Gil Garcia, da corrente Ruptura/FER do Bloco, classificou "de «oportunista» a forma como o BE anunciou a apresentação de uma moção de censura ao Governo, acusando a direção do partido de «oportunismo» e de «saber» que o PSD não a viabilizará. ".
Já por diversas vezes critiquei o excesso de iniciativa, à margem de qualquer debate livre e democráico que envolva todos os militantes bloquistas, por parte de Francisco Louçã e da direcção política do Bloco de Esquerda. Uma dessas vezes, foi a propósito, como é sabido, das eleições presidenciais.
Quanto à anunciada Moção de Censura, considero que é também matéria para debate dentro do Bloco. Até porque não ficou muito clara, a posição que Louçã tomou quando o PCP mostrou abertura para a apresentação de uma Moção de Censura. A rectificação da posição de Louçã, anunciando uma Moção de Censura quando, há dias, mostrava dúvidas, é de saudar e de apoiar.
É bom que seja dada voz aos milhares e milhares de portugueses que sofrem as consequências de uma crise que não provocaram. É bom que os portugueses possam dar em eleições democráticas, a sua resposta à crise e a sua opinião sobre políticas que nunca foram sufragadas.
É bom que a iniciativa de uma Moção de Censura, para o primeiro dia em que ela, a ser aprovada, possa ter resultados concretos, pertença à esquerda. Poderia ter sido o PCP, mas acabou por ser o BE. Tanto faz!
A posição de Gil Garcia é, na minha opinião, insustentável e reveladora, mais uma vez, de alguém que parece estar em bicos de pés à procura de visibilidade para o seu umbigo ...
Os trabalhadores, de certeza, que percebem a Moção de Censura anunciada pelo Bloco. Não entenderão o que quer Gil Garcia ...
Tudo isto não invalida que os militantes bloquistas não tenham de continuar a exigir mais debate no seio do seu partido-movimento.
Nota final: este assunto, a Moção de Censura, não é exclusivo de ninguém à esquerda. Tem e deve ser discutido ultrapassando as fronteiras organizativas de qualquer partido ou corrente à esquerda. Em nome da urgência de uma alternativa de esquerda, democrática, socialista e anti-capitalista que passe por uma ampla convergência social e política capaz de ganhar o apoio da maioria social!
João Pedro Freire
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