- uns têm a ver com a leitura dos números de adesão. Governo e sindicatos, de tão díspares serem os números, parece que falam de realidades diferentes em planetas diferentes. Sempre foi assim, seja qual for o governo ... poder-se-ia dizer que um governo é sempre "o" governo !
- outros comentários resolvem passear à volta do "ser" sector público ou sector privado da economia. No sector público, os trabalhadores fazem greve porque "não perdem" o posto de trabalho. No sector privado, os trabalhadores não fazem greve porque têm um vínculo profissional menos garantido ...
É claro que os governos nunca estão interessados em greves, e, a maior parte dos comentadores sobre o público e o privado também estão-se nas tintas para a maior ou menor capacidade dos trabalhadores para fazerem valer os seus direitos e reinvidicações.
Provavelmente o movimento sindical tem muito que mudar, adaptando-se, não às exigências do neo-liberalismo, não às dinâmicas ditadas pelas empresas, não a concertações que enchem noticiários mas que não resolvem nada na perspectiva dos que trabalham, mas partindo da actual realidade para conseguir encontrar uma organização mais dinâmica, mais abrangente a todos os trabalhadores (privados, públicos, precários, a prazo, desempregados, em lay-off ...) e que dite uma acção com mais resultados concretos!
A realidade que hoje temos é já muito parecida, quanto às condições concretas do dia-a-dia de cada trabalhador, aos tempos que deram origem às comemorações do 1º de Maio. Experimentem comparar o número de horas de trabalho diárias e semanais de cada trabalhador, comparem a percentagem de trabalhadores precários e a prazo versus os que não o são, comparem a percentagem de trabalhadores sindicalizados, comparem .... Esta é uma constatação importante para se denunciar o estádio social a que o capitalismo neo-liberal conduziu, em geral, todas as sociedades ...
No século XIX, quando se organizava uma luta operária não se estava à espera de saber quem era do "sector público" ou do "sector privado". Provavelmente seria toda a gente do sector privado, seria quase toda a gente precária, ... , mas as lutas começaram-se a organizar e com os resultados dessas lutas, o movimento dos trabalhadores conseguiu assegurar direitos e conquistas que têm durado até, pelo menos, aos dias do neo-liberalismo!
Possívelmente, em pleno século XXI teremos seria de voltar a rever, analisar, estudar como se organizou e triunfou o movimento dos trabalhadores - sindical, de comités/comissões nas empresas, ... - para voltarmos a fazer triunfar direitos e conquistas sociais!
2 comentários:
A presente situação económica, a nível nacional e internacional, faz com que as questões remuneratórias sejam relativamente secundárias. Pedir mais dinheiro é pensar apenas em si próprio, o que é legítimo mas não é o mais importante. Toda a acção sindical e dos trabalhadores deveria ir no sentido de obter mais controlo da actividade produtiva para os trabalhadores. Nacionalização de certas actividades, designação de (alguns) administradores pelos trabalhadores, limites à remuneração dos administradores e quadros superiores, limites à percentagem dos lucros que podem ser distribuidos pelos accionistas, etc.
Isto exigiria uma tomada de consciência dos verdadeiros intereses dos trabalhadores pelos próprios, o que deveria ser uma das missões principais das formações de esquerda, como o BE. Apenas acompanhar as reivindicações salariais pode dar popularidade e votos, mas não serve os interesses a longo prazo dos trabalhadores e do país.
A situação hoje é mais complexa do que antes, no séc. XIX. O capitalismo soube habilidosamente chamar a si uma casta de representantes dos trabalhadores; os burocratas sindicais. Construiu (e manteve) o mito de que a luta política ( no sentido de pugna eleitoral) é o apogeu o ponto culminante da «luta de massas». Na realidade, é sempre a sua derrota, o seu controlo, o seu 'desapoderamento'...
Só na base e a partir destas evidências se pode tentar reerguer alguma coisa.
Pois isto que eu digo APELA a uma mudança não táctica, mas estratégica, nas fileiras dos revolucionários.
MB
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