Ontem Cavaco Silva acrescentou ruído ao ruído que já existia no aparelho de Estado. Não esclareceu, passou ao lado das verdadeiras questões que havia (e continuam a existir!) para serem esclarecidas.
Mas também não interessa muito tentar descobrir o sumo desta questão. Acabam por ser meras tricas entre políticos que estão esclerosados por anos e anos de joguetes e joguinhos em todo o aparelho de Estado.
Por isto, é que este aparelho de Estado nunca pode representar qualquer interesse verdadeiramente público. Os Estados no século XXI já não são meras representações classistas, mas tendem a tornar-se como uma espécie de realidade dentro da realidade mais geral. São uma imensa máquina burocrática que escapa a qualquer controlo democrático e social. Os actuais Estados reproduzem o secretismo e a opacidade das grandes empresas. Decorre daqui a guerra - que muita gente não percebe, nem perde tempo a perceber! - entre o Presidente e o Governo.
Esta guerra entre duas cabeças do Estado, dá para entender como a democracia tem ficado à margem de todo o aparelho de Estado. Interrogamo-nos mesmo o que teria de acontecer a este Estado se houvesse um esforço social pela sua democratização?!
1 comentário:
O comentário é oportuno. O comportamento do PR revela, mais uma vez, que não existe no nosso país um verdadeiro Estado de Direito, democrático.
Se Cavaco Silva fosse um PR a sério, um defensor das nossas instituições democráticas, devia imediatamente apurar se os factos são verdadeiros e, assim sendo, entregar os alegados responsáveis à justiça, para serem julgados e punidos (fosse quem fosse). Se o PR não tem força (ou vontade) para defender a sua própria instituição então, não terá força (ou vontade) para defender a nossa democracia e o povo (que supostamente) representa. Como tal, penso que Cavaco Silva devia demitir-se do cargo ou, caso houvesse alguma disposição legal, devia ser demitido. Deste modo, o povo teria oportunidade de eleger alguém que garantisse as boas pratica democráticas.
A falta de acção de Cavaco Silva durante a sua presidência tem sido uma afronta à democracia. Basta recordar os episódios da visita à Madeira, o caso BPN, o caso TVI, o mau estar social, o caso Freeport e agora este caso.
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