tribuna socialista

domingo, junho 25, 2006

TIMOR - LESTE: e o petróleo não tem nada a ver com a crise?

Quando se fala de Timor-Leste em Portugal, há objectivamente um facto: a imprensa, os chamados orgãos de soberania, os principais partidos políticos do centrão (e não só!...) optam pelo Presidente Xanana Gusmão contra o primeiro-ministro Mari Alkatiri.

E mais: parece que a solução "portuguesa", para as já referidas entidades, para a crise em Timor passa por uma espécie de coligação entre Xanana Gusmão e a GNR presente naquele país.

O jovem país Timor-Leste parece (para a imprensa e os políticos portugueses) que tem de procurar soluções no quadro de um parlamentarismo construído à imagem e semelhança do que existe em Portugal e no Europa. Mesmo que o excesso de representativismo redonde em crise(s) política(s) ... como alías tem ocorrido por cá!!

Há em Timor-Leste uma crescente polarização entre o Presidente Xanana e o primeiro-ministro Alkatiri. Uma polarização que parece ser provocada mais por razões externas do que por razões internas. No meio desta polarização, salta à vista um claro e evidente deficite de participação popular e um quase inexistente acesso da vontade popular aos chamados "orgãos de soberania" timorenses ... algo que parece ter sido importado noutras paragens planetárias onde, aliás, também já não contribui para coisíssima nenhuma!

De um e de outro lado da referida polarização, há também uma clara crise de capacidade de afirmação de um projecto político próprio e que não represente a reprodução de outros falhanços político-económicos que a História e a geografia (!) registam ...

Xanana Gusmão, tirando o que muito que fez na resistência ao invasor indonésio, não tem um projecto para Timor-Leste. Com o conselho de Ramos Horta quer reproduzir em Timor o que de pior têm as democracias liberais ocidentais ...

Mari Alkatiri e a Fretilin não sabem o que fazer com a legitimação popular eleitoral da maioria dos timorenses, debatendo-se também entre as tentativas de algumas das suas tendências para uma ditadura burocrática e outras para uma liberalização tipo australiano to regime.

É evidente que o petróleo do mar de Timor terá uma influência decisiva nas pressões que chegam do exterior de Timor, incluíndo as oriundas da (não imparcial!) ONU.

Timor-Leste tem uma identidade cultural única dentro do arquipélago indonésio. Essa identidade cultural foi um dos motores da afirmação nacional da resistência contra o invasor indonésio. Foi também um forte motivo para a mobilização dos timorenses no apoio à sua resistência armada!

Timor-Leste não tem de se afirmar como País, reproduzindo modelos caducos ou vivendo à sombra de políticos sem nada para oferecer. Os timorenses têm o direito de participar activa e directamente na construção do seu país. De controlar democráticamente os seus recursos naturais. De afirmar a sua independência política.

O povo de Timor-Leste pode ser um exemplo de afirmação para os outros povos da região. Mesmo para a Austrália. Não pode é ver a sua vontade plural e a sua participação diversificada adulterada e violentada por dirigentes e políticos que não têm nada para propor ou oferecer. Só para impor!... Posted by Picasa

quinta-feira, junho 22, 2006

DEBATE NO PS? ...

Criticas do eurodeputado do PS, Manuel dos Santos, ao governo Socrates são um sintoma saudável de que nem toda a gente no partido liderado por Sócrates concorda com o autentico golpe de estado neo-liberal imposto pela actual direcção partidária no partido e no governo.

Sempre temos afirmado que os militantes socialistas do PS, ao contrário da direcção socratica, são parte importante e imprescindivel para a definição de uma alternativa de esquerda e socialista.

O debate hoje em dia não é tanto sobre o PS mas sobre o caminho que todo o espaço da esquerda socialista deve assumir como organização e como alternativa de governo. Repetimos: neste debate a direcção Sócrates do PS não tem lugar nem deve ter palavra ... afinal, tem-se assumido como uma espécie de parte e instrumento neo-liberal!

Não sabemos quais as intenções de Manuel dos Santos ou dos soaristas que ainda estão no PS. Como não sabemos o mesmo sobre Manuel Alegre. Alegre e Manuel dos Santos contam já nos seus curriculuns políticos com muitas e muitas hesitações quanto ao modo podem concretizar (e nunca concretizaram!) as suas (teóricas) intenções de esquerda ...

Importante seria que do lado dos militantes socialistas que são professores, dos autarcas, dos que ficam ou ficarão desempregados pleas deslocalizações e jogos das multinacionais, dos que têm intervenção no movimento sindical e/ou dos que se lembram do PS sem direcção liberal houvesse mais iniciativa para a intervenção para guindar o PS para a esquerda participando também no fundamental e imprescindivel debate que deveria existir entre todos os que se identificam com um espaço de esquerda democrática, socialista e inequívocamente anti-liberal/capitalista!

domingo, junho 18, 2006

SOLIDARIEDADE COM OS ESTUDANTES CHILENOS

O texto que se publica é a posição de SOCIALISMO LIBERTARIO, na Argentina, sobre a luta dos estudantes chilenos do ensino secundário. Uma luta que surgiu de baixo para cima, rejeitando qualquer tutela política e um modelo de ensino que permanece quase intacto desde os tempos da ditadura de Pinochet e que as políticas dos governos democráticos pouco acrescentaram quanto a qualquer ruptura. Tal como em França (imagem no lado direito desta posta), há uma nova geração de jovens que quer afirmar o seu protagonismo na afirmação de novas alternativas.
Para reflexão dos estudantes portugueses ...

Hoje não estamos a estudar história, estamos a fazê-la!”, “Queremos dar uma lição de como elevar a voz”, dizem alguuns dos cartazes das e dos estudantes das escolas do ensino secundário do Chile que têm estado a protagonizar uma extraodinária e singular luta, a maior dos últimos 30 anos. Reclamam uma escola gratuita, exigem que o exame para ingresso na Universidade seja também gratuito e questionam a nefasta Lei Organica Constitucional de Educação (LOCE): a última que foi imposta por Pinochet e que foi muito bem assimilada por quatro governos democráticos nos últimos 17 anos.

A revolta dos estudantes chilenos, surgida a partir de baixo e recusando qualquer controlo político, é a expressão concreta e contundente de um novo protagonismo directo que tem ido mais além com as novas gerações e tem despertado a simpatia e o apoio de diversos sectores sociais.

Estando isto a acontecer no Chile, onde a “obra” da ditadura foi “normalizada” por uma democracia autoritária e repressiva, é um sinal de uma vitalidade imensa e renovada. Trata-se de um verdadeiro movimento estudantil que convocou 800.000 estudantes secundários durante o último mês, ocupando 500 escolas, ganhando ruas e praças, enfrentando a brutalidade dos Carabineros (a polícia) e desafiando o poder político “progressista” e “socialista” de Michelle Bachelet.

A greve estudantil de 30 de Maio, que não foi criticada pela imprensa nem por todos os que procuram “agitadores”, foi reconhecida pela sua real dimensão, foi mais do que a expressão da magnitude deste movimento, transversal , que envolve escolas públicas e privadas.

A revolta juvenil chilena mostra-nos vontade de afirmação, a busca de uma educação igualitária para ricos e pobres, a recusa do autoritarismo, a procura de uma educação diferente que supere a brecha crescentemente classista imposta pela lei pinochetista-democrática. A greve de 5 de Junho, apoiada activamente por diversos sectores sociais, é uma nova amostra em como esta vontade firme pretende ir mais além que as ofertas parciais e defensivas de Bachelet. E por isto mesmo, perante uma luta que expressa um presente/futuro que recusa o passado, apelamos à juventude argentina para manifestar a sua solidariedade activa, procurando relacionar-se com as suas formas e os seus conteúdos, fazendo nossa essa luta ao mesmo tempo que aprendemos com ela.


Apoio activo à luta das e dos estudantes chilenos!
Basta de repressão! Basta de autoritarismo “progressista”!
Viva a revolta estudantil chilena sem tutelas políticas!


SOCIALISMO LIBERTARIO, Buenos Aires, 05/06/2006

sexta-feira, junho 16, 2006

ANDREU NIN: REVOLUCIONÁRIO, SOCIALISTA, VÍTIMA DO ESTALINISMO!

Andreu Nin foi um dos principais dirigentes do POUM, Partido Operário de Unidade Marxista. Um partido que, durante o período da revolução em Espanha, nos anos 30 do século passado, propôs uma nova visão de socialismo. Um socialismo que rejeitava o totalitarismo policial crescente da URSS, que pugnava por uma visão anti-capitalista sem equívocos, que considerava que sem democracia, sem participação activa e directa dos trabalhadores, sem uma visão internacionalista, não conseguiria triunfar.

Andreu Nin foi assassinado pela NKVD, a polícia politica soviética, que mais tarde adoptaria a denominação KGB.

Wilebaldo Solano foi também dirigente do POUM e é agora um dos principais dinamizadores da Fundacion Andreu Nin. Tem mantido presente, nos nossos dias, o pensamento político de Andreu Nin e o que foi o POUM. A edição da "Biografia breve de Andreu Nin" é mais um esforço nesse sentido. Que se saúda!

Consultem o portal da Fundacion Andreu Nin em www.fundanin.org Posted by Picasa

quinta-feira, junho 15, 2006

PROFESSORES LUTARAM ... NÃO FIZERAM PONTE!

Segundo o Ministério, 30% dos professores estiveram em greve. Segundo os sindicatos, 80% dos professores fizeram greve.

Seja qual for a perspectiva, provou-se que os professores não aproveitaram o dia de luta para fazerem ponte, nomeadamente os professores que são Lisboa.

A Ministra Maria de Lourdes Rodrigues teria nesta jornada de luta dos professores uma boa oportunidade para reflectir sobre o que tem dito e feito. Só que não o fará porque tem um comportamento simultaneamente autista e autoritário.

As reformas em qualquer sector, não se podem fazer insultando os trabalhadores desse sector! Na área da educação, os professores devem ser reconhecidos como parte integrante fundamental e imprescíndivel para uma reforma que se veja e se sinta.

Na jornada de luta de ontem, não foi só o estatuto da carreira docente que esteve em causa. O comportamento da Ministra tem também colocado em causa o bom nome da classe docente e a sua dignidade. Ontem, cada professor em luta (estando em greve ou não, já que houve quem não esteve em greve mas solidário com ela ... afinal, é uma classe crescentemente proletarizada!) lutou pela sua dignidade pessoal e profissional.

Foi a terceira jornada de luta dos professores com esta ministra. De certeza, que não será a última!

Seria importante que os sindicatos dos professores lançassem agora uma acção - com outros sindicatos de outros sectores - junto da opinião pública para explicarem o que querem, para denunciarem o populismo autoritário da ministra e do governo Sócrates.

Os professores e os seus sindicatos deveriam ser os primeiros a demonstrar que querem uma profunda reforma do ensino com a participação activa de toda a sociedade! Posted by Picasa

terça-feira, junho 13, 2006

PÃO E CIRCO



Por Jorge Manuel Miranda Rodrigues Costa (*)

Na Antiga Roma, os Imperadores providenciavam para a satisfação do povo romano que nunca faltasse pão e circo.
Apesar da grave situação económica, do acentuado aumento do desemprego, do futuro incerto na função pública e das más notícias da segurança social, os portugueses parecem apenas preocupados com o futuro da selecção nacional de futebol.
Alienados pelo sonho irreal de uma vitória no Campeonato do Mundo de Futebol, os portugueses esquecem os seus reais problemas durante as próximas semanas. Os meios de comunicação social, com especial destaque para a rádio e televisão, alimentam até à exaustão o mito da possibilidade da vitória portuguesa deixando para segundo ou terceiro plano as verdadeiras questões existentes na sociedade portuguesa.
Já não há pachorra para tanto futebol, ele invade-nos as casas ao pequeno-almoço, ao almoço, ao jantar e nos intervalos, permanentemente, nem de madrugada nos livramos de tanta informação sobre os seleccionados, um enjoo!
Endeusados, alguns deles mostram-se mais proficientes durante as saídas nocturnas que a nível do relvado, o que não será de bom augúrio para o desenlace da competição que se avizinha e para aquilo que alguns erradamente designam como um desígnio nacional, a conquista de um campeonato europeu ou, sonho supremo, mundial de futebol.
Enquanto Portugal se mantiver em competição pouco ou nada se ouvirá sobre o desemprego, o atraso em relação à Europa, a mobilidade dos funcionários públicos, o abandono escolar coexistindo com mais de trinta e cinco mil portugueses vítimas da exploração do trabalho infantil, a destruição da nossa floresta pelos fogos florestais e mais um sem número de problemas que nos colocarão a prazo, no último lugar da Europa dos 25.
Ninguem se interrogará como se podem vender 12 caças F-16 de um lote de 25 comprado em 1999 e dos quais 20 nunca voaram, há sete anos que se encontram desmontados e encaixotados, sem haver responsáveis pela inutilidade da aquisição e do dinheiro desperdiçado.
Ninguem se questionará sobre o facto da avaliação dos funcionários da administração não se estender aqueles que verdadeiramente são os responsáveis pelo estado a que tudo isto chegou.
Todos os holofotes e atenções se focalizam no percurso da nossa selecção, Portugal sonha com a impossibilidade e assim quando a realidade se sobrepuser à ficção o despertar vai ser mais uma vezes muito doloroso.
Os deputados até já consensualizaram a alteração dos seus horários para evitarem estarem presentes em espírito na Assembleia mas ausentes na realidade e assim poderem ver os jogos repousadamente e sem pesos na consciência. Máximo da generosidade, aguarda-se a todo o momento que esta flexibilização se estenda a toda a população activa portuguesa.
Poucas são as vozes que tentam moderar as expectativas populares e muitas, com elevadas responsabilidades, as que as alimentam.
Anestesiados, os portugueses sem que disso se apercebam vão tendo circo mas cada vez menos pão.

(*)
Assistente Hospitalar de Imuno-Hemoterapia do Hospital Doutor José Maria Grande, membro da Comissão Política da Federação Distrital de Portalegre do Partido Socialista

domingo, junho 11, 2006

OS PROFESSORES E A REFORMA DA MINISTRA: DEBATE - PARTE 2


Num debate existem sempre diversas partes envolvidas. TRIBUNA SOCIALISTA é um espaço socialista para o debate numa perspectiva de afirmação de uma posição socialista libertária. Quanto à dita reforma do ensino que o governo Sócrates quer impor, fazendo que ouve (mas não ouve!) a pluralidade das partes envolvidas, não somos moderadores abstractos nem assumimos uma posição dita equidistante: consideramos a acção do governo Sócrates, nomeadamente no que diz respeito ao ensino e à educação, contrária a qualquer perspectiva democrática e socialista! Enquadra-se, isso sim, na onda neo-liberal que tem invadido a Europa (e não só!) e que tem contribuído para a destruição de direitos sociais, para a destruição de conquistas importantes (como o ensino público!) desarticulando, para isso, sectores inteiros em nome de ditas recuperações económicas e financeiras que acabam sempre por priveligiar os chamados empresários em detrimento dos trabalhadores.

José Sócrates, no governo e na direcção do PS, não tem sido diferente dos últimos governos de direita em Portugal. O governo e a direcção partidária que lidera assumem-se como parte de uma direita que deve ser combatida política e ideológicamente. Não obstante considerarmos que nesse combate e na definição de uma alternativa socialista, os militantes socialistas do PS, são parte integrante e insusbstituível.

Publicamos mais uma fase do debate entre o militante do PS, Carlos Alberto, e o professor Jorge Caetano. O debate pode continuar para quem quiser no espaço que este blogue tem, em cada posta, para esse fim. Mas com este tipo de publicação, ficaremos por aqui.

TRIBUNA SOCIALISTA manifesta o seu apoio à luta dos professores pela sua dignidade profissional e por uma reforma do ensino que se faça com a participação democrática, consciente e empenhada de todas as partes que devem ser envolvidas, sem excepção.

1 - A posição de Carlos Alberto:

O Sr. Jorge Caetano, tenda responder, mas não sabendo interpretar o texto, anda ás voltas e não diz nada. É o velho discurso da culpa do "sistema".Facto:Nós já gastamos com a educação mais do que a média da OCDE. Temos 30 % de professores mais que a média e as turmas mais pequenas dos 27 países comparados. Temos o menor número de aulas para os alunos e as menores cargas horárias para os professores. Por fim, sobretudo no fim da carreira, temos alguns dos professores primários mais bem pagos da Europa. Silva Lopes, Público, 20-9-2004E diga-me lá porque no 10º ano à alunos que não sabem interpretar um texto.E para terminar, masi estes factos:No ensino primário, o rácio de alunos por professor era, em 2005, dos mais favoráveis da UE25: em Portugal havia 11,1 alunos por professor, enquanto que na Suécia havia 12,1, na Holanda 15,9, na Finlândia 16,3 e na Irlanda 18,3.De acordo com os indicadores publicados pela OCDE, Portugal é o país que gasta com as remunerações a maior percentagem da despesa corrente em educação nos níveis primário, secundário e pós-secundário (Fonte: Education at a Glance. OECD Indicators 2005. Executive Summary: 38).Em consequência, o rácio do salário a meio da carreira dos professores do secundário inferior e o PIB per capita é o terceiro mais elevado da OCDE (Fonte: Education at a Glance. OECD Indicators 2005. Executive Summary: 57).De acordo com as declarações públicas da Ministra da Educação, nos últimos dez anos diminuíram os alunos e mantiveram-se os resultados. É o sistema coorporativista no seu máximo. Carlos Alberto

2 - A posição de Jorge Caetano

Não estou nesta fase para pactuar com esse senhor que se afirma socialista. Não estou para aturar tanta estupidez, tanta demagogia. Se ele não sabe ler e interpretar um texto tão simples a culpa não é minha. O que eu disse claramente é que não se pode imputar somente aos professores a responsabilidade pelo insucesso escolar. Dizer isto não parece a mim ser nenhuma atitude corporativista, mas antes colocar a questão onde ela deve ser colocada. De quem a responsabilidade das políticas educativas deste país? É dos professores? De quem é a responsabilidade das políticas educativas que são cozinhadas em gabinetes e que nunca foram alvo de auscultação efectiva dos professores? Quem deternmina as linhas fundamentais de orientações da escola? Que é feito da famigerada paixão guterrista pela educação? Foi uma paixão do seu governo, não sabia? Em que é que desembocou essa paixão? Quais os resultados? Deve ter a memória curta. Podemos ailás alargar esse seu nexo de causalidade as outras profissões: então o desastre do sistema nacional de saúde deve ser atribuído aos médicos e aos enfermeiros, o caos da justiça à "incompetência" dos magistrados, dos funcionários judiciais e aos magistrados público, a fuga ao fisco é da responsabildiade da inércia dos funcionários das finanças, etc.. Vamos mas é de vez acabar com a função pública. Estes são de facto os grandes responsáveis pelo déficit e pelo atraso estrutural deste país. Sim, para esse senhor não há sistema. Este é uma abstracção inventada para camuflar todos os males deste país. Sim ou eu estou louco ou os problemas deste país são meramente conjecturas, é uma mera passagem que vai ser resolvido quando não houver mais funcionários públicos neste país. As medidas da Srª Ministra são única e simplesmente um modo de acabar com estes malandros dos professores que não ensinam, não trabalham e mais não têm espirito de serciço público, porque até vivem no Porto, em Bragança, em Lisboa etc, e nunca se disponibilizam para isr dar aulas para as Beiras, para o Algarve, para o Alentejo, sem quais incentivos à periferia. Que malandros estes professores, que abandonam a família, que pagam duas rendas por mês, que fazem milhares de quilómetros por ano e que nem um cêntimo a mais recebem nos seus ordenados. São os autênticos párias estes professores! As medidas desta ministra nem são meramente economicistas, nem têm subjacente um verdadeiro e tendencioso marketing político e jornalístico que habilmente sabe precisamente como deve manipular a opinião pública. Os alvos deste governo são muitos, não são só os professores. Com este governo foi o desemprego que disparou, é a impunidade e a inèrcia face à fuga fiscal. Veja o que passa com a banca e os seus lucros e pense quem são os malandros deste país. Já chega de tanto ódio. Por favor, e com o devido respeito, não se intitule mais de socialista. Basta de mentiras. Jorge Caetano

A FESTA DO APOIO À SELECÇÃO NACIONAL DE FUTEBOL!



Parece que há por aí um grupelho nazi, de nome PNR, que resolveu fazer ruído contra a presença de Deco na Selecção Nacional de futebol. Se os quantos que fazem parte do grupelho fossem franceses, certamente que também protestavam contra a presença de Zidane na Selecção francesa. E muitos mais exemplos poderiam ser dados ...

No dia em que a Selecção Nacional portuguesa inicia a sua participação no Mundial contra a selecção angolana, prestamos homenagem a todos os que, através do futebol, afirmam valores de inter-etnicidade, valores de fraternidade, valores de humanidade, valores de multi-culturalidade!

A prática do futebol não é comparável a uma batalha ou a uma guerra.

Do lado de Portugal, estarão na festa do apoio à nossa selecção, todos os que, em Portugal, trabalham e vivem! ... Apoiarão o Deco, o Luís Boa Morte, o Miguel, o Figo, o Cristiano Ronaldo, o Pauleta ! ...

Neste apoio, todas e todos serão muito mais Portugal que aquilo que o bando denominado PNR pretende ...

sábado, junho 10, 2006

OS PROFESSORES E A REFORMA DA MINISTRA: DEBATE!


Sobre o que temos escrito sobre a dita reforma do ensino promovida pela actual Ministra do Governo Sócrates, recebemos o seguinte comentário de alguém que se identificou como "Carlos Alberto - militante socialista 75000":

Algum dos senhor(a)es professores que vão fazer greve (mini-férias) no próximo dia 14.06.06, pode explicar-me porque razão tendo frequentado escolas com boas instalações e material sempre do melhor, com os livros que foram sempre escolhidos pelas escolas que frequentou, a minha filha com 17 anos mal sabe ler e escrever no 10 ano de escolaridade...
É culpa desta e dos anteriores Ministros da Educação?
É culpa minha? de certeza. A minha a culpa resulta de não ganhar o suficiente para pagar a peso de ouro umas explicações que não são declaradas ao fisco.
É dos Professores? Nunca. Como pode ser se estão em greve...

Militante Socialista 75000

Porque têm medo de ser avaliados os Professores

Dizem os sindicatos, e os profetas da desgraça do costume, que isso vai fazer com que os Professores ao atribuírem a classificação aos seus alunos, teriam que passar a levar em conta esse factor. Segundo estas caridosas alminhas desinteressadas, os Encarregados de Educação tomariam na “devida consideração” os Professores que não avaliassem seus filhos como “deve ser”.

Mas já agora, porque não dizem também que os Encarregados de Educação, poderiam ser levados a fazer uma avaliação dos Professores dos seus filhos, de forma “favorável”, porque como é sabido no ensino básico, um Professor normalmente acompanha o aluno durante 4 anos, quem arriscaria ver o seu filho posto de lado durante 3 anos por um Professor ressabiado.

Mas se levar, tão infeliz, argumento até ao absurdo, por aqueles que têm medo de ser avaliados, deveria o Ministério da Educação, encerrar todo o Ensino Particular. Senão vejamos, em que situação é por demais evidente a dependência (no caso económica) de Professores em relação aos Encarregados de Educação. O Encarregado de Educação do Ensino Particular, ao passar o cheque da mensalidade, não está a avaliar, a cada dia 30, os Professores dos seus filhos. Estão estes Professores mais diminuídos, que os do Ensino Público.
Qual a razão do medo de serem avaliados nos doze itens apenas num deles, pelos Encarregados de Educação. De que tem medo a FRENPROF.


Fica a resposta de um Professor:

Esta posição praticamente não tem resposta, pois move-se num nível de compreensão da realidade muito perigoso e tendencioso. Era o que faltava agora despechar para os professores todas as culpas pelo insucesso escolar. Este não é um problema só da escola, mas sim de toda a sociedade. É evidente que a escola reflecte de um modo mais claro as contradições, as misérias e a complexidade humana, mas por isso mesmo os professores não têm uma varinha de condão que de um modo mágico possa resolver problemas que são basicamente estruturais.A escola recebe os alunos que foram "educados" na base da lógica de uma sociedade que permanentemente promove e apela ao consumismo fácil, que apregoa a hedonismo e a vacuidade de valores, a uma sociedade que por motivos sociais, económicos, geográficos e regionais viu emergir um crescente nível marginalização social e cultural, provocando o nascimento de verdadeiros guettos urbanos, atirando ainda para as margens sectores geográficos que pela dimensão de assimetria e de ruralidade ficaram despojados do clima cultural e educativo que se tornam evidentes essencialmente nas zonas rurais.. O problema do insucesso, repito, é um problema que deve mobilizar toda a sociedade, é uma questão que exige uma compreensão de uma complexidade de factores, e que não pode ser de uma forma mentirosa, hipócrita e pior que tudo perigosa, ter os professores como bode expiatório. Senão qualquer dia ainda vão dizer que o nosso atraso cultural e educativo durante os 48 anos de facismo deve ser atribuído aos professores que não tiveram capacidade criar as condições educativas para superar o obscurantismo cultural do salazarismo e do marcelismo. Pouco falta.

Jorge Caetano


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segunda-feira, junho 05, 2006

CARTA ENVIADA POR UM PROFESSOR ...

Grato. Muito Grato, Srª Ministra !

Serve a presente para vir junto de Vª Exª penhoradamente agradecer a proposta para o novo Estatuto da Carreira Docente.
Valeu a pena esperar 25 anos de serviço para ver reconhecido o meu mérito profissinal.
As proposta que Vª Exª faz, em conjunto com o Sr. Eng., e a que se associa o Sr. Dr. da Oposição são brilhantes.
O Sr. Dr. da Oposição ainda vai mais longe, penso até que será um exemplo a seguir, quando prevê que: para pôr os professores na ordem, o chefe da escola deverá ser um Sr. Coronel reformado; para aumentar a produtividade e a competitividade, coloque-se um Dr. Economista na gestão. Genial !
Há anos que anseio ter um autocolante no meu carro a dizer:
"Professor da Escola Y. Atestada com Certificado de Qualidade" ou por
exemplo "Este carro é conduzido por um Profissional de Ensino. Trabalha na Escola Z".
Concordo em absoluto com TODO o diploma, e sobretudo com as
ideias inovadoras: como Coordenador de Departamento vou avaliar os meus colegas; com novos escalões; com as novas categorias de professores, e claro com bónus pecuniário!
Noto neste diploma uma muito positiva influência Filandesa, o que enche de orgulho o meu espírito europeu.
Sem querer ser maçador, chamo só a atenção para um outro
aspecto, o artigo 197 no seu ponto 2:" Seguindo o exemplo da sociedade
civil, onde os doentes avaliam os médicos e enfermeiros; operários avaliam engenheiros; arguidos avaliam juízes; funcionários avaliam gestores públicos,etc, é chegado o tempo das boas práticas do liberalismo económico serem aplicadas às escolas, pelo que pais e encarregados de educação passam a avaliar os professores." Nada mais justo !
Reina a calma e a ordem em todo o País. Tem Vª Exª todo o meu apoio.
Cordialmente.
João Botelho.

PS. Para que não haja equívocos ou más interpretações esclareço que sou militante do partido que sustenta o Governo.
Parto do princípio que Vª Exª e o Sr. Dr. Valter Lemos também o são. Ou estou errado ?

Viseu, 29 de Maio de 2006

domingo, junho 04, 2006

Ministra da Educação decreta guerra aos professores...


Na entrevista que Maria de Lurdes Rodrigues deu ao Público e que saiu na edição de hoje daquele diário, é visível que os professores são o alvo omnipresente para todos os males diagnosticados pela Ministra.

Ao longo da entrevista, descobre-se que também na Educação, o governo tudo condiciona ao cortar, cortar e cortar em nome da gestão dos recursos financeiros. E na Educação quer objectivamente desarticular completamente a carreira docente, para a imposição de um modelo onde os baixos salários e a dificuldade de progressão na carreira, assegurem a tal "boa" gestão dos recursos financeiros que o governo Sócrates pretende!

Da entrevista, é também notório que a Ministra conhece a realidade das Escolas, provavelmente das estatíticas. Não conhece, de certeza, a realidade tal e qual ela é. Isso é visível quando se pronuncia sobre a violência nas Escolas e limita-se a dizer "A escola tem de fazer uso dos meios de que já dispõe: de autoridade, de chamar a polícia se for caso disso"(!!!) ou "Muitas vezes há a imagem de que os próprios professores receiam intervir. Mas os próprios professores não podem ter medo. A escola também não." (!!!) ...

Para a sua reforma (!!!) , a ministra socorre-se também do mais miserável populismo, quando quer por os professores a serem avaliados também pelos Pais/Encarregados de Educação. Os Pais devem participar na vida da Escola. Claro que devem! Mas será que essa participação deve passar pela avaliação de uma realidade que só conhecem pelo relato (imparcial? verdadeiro ?...) dos filhos (os estudantes) ?

Uma reforma profunda do sistema educativo português é URGENTE! Exige coragem política! Mas também exige participação PRÉVIA de todos os que devem estar implicados nessa reforma!

A Ministra Maria de Lurdes Rodrigues não conhece a palavra participação, nem sabe ouvir préviamente. Por isso, em 14 de Junho, os professores farão GREVE! Será uma forma dos professores dizerem BASTA! Um BASTA que deveria ser acompanhado pela sociedade, nomeadamente pelos Pais ... em nome de uma reforma profunda do ensino que tarda cada vez mais!
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O LOBBY PRÓ-NUCLEAR CONQUISTA DIRIGENTES PRÓ-SOCRATES DO PS...


Pina Moura, ex-militante do PCP, ex-ministro de Guterres, ligado agora ao poderoso lobby que quer privatizar tudo o cheire a negócio de energia, parece que é adepto do nuclear para Portugal.

O lobby pró-nuclear ganha mais um adepto dentro do partido que apoia o governo liderado pelo ex-ministro do ambiente, José Sócrates.

Dentro do PS, parece que reina uma grande confusão . Mais uma ! Mais uma que é também sintoma da limpeza ideológica pró-liberal que a direcção de Sócrates tem vindo a impor a um partido que ainda (!) se chama "socialista"!

O nuclear voltou a ser notícia por via do poder económico e financeiro que o lobby que o apoia tem junto dos principais media portugueses. E o governo Sócrates, numa primeira fase, ajudou à festa, quando celebrou um acordo com a principal figura daquele lobby, o empresário Patrick Monteiro de Barros.

Depois de Chernobyl, depois do debate na vizinha Espanha para a desactivação de centrais nucleares, ... , a opção em Portugal pelo nuclear não tem a ver com qualquer exigência nacional energética. Tem a ver sómente com os interesses privados de uns quantos empresários! E, sendo assim, não tem de haver qualquer referendo ... era o que havia de faltar serem interesses privados a ditar a realização de referendos nacionais sobre uma matéria tão importante!

No PS, como já dissemos, reina a confusão e a falta de debate sobre esta matéria (a propósito, por onde anda Manuel Alegre e os seus apoiantes quanto a esta questão?) . Como, aliás, sobre um sem número de outras matérias. Do governo, o que também tem sobrado são as indecisões do primeiro-ministro ...

Os temas energéticos e os ambientais cortam transversalmente toda a sociedade. Desde um ponto de vista socialista, as opções nestas áreas devem conciliar planificação e participação. Governo e empresários, óbviamente, passam ao lado daqueles dois vectores!

Energia e ambiente obrigam a um grande debate popular e nacional. O debate não é só sobre o nuclear! Importa mobilizar trabalhadores, jovens, autarquias, sindicatos, cidadãos ... e não só elites e ditos especialistas como parece quererem empresários e partidários pró-nuclear do governo.

É um debate que transcende os espaços nacionais. No caso da Península Ibérica, é um debate que deve ligar Portugal e todas as nacionalidades do Estado Espanhol. Há rios comuns, há terra comum, há consequências comuns ...Posted by Picasa

sábado, junho 03, 2006

Transcreve-se a resposta a um comentário.


Olá Daniele,

Na minha opinião o socialismo é um projecto actualissimo e é, mais do que nunca, a alternativa ao capitalismo na sua actual versão globalizada.
O blog TRIBUNA SOCIALISTA é uma iniciativa colectiva de militantes pelo socialismo. A luta pelo socialismo faz-se também, na nossa opinião, no debate permanente e sem dogmas sobre qual o melhor caminho para tornar o socialismo como uma alternativa mundialmente reconhecida pela imensa maioria daqueles que tem sido autenticamente espezinhada pela actual versão do liberalismo e do capitalismo.

Para nós, o socialismo não pode ser confundido com o pesadelo estalinista, nem com a mentira social-democrata, nem com alguns
caudilhos sul-americanos recém-convertidos a algo que dizem ser socialista mas não é!

O socialismo para nós, é aquele que foi definido por Marx e Engels no "Manifesto do Partido Comunista" ... o socialismo tem de ser obra da iniciativa dos próprios trabalhadores! Mas o socialismo é também aquele que bebeu a experiência de Rosa Luxemburgo com a Comuna de Berlim e a Liga Spartacus. Sem esquecer a luta de Leon Trotsky contra a burocracia totalitária estalinista (o socialismo precisa de democracia como o corpo humano precisa de oxigénio) e a de Andreu Nin, na Revolução Espanhola dos anos 30, por um socialismo que assentasse na auto-iniciativa e na auto-organização dos trabalhadores.

O socialismo é, antes de mais, um projecto internacional e internacionalista. Não se confina (até asfixia...) aos muros das fronteiras nacionais. Esta já era a preocupação de Marx e da Associação Internacional dos Trabalhadores, a 1ª Internacional. E na actual fase do capitalismo globalizado aumenta a responsabilidade política do socialismo como a única alternativa global ao capitalismo.

O que podemos, todos nós e em qualquer parte do planeta, fazer pelo socialismo?
* Ter sempre uma posição afirmativa e não só de oposição/contestação: o socialismo é um projecto alternativo!
* Lutar contra as concentrações monopolistas e transnacionais do capital. É possível a socialização da propriedade e da sociedade!

* Lutar pela generalização da democracia a todos os níveis da sociedade! O liberalismo/capitalismo tem -se caracterizado pela limitação da democracia, ora usando motivações securitárias (a dita luta contra o terrorismo), ora usando motivações economicistas (as chamadas recuperações económicas).
* O que se passa à nossa volta, deve merecer sempre a nossa participação crítica e afirmativa! As intervenções social, política, cultural e económica não são exclusivas de "elites" ou de "especialistas"...

* A luta pelo socialismo vai muito para além dos jogos parlamentares. O parlamentarismo, nomeadamente aquele que domina as democracias liberais ocidentais, é um espartilho à participação de qualquer uma ou de qualquer um, em qualquer nível da sociedade. A luta pelo socialismo passa também pela participação nas eleições parlamentares, mas decide-se sobretudo nas lutas do dia-a-dia e na capacidade de consolidar e interligar as formas de auto-organização que se vão criando!

* Em qualquer ponto do planeta, a luta contra todas as formas de discriminação, marginalização e repressão dos fluxos humanos migratórios é hoje, mais do que em qualquer outra história da Humanidade, parte integrante da luta contra a globalização liberal-capitalista e de afirmação por uma nova realidade socialista!


No século XXI, a luta pelo socialismo tem mais meios que no século XIX! Por exemplo, este meio - a Internet - que utilizamos, pode servir para organizar vontades, para mobilizar militâncias, para tornar o socialismo um objectivo realizável por meios de intervenção social e de intervenção política e, não necessáriamente, de forma violenta do tipo insurreição armada. Em grandes áreas do nosso planeta, as classes trabalhadores conseguem, por meios políticos, fazer valer a sua vontade de mudança.

Essa vontade de mudança, expressa por via eleitoral, tem esbarrado com a falta de vontade das direcções das esquerdas social-democrata e estalinista, um pouco por todo o mundo. Tem faltado uma direcção revolucionária! Essa direcção revolucionária, no século XXI, não tem de surgir necessáriamente a partir da organização de um partido (como o bolchevique, na Rússia de 1917). Pode surgir do movimento social e da coordenação das formas de auto-organização que esse movimento social cria em situação pré-reolucionárias e revolucionárias. O certo é que sem uma direcção revolucionária lúcida e com objectivos claros, o capitalismo acabará por ressuscitar. Como tem vindo a acontecer. Diríamos que nunca esteve tão próximo o colapso do capitalismo. Mas ... nos momentos decisivos, parece que nunca esteve tão longe a capacidade de organização de uma direcção por parte do movimento social anti-liberal!

Mas a actividade militante é uma actividade de persistência, de paciência e de permanente acreditar!

Espero que também lute onde estiver!!

Saudações fraternas,
João Freire (Editor)