Depois do que aconteceu no Millennium Bcp, do que (ainda!) acontece no BPN, do que vai acontecendo no BPP (e será que não acontecerá mais nada em mais nenhum banco e/ou empresa financeira?...), parece que o Banco de Portugal prepara-se para introduzir regras mais apertadas no acesso ao crédito.
Medidas que até se poderiam aplaudir, não fosse chegarem num momento em que o comentário mais apropriado é ... casa roubada, trancas à porta!
Ou seja, parece que, mais uma vez, a atitude por parte da entidade supervisora do sistema financeiro é reactiva e não pró-activa.
Toda a gente sabe as dificuldades por que passam as famílias e os consumidores ... dificuldades motivadas por:
- taxas de juro (ou seja, os spreads praticados por bancos e empresas fiannceiras) elevadíssimas e definidas dentro do principio de "quem tem posses, tem uma taxa mais baixa, quem não tem, tem uma taxa mais alta"...
- campanhas de publicidade bancárias extremamente agressivas num contexto de informação escassa, nula ou duvidosa para o consumidor;
- completa apatia por parte da entidade supervisora, desde há demasiados anos;
- contínua prática de contenção de salários para rendimentos de trabalho mais baixos e lucros a subir para empresas financeiras e particulares com rendimentos mais altos ... Portugal é um dos países europeus onde o fosso entre ricos e pobres tem vindo a aumentar de uma forma exponencial!
É neste contexto que o chamado "crédito malparado" tem vindo a aumentar ao mesmo tempo que os escandalos/gestão danosa nas empresas financeiras também aumenta com a descoberta de reformas e desvios super-milionários!
Ao consumidor/trabalhador de baixos rendimentos é sómente oferecido um contexto de medo e de nula informação sobre as saídas que pode ter para situações de autêntico aperto e sufoco económico-financeiro. É impossível que este cenário não produza situações simultaneamente de desespero e de revolta ...
As anunciadas medidas do Banco de Portugal para travar o crédito fácil, acabam assim por correr o risco de se virarem contra as pessoas de mais baixos rendimentos. É incontornável que muito do chamado crédito fácil, com taxas medonhas, acaba por se tornar uma espécie de balão de oxigénio para muitas pessoas, trabalhadores/consumidores, com baixos rendimentos, com súbitas dificuldades no dia-a-dia, sem recurso a qualquer poupança, impossível de existir quando salários e empregos são escassos e precários.
Para o endividamento, para o crédito malparado, as soluções terão/teriam de ser políticas e deveriam vir da parte do governo, não fosse este estar atado de pernas e mãos a compromissos neo-liberais e provavelmente a lobbies financeiros (a avaliar pela conduta do governo no que diz respeito ao caso BPN).
O próprio Banco de Portugal, enquanto entidade supervisora do sistema financeiro, precisa de uma outra atitude mais pró-activa, dependente também da iniciativa política do governo. Numa perspectiva socialista, a supervisão teria também de incorporar a inicitiva dos sindicatos bancários e até das associações de defesa do consumidor, num quadro de abolição do sigilo bancário, a começar pelas grandes fortunas.
Todas as medidas que agora se anunciam, ficam mais próximas de soluções policiais e muito longe de soluções que ataquem a raiz de todos estes problemas financeiros e sociais.
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