A campanha que o PCP lançará na Festa do Avante, deste fim-de-semana, intitulada "Portugal a produzir" revela muito sobre o seu posicionamento ideológico: continua refém das teorias estalinistas do "socialismo num só país", não tem posição sobre a Europa, continua a remeter-se para uma posição exclusivamente nacional e patrioteira!
Portugal é parte da Europa. Há uma realidade europeia. A realidade europeia não é aquela que é ditada pelo modelo neo-liberal de Durão Barroso, de José Sócrates, de Berlusconni e de Sarkozy. Isso é o que é preciso mudar mobilizando os trabalhadores europeus com base num projecto socialista, anti-capitalista e profundamente democrático, mas de dimensão europeia.
Defender hoje, como faz o PCP e paradoxalmente o CDS, espaços nacionais, como se não existisse nenhum espaço europeu, é caminhar para um beco sem saída.
A produção nacional e a defesa das pequenas e médias empresas só se faz de um modo consequente no quadro de uma alternativa socialista e anti-capitalista para toda a Europa.
A ideia de uma Europa unida não é uma criação da direita. A seguir à segunda guerra mundial, a esquerda socialista europeia lançou um movimento pioneiro intitulado "Movimento pelos Estados Unidos Socialistas da Europa". É claro que foi um movimento vencido pela dicotomia dos dois grupos de países estabelecidos à volta da URSS e dos EUA ... A União Soviética voltou a ficar-se por posições hiper-nacionalistas e os EUA exploraram sempre o "papão" comunista. As esquerdas socialistas e anti-capitalistas tiveram de iniciar um processo muito duro, contra a corrente da chamada "guerra fria".
Nos dias que correm da globalização capitalista e da crise do seu sistema, a saída não passa pelo retorno a posições nacionais ou de ressuscitação do "socialismo num só país". Os trabalhadores já mostraram que têm força internacional e que sabem estabelecer lutas com dimensão internacional.
No próximo dia 29 de Setembro, está marcada uma JORNADA EUROPEIA CONTRA AS POLITICAS DE AUSTERIDADE. Seria bom que a direcção do PCP pensasse no significado político e social duma jornada deste tipo e, tendo essa Jornada por referência, avaliasse o ridiculo da sua campanha pela "produção nacional"!
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