobre as presidenciais é vital. Porém, como não podemos (nem queremos) fechar os olhos à realidade, não faz, a meu ver, muito sentido -- neste momento -- discutir os possiveis cenarios de candidaturas presidenciais ignorando uma realidade óbvia, que é o facto de já estar no terreno (apesar de ainda não oficialmente assumida como tal) uma candidatura às presidenciais de 2011, que se insere, parece-me na perspectiva que aqui é proposta. Nesse sentido, e como me assumo como apoiante de M. Alegre, a minha questão só pode ser até que ponto será viável e quais os necessarios cuidados a ter para que a proxima campanha presidencial contribua para uma aproximação entre as diferentes forças (e movimentos)de esquerda. Um dos requisitos, creio eu, será o de que, desde logo, nenhum força política (a começar pelo PS) pretenda instrumentalizar uma tal candidatura. Que tem todo o interesse em assumir-se para lá de qualquer lógica partidária, ou seja, como uma candidatura da cidadania activa, mas naturalmente supra-partidária. Esse é, de resto, um dos requisitos para que saia vencedora. Parabens e cumprimentos pelo debate! EE
Caro EE,
Obrigado pelo interesse no debate. Lembro que este debate também está no Facebook com um espaço próprio em "eventos". Para isso, terá de se registar, o que é fácil.
João Pedro Freire
Alegre não é político, é poeta. Se fosse eleito não saberia o que fazer com os seus poderes. Depois, falta-lhe a coragem revolucionária, pelo que nada faria que beliscasse a pseudo-legalidade do sistema.
Até que apareça um melhor candidato, continuo a achar que António Barreto poderia ser a melhor escolha, tendo em conta o que há cá na casa...
Caro Nuno,
Uma sugestão: participa no Facebook no "evento" com o debate sobre o mesmo tema. A tua opinião é benvinda!
Parabéns à Tribuna Socialista por introduzir o debate sobre a escolha do candidato de Esquerda às Eleições Presidências.
Todos sabemos que no final da contagem dos votos, o candidato escolhido pelos eleitores se apresenta de imediato aos Portugueses como o Presidente de todos eles, nesse sentido o candidato das esquerdas deve ser uma figura cujo reconhecimento extravase o seu espaço politico e que seja em simultâneo um travão há arrogância de alguns senhores (até me custa dizer isto…).
Cultura, respeito pelos valores da esquerda e um percurso pessoal reconhecido pelos Portugueses são requisitos obrigatórios, para que se necessário, possa levantar bem alto a sua voz, por estas razões o meu candidato é António Barreto.
Pode-se questionar se está ou não disponível para esta luta, pois ao contrário de outros ninguém o ouviu dizer que “vou andar por aí”, mas cabe às forças vivas da esquerda, lançarem-lhe o desafio.
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