PS, PSD e CDS recusaram condenar, na sexta-feira passada, a política de Sarkozy relativa à expulsão de França de cidadãos europeus de etnia cigana. Recusaram aprovar uma posição de defesa dos direitos humanos, apresentada pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda.
Do voto do PSD e do CDS não advém grande espanto. Fica, mais uma vez, qual o conceito de direitos humanos que a direita tem: reduzem-nos sempre a algo utilitário no seu próprio interesse ... as liberdades, por exemplo, vêm sempre depois das preocupações securitárias e só são prioritárias em matéria de actos de gestão empresarial ...
Do voto do PS, há, desde logo, uma primeira reacção de surpresa. Mas essa reacção é imediatamente dissipada ... afinal, a direcção sócratica, dito por militantes do PS, tem-se encarregado de transformar o seu partido num deserto ideológico para o tornar permeavel a toda a espécie de políticas neo-liberais e de direita. A explicação do líder parlamentar do PS, Francisco Assis, para o voto ao lado da direita, é elucidativa do calculismo, da aridez democrática e socialista, em que navega a actual direcção sócratica.
Longe vão os tempos em que o PS falava em "nem socialismo sem liberdade, nem liberdade sem socialismo" ... neste momento, constata-se que o calculismo se sobrepõe à liberdade e ao socialismo, embora este já está engavetado há muitos anos ...
A votação da moção apresentada pelo B.E., dividiu a bancada do PS. Sómente o vice-presidente da bancada sócratica, Sérgio Sousa Pinto, voto ao lado do Bloco. Vários deputados do PS fizeram declarações de voto ou sairam do hemiciclo, tomadas de posição que se aproximam muito mais da cobardia política do que da defesa de principios e de consciência.
O PS de Sócrates mostrou que o recente discurso provoado de palavras de "esquerda", é só para consumo da próxima etapa parlamentar, e, ninguém que seja de esquerda e socialista pode contar com um partido destes para qualquer compromisso para a aplicação de políticas de esquerda. A posição do PS mostrou também que a direcção deste partido prefere integrar-se no arco neo-liberal português a alinhar com qualquer movimento social ou com qualquer acção política democrática e socialista.
O candidato presidencial apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda, Manuel Alegre, tem de assumir uma posição clara e urgente quanto a esta matéria.
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