tribuna socialista

quarta-feira, junho 02, 2010

AINDA AS PRESIDENCIAIS

Muita gente considera que o apoio do Bloco a Manuel Alegre também "se justifica" por ele ser um dos "menos maus" ou "dos melhores" que existem no PS para se poder derrotar Cavaco Silva ou outro qualquer candidato da direita.

Porque será que as esquerdas precisam de procurar candidatos "menos maus" ou "dos melhores" no partido dirigido pelo actual primeiro-ministro?
Será que as esquerdas estão condenadas a escolher, tendo uma perna nas políticas governamentais liberais e de direita e a outra nos movimentos sociais que contestam essas políticas?
Será que a direcção do Bloco, se terá dado ao trabalho de consultar préviamente e em devido tempo, outros possíveis candidatos com um perfil mais de acordo com a uma candidatura de convergências das esquerdas que não querem mais neo-liberalismo e políticas governamentais de direita?

As esquerdas a que me refiro passam também inevitávemente pelos militantes do PS!

O que parece é que a direcção do Bloco se preocupou única e exclusivamente com uma "agenda política" que só existe na cabeça de alguns (repito: alguns e poucos!)membros da sua direcção política e que casa muito pouco com a realidade social e política!

Teimosia, muita teimosia ... que gera sectarismo e incapacidade para se ouvirem opiniões diferentes!

Por mais que a direcção do Bloco diga que Alegre é supra-partidário, tal como Sócrates o diz, que força, que mobilização, que clareza política, pode ter um candidato que é militante do partido governamental e que molda sistemáticamente o seu discurso de conjuntura aos apoios que recebe da direcção do seu partido?

Manuel Alegre é agora uma caricatura da sua primeira candidatura presidencial. Mas Fernando Nobre entre apelos à "cidadania" está, cada vez mais, atado de pernas e mãos a um populismo que não sabe para que lado se há-de virar!
Pelo meio, é absolutamente infantil e primário os amuos sonoros e públicos de Mário Soares ...

Será que não é possível arranjar uma candidatura de afirmação democrática, socialista e anti-capitalista?

João Pedro Freire

4 comentários:

Anónimo disse...

Tenho lido os prolíferos comentários do João Pedro Freire sobre as presidenciais. Desde o apoio a Fernando Nobre à cessação desse apoio, passando pela crítica não fundamentada à candidatura de Manuel Alegre (MA) e pela continuada manifestação de desacordo com a posição assumida pelo Bloco de Esquerda(BE).
Podia contestar,fundamentadamente - com base na sistemática recusa em múltiplos actos eleitorais das listas que criticam a opção de apoiar o MA, a sua afirmação de que poucos são os que no BE apoiam a decisão democrática, esmagadoramente maioritária da Mesa Nacional do BE. No entanto, não quero ir por aí!
O que realmente gostaria de saber era qual a proposta alternativa, aglutinadora das esquerdas, exequível, que o autor do blog tem para nos apresentar. Até agora não tivemos o privilégio de conhecer tal alternativa. E,francamente, neste caso, crítica sem alternativa parece-me apenas um exercício, na melhor das hipóteses, vão e que nada acrescenta à luta por uma sociedade mais justa.
Fernando Queiroz

João Pedro Freire disse...

Caro camarada Fernando Queiróz,
Antes de mais o meu obrigado pelo teu comentário. É sempre gratificante poder discutir com camaradas, mesmo em ambientes fora do nosso Bloco de Esquerda.
É uma prova de que a liberdade existe e está a passar por onde andam todos os bloquistas!
Alguns pontos:
1) está visto que teriamos TODOS tido tempo para uma boa e ampla discussão democrática dentro do Bloco sobre as Presidenciais. Mantenho que a decisão,primeiro de Louçã, e, depois da Comissão Politica foi precipitada e não se preocupou em olhar, com olhos de ver e de sentir (!), para o pulsar dos e das militantes bloquistas;
2) Só à posteriori é que a direcção do Bloco, nomeadamente o camarada Louçã, é que desceram às estruturas locais e distritais, não para discutir opções, mas SÓ, para "explicarem" a decisão tomada.
Discutir opções e explicar decisões já tomadas, convenhamos que são coisas MUITO diferentes;
3) Neste momento, Sócrates e Louçã apoiam um mesmo candidato que já mostrou que ABRANDOU, MOLDOU todo o
seu anterior posicionamento (formal!) discursivo "à esquerda", certamente para respeitar a posição da direcção do SEU partido. Hoje, na RTP1, às 20.45h, teremos oportunidade de ver o Manuel Alegre, pós-apoio da direcção sócratica;
4) Manifestei o meu apoio a Fernando Nobre e retirei-o. É verdade! Porquê? Apoiei-o porque pensei que estaríamos perante uma candidatura como a primeira do Alegre: cidadã mas ancorada a valores da esquerda e da critica ao neo-liberalismo! Enganei-me quandfo verifiquei que era só "populismo" sem sentido politico definido;
5) Razão, tinha mesmo a última convenção do BE quando definiu o perfil do candidato a apoiar (que possibilitasse a convergência das esquerdas) e caso não fosse possível, optar-se-ía por um saído do nosso espaço político;
6) A proposta de Convenção Extraordinária que continuo a apoiar e a pugnar por ela. É claro que nesse fórum democrático, teria uma proposta concreta. Mas enquanto se pede a sua convocação, não deve haver a discussão de propostas concretas!
7) Por último, não farei campanha por Alegre, nem por Nobre. Ainda, hoje, agora, seria possível uma candidatura que resultasse da vontade democrática de todos os bloquistas . Fica, para já, só uma vontade e uma certeza, ESTAREMOS JUNTOS, DE CERTEZA, NA VONTADE DE DERROTAR A CANDIDATURA DA DIREITA, CAVACO OU OUTRO(A)!
Abraço,
João P Freire

Nuno Cardoso da Silva disse...

João,

Confesso que também eu gostaria de saber quem seria a tua alternativa. Nota que concordo plenamente com a tua crítica a Alegre mas, enquanto não tiveres uma alternativa convincente, mantenho o apoio a Fernando Nobre que, pelo menos, tem a vantagem de existir.

Dito isto, reafirmo a minha opinião de que precisamos de actuar a nível europeu. O que se passa em Portugal é importante mas é apenas um pormenor.

Nuno Cardoso da Silva

Dito isto, reafirmo

João Pedro Freire disse...

Caro Nuno,
Não vou ser eu, um simples militante da esquerda socialista, que conseguirei indicar um nome como candidato de uma necessária e urgente afirmação democrática, socialista e anti-capitalista para as presienciais de 2011.
Sei o que quero e procurei (continua a dá-lo!) dar o meu contributo para que, no quadro do BE e no quadro mais geral das esquerdas, surgisse uma candidatura o mais convergente possível à esquerda.
Apoiei Alegre nas últimas presidenciais. Mas o Alegre de agora não me convence!
Tive algumas boas expetactivas realtivamente a Fernando Nobre, mas os seus apoiantes, os que dirigem a sua estrutura de candidatura e as próprias declarações de Nobre como candidato, levaram-me a retirar o meu apoio. Fernando Nobre é um candidato que se movimenta no espaço do "centrão"/bloco central, com propostas que não acrescentam nada de nada.
Por falar em Europa, qual é a posição de Fernando Nobre sobre esta questão? Será que se diferencia do PS, do PSD e do CDS? Será que, pelo menos, ainda está onde estava quando foi mandatário do BE na últimas eleições europeias? NÃO ME PARECE!