tribuna socialista

domingo, outubro 16, 2011

15 DE OUTUBRO - PORTO

http://15out-porto.blogspot.com/2011/10/15o-porto-registo-fotografico.html

O 15 DE OUTUBRO E O EDITORIAL DO PÚBLICO DE HOJE ...

Como todo o mundo deve saber, a imprensa nacional e internacional, aquela que aparece diáriamente nas bancas, nas rádios e nas televisões, é pertença de grandes grupos económicos e financeiros. Muita gente que lá trabalha está com vínculos profissionais precários e com o medo sistemático de um despedimento se as opiniões expressas não forem consideradas as mais "convenientes".



Os Editoriais num qualquer desses orgãos de comunicação social expressam posições que não atentam contra a "verdade" de quem exerce a titularidade da propriedade desses orgãos. O Editorial do Público de hoje (Domingo, 16 de Outubro) é disso um excelente exemplo, já que analisa as manifestações de ontem, i.e. o 15 de Outubro nacional e internacional. Básicamente este Editorial resume-se a duas conclusões que devem merecer a concordância de Belmiro de Azevedo e do seu grupo Sonae:
  • no plano nacional, as manifestações de ontem ficaram "muito aquém" das de 12 de Março. No plano internacional, "tirando Espanha, não houve enormes manifestações noutras partes do mundo". Ou seja, o Editoral, para descanso do dono do Público, menoriza o impacto das manifestações de ontem, quanto à variável "quantidade" ...
  • em conclusão, surge o mais importante para satisfação dos donos do Público, quando é escrito: "Mas é preciso não perder de vista que tudo isso tem que ser feito preservando as liberdades esseciais, que nas democracias se expressam, entre outras coisas, pelo voto. As "assembleias populares" de centenhas ou milhares não podem substituir, a não ser por entorse democrático, as assembleias dos representantes livremente eleitos pelos cidadãos. Só assim os tais "cidadãos europeus preocupados" e os "indignados" do mundo poderão mudar o que deve ser mudado."



As manifestações de 12 de Março deste ano, foram social e politicamente muito importantes. Aconteceram num momento que marca o fim de um ciclo de governação do PS de Sócrates. Por este motivo, foram também demasiadamente tão abrangentes quanto indefenidas. Uma das consequências dessas manifestações foi a queda, por via eleitoral, do governo de José Sócrates e a penalização do PS.

Depois das eleições legislativas de Junho último e na assimilação de medidas impostas pela troika (FMI/BCE/Comissão Europeia) e agravadas pelo actual governo PSD/CDS (com hesitações cumplices da nova direcção do PS), não seria previsível que as manifestações de ontem, 15 de Outubro, trouxessem às ruas nacionais, os mesmos 300.000 indignados.

No entanto, no conjunto das manifestações nacionais de ontem, mais de 150.000 pessoas mostraram nas ruas a sua indignação e afinaram a contestação a políticas concretas de austeridade e à sua origem, com a clara oposição à ingerência do FMI/BCE/Comissão Europeia. Também alinharam nacionalmente com a oposição internacional ao capitalismo especulativo dos ditos mercados financeiros e das agências de rating e também à agiotagem da banca.



O 15 de Outubro, nacional e internacional, é claramente o ínicio de um novo ciclo de protagonismo para os movimentos sociais. E um dos vectores mais fortes deste novo ciclo, é (ou será!) a sua coordenação internacional, para já, traduzida em muita espontaneidade.

Seria "perigoso" para o Público e para o seu dono, que o seu Editorial concluísse que o capitalismo está agora, ao contrário do 12 de Março nacional, a ser crescentemente contestado nos planos nacional e internacional. É crescente, e isso é extremamente positivo, a contestação a políticas que os governos apresentam como "inevitáveis", e, que as pessoas contra-argumentam com a existência de outras soluções para uma crise que, definitivamente, a maioria social descarta qualquer responsabilidade na sua origem.

O movimento internacional do 15 de Outubro engasga claramente um capitalismo que já vem revelando muitas dificuldades para respirar ... é mais um dado objectivo!



Como o Público, muitos "comentadores" pagos por quem controla a imprensa nacional e internacional, não se cansam de mostrar a "inevitabilidade" das actuais políticas de austeridade, pedindo sempre mais, rematando sempre com a "inexistência" de alternativas por parte dos indignados, a não ser quando estes recorrem a "soluções anacrónicas e perigosas". Ou seja, tudo o que possa contradizer a lógica do hiper-parlamentarismo afunilado e da economia da especulação, é apontado e repetido, tipo "lavagem ao cérebro", como sendo "anacrónico" e "perigoso".

O lado político do actual capitalismo é caracrterizado, internacionalmente, por uma espécie de orgias de alternâncias políticas, onde se revezam os mesmos lados de uma mesma moeda. No plano nacional, a sucessão de ora PS ora PSD/CDS, é conhecida, sentida e começa a merecer a devida contestação social e popular. Chegou-se a um ponto, em que ninguém sufraga as políticas que, na prática, se seguirão ao acto eleitoral. Sistemáticamente os governos eleitos invocam razões excepcionais para não cumprirem programas eleitorais sufragados, sem que os eleitores, as pessoas, possam fazer o que quer que seja ... a não ser, manifestar-se!

Neste sentido, a actual democracia liberal é um logro, uma farsa por distorcer tanto e não cumprir a vontade popular, e, afunilar ao máximo o acesso das pessoas à decisão política, a qualquer nível da sociedade.

Na actual fase do capitalismo, à farsa política da democracia liberal, junta-se também o medo, a chantagem imposta pelos grupos económicos, muitas vezes, sem cara, ao dia-a-dia dos trabalhadores. Liberalizam, como nunca, a segurança do direito ao trabalho, tornando cada trabalhador alguém que é visto como descartável, em nome dos lucros que o patrão decide ter ...

É na sequência deste estado de coisas, que a proliferação de exemplos concretos de democracia directa e assembleária é também um dado novo e importantíssimo na actual fase da contestação social ao capitalismo global. Os movimentos sociais, dessa maneira, acrescentam alternativa politica à democracia liberal hiper-afunilada, com a multiplicação de experiências de Assembleias Populares que sabem auto-organizar-se em Comissões Temáticas para responderem, com as pessoas, com propostas concretas aos seus problemas conjunturais e até estruturais.

Uma rede de Assembleias Populares pode claramente, e, até seria desejável, assumir-se como uma alternativa de auto-governo aos governos que executam com políticas à margem da vontade e do sentir das pessoas concretas.

As Assembleias Populares são, por isso, experiências concretas de governo que, objectivamente, metem medo aos grandes grupos económicos e financeiros e aos seus politicos de mão.

O movimento, nacional e internacional, do 15 de Outubro, pode vir a ser , nesta matéria, um enorme desafio de alternativa ao modelo capitalista, nas suas facetas politica, económica, social e cultural!

João Pedro Freire

sexta-feira, outubro 14, 2011

Posição de alguns coletivos libertários quanto á manifestação de 15 de outubro

NOTA: Tribuna Socialista não subscreve a totalidade desta posição de alguns colectivos libertários, mas considera esta posição um documento muito clarificador face aos objectivos das manifestações de 15 de Outubro.


É urgente opormo-nos nas ruas às investidas

de governos, troikas e FMIs e organizarmo-nos contra

tudo o que ameaça tornar-nos miseráveis e escravos…


E… deveremos iludir-nos com programas que só visam “dourar a pílula” para que continuemos a tragar mais do mesmo?…Naturalmente que estaremos nas ruas ombro a ombro com os demais trabalhadores e povo, mas não para apenas “mudar as moscas”!... Estaremos sim por : Dignidade! Liberdade! Resistência social! Autogestão geral! E fim da exploração capitalista (privada ou de Estado).


Porque afinal… o que quer o “movimento 15 de outubro”? (segundo o seu “manifesto”)


«Retirem o memorando. Vão embora. Não ao governo do FMI e da troika!»

Só???... É possível rejeitar o FMI e a troika sem acabar com “cargos públicos” [como os] dos responsáveis, desde os do Banco de Portugal ao Banco Central Europeu, e da Comissão Europeia ao procurador geral da República? Não são estes quem lhes prepara o terreno? E os governos?...TODOS sempre se governam!… Não será que só com o auto-governo popular, nomeadamente através de um sistema de assembleias populares soberanas, funcionando em democracia direta, se poderá pôr de facto em causa tanto a troika e o FMI como todos os ladrões, “públicos” ou privados?...



«Redistribuição radical das riquezas e mudança da política fiscal, para fazer pagar mais a quem mais tem»

E quem “redistribui”?... Quem “parte e reparte e fica com a melhor parte”?... E que “riqueza”?...Aquela conseguida à custa da exploração vergonhosa dxs assalariadxs (tanto “nacionais” como “estrangeiros”) e da destruição do planeta? Então não se trata de “redistribuir” mas sim de devolver!… Ou não será que o que precisamos é de acabar com a roubalheira legal do capital e com o sistema assalariado, em vez de esperar que os muito ricos, receosos que lhes saltemos ao pescoço,“repartam” umas migalhas do que exploram, por quaisquer grupos de privilegiadxs… que passarão com isso a ser os seus novos aliados e cães de guarda nessa exploração!?..


«Controlo popular democrático sobre a economia e a produção»

Como? Através de novos representantes, privilegiados que ocuparão o lugar dos antigos?... Ou não se acredita que são aquelas e aqueles que tudo produzem e que garantem todos os serviços quem tem a capacidade de gerir aquilo que fazem? Nomeadamente através das assembleias, em autogestão, não alimentando mais gestores, patrões e pseudo-técnicos – os “economistas” (esses“peritos” na arte de explorar as pessoas e o planeta)…

Trabalhadoras/es e povo, que são quem tudo faz, organizados de forma assembleária, sem chefões nem chulos, são capazes não só de autogerir a sua produção como de decidir o que merece ser produzido, rejeitando produzir o que só serve para dar lucro a uns quantos (e para nos tornar escravos do consumo e utilização do que destrói a terra, a saúde e a vida…).



«Trabalho com direitos, zero precários na função pública (em Portugal o maior contratador de precários é o Estado),fiscalização efectiva do cumprimento das leis laborais e o aumento do salário mínimo»

Mas quem melhor que os próprios trabalhadores, organizados em assembleias e sindicatos de classe (que o sejam de facto, sem burocracias e sem cargos pagos…) poderá “fiscalizar” a aplicação ou não dos “direitos laborais”? Quem melhor do que elas e eles poderá lutar por aumentos de salários e melhores condições laborais – mesmo no quadro do capitalismo existente? Os “representantes”? Os“especialistas” da chulice ? Os “deputados”? ... E os precários que não são da “função pública!”?
 

Acaso deverão ter menos “direitos” que os outros?... Quando todo o trabalho assalariado é cada vez mais todo ele precário!... E quem estabelece os tais “direitos”?... Quem nunca teve que fazer o seu trabalho?!...
 

«Mais democracia»

Qual? Desta?...Com“representantes”privilegiados falando em nome do povo? E com cargos estatais?...Mas poderá haver “democracia real“ sem auto-governo popular ? Ou será que escolher de tempos em tempos quem nos irá dominar é democracia? O representativismo e o parasitismo de “representantes”é democracia? Ou não será que só o é a democracia direta das assembleias ?..
 

«Eleição directa de todos os representantes em cargos públicos, políticos e económicos»

Para iludir e mascarar que eles continuarão a dominar, a explorar, a roubar e ainda por cima responsabilizando-nos por isso? Isso não equivale a escolher o carrasco como sucedia nos campos de concentração nazis e estalinistas?... Assim se continua a fazer acreditar e a alimentar ilusões sobre o real papel do Estado e do Parlamento!...E a não ver que a “democracia” deles só funciona para quem lá está e que o Estado “não somos nós todos” mas sim a máquina antissocial ao serviço dos banqueiros, gestores, governos e políticos profissionais …



Não é com tais “propostas” que nos mobilizaremos para as ruas!

Não é por “mais do mesmo” que queremos lutar ao lado dos demais trabalhadores e do povo esmagado pela “austeridade” (que nunca é austeridade para governantes, ricalhaços, gestores, grandes patrões e seus “afilhados”…). Nada deverá voltar a ser como foi na “mega-manifestação” de “12 de março” passado, em que ajudámos a fazer cair uns“cães grandes” para irem para o poleiro outros…E quando enchemos as ruas um dia… mas no dia seguinte verificámos que tudo continuava na mesma...Porque nada de especial havia mudado! Isso são só válvulas de escape para nos distraírem e que só interessam a quem come da mesma gamela do Estado e do Capital… Protestar sim, resistir também… mas não para servir quem quer também ir pr’ó poleiro!...


Lutaremos sim, ao lado dos trabalhadores e do povo…

Contra os “shows” parlamentares, por mais assembleias populares!

Não à “representação”, paga e sem revogação, é chulice e opressão!

Quando a corrupção já fede e infeta, democracia direta!

Quando a burocracia emperra e infeta – ação direta!

– Estado e patrões, a mamar? Ação direta popular!

Direitos sociais e laborais – nenhum passo atrás!

– Trabalho em más condições - que o façam os patrões!

Trabalho assalariado é ser escravo e ser mandado!

– Quem gere não trabalha explora outros e é canalha!

Ocupação e trabalho autogerido – solução pró despedido!

– Acidente laboral - terrorismo patronal!

Contra a exploração, greve geral, com ocupação!

– Contra os despedimentos - Ocupação! Autogestão!

Contra os despejos, e cortes de luz,solidariedade! ação direta popular!

Aumentos dos preços, dos serviços públicos – boicote! boicote! e greve de consumos!

A má paga, mau trabalho! A maus tratos punho e malho!

– Para quê TER, se me negam poder SER?

A quem rouba um pão e come, tu chamas ladrão... Mas não esmurras o cão-grande, do Estado e o teu patrão, que nunca tiveram fome!

– Precário/a ou não, se só vives dum salário, subsídio ou pensão, és proletário/a !

Saúde e educação não são mercadorias! Cortar só se for, nas vossas mordomias!

Mundo do trabalho, mais grilheta que agasalho!

– O trabalho não liberta – e só a grilheta aperta!

Contra o Estado e o Capital, Revolução social!

– "Crescimento nacional" só interessa ao capital!

Contra o medo e o conformismo – resistência e anarquismo!

Spartacus em frente, querem-nos escravos, sejamos gente !

O povo unido não precisa de partido!

– O povo organizado não necessita de Estado!

Unidos e organizados nós damos-lhes a “crise”! Pró povo se organizar – assembleia popular!

Concentração“M15Out.”,15:00h.Pr.daBatalha,Porto 
Assembleia Popular (16h00?) –Denuncia as explorações e abusos!...Propõe e participa nas possíveis soluções! …A tua voz–e não a dos políticos profissionais e partidos– é importante!
Comunicado de:
Assoc.”Casa da Horta”, Assoc.”Saco de Gatos”, “Coletivo Hipátia”, Ediç.“Pimenta Negra”, SOV Porto/AIT-SP (Assoc.Internac.Trabalhadoras/es – Secç. Portug.)

quarta-feira, outubro 12, 2011

15 DE OUTUBRO: NO PORTO, ÀS 15 horas, NA PRAÇA DA BATALHA!

A DEMOCRACIA SOMOS NÓS!
A DEMOCRACIA É NOSSA, NÃO É DO BANCOS, NEM DAS AGÊNCIAS DE RATING, NEM DA COMISSÃO EUROPEIA, NEM DO FMI!!!

15 DE OUTUBRO OCUPA A RUA E A PRAÇA MAIS PRÓXIMA DE TI!


quarta-feira, outubro 05, 2011

15 DE OUTUBRO 2011: MANIFESTO

Em adesão ao protesto internacional convocado pelos movimentos 'indignados' e 'democracia real ya', em Espanha, ocorrerá, no Porto, uma manifestação sob o tema 'a democracia sai à rua', no dia 15 de Outubro de 2011. As razões que nos levam para a rua são muitas e diferentes, de pessoa para pessoa, de país para país - não querendo fechar o protesto a outras exigências de liberdade e de democracia, mas para que se saiba porque saimos para a rua, tentámos, entre os que estão a ajudar na organização e na divulgação do 15 de outubro, encontrar as reivindicações que nos são comuns - entre nós e relativamente aos outros gritos das outras praças, nas ruas de todo o mundo:

Dos EUA a Bruxelas, da Grécia à Bolívia, da Espanha à Tunísia, a crise do capitalismo acentua-se. Os causadores da crise impõem as receitas para a sua superação: transferir fundos públicos para entidades financeiras privadas e, enquanto isso, fazer-nos pagar a factura através de planos de pretenso resgate. Na UE, os ataques dos mercados financeiros sobre as dívidas soberanas chantageiam governos cobardes e sequestram parlamentos, que adoptam medidas injustas, de costas voltadas para os seus povos. As instituições europeias, longe de tomar decisões políticas firmes frente aos ataques dos mercados financeiros, alinham com eles.

Desde o começo desta crise assistimos à tentativa de conversão de dívida privada em dívida pública, num exemplo de nacionalização dos prejuízos, após terem sido privatizados os lucros. Os altos juros impostos ao financiamento dos nossos países não derivam de nenhuma dúvida sobre a nossa solvência, mas sim das manobras especulativas que as grandes corporações financeiras, em conivência com as agências de rating, realizam para se enriquecerem. Os cortes económicos vêm acompanhados de restrições às liberdades democráticas - entre elas, as medidas de controlo sobre a livre circulação dos europeus na UE e a expulsão das populações migrantes. Apenas os capitais especulativos têm as fronteiras abertas. Estamos submetidos a uma mentira colectiva.

A dívida privada é bem maior que a dívida pública e a crise deve-se a um processo de desindustrialização e de políticas irresponsáveis dos sucessivos governos e não a um povo que "vive acima das suas possibilidades" – o povo, esse, vê diariamente os seus direitos e património agredidos. Pelo contrário, o sector privado financeiro - maior beneficiário da especulação - em vez de lhe aplicarem medidas de austeridade, vê o seu regime de excepção erigido. As políticas de ajuste estrutural que se estão a implementar não nos vão tirar da crise – vão aprofundá-la. Arrastam-nos a uma situação limite que implica resgates aos bancos credores, resgates esses que são na realidade sequestros da nossa liberdade e dos nossos direitos, das nossas economias familiares e do nosso património público e comum. É preciso indignarmo-nos e revoltarmo-nos ante semelhantes abusos de poder.

Em Portugal, foi imposto como única saída o memorando da troika – têm-nos dito que os cortes, a austeridade e os novos impostos à população são sacrifícios necessários para fazer o país sair da crise e para fazer diminuir a dívida. Estão a mentir! A cada dia tomam novas medidas, cortam ou congelam salários, o desemprego dispara, as pessoas emigram. E a dívida não pára de aumentar, porque os novos empréstimos destinam-se a pagar os enormes juros aos credores – o déficit dos países do sul europeu torna-se o lucro dos bancos dos países ricos do norte. Destroem a nossa economia para vender a terra e os bens públicos a preço de saldo.

Não são os salários e as pensões os responsáveis pelo crescer da dívida. Os responsáveis são as transferências de capital público para o sector financeiro, a especulação bolsista e as grandes corporações e empresas que não pagam impostos. Precisamos de incentivos à criação de emprego e da subida do salário mínimo (em Portugal o salário mínimo são 485€, e desde 2006 duplicou o número de trabalhadores que ganham apenas o salário mínimo) para sairmos do ciclo recessivo.

Por isso, nós dizemos:
- retirem o memorando. vão embora. não queremos o governo do FMI e da troika!
- nacionalização da banca – com os planos de resgate, o estado tem pago à banca para especular
- abram as contas da dívida – queremos saber para onde foi o dinheiro
- não ao pagamento da dívida ilegítima. esta dívida não é nossa – não devemos nada, não vendemos nada, não vamos pagar nada!
- queremos ver redistribuídas radicalmente as riquezas e a política fiscal mudada, para fazer pagar mais a quem mais tem: aos banqueiros, ao capital e aos que não pagam impostos.
- queremos o controlo popular democrático sobre a economia e a produção.
- não queremos a privatização da água, nem os aumentos nos preços dos transportes públicos, nem o aumento do IVA na electricidade e no gás.
- queremos trabalho com direitos, zero precários na função pública (em Portugal o maior contratador de precários é o estado), a fiscalização efectiva do cumprimento das leis laborais e o aumento do salário mínimo.
- queremos ver assegurados gratuitamente e com qualidade os direitos fundamentais: saúde, educação, justiça.
- queremos o fim dos ajustes directos na administração pública e transparência nos concursos para admissão de pessoal, bem como nas obras e aquisições do estado.
- queremos mais democracia:
              - queremos a eleição directa de todos os representantes cargos públicos, políticos e económicos: dos responsáveis pelo Banco de Portugal ao Banco Central Europeu, da Comissão Europeia ao Procurador Geral da República
              - queremos mais transparência no processo democrático: que os partidos apresentem a eleições, não somente os programas mas também as equipas governativas propostas à votação.
              - queremos mandatos revogáveis nos cargos públicos - os representantes são eleitos para cumprirem um programa, pelo que queremos que seja criada uma forma democrática para revogação de mandato em caso de incumprimento do mesmo programa;
Partilha esta informação, participa na divulgação do protesto. (http://15out-porto.blogspot.com/ - material de divulgação, discussão aberta dos vários manifestos do protesto internacional e espaço para registares as tuas próprias propostas e reivindicações). Vem para a rua fazer ouvir a tua voz. Dia 15, às 15h, na Batalha, no Porto.

segunda-feira, outubro 03, 2011

EUROPA: A FAVOR DOS ESTADOS UNIDOS SOCIALISTAS DA EUROPA ...

ESTA FOI UMA RESPOSTA A UM AMIGO NO FACEBOOK. FICA AQUI COMO UM PEQUENO CONTRIBUTO PARA O DEBATE SOBRE A EUROPA ...

Não ponho em causa a nossa ligação à União Europeia.
Relativamente à Europa, há muitos anos que defendo uma Europa federal, mais democrática e mais social.



Desde, pelo menos o texto constitucional produzido por uma Comissão presidida por Giscard D'Estaing, que defendo que quem vive e trabalha no espaço europeu deveria eleger uma Assembleia Europeia Constituinte que elaborasse uma Constituição democrática europeia e que, a partir daí, criasse as condições para a eleição de um governo democrático europeu.
Tudo muito mais claro e democrático que a confusão que tem reinado com a imposição dos governos dos países mais poderosos - Alemanha e França - sobre os mais fracos da periferia.
Por outro lado, não aceito (na minha pequenez ...) que as actuais dívidas, compromissos e erros monetaristas na emissão do Euro tenham que representar mais políticas restritivas para os europeus mais desfavorecidos, independentemente da nacionalidade.



Por último (para já! ... ) relembro que a ideia de uma Europa unida e em Paz, foi defendida pelos socialistas de esquerda no pós-2ª guerra mundial, quando lançaram o MOVIMENTO PELOS ESTADOS UNIDOS SOCIALISTAS DA EUROPA ... desse movimento fazia parte, por exemplo, George Orwell que pertencia ao ILP (Independent Labour Party) ...

domingo, outubro 02, 2011

Tomem nota, para 15 de Outubro!

A democracia precisa de ser revigorada com a nossa capacidade colectiva!


sábado, outubro 01, 2011

01 de Outubro, no Porto: É POSSÍVEL VENCER AS POLÍTICAS DA TROIKA E O SEU GOVERNO!




Hoje, no Porto, na manifestação organizada pela CGTP sentiu-se vontade colectiva para se resistir às políticas da troika e do seu governo PSD/CDS. Dos Clérigos e da Rua 31 de Janeiro confluiram para a Praça da Liberdade milhares de trabalhadores com uma vontade que dá esperança para outras políticas que afirmem democracia, liberdade, sentido socialista e corte anti-capitalista!
Mostrámos que estamos, em Portugal, com todos os trabalhadores europeus contra as politicas anti-sociais e recessivas da troika Comissão Europeia + FMI + Banco Central Europeu e a sua filial nacional governo PSD/CDS ! Muitos socialistas presentes deram o sentido necessário para a sua direcção: RASGUEM O MEMORANDO DA TROIKA!

01 DE OUTUBRO 2011: TODAS E TODOS PELA DIGNIDADE! NÃO MAIS AUSTERIDADE! NÃO ÀS TROIKAS!

A GRÉCIA SOMOS TODOS OS EUROPEUS ... BASTA DE DESTRUIÇÃO DA TROIKA!

É verdadeiramente entusiasmante, porque apela a esperança, apela à mobilização, apela a um vigoroso "SOMOS NÓS, POVO, QUE SABEMOS COMO SAIR DA CRISE QUE OUTROS PROVOCARAM!" ... a luta dos gregos, que também é nossa, merece ser inaltecida!


http://www.ionline.pt/mundo/grecia-manifestantes-impedem-reuniao-entre-troika-ministro-dos-transportes
E acrescento: os povos da União Europeia precisam de um GRANDE SOBRESSALTO DEMOCRÁTICO E SOCIAL para que as consciências se mobilizem pela acção colectiva contra o cinismo dos governos e das troikas!

Um sobressalto democrático e social vai muito para além do conformismo dos ciclos eleitorais de uma democracia afunilada e só para uns quantos ...