tribuna socialista

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

2005 / 2006 : MAIS UM ANO DE POLÍITCAS LIBERAIS ...

Já passou um ano desde que o PS conquistou a sua primeira maioria absoluta. Conquistada com o voto dos que queriam uma mudança, depois de governos de direita, esta maioria absoluta tem sido uma enorme desilusão para muitos dos que tinham votado na mudança.

Um ano depois, a direcção de Sócrates no PS e no Governo, têm tornado tudo o que deveria ser mudança, em algo muito parecido com aquilo que foram os governos de Barroso, Portas & Santana.

José Sócrates e os seus amigos, no governo e na direcção do PS, estão, aos poucos, a tornar, tudo em que tocam, em caminhos largos para o neo-liberalismo triunfar ...

A oposição do PS aos governos de direita foi, afinal, um pretexto para chegarem ao poder e depois fazerem tudo muito semelhante àquilo a que (só!) formalmente se opunham!

Sócrates é um liberal, não é um socialista. E, como tal, terá de ser combatido social e políticamente!

Várias vezes, durante a vigência dos governos de direita, defendemos a necessidade de uma alternativa convergente das esquerdas. Essa alternativa continua hoje na ordem do dia! Com socialistas, com comunistas, com jovens, mulheres e homens que rejeitem o liberalismo, as políticas liberais e as suas consequências sociais e políticas! Contra a direita, mas também contra a direcção liberal do PS e o seu governo. Posted by Picasa

domingo, fevereiro 19, 2006

SOMOS UMA REPUBLICA LAICA???

Seis (6) canais de televisão, diversas rádios, um sem número de jornais nacionais e locais, ... , tudo faz hoje alarde da trasladação de Lúcia de Jesus, também conhecida por Irmã Lúcia, para muitos também vidente de Fátima, de Coimbra para Fátima.

Tudo isto acontece num momento em que um sem número de vozes se levantam contra o fundamentalismo islâmico. Mas ... isto que se passa em Portugal, o que é?

Imaginem hoje uma caricatura de Lúcia publicada num orgão de comunicação social português? Publicada em nome da liberdade de expressão ...

O que será isto que concilia (será fanatismo?) ópio religioso com mercado?

sábado, fevereiro 18, 2006

SINAIS DA RETOMA DO GOVERNO SÓCRATES...

A Segurança Social, diz o Governo (e outros anteriores também já o diziam), "não tem dinheiro", "corre risco de falência"...

As finanças públicas são sujeitas a "rigorosas" medidas de controlo e de contenção ...

O desemprego atinge níveis que são recordes ...

Dizem-nos que está em curso medidas de combate à evasão fiscal ... embora o que se nota é que são os assalariados os mais imediatamente penalizados ...

As escolas "com poucos alunos" fecham ...

As privatizações continuam ... os negócios bolsistas fazem sorrir o governo Sócrates que vê aí "motivos" de "retoma" ...

Mas enquanto a crise massacra os mesmos de sempre, as marcas automóvel topo de gama aumentam as vendas de ano para ano!

Na cópia que editamos do Expresso de hoje, pode-se ler na legenda fotografia: "O Ferrari 612 Scaglieti F1 custa Eur 268 mil, ou seja, 694 salários mínimos" ...

São estes os sinais da retoma do governo liberal de Sócrates ... Posted by Picasa

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

RECORDE NO DESEMPREGO EM PORTUGAL: ECONOMIA DE MERCADO É A CULPADA!...

8% de desempregados "oficiais" em Portugal, está a ser motivo para acusações mútuas entre os partidos do "centrão" e daquilo a que poderiamos chamar "arco parlamentar".

A divulgação da taxa recorde de desemprego é feita num momento em que se assiste a mais um "grande negócio": o da promessa de aquisição da PT pela SONAE!

Esse grande negócio demonstra para patrões e altos dirigentes do PS e do Governo, um sinal de "vitalidade" da economia portuguesa. Enquanto estas entidades se dedicam a especular sobre qual o "real" valor de cada acção (em Bolsa) da PT e da Sonae, o SINTTAV (sindicato dos trabalhadores das telecomunicações) anuncia que a prometida OPA da Sonae pode por em risco 3.500 postos de trabalho na PT!

Este exemplo, exibe o que realmente tem contribuido para o aumento do desemprego em Portugal: a economia de mercado, ou então, uma economia baseada num liberalismo crescente e simultaneamente selvagem!

Para os políticos e os partidos que defendem a chamada "economia de mercado", o que parece contar é o aparecimento de "grandes negócios", de grandes operações em Bolsa, sendo que o desemprego é sempre apresentado como uma "inevitabilidade"!

Já temos dito e mantemos: é incompatível a realização de reformas sociais profundas no quadro de uma economia que aposta na especulação, nas deslocalizações, na desregulamentação, nas privatizações indiscriminadas e no controlo e pressão crescentes dos grandes grupos económico-financeiros sobre o poder político!

Em Fevereiro de 2005, Portugal é dominado por grandes grupos económicos e financeiros que são incrivelmente apaparicados por um governo dito socialista, eleito com maioria absoluta por quem se queria livrar das consequências sociais e políticas das políticas dos anteriores governos de direita.

É sintomático que, no dia em que era divulgada a taxa de desempregados, um dirigente do PS vangloriava-se, em crónica na TSF, com o "dinamismo" da economia portuguesa e aplaudia os "empresários com raça"... É, de facto, sintomático!!

Os governos do "centrão" - PSD e CDS ou PSD ou PS ou PS com qualquer companhia de direita - têm desenvolvido, sem grandes dissemelhanças, políticas que, ano após ano, desvalorizam o factor trabalho na economia e promovem o poder dos grupos económico-financeiros. As consequências destas políticas não são só sociais. São também políticas: tem crescido o afunilamento da participação cidadã, tem aumentado a parlamentarização da democracia. A democracia promovida pelos que definem políticas pró-liberiais é, crescentemente, uma democracia igual aquela que vigora nas empresas privadas: poder de quem manda, mutismo (imposto) de quem só deve trabalhar e produzir por objectivos superiormente definidos! ...

A continuação destas políticas por mais anos, criará inevitavelmente situações sociais explosivas, até porque do lado da economia a crise acentuar-se-á: é impensável pretender que "grandes negócios" especulativos com consequências negativas no desemprego, consigam, ano após ano, assegurar um nível de vida condigno aos que ficarão no desemprego (crescentemente estrutural) ou em situação precária ou atirados para a criação de cafés ou prontos-a-comer de esquina ...

A "economia de mercado" , à semelhança do que já semeou noutras latitudes, está ao rubro em Portugal ...

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

domingo, fevereiro 12, 2006

JÓSÉ AFONSO EM GUIMARÃES - 24 E 25 DE FEVEREIRO

A Associação José Afonso, a Associação 25 de Abril, o Círculo de Arte e Recreio (Guimarães) recebem, em 24 e 25 do corrente, em Guimarães, os Amigos de José Afonso, dando-lhes guarida, numa homenagem "a um homem maior que o pensamento numa cidade sem muros nem ameias com gente igual por dentro e gente igual por fora".

"No dia 23 de Fevereiro de 1987, de sal de linguagem feita, José Afonso, mais uma vez, levantava voo e partia levando em si os caminhos do sonho e da utopia.
O homem que marchava ouvindo o brado da terra sussurrava a canção do vai ... e vem como se nos espretasse por detrás duma janela.
Com as suas tamanquinhas encaminhou-se para o comboio descendente.
Nolago do breu a noite levava aquele a que o tempo já se habituara.
A dor na planície não chegou para nos embalar.
Mas, de não saber o que nos espera ... não é inevitável ficarmos pela canção do desterro.
Decidimos, por isso, que o que faz falta é ver bem os cantares deste andarilho.
Vindo mais cinco ou trazendo simplesmente um ou outro amigo também, nem que seja numa sala mal iluminada, celebrar José Afonso será cantar o homem novo que virá enquanto houver força.
O Zeca ensinou que não há bandeira sem luta nem luta sem batalha.
Queremos que as águas passadas do rio um sono vazio venham acordar.
E que as águas das fontes não se calem e que as ribeiras não chorem porque ele continua a cantar
."

Algumas acções que constam do Programa desta Iniciativa, a decorrer no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, a 24 e 25 de Fevereiro:

24 de Fevereiro, às 18.30H - Lançamanto do livro "Zeca Sempre" : um livro de depoimentos de autores galegos sobre José Afonso.

24 de Fevereiro, às 21.30H - Concerto, com Manuel Freire, Pedro Barroso, João Loio, "De Outra Margem" (galaico-português), entre outros.

25 de Fevereiro, às 21.30H - Concerto, com Ardentia (Galiza), Amélia Muge, Luanda Cozetti, Francisco Fanhais, José Fanha, Zé Perdigão, Canto Nono, Astedixie, Uxia (Galiza).

Estão também previstos debates, café-concertos com música e pesia de José Afonso, diversos workshops, cinema e animação de rua.

O programa completo pode ser pedido em

homenagemjoseafonso@oficina.pt
circulodearteerecreio@hotmail.com
 Posted by Picasa

sábado, fevereiro 11, 2006

VW : notícias do modelo económico liberal!

A Volkswagen anunciou que vai prosseguir com o seu plano de reestruturação, como forma de poder aumentar (ainda mais) os seus lucros e a sua "eficiência". Em 2005 os lucros (só !) aumentaram 62% ... A VW quer mais!

Como? A receita liberal parece ser sempre a mesma: fechar fábricas e reduzir postos de trabalho. Segundo tem sido anunciado, a reestruturação da VW pode vir a afectar até 20.000 trabalhadores, até 2009!

Parece que a referida reestruturação afectará principalmente as fábricas localizadas na Alemanha. Mas nada se sabe de concreto! A Auto Europa, localizada em Portugal, desde sempre apontada como um "modelo", pode vir também a ser afectada. O acordo laboral recentemente conseguido, não dá garantias de nada!

Os acordos laborais conseguidos, têm sempre obedecido a uma única condição: ou os trabalhadores cedem nos seus direitos ou em parte deles ou então é-lhes acenado o desemprego ou uma qualquer "reestruturação" onde saem (ainda mais!) penalizados. Do lado dos Conselhos de Administração o objectivo é sempre aumentar os lucros! Ou seja, não é evitar qualquer prejuízo. É, isso sim, mais e mais lucros!

As receitas do liberalismo surgem sempre como o resultado dos que gerem as empresas com o objectivo de conseguirem mais e mais lucros. Dos trabalhadores e das suas organizações pede-se "cinto mais apertado" e nenhuma possibilidade de participação na elaboração da "receita".

O modelo liberal de gestão das empresas, acaba por ser um prolongamento do modelo não-democrático e autoritário que tem vindo a caracterizar as chamadas democracias liberais.

Dramático é que do lado de algumas esquerdas (ou que formalmente se apresentam como tal) esse modelo económico seja aceite como se nada houvesse para além dele. E há. Há um modelo económico onde os trabalhadores se podem assumir como parte activa e não só passiva! Posted by Picasa

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

FRANÇA: a pluralidade das esquerdas procura convergências!

Socialistas, comunistas, verdes, trotskistas e várias associações francesas estiveram reunidas, "durante duas horas" (segundo alguma imprensa de ontem) para debaterem entre si, o que as esquerdas francesas deveriam fazem em convergência, nos próximos tempos.

As esquerdas francesas estão a TENTAR ter respostas COMUNS e CONVERGENTES, não obstante e apesar da diversidade, para responder COMO ALTERNATIVA às politicas e à direita no poder.

Começarão por tentar respostas convergentes e mobilizadoras à chamada "Directiva Bolkestein", que abra portas escancaradas à liberalização dos serviços no espaço europeu.

A reunião realizada, foi uma primeira reunião. Mas já decidiram criar uma estrutura de ligação entre as diversas correntes e partidos das esquerdas para prepararem permanentemente uma resposta comum das esquerdas para acções futuras!

Quando em Portugal, as esquerdas parecem mais entretidas em parlamentarizarem, tanto quanto podem, as suas relações políticas, abdicando de respostas convergentes, estas notícias que chegam de França, são, de facto, muito importantes e merecedoras de reflexão!

No poder ou na oposição, só vale a pena ter uma perspectiva de esquerda e à esquerda, se isso significar vontade de mudança com políticas de mudança. Mudar não pode ser só a substituição de governos, sem mais nada! Essa é a alternancia que nada muda, tudo mantém. Não é alternativa de esquerda e/ou das esquerdas!

As últimas eleições presidenciais mostraram que a pluralidade das esquerdas pode ser uma realidade, mas, em momentos decisivos, não serve para derrotar a direita. Porque não afirma qualquer alternativa política. Porque não mobiliza todas as bases sociais de apoio das diversas esquerdas. Revela, isso sim, incapacidade de diálogos à esquerda, incapacidade de criação de alternativas mobilizadoras e de mudança.

De França, copie-se que é possível por a pluralidade a conversar, a dialogar, à procura de convergências que gerem alternativas políticas. Copie-se! Ou então, reflita-se sobre isso! Posted by Picasa

sábado, fevereiro 04, 2006

A LIBERDADE DE IMPRENSA NÃO SE DEFENDE COM HIPÓCRITAS!

Para os defensores do uso da força militar, como a que se usou no Iraque e querem voltar a usar no Irão, a questão levantada pelos cartoons de Maomé na imprensa dinamarquesa, assenta que nem uma luva! Falam em defesa da "liberdade de imprensa"...

Para os fundamentalistas islâmicos, como aqueles que privam as suas sociedades dos mais elementares direitos, os cartoons dinamarqueses funcionam como uma "boleia" para continuarem a impor lógicas de terror.

Uns e outros são as faces de uma mesma moeda. Diríamos, as duas faces de uma lógica de terror que se tem vindo a implantar en todo o Mundo.

É claro que a defesa da liberdade de imprensa tem de ser universal. Cortes à liberdade de imprensa em nome disto ou em nome daquilo, são a porta aberta para o corte total! São inaceitáveis!

A melhor forma de defender a liberdade de imprensa é . . . aumentar a liberdade de impresa!

Os liberais da nossa praça - que vão desde a direita ao próprio PS, a começar pela sua direcção - lembraram-se agora da liberdade de imprensa. Mas a liberdade a que se referem é uma liberdade de um único sentido, ou seja, a liberdade de apontarem o dedo esquecendo-se do que já fizeram (e fazem, sistemáticamente!) de semelhante.

As opções religiosas de cada um merecem respeito. Claro que sim! Mas as opiniões contra essas opções religiosas, quaisquer sejam, também merecem ser respeitadas. A liberdade de opinião (tal como a liberdade de imprensa) tem de coexistir tolerantemente com a diversidade!

A diversidade em liberdade é uma realidade muito pouco ou nada tolerada em sociedades totalitárias, de versão neo-liberal ou de versão religiosa(s). As lógicas securitárias - versão pró-Bush ou versão pró-fundamentalismo islâmico - que tentam dominar o Planeta, tendem para formas de totalitarismo monstruoso!

Os cartoons (que publicamos, retirados do Expresso) são, em si mesmos, inofensivos! O que já não é inofensivo são as ameaças, por causa desses cartoons, avançadas pelos fundamentalistas islâmicos e pelos fundamentalistas europeus!

A liberdade de expressão, todas as liberdades democráticas, uma sociedade de deveres e de direitos, só pode ser defendido com um projecto internacional assente em principios de tolerância, de relacionamento inter-étnico e inter-cultural, liberto dos obstáculos "externos" à afirmação do bem comum, o Estado e o capital. Um projecto de afirmação do socialismo, não como algo externo à vida, mas como a sintese possível de um compromisso que procura o bem comum para o conjunto da humanidade, afirmando simultaneamente o bem próprio e a individualidade de cada um. Posted by Picasa