Nos debates televisivos que hoje se iniciaram com um frente-a-frente entre José Sócrates e Paulo Portas, haverá sempre uma nota comum nos intervenientes em confronto, quando eles pertencerem ao PS, ao PSD e ao CDS: todos têm um passado, mais ou menos recente, de passagem pelo governo.
Quer isto dizer que no "tu é que tens responsabilidade", todos, sem excepção neste arco governativo mais ou menos liberal, têm responsabilidades pelo sucedâneo de políticas muito parecidas e muito convergentes numa tendência dos últimos 20 anos (ou mais?...): a progressiva submissão da política à economia e à finança! E, nesta submissão, houve o triunfo de um modelo onde a participação democrática e directa deu lugar aos jogos de poder, longe, muito longe, das pessoas e das suas vontades individuais e colectivas.
É claro que PS, PSD e CDS são partidos diferentes. Mas as diferenças são mais ditadas pelas dinâmicas das suas bases sociais e menos pelas diferenças - cada vez, menos! - entre as suas direcções.
No jogo eleitoral, as direcções destes três partidos tenderão a relembrar que estão mais esquerda, mais ao centro ou mais direita que cada um deles ... mas, depois das eleições, sempre que surgirem as tais "razões de regime" e/ou "razões de Estado" todos podem voltar a ver como essas direcções acabam sempre por estar de acordo!
O que precisamos não é de alternância! É urgente é uma alternativa! Que volte a submeter a economia à política, que volte a criar participação democrática para além do parlamento, que volte a dar poder e direitos aos que trabalham, que volte a dar democracia à democracia!
2 comentários:
Teria sido simpático se o BE tivesse protestado contra a discriminação de que estão a ser alvo as candidaturas de partidos sem representação parlamentar, antidemocraticamente excluídas dos debates. Esta tentativa grosseira de preservar a coutada vai acabar por se virar contra aqueles que se tornaram cúmplices desta infâmia. Mas é claro que os beneficiários da discriminação preferem ficar calados.
Sei que houve protestos, não só do BE, relativamente ao modo como foram organizados os debates televisivos, e, também quanto ao modelo de cada debate ... que acaba por não ser debate, mas o confronto de dois monólogos!
É claro que a democracia não pode resumir-se a quem está representado no Parlamento ...
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