Segundo o economico.sapo.pt, "Tudo porque um porta-voz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orabn, afirmou hoje que falar em incumprimento "não é nenhum exagero" dado que a economia do país "está numa situação muito grave" em parte porque o anterior Executivo manipulou estatísticas e mentiu sobre o verdadeiro estado da nação."
Manipulação de estatísticas e mentiras, pelos vistos, começam a ser práticas correntes nos governos europeus. Primeiro, a Grécia, agora, a Hungria ... e a grande questão é que, como só se sabe a verdade, anos depois de ter acontecido a mentira, não há garantia nenhuma que por esta Europa, a seriedade (!) de muitos governos e, porque não, da própria Comissão Europeia, seja só um acto de representação algo teatral, para calar as chamadas opiniões públicas eleitoras!
O que está em causa, é um modelo de democracia redutoramente representativa, no qual os cidadãos limitam-se a votar, sem, depois, terem qualquer hipotese de controlarem (i.e. pedirem contas) quem elegeram com o seu voto.
Esta democracia acaba por ser uma cópia das organizações em que assenta o modelo empresarial das chamadas "economias de mercado". Nestas empresas, os actos de gestão são domínio restrito dos gestores e dos administradores. Há muito que os trabalhadores, enquanto tal, e, as organizações laborais, como comissões de trabalhadores, deixaram de ter acesso directo e com direito de voto, a esses actos de gestão. Também já existem exemplos que ilustram o resultado destes modelos de gestão empresarial: veja-se o que aconteceu no Millennium Bcp, no BPN e no BPP!
Mas por muitos exemplos que existam e se repitam, parece que os defensores desta democracia afunilada continuam com a mesma cara-de-pau, apelidando tudo o que se apresente como alternativo, de "utópico", "despesista" e "irrealizável" ...
As receitas aplicadas pelos defensores da "economia de mercado" e do seu modelo político, seja nos Estados, seja nas empresas, passa sempre pelo mesmo, "reduzir a despesa pública", i.e. atacar o Estado Social e as prestações sociais, enquanto advogam, nos Estados, redução drástica de funcionários públicos, e, nas empresas, despedimentos e pedidos de maior liberalização das leis laborais.
Estes são momentos excelentes para se pensar um pouco no que tem significado uma democracia afunilada e sem qualquer transparência! São também momentos importantes para que as esquerdas recuperem uma alternativa concreta, com nome, i.e. o socialismo, reflectindo sem tábus e sem purismos caducos, como é que será no século XXI da globalização capitalista neo-liberal!
Democracia, liberdade, transparência, gestão participada e auto-gestão, planificação democrática e formas de economia social ... tanto para discutir e tão urgente para a definição de uma alternativa de dimensão internacional que mobilize e enterre o modelo actual que só vai destruindo, de crise em crise ...
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