tribuna socialista

domingo, março 19, 2006

NOTICIAS DA LUTA CONTRA O TRABALHO PRECÁRIO...

(in, Jornal de Notícias, 19.03.06)
Enquanto em Portugal, as OPAs e contra-OPAs vão semeando lucros para os patrões financeiros e incertezas e desemprego para os trabalhadores envolvidos, de França chegam notícias de luta contra o trabalho precário, de luta contra a dominação neo-liberal.

Um milhão e meio de estudantes, de trabalhadores, de cidadãos fartos das políticas liberais, sairam às ruas de diversas cidades francesas para se oporem às políticas liberais do governo de direita, em particular, ao pacote de leis que precariza, ainda mais, o primeiro emprego dos jovens.

O governo francês é de direita. Todas as esquerdas parlamentares e sindicais apoiam as movimentações sociais. Há um ambiente de unidade para a acção entre os que se opõem às políticas do governo Villepin/Sarkozy. É bom que assim seja!

Mas o que aconteceria se a oposição se esgotasse no Parlamento? Como acontece por cá? Será que todas as esquerdas convergirião numa acção de oposição tão clara?

O que se passa em Portugal, parece indiciar que o excessivo parlamentarismo, tende a entupir a iniciativa popular. Muito por culpa das direcções dos partidos das esquerdas parlamentares que parece olharem primeiro para as bancadas parlamentares e só depois para as ruas.

O desemprego, provocado pelas deslocalizações ou camuflado nas OPAs entre grandes empresas, não tem merecido grande atenção por parte das esquerdas e mesmo por parte do (algo adormecido) movimento sindical. E tudo acontece, por cá, perante o governo mais liberal desde o 25 de Abril, não obstante ser suportado por um partido que se declara "socialista" e aplaude a sucessão de OPAs como "prova" (!) de "dinamismo" da economia nacional!

A iniciativa popular precisa de ser acordada, dinamizada e organizada. Como consumidores, como trabalhadores, como estudantes, como contribuintes, é preciso e possível fazer ouvir a voz de um vigoroso "BASTA" ao desvario liberal. E a capacidade de auto-iniciativa e de auto-organização não pode estar dependente dos timings parlamentares ou dos ditados pelos lobbies financeiros!

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