A generalidade dos partidos parlamentares possuem uma organização interna que espelha, de uma forma mais ou menos acentuada, o modelo político parlamentar neo-liberal. Ou seja, uma organização vertical, construída de cima para baixo, onde os aderentes têm uma capacidade muito reduzida de intervenção e, muito menos ainda, de decisão.
São organizações construídas e mantidas para a perpetuação dos chamados "líderes", os quais acabam por constituir uma espécie de modelo a ser seguido e repetido por todos. Se fosse possível e alguns dos "líderes" pudessem, certamente que os aderentes seriam convertidos numa espécie de "clones" do líder ...
Este modelo de partido é comum simultaneamente ao modelo liberal mas também aos modelos leninista e estalinista. É um modelo que acaba por não ser motivador de e/ou para qualquer projecto que necessite de mobilização popular. Sendo que o próprio conceito de mobilização popular deveria ser o resultado dialético do processo de aquisição de uma consciência colectiva que nunca ignorasse ou subjugasse a consciência individual.
Quando falamos em "partido-movimento" referimo-nos a um modelo no qual a organização permite, em pé de igualdade, aderentes individuais, mas também colectivos (que podem ser grupos, associações, etc). Existe, desde logo aqui, um imenso desafio e que é a capacidade de convergência consubstanciada na aceitação livre de uma plataforma estatutária.
No geral, os actuais partidos parlamentares aceitam, no plano formal, o chamado "direito de tendência". Aliás, reduzem a liberdade interna dos seus aderentes ao formalismo do tal direito de tendência. E o formalismo encarrega-se de bloquear, na prática, qualquer exercício efectivo do direito de tendência. Todos os "argumentos" das maiorias internas de cada partido, "servem" para vincar o formalismo desse "direito"...
O direito de tendência para o ser verdadeiramente, deveria ser não só político, mas também, organizativo. E com regras muito simples e não bloqueadoras. O objectivo é favorecer um permanente debate e vontade de participação de todos. Só assim, é que se conseguirá também convergências mais claras e objectivas!
Outro aspecto do modelo vertical e parlamentarizado dos partidos , é a existência de Congressos/Convenções/Conferências realizados periódicamente para a "definição" do programa e objectivos para um próximo período. Estas realizações podem servir para notícias de telejornais e consagração do "líder", mas não servem para mais nada!
Uma organização horizontal não precisa de congressos/convenções. A participação individual e colectiva dos seus aderentes é conseguida pela dinâmica social de intervenção nos problemas concretos e é daí que se efectuam permanentemente convergências para a intervenção mais política!
Num ano de todas as eleições, seria importante desenvolver uma reflexão como esta que propomos!
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