tribuna socialista

sexta-feira, janeiro 02, 2009

CAVACO SILVA: DISCURSO PRESIDENCIAL MORALISTA E OCO!

Começa a tornar-se um hábito português: os presidentes da républica que já foram primeiro-ministros esquecem-se muito rápidamente do que fizeram como responsáveis por governos!

Quando Presidentes da Républica pronunciam discursos onde pretendem denunciar situações que, quando primeiro-ministros, contribuiram com políticas concretas para que essas situações acabassem por surgir ...

Por isto, os discursos dos Presidentes da Republica acabam por se resumir a peças onde o moralismo e o formalismo são os vectores doiminantes!

Cavaco Silva no seu discurso de Ano Novo não foi excepção. Surgiu muito preocupado com os pequenos comerciantes e os agricultores, mas todos nos lembramos do tempo do cavaquistão ... Lembrou as dificuldades económicas por que passam muitas familias, mas certamente que todos nos lembramos também do fosso que se começou a cavar entre ricos e pobres nos tempos do cavaquistão ...

Cavaco Silva não propos nada de concreto, nem o poderia fazer porque é também uma parte do chamado centrão. O tal centrão que domina o Parlamento que é o responsável há anos e anos pelo mesmo tipo de políticas que têm contribuido para o agravamento das desigualdades sociais, que têm contribuido para a opacidade total da gestão das grandes empresas públicas e privadas, particularmente no sector financeiro, e, que têm permitido que tudo isso aconteça num contexto de restrição crescente da capacidade de participação directa das pessoas na política, na economia e na sociedade em geral.

Com Cavaco Silva, tal como com os seus antecessores, assisti-se em cada discurso de ano novo ao espectáculo de quase todos os partidos parlamentares estarem de acordo com o que o Presidente diz: na oposição descobrem nas mesmas palavras presidenciais criticas ao governo onde o governo acha que são palavras de incentivo à acção governativa! O centrão transforma a democracia numa espécie de teatro sempre com os mesmos actores! ...

O Presidente da Républica mostrou-se preocupado com 2009 que pode ser um ano de "explosões sociais" ... Certamente que lembrava-se do que recentemente aconteceu na Grécia. No entanto, se viessemos a assistir a qualquer explosão social em 2009 isso até poderia ser recebido como uma lufada de ar fresco! Algo que iria, de certeza, abalar o cinzentismo de uma democracia crescentemente formal, burguesa e asfixiante, reduzida, cada vez mais, aos jogos parlamentares de maiorias que se alternam à margem das vontades populares. E tudo o que signifique aumento da capacidade de mobilização colectiva e popular que substitua o actual clima de desespero e revolta individualizada, é benvindo!

Está na altura das pessoas que são trabalhadores e cidadãos decidirem fazer pela sua iniciativa, mobilização e vontade o que as chamadas "elites" e a dita "classe política" desfaz e ilude!

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