tribuna socialista

sexta-feira, dezembro 30, 2005

2006: AFIRMAR O SOCIALISMO LIBERTÁRIO COMO A ALTERNATIVA AO LIBERALISMO E AOS TOTALITARISMOS!

A exploração, a miséria, as exclusões, o racismo, a guerra, as ocupações, ... , não mudam de ano para ano. Se mudam - e até têm mudado!... - tem sido sempre para se apresentarem com mais sofisticação e com mais dissimulação... Ao ponto de muito gente, auto-rotulada "de esquerda", considerar que essa coisa da "luta de classes" pertence ao passado!!

Vivemos em plena globalização liberal-capitalista ... uma época em que as identidades culturais são espezinhadas, uma época em que só parece existir um único polícia do Mundo, uma época em que as liberdades são objecto de perseguição porque são consideradas prejudiciais à decretada, pela imperial polícia do Mundo, "luta anti-terrorista" mundializada. O novo ano trará, nesta matéria, provavelmente, más notícias...

A globalização liberal-capitalista tem sido e será a afirmação de um novo totalitarismo de dimensão mundial, perante o qual as direitas de sempre, os lobbies financeiros internacionais, mas também as velhas esquerdas (ou novas direitas?...) , se vergam, se adaptam, parecem uma parte dessa imensa engrenagem mundial!

Coexistindo com este novo totalitarismo de dimensão mundial, há também outros totalitarismos velhos que parece quererem conviver com o novo monstro mundial, numa espécie de retorno aos tempos da chamada "guerra fria". Ambos festejam sob os auspícios da liberalização do comércio mundial, i.e. a pilhagem mundialmente instituida sob os auspícios da Organização Mundial do Comércio ou/e de qualquer outra organização similiar existente ou a (re)criar!

No entanto, do lado de lá dos que dominam toda a engrenagem mundialmente dominante, há um enorme movimento de jovens, de trabalhadores, de mulheres, de pessoas de todos os dias, que não hesitam em dizer NÃO à (des)ordem imposta! É uma enorme esperança que está aí!

Uma esperança para mais um ano que começa! Uma esperança que tem de saber afirmar-se no sentido do cartaz do POUM de Andreu Nin, dos tempos da revolução espanhola, O SOCIALISMO É A LIBERTAÇÃO!

2006: MAIS ESPERANÇA NA AFIRMAÇÃO DO SOCIALISMO COMO ALTERNATIVA AO LIBERALISMO E AOS TOTALITARISMOS!!
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quarta-feira, dezembro 28, 2005

As Presidenciais dos Pequeninos

Nuno Pacheco é jornalista do Público e assina o Editorial da edição de hoje com o título que se usa para esta posta.

Nuno Pacheco é jornalista num diário de referência deste País. Apesar disso, produziu um texto que é pequeno quanto à qualidade do seu conteúdo. Um texto que é um hino à democracia formal que vamos tendo e um insulto a qualquer tentativa de criar intervenção democrática directa, cidadã e anónima.

Para Nuno Pacheco parece que só quem é mediático e político com carreira nesta democracia formal e parlamentarizada, é que se pode candidatar a presidente da Républica. Todos os outros, isto é, os que nunca tiveram funções nas tais instituições democráticas e/ou não são conhecidos via media, esses não passam de cidadãos que "usam, como podem, e como a lei lhes permite, o seu minúsculo grão de imaginária glória a dizer ora vulgaridades, ora coisas de bradar aos ceús e incongruências de que nem vale a pena falar".

Nuno Pacheco usa a influência do Público para acentuar o formalismo crescente da democracia em Portugal. Dir-se-ia que naquela cabeça só é permitido haver iniciativa democrática e cidadã da parte dos tais políticos com profissão nas instituições democráticas.

O aparecimento de candidaturas independentes, pequenas ou grandes, fora dos aparelhos partidários, fora do quadro de instituições hiper-partidarizadas e parlamentarizadas seria um sinal de existência de uma democracia plena. Mas, no nosso caso, é um sinal de que algo vai mal numa democracia crescentemente afunilada e com muito pouco já do que recebeu nos tempos distantes de Abril de 1974.

À democracia portuguesa falta iniciativa directa dos cidadãos, faltam espaços de auto-organização, acções espontaneas! Falta vontade individual e colectiva que não passe a vida a ser controlada, filtrada ou condicionada ... por instituições esclerosadas e/ou por peões ao serviço dos media-parte-de-grupos-económico-financeiros estabelecidos! Posted by Picasa

sábado, dezembro 24, 2005

N A T A L ?? ...

É habitual ... todos os anos por esta altura, parece que o Mundo ocidental se transforma! Mas afinal, é tudo TEATRO!

Porque a violência de todas as matizes continuará a existir ... depois da voragem consumista!

O Natal só em Dezembro é mero teatro ... os protagonistas principais são os que se esquecem do Natal durante a realidade do dia-a-dia anual!

Hoje ou então por estes dias, mais umas centenas ficaram, neste País, sem emprego ou a saber que, mais dia menos dia, ficarão sem ele! ... Mas agora é Natal! ...

Enquanto se compram prendas, noutras paragens continuam as ocupações militares, continuam os cenários e as realidades de guerra, continua-se a morrer ... mas isso não é aqui, é lá longe! ... Aqui é Natal! ...

Outras violências, inúmeras violências, umas silenciosas outras ruidosas continuarão a ser tratadas como meras notícias, como partes de alguma estatística que impressiona ... mas, agora, é Natal!...

Este Natal que se comemora ano após ano, é o palco de um teatro medonho ... Até porque os que se reinvidicam do espírito natalício são os mesmos que não fazem nada para mudar o que quer que seja ... certamente à espera de alguma (outra) vida eterna !!! ... Posted by Picasa

terça-feira, dezembro 20, 2005

SOARES vs CAVACO: AJUSTE DE CONTAS DE UMA COABITAÇÃO ANTIGA?

O último debate televisivo da pré-campanha, entre Mário Soares e Cavaco Silva, foi uma espécie de ajuste de contas entre uma coabitação de outros tempos entre o então ex-Presidente e o então ex-Primeiro Ministro.

Em 2006 será que seria possível reeditar o modelo presidencial de Mário Soares ou então importar para a Presidência da Republica o modelo de primeiro-ministro de Cavaco Silva?

Mário Soares e Cavaco Silva apesar das inegáveis e evidentes diferenças políticas, acabam por representar um mesmo modelo económico e político. Com maiores ou menores nuances, ambos convergem numa visão de defesa da chamada "economia de mercado"e do correspondente modelo político de afunilamento da democracia. Mário Soares será um "bom" presidente a explicar aos portugueses as políticas liberais de Sócrates. Cavaco Silva será um "bom" presidente a acentuar e a reforçar as políticas liberais de Sócrates. Mário Soares explica, Cavaco Silva exigirá mais produção executiva!

Mas será que um Presidente da Republica não pode influenciar um movimento de opinão, um movimento cidadão, um movimento social com determinado sentido político? Será que a eleição de um Presidente não pode por em causa um governo em funções? Será que também não pode influenciar alterações constitucionais profundas? Será que um Presidente eleito por sufrágio directo e universal tem de se ficar por declarações formais de respeito por normais constitucionais?

As respostas ás questões colocadas podem ter respostas de direita e respostas de esquerda. Podem influenciar um Presidente bonaparte, como podem influenciar um Presidente que incentive novas formas de intervenção democrática e cívica.

Por isto é que é dramático que a esquerda persista, entre si, em guerras parlamentares que não levam a nada nem à tão propalada mobilização dos "diversos" eleitorados das esquerdas. Tudo isto, enquanto a direita - os partidos, os políticos, os patrões, os lobbies dos mais variados interesses e domínios - se apresenta atrás de um único candidato!

domingo, dezembro 18, 2005

PRÉ-CAMPANHA DESINTERESSANTE E NÃO MOBILIZADORA...

Neste espaço a intervenção sobre a pré-campanha para as presidenciais tem sido muito reduzida. Na proporção directa da qualidade e do interesse de debates mais voltados para a contabilização de votos e nada para o esclarecimento das diferenças políticas e/ou para o vincar de alternativas.

Os candidatos ou discutem acções que nunca desenvolverão ou demonstram que, afinal, um Presidente só se pode remeter a "moderações" ou ao abstracto "garante do bom funcionamento das instituições democráticas".

Diriamos que as alas direita e esquerda desta democracia crescentemente formal, parlamentarizada e inimiga da participação directa dos cidadãos e dos trabalhadores, acabam sempre por convergir em dinâmicas que confirmam a impossibilidade de qualquer um poder manifestar, individual ou colectivamente, a sua vontade ou exercer a sua acção cívica e política.

Todos os candidatos parecem ter algum receio de criticar a crescente parlamentarização/partidarização da acção política em Portugal. Todos se afirmam com candidaturas "acima" ou "ao lado" dos partidos, com candidaturas "nacionais". Mas no momento de sugerirem alternativas para além dos partidos, todos, sem excepção, fazem vénias e mais vénias ao actual sistema partidário. O mesmo sistema que afunila e condiciona a participação social, cívica e cidadã.

Uma eleição presidencial pode potenciar o aparecimento de movimentos de intervenção política, social e cívica, para além dos partidos ou até alternativo aos partidos. A critica ao actual sistema partidário não pode ser confundido com crítica anti-democrática. O sistema democrático português surgido com o 25 de Abril de 1974, não se reduz aos partidos. Para além dos partidos, apareceram outras formas de intervenção directa, de organização popular, de auto-organização dos trabalhadores, de associativismo estudantil e juvenil, que o sistema partidário tem abafado e anulado, com a ajuda objectiva de todos aqueles que fazem hoje, da direita à esquerda, um autentico culto do parlamentarismo e da partidocracia.

Neste espaço, tivemos alguma esperança no efeito social e politicamente transversal da candidatura de Manuel Alegre. No entanto, Manuel Alegre tem dado sinais preocupantes de se ficar pela mera retórica quando declara que nada fará no futuro - no PS, no Parlamento, na intervenção cívica - se não for eleito Presidente. Manuel Alegre defrauda assim, as expectativas dos que o apoiam, tal como já o fez em relação ao movimento dos militantes socialistas que o tinham apoiado para secretário-geral do PS.

Mário Soares revela-se como candidato presidencial uma autentica contradição em relação ao Mário Soares interveniente no Fórum Social Mundial. É um Mário Soares preso a um Governo com políticas neo-liberais mais próximas de Cavaco Silva e dos partidários derrotados do "sim" à Constituição europeia , do que do programa que deu a maioria absoluta ao PS em Fevereiro deste ano! É um candidato que se afirmou, desde o ínicio, com a estranha missão de "explicar ao povo português" as medidas do actual governo contra a crise!!...

Como é que um candidato como este Mário Soares pode unir a pluralidade das esquerdas?

Jerónimo Sousa e Francisco Louçã são excessivamente candidatos "de partido", presos a uma disputa parlamentar no seio da esquerda portuguesa. Candidaturas assim que contributo objectivo podem ter para uma outra cultura de relacionamento entre as diversas correntes da esquerda em Portugal?

Cavaco Silva revela-se portador de uma pobreza tal de ideias e de projectos que acaba por ser incompreensível como consegue, neste momento, tão elevado score nas sondagens. Embora as sondagens se revelem mais "trabalhos à medida" do que própriamente estudos sérios de medição da opinião dos eleitores!

Cavaco Silva é uma espécie de candidato a Presidente para qualquer governo, sendo certo que, uma vez eleito, será um Presidente com o mesmo projecto que defendeu quando foi primeiro-ministro. Para já, fala pouco, exprime poucas opiniões ... tudo isso, fará como Presidente!

Nestas eleições presidenciais, o objectivo, numa perspectiva de esquerda, não deveria ser só a derrota de Cavaco Silva. Deveria ser também a eleição de alguém que, com um projecto claro e com ideias claras relativamente à mobilização social, política e cívica dos cidadãos e dos trabalhadores, significasse um sinal que obrigasse o actual governo de Sócrates a rever as suas prioridades em matéria de políticas económicas e sociais.

Derrotar Cavaco e eleger alguém que não questionará objectivamente a orientação neo-liberal do governo, é o mesmo que não derrotar Cavaco!

Um Presidente não é, óbviamente, mais um primeiro-ministro. Mas a eleição de um Presidente é um momento culminante na mobilização de cidadãs e de cidadãos com determinada vontade política e cívica.

Para já, a pré-campanha presidencial tem sido desinteressante e não mobilizadora!

quinta-feira, dezembro 08, 2005

MANUEL ALEGRE: ASSIM NÃO!...

Será que Manuel Alegre quer, a todo o custo, passar à 2ª volta? Nem que, para isso, tenha de piscar o olho à direita?

No portal da candidatura de Manuel Alegre, intitulado frase do dia, o candidato presidencial admite, caso fosse eleito, que pediria conselhos sobre finanças a Cavaco Silva!... Como se as crises nas finanças públicas tivessem um único remédio. Como se, da direita à esquerda, dos liberais aos socialistas, a receita fosse sempre a mesma!

Manuel Alegre parece que só tem discurso socialista e de esquerda, quando faz declarações do cimo de uma tribuna. Quando está em confronto directo com os seus adversários políticos, parece que fica mais preocupado em descobrir consensos em vez de afirmar a sua diferença política e afirmar-se como alternativa.

Outro aspecto preocupante é afirmar que, caso não seja eleito, quando voltar ao estatuto de militante do PS e de deputado, não será oposição ou não desenvolverá nenhuma acção que o diferencie da direcção do seu partido. Sendo assim, parece que a intervenção nas presidenciais se resume a uma espécie de participação num jogo sem quaisquer consequências políticas.

É mau que assim seja! Até porque os militantes do PS não esquecem que Manuel Alegre, a seguir ao último Congresso socialista e depois de ter prometido organização interna dos que o apoiaram, nada fez! Nada organizou, e, inclusivamente, assistiu-se ao espectáculo de ver os seus mais mediáticos apoiantes a aceitarem lugares governamentais ou outros políticamente demonstrativos que, afinal, não havia qualquer corrente no PS, alternativa à direcção liberal de Sócrates.

A candidatura de Manuel Alegre afirmou-se como uma candidatura transversal à esquerda. Sem aparelhos partidários, essa transversalidade seria um trampolim importante para a afirmação de um projecto unitário à esquerda saído da vontade de cidadãs e cidadãos, de militantes e de eleitores que querem aprofundar a democracia numa perspectiva claramente diferenciadora do liberalismo e da direita.

Mas a realidade da acção concreta do candidato Manuel Alegre, demonstra que a transversalidade tem estado a ser aproveitada no sentido oposto, ou seja, da abstracção, da não afirmação de uma alternativa!

Manuel Alegre: assim não!

segunda-feira, novembro 28, 2005

A REPUBLICA É LAICA!

A retirada dos crucifixos das salas de aula das escolas públicas, é uma medida que se saúda. Mas é, tão-só, uma medida de respeito da lei!

Portugal não tem nenhuma religião oficial. Respeita todos os credos religiosos. A Escola Pública tem de respeitar todos os credos religiosos!

A reacção da Igreja Católica e da direita é anti-democrática e profundamente reacionária! É também exagerada. Tão exagerada como parece ser eterna a estupidez da direita e da hierarquia da Igreja Católica.

Parece que querem comprar uma guerra !?!

terça-feira, novembro 22, 2005

ESPECTACULO LASTIMÁVEL: CAMPANHA CONTRA OS PRÓPRIOS!!

Manuel Alegre vs Mário Soares OU Mário Soares vs Manuel Alegre ... não mais que uma triste guerrazinha pessoal entre duas personalidades!

Um espectáculo que exibe o estado a que o PS de Sócrates chegou: não há debate democrático, as grandes decisões são tomadas por uma direcção que se comporta como uma espécie de "conselho de administração" sem qualquer intervenção dos militantes, directa ou indirecta!

No caso concreto da escolha do candidato presidencial do PS, não houve qualquer debate entre os militantes socialistas. Houve, tão-sómente, uma decisão da direcção de Sócrates que resolveu ficar-se pela audição das direcções distritais, como se isso equivalesse a ouvir a vontade dos militantes!

Manuel Alegre, o candidato "traído" pela direcção do PS, e, Mário Soares, o candidato da direcção Sócrates e do governo, dão agora um muito triste espectáculo que só serve de campanha contra eles mesmos e marca pontos a favor de Cavaco Silva!

No final de contas, parece que tudo se conjuga para que Sócrates possa governar tendo por Presidente o seu candidato preferido, Cavaco Silva, e, no PS, não tenha a oposição de socialistas que apresentará como "derrotados", Mário Soares e Manuel Alegre!

Como seria se as esquerdas tivessem tido capacidade e vontade políticas para a escolha de um candidato de unidade e de projecto de esquerda?

segunda-feira, novembro 14, 2005

CAVACO SILVA: uma pequena amostra!

Hoje na TVI, Cavaco Silva mostrou que tipo de Presidente pretenderia ser: um bonaparte, acima dos partidos, e, sem opinião que possa ser partilhada pelos portugueses!

Cavaco Silva revelou falta de cultura democrática e, ainda por cima, não se esqueceu de lembrar que os seus governos foram "os melhores"!

Cavaco Silva mostrou porque razão é tão importante a sua derrota eleitoral em Janeiro!

sexta-feira, novembro 11, 2005

MANUEL ALEGRE E O ORÇAMENTO DO ESTADO 2006

Manuel Alegre não esteve presente na votação que hoje decorreu na Assembleia da Republica sobre o Orçamento do Estado para 2006. Não esteve, mas declarou que votaria a favor. Falou em "solidariedade" com o grupo parlamentar (do PS) a que pertence.

Na entrevista à TVI, na 2ª Feira passada, não quis dizer o que faria. Agora faltou, mas declarou que votaria a favor.

Este comportamento de Manuel Alegre - que gosta sempre de se refugiar em "questões de consciência", quando parece não ter mais argumentos políticos ... - levanta-nos muitas dúvidas. Porque também manifestámos o nosso apoio a uma candidatura que definimos como potenciadora de transversalidades à esquerda, de pontes para a uma unidade das esquerdas!

Dúvidas quanto à independência de Manuel Alegre face ao governo Sócrates e às suas políticas. Porque, mesmo no plano das políticas financeiras, não existem políticas abstractas. Como se existisse sempre o mesmo "remédio" para se equilibrar as finanças públicas, seja a "receita" avançada pela esquerda, seja a "receita" avançada pela direita.

As políticas económicas e financeiras de Sócrates têm tido um denominador comum: a obsessão pelo deficite a dominar toda a estratégia! Esta obsessão não é melhor que aquela a que assistimos com Durão & Santana & Ferreira Leite & Bagão, só porque agora vem de Sócrates.

Os atingidos pelas consequências sociais dessas políticas e dessa obsessão, são os mesmos. Os mesmos que se manifestam novamente, como já tinham feito num passado recente!

Perante isto, não pode haver "meias-tintas" ou o culto pelas ditas soluções "inevitáveis"!

Manuel Alegre parece não compreender, com a sua declaração de apoio ao OE 2006, que deu hoje um sinal de dependência face ao governo Sócrates. Uma dependência política que, se já fosse Presidente, comprometeria a sua aposta numa Presidência voltada para o social e para o aprofundamento da democracia.

São pertinentes as seguintes questões a Manuel Alegre:
  • Afinal em que se distingue políticamente da candidatura de Mário Soares? Existirá sómente um diferendo pessoal?
  • Como é possível um deputado candidato a Presidente empenhado nas questões sociais, faltar a um momento tão importante como a votação parlamentar de um documento que condicionará todas as políticas económicas e financeiras em 2006 e consequentemente todo o panorama social?
  • O que será que pensa Manuel Alegre do sentido dos apoios que tem recebido das cidadãs e dos cidadãos provenientes dos mais variados sectores das esquerdas?

Os apoios cidadãos a Manuel Alegre candidato não surgem pelas suas declarações ambíguas ou dependentes políticamente da linha oficial do PS e Governo de Sócrates. A simpatia que suscita, advém da sua capacidade de crítica e de independência, enquanto socialista, a políticas que esquecem o social, o aprofundamento da democracia ou que não se libertam da acção dos grupos de interesses instalados e/ou dos lobbies.

Manuel Alegre para continuar a ser uma candidatura de esperança, não pode esquecer a dinâmica política e social que a sua candidatura deve permanente e sem equívocos implementar!

terça-feira, novembro 08, 2005

MANUEL ALEGRE E AS ESQUERDAS PRESIDENCIAIS

Ontem na TVI, Manuel Alegre não foi muito esclarecedor sobre os objectivos políticos da sua candidatura. Deixou-se levar pelas perguntas de cochicho da entrevistadora. A certa altura, mais parecia uma entrevista sobre as relações entre Manuel Alegre e Mário Soares ou sobre as guerras internas no PS.

Manuel Alegre não disse claramente o que o distingue das outras candidaturas. Nem quanto às candidaturas ds esquerdas nem quanto à candidatura da direita.

Quanto às candidaturas das esquerdas, Manuel Alegre repetiu o que os outros quatro das esquerdas também dizem: não há problema nenhum quanto à divisão das esquerdas, depois na 2ª volta a esquerda ganhará!

Que a esquerda tem ganho presidenciais graças à unidade do chamado Povo de esquerda, é um facto! Mas também é um facto que essa unidade popular faz-se suplantando sempre as hesitações e os "ses" das diversas direcções das esquerdas. Nas eleições presidenciais de 2006, o que é visível e notório é que, mais uma vez em 30 anos, as esquerdas não foram capazes de discutirem uma alternativa de unidade. Esta é que é a realidade!

Se as esquerdas tivessem tido essa capacidade de convergência, certamente que não estaríamos, neste momento, a fazer contas e mais contas para se passar à 2ªvolta.

As presidenciais de 2006 exibem também o grau de parlamentarização a que chegaram as esquerdas: pensam mais em votos do que em acção social!

Mário Soares (o candidato do governo), Manuel Alegre (um candidato com potencialidades de transversalidade à esquerda), Jerónimo de Sousa (o candidato do PCP) e Francisco Louçã (o candidato do BE), têm TODOS responsabilidades no estado a que chegaram as relações entre as esquerdas. Têm responsabilidades também no nível ZERO do debate político e sobre as perspectivas para este País!

segunda-feira, novembro 07, 2005

E FRANÇA?...

Para os governos europeus - os mesmos que foram derrotados na concepção de Europa que queriam impor através de uma "Constituição" liberal e anti-democrática - o que se passa em França parece resumir-se a uma questão de "ordem" que estará a ser perturbada por uma série de "gangs".

Os governos europeus solidarizam-se entre si para a "manutenção da ordem". Como fez o "socialista" governo de Sócrates em relação ao liberal governo de Sarkozy & Villepin. Todos entretidos na manutenção da ordem liberal, não conseguem ver que a revolta juvenil em França tem origem em anos e anos de marginalização, de desrespeito pelos direitos de comunidades emigradas, de inexistência de soluções para o desemprego, de atentados e mais atentados aos direitos sociais que são agora postos em causa pelas soluções que os governos liberais europeus (Sócrates incluido) impõem para a crise do seu próprio sistema!

A revolta que alastra a várias cidades francesas, não é resoluvel com mais músculo e com a perpetuação de remédios que já provaram que só agravam a doença!

Este é o momento para se repensar uma democracia que se tem vindo a afunilar e a adquirir um caracter crescentemente classista. É uma democracia que só pode ser exercida pelos que têm poder económico, financeiro ou de controlo de lobbies. Esta democracia é o espelho de um sistema liberal que está a rebentar pelas costuras...

Há anos atrás, a Argentina, considerada um modelo para as receitas do FMI e do Banco Mundial, explodiu! Agora é a França! ... Porque esperam as esquerdas para olhar para o Socialismo como a alternativa ao liberalismo, ao capitalismo e a todas as formas de totalitarismo?

Alguém considerava nos anos das guerras mundiais que a crise a Humanidade é a crise da direcção revolucionária! Uma constatação que é actual. Menos paleio, mais acção, mais clareza, mais determinação na definição de uma alternativa!

sexta-feira, novembro 04, 2005

MANUEL ALEGRE: CONFIRMAÇÃO DE UMA CANDIDATURA DE CIDADANIA E TRANSVERSAL À ESQUERDA!

Manuel Alegre apresentou hoje o seu Manifesto e a sua candidatura às eleições presidenciais. Foi a confirmação de um projecto baseado no reforço da democracia, na necessidade de afirmação de novos espaços de intervenção social e, sobretudo, uma afirmação dum projecto para a Presidência da Republica que não abdica de muitas das ideias e programas que definem a esquerda.

Manuel Alegre, dirigente do PS, militante socialista de longa data, apresenta-se à margem das estruturas do Partido Socialista, mas apoiado por inumeros militantes socialistas, por um número crescente de militantes comunistas, por militantes bloquistas e por inúmeras cidadãs e cidadãos sem partido que procuram novas respostas e novos desafios para o aprofundamento da democracia. Esta é uma das forças da candidatura de Manuel Alegre, tal como é a reafirmação de valores claramente de esquerda e socialistas!

Manuel Alegre assume-se crescentemente como um candidato transversal às esquerdas. Um candidato originário do Partido Socialista, mas que tem vindo a corporizar e corporizará, ainda mais no futuro, um movimento social de oposição às políticas neo-liberais de todos os governos e do governo Sócrates, que têm vindo a aprisionar a democracia e a capacidade de afirmação e de intervenção cidadã.

TRIBUNA SOCIALISTA - Democracia & Socialismo reafirma o seu apoio à candidatura de Manuel Alegre. No nosso apoio a Manuel Alegre e à sua transversalidade à esquerda, reafirmamos também o nosso empenhamento político na afirmação de espaços e projectos que contribuam para a convergência política a pluralidade das esquerdas! A capacidade de afirmação de um projecto unitário das esquerdas baseado em programa e políticas democráticas e socialistas, continua a ser algo nunca realizado no pós-25 de Abril com todas as consequências conhecidas nos planos político, social e económico!

sábado, outubro 29, 2005

MANUEL ALEGRE EM ÉVORA: um pequeno gesto ...

É um pequeno gesto com um enorme significado político. Manuel Alegre inaugurou hoje a primeira sede de campanha, em Évora. A candidatura de Manuel Alegre com esta inauguração confirma-se como a afirmação de um movimento de cidadania para além dos partidos, baseado num processo de afirmação política de cidadãs e cidadãos.

Afirma-se também como um movimento transversal à esquerda. Há sobretudo cidadãs e cidadãos provenientes dos diversos partidos à esquerda. Há socialistas (em maioria), há comunistas, há bloquistas, há muitos independentes. Esta é a força, isto é o que dá ânimo e capacidade de afirmação política à candidatura de Manuel Alegre!

Os partidos políticos são importantes à democracia. Mas a democracia não se esgota nos partidos políticos. E não se pode esgotar em partidos políticos excessivamente presos aos jogos parlamentares, distantes da vontade e da opinião permanentes das cidadãs e dos cidadãos.

Para além dos partidos, também há democracia! Também há vontades individuais e colectivas que têm o direito de se manifestar, que têm o direito de intervir, que têm o direito de participar activamente no aprofundamento da democracia. Este pode ser também um dos vectores de afirmação da candidatura de Manuel Alegre!

Em Évora, Manuel Alegre falou disto! Posted by Picasa

JOSÉ SOCRATES E A "PACIÊNCIA DEMOCRÁTICA"...

José Sócrates começa-se a revelar uma autentico malabarista político ... Mas em todas as grandes decisões que toma, como primeiro-ministro ou como secretário-geral do PS, acabam sempre por ser as portuguesas e os portugueses mais desprotegidos que sofrem sempre as piores consequências ...

Escolhe sempre o cenário para se lembrar das promessas eleitorais que quer cumprir e das que não quer cumprir ...

Quando cumpre as promessas, fala de "paciência democrática". Quando não as cumpre, fala de "interesse nacional" ... Mas é ele, José Sócrates, que sabe o que é uma coisa ou outra...

José Sócrates pede "paciência democrática" às mulheres que vão ter de esperar, pelo menos, até Setembro de 2006, para não verem os seus direitos quanto à interrupção voluntária da gravidez, molestados por decisões e normas administrativas ... Justifica-se com o cumprimento de compromissos eleitorais!

José Sócrates já não falou nos mesmos compromissos eleitorais, quando resolveu impor que as portuguesas e os portugueses apertassem o cinto com mais impostos e com os mais que discutíveis discutíveis nívelamentos por baixo da uniformização do direito à reforma dos trabalhadores. Falou, a este respeito, em "interesse nacional"!

Quem acaba por sofrer as consequências das políticas de José Sócrates, são sempre os mesmos! Os mesmos que em Fevereiro último acreditaram que Sócrates era alternativa à direita ... a paciência, até a democrática, começa, de facto, a perder-se!

terça-feira, outubro 25, 2005

Primeira reflexão ...

MÁRIO SOARES: ALTERNATIVA A CAVACO SILVA?


O Manifesto que Mário Soares acabou de divulgar, revela um candidato politicamente preso ao governo Sócrates e à direcção liberal do PS.

Mário Soares revela-se também como um candidato da Europa que foi derrotada com o “não” à Constituição liberal europeia em França.

Mário Soares é também, tal como Cavaco Silva, um candidato que não consegue mais nada para além da chamada “economia de mercado”. Com uma diferença, é verdade! Pertence ao grupo daqueles que querem “quadrar o circulo”, tentando “reformar” e  “regulamentar” uma economia que será sempre gerida a partir das empresas e dos seus patrões.

A idade em Mário Soares tornou-o, afinal, mais distante do Mário Soares que participou duas vezes no Fórum Social Mundial e do que se bateu contra a guerra de Bush no Iraque. O candidato Soares 2006 revela-se mais próximo do Mário Soares primeiro-ministro ou do Mário Soares que, certo dia, resolveu por o socialismo na gaveta!

Tal como Cavaco Silva, a intervenção de hoje de Mário Soares revelou-se cheia de abstracções, tais como, “estabilidade” , “reforço das instituições democráticas”, “cidadania activa” … termos e grupos de termos que soam a fraseologia, depois de vermos o que os políticos do centrão fazem quando estão, à vez, no governo!!

A Europa de Mário Soares, ou seja, a mesma de Chirac ou de Blair ou de Barroso, é insustentável. A “economia de mercado” de Mário Soares, ou seja, a mesma de Cavaco Silva ou de Marques Mendes ou de Sócrates, é medonha, numa perspectiva social. A defesa do “rigor orçamental” na linha de Sócrates e também de Manuela Ferreira Leite, é aberrante!

Mário Soares não convence como candidato com a pretensão de “unir as esquerdas”. Com um Manifesto como aquele que hoje apresentou, só deverá ter pretensões a voltar a recriar o “bloco central”!

O assunto é sério! As esquerdas continuam num caminho perigoso. Ou seja, as presidenciais podem acentuar o clima de “parlamentarização” e de “clubite” que proliferando entre as esquerdas. E mesmo com diversas candidaturas, seria possível concertar uma estratégia COMUM!

sexta-feira, outubro 21, 2005

É SINTOMÁTICO!!!

É MUITO MAIS AQUILO QUE UNE CAVACO E SAMPAIO DO QUE AQUILO QUE OS SEPARA

(João Lobo Antunes mandatário de Cavaco Silva, Público de 21.10.2005)

É sintomático!

Quem o diz é o mandatário nacional de Cavaco Silva que também o foi de Jorge Sampaio.

Vai sendo, cada vez mais claro, que as diferenças entre todos os que defendem a "economia de mercado", são crescentemente ténues e impercétiveis.

A ditadura (não há outro termo mais adequado) da "economia de mercado" contra a "economia do trabalho", i.e. uma economia baseada na participação e na planificação democráticas, nos direitos e deveres dos trabalhadores, na cultura do pleno emprego, na cultura do direito à reforma e do direito à vida fora do trabalho, é algo que, mesmo com vestes "socialistas" e outras eventualmente mais "radicais", vai colocando no plano da semelhança e até da mais banal igualdade, todos aqueles, aparentemente diferentes mas afinal iguais, defensores dessa coisa chamada "economia de mercado", i.e. o liberalismo/capitalismo!

O mandatário nacional de Cavaco Silva acaba por ser o denominador comum dos defensores nacionais da "economia de mercado"...

quinta-feira, outubro 20, 2005

AÍ ESTÁ CAVACO SILVA...

Aí está o candidato dito supra-partidário da direita. O mesmo que foi primeiro-ministro dos tempos do cavaquistão ... lembram-se?

Parece que não!!!

Cavaco Silva e os seus principais apoiantes lançarão a imagem de uma candidatura que vai da direita até à esquerda. Coincidentemente ou não, surgem na imprensa vozes clamando por mais presidencialismo!

Cavaco Silva parece um candidato a Bonaparte ... por cima e acima de tudo e todos!

Em vez do aprofundamento da democracia ouviremos falar, provavelmente, de algo como democracia forte, de mais ordem ... tudo sob o fundo da chamada economia de mercado!

Os tempos são de crise profunda. São também de profunda divisão à esquerda. De parlamentarização das esquerdas que teimam em não convergir na abordagem dos problemas sociais. Estas crises são uma autentica passadeira para o aparecimento de populismos (como já tivemos nas autarquicas) mas também de sebastianismos bonapartizantes, de homens considerados providenciais...

terça-feira, outubro 18, 2005

Manifesto de Apoio a Manuel Alegre

Mais de 50 personalidades assinam manifesto de apoio
"Manuel Alegre, a abertura à cidadania"
Texto integral do Manifesto e subscritores
[18.10.05]
Na candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República encontramos o espírito de renovação da democracia e a abertura à cidadania de que Portugal neste momento tanto necessita. A coragem, a frontalidade, a determinação e o combate em prol da liberdade que marcam o trajecto de Manuel Alegre parecem-nos qualidades essenciais neste momento de crise e de crispação democrática. Personalidade cosmopolita, de cultura, Manuel Alegre tem sido também sempre um empenhado homem de acção, uma voz firme contra a injustiça e as derivas autoritárias. A sua eleição para Presidente da República que tanto tem defendido, colocá-lo-á, não só como garante do bom funcionamento das instituições, mas sobretudo como a voz clara e rigorosa de que o País precisa contra os interesses instalados e os clientelismos. Figura prestigiada e internacionalmente reconhecida, Manuel Alegre está particularmente bem colocado para transmitir à Europa e ao Mundo a imagem de um Portugal de Futuro, solidário, eficiente, pujante e criativo. Estamos convictos de que esta candidatura é a única que pode unir Portugal em torno da ideia de uma participação cívica que se quer ampliada, porque a força da democracia reside na igualdade de oportunidades, na abertura a novos espaços de diálogo e de transformação e na regeneração dos cargos de poder. Manuel Alegre é um homem de valores e de valor no qual as portuguesas e portugueses podem, para lá de todas as diferenças, rever-se. Abílio Hernandez - Professor universitário Carlos Brito - Escritor e antigo deputado Carlos Reis - Professor universitário Clara Crabbé Rocha - Professora universitária Cristóvão de Aguiar - Escritor Diogo Dória - Actor Eduardo Prado Coelho - Escritor Espiga Pinto - Escultor Fausto Bordalo Dias - Compositor Fernando Pinto do Amaral – Escritor Flak – Cantor e compositor Francisco Fanhais - Músico Francisco Simões - Escultor Hélder Macedo - Escritor Hélia Correia - Escritora Inês Pedrosa - Escritora Jacinto Lucas Pires - Escritor Jaime Rocha - Escritor João Rodrigues - Editor Jorge Palma – Cantor e compositor José Jorge Letria - Escritor e jornalista José Manuel Mendes - Escritor José Niza - Compositor José Rebelo - Professor universitário Kelly Basílio - Professora universitária Leonor Areal - Realizadora Luís Moita - Professor universitário Mafalda Ivo Cruz - Escritora Manuel Alberto Valente - Editor Manuel Correia Fernandes - Arquitecto Manuel Faria - Músico Manuel Freire - Cantautor Manuel Vicente - Arquitecto Maria Augusta Babo - Professora universitária M.Fernanda de Abreu - Prof. universitária Mário Cláudio - Escritor Mário de Carvalho - Escritor Mário Zambujal - Escritor Nelson de Matos - Editor Nuno Félix da Costa - Fotógrafo Nuno Júdice - Escritor Paula Morão - Professora universitária Paulo de Carvalho - Músico Pedro Barroso - cantor e compositor Pedro Támen - Escritor Rui Lagartinho - Jornalista Rui Zink - Escritor Teresa Rita Lopes – Escritora Vasco Pereira da Costa - Escritor Vítor Belém - Pintor Yvette Centeno - Professora universitária

domingo, outubro 16, 2005

IGNACIO IGLESIAS FALECEU

TRIBUNA SOCIALISTA – Democracia & Socialismo transcreve (traduzido) a nota da FUNDAÇÃO ANDREU NIN relativa à morte de IGNÁCIO IGLESIAS, antigo dirigente do POUM.


IGNACIO IGLESIAS MORREU
No dia 15 de octubre de 2005 faleceu em París, com 93 anos de idade, o nosso  querido companheiro e amigo Ignacio Iglesias (1912-2005). Militante do POUM durante a guerra civil e nos anos quarenta, Ignacio foi uma das personalidades mais activas e interessantes do exílio político e cultural republicano. 
A Fundación Andreu Nin comparte a dor com todos os seus familiares e amigos. Queremos dedicar-lhe publicamente a nossa mais sincera homenagem à seu longo percurso na defesa da liberdade, do socialismo e da democracia.
Mais informação sobre a sua vida, a sua personalidade e a sua obra na página dedicada a Ignacio Iglesias em www.fundanin.org FUNDACIÓN ANDREU NIN. Recomendamos a todos os nossos amigos o seu livro Experiencias de la revolución española, uma obra clássica sobre a revolução espanhola e a perseguição ao POUM.

NA UNIÃO EUROPEIA...

PORTUGAL TEM A MAIOR DESIGUALDADE SOCIAL

A notícia merece ser transcrita, tal e qual, foi recebida. Com um único comentário: este é um exemplo das consequências do modelo liberal que a direita quer manter e que o Governo Sócrates não tem coragem para alterar … apesar de ter recebido claro apoio social para o fazer!

Portugal é o país da União Europeia onde há mais desigualdade entre ricos e pobres. Os dados foram hoje revelados à agência Lusa pela associação Oikos.

Para assinalar o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, segunda-feira, várias organizações portuguesas vão lançar um apelo para que o País coloque a pobreza e a desigualdade no debate público, deixando de se concentrar apenas na discussão sobre o crescimento económico e redução do défice do Estado.

Portugal é de longe o país da União Europeia (EU) onde os ricos são os mais ricos e os mais pobres são os mais pobres, declarou à Lusa João José Fernandes, responsável do conselho directivo da Oikos - Cooperação e Desenvolvimento. As 100 maiores fortunas portuguesas representam 17 por cento do Produto Interno Bruto e 20 por cento dos mais ricos controlam 45,9 por cento do rendimento nacional

EUROPA: um tema importante para as Presidenciais!

Francisco Louçã tem razão: a Europa deve ser discutida pelos candidatos à Presidência.

Depois dos NÃO francês e holandês, os governos europeus silenciaram qualquer debate sobre a construção europeia. O objectivo é claro: fazer esquecer o movimento europeu que disse NÃO ao modelo liberal de construção europeia. Mais uma vez, os governos comprometidos com o SIM à Constituição liberal, tal como os dirigentes da "Internacional Socialista" como Sócrates em Portugal, revelam não estar nada interessados em generalizar o debate, em democratizar a participação na discussão sobre qual a Europa que os povos europeus querem.

As eleições presidenciais são um momento por excelência para essa discussão. Será pois muito importante que Mário Soares e Manuel Alegre se definam claramente relativamente a este tema. Que digam como é possível uma Europa ser liberal e social ao mesmo tempo. Que expliquem, afinal, como é que esse modelo liberal pode ser viável no futuro, se, no passado e no presente, tem vindo, aos poucos a por em causa os direitos sociais em qualquer país europeu.
De Cavaco Silva, o tal "bom aluno" desta Europa liberal, já sabemos o que dirá!

Sobre a Europa, precisa-se urgentemente de mais debate para maior participação!

Dos principais candidatos que se afirmam de esquerda, espera-se clareza no que dirão sobre a Europa que defendem. Posted by Picasa

sábado, outubro 15, 2005

FAZER A REVOLUÇÃO É A FORMA MAIS ECONÓMICA DE SER FELIZ

Entrevista retirada do portal www.rodelu.net/lahoja de LA HOJA LATINO-AMERICANA, em castelhano.

Entrevista con Celia Hart Santamaría
Hacer la revoluciónes la manera más económica de ser feliz
Celia tiene 41 años y es hija de dos dirigentes históricos de la revolución cubana, Armando Hart y Haydée Santamaría. Celia es física, escritora y miembro del Partido Comunista de Cuba, impulsora actualmente del comité de solidaridad con Palestina. Se define como «trotskista por cuenta propia». Acaba de culminar una visita a Buenos Aires. La entrevistamos para que nos contara como llegó a Trotski desde la ciencia, buscando una explicación a la caricatura de socialismo impuesta por el stalinismo. Más allá de las lógicas diferencias políticas que tenemos con Celia, es apasionante conocer las opiniones de esta cubana internacionalista y enemiga mortal del «socialismo en un solo país»
Mercedes Petit y Guillermo Pacagnini Alternativa Socialista, Buenos Aires, octubre de 2004
-¿Cómo conociste la obra de Trotski, que tenemos entendido que se estudia y difunde muy poco en Cuba? -En 1982 fui a terminar la carrera de Física a la República Democrática Alemana. Yo tenía una formación muy fuerte desde niña con Martí y el Che. Y los compañeros me decían que ir a la RDA, sería como viajar en la máquina del tiempo, vería el futuro de mi revolución. Encontré un país muy desarrollado, con su economía planificada, con gente con alto nivel de vida, pero que era un país mustio, sin juventud, paralizado ideológicamente, no les interesaba las cosas del Che, lo que ocurría en Nicaragua... era un sistema triste... Y esa quietud me empezó a mortificar y creó una crisis en 1985 donde yo no entendía que ese fuera el sistema.
-Fue un cambio grande para vos... -Cuando volví a Cuba estaba en que me iba a ir del país o iba a promover una reforma... No conocía a Trotski. Me habían enseñado que era un desertor de la revolución rusa, un traidor. Yo me enganchaba con Martí y con el Che en el aspecto internacionalista. Mi papá me dio, sin decirme nada, los libros de Isaac Deustcher. Leí El profeta desarmado, Stalin y La revolución inconclusa. Fue un renacimiento, una felicidad, los entendí inmediatamente y me di cuenta que había habido una gran traición y que yo fui víctima también de esa traición. Se convirtió en mi profeta porque me salvó para la causa del proletariado. De allí en adelante fue una cosa muy lógica... Los libros de Trotsky que tuve oportunidad de conseguir los leí con gran facilidad. Me parecía una cosa que yo sabía, que intuía... Llegué a Trotski a partir del pensamiento de Martí y el Che. Yo pensaba que la única trotskista en el mundo era yo... En noviembre de 2003 escribí mi primer artículo sobre Trotski. Empecé a recibir cartas de todo el mundo, de Cuba ninguna. Allí no me publican... Soy algo así como trotskista por cuenta propia. Ahora me hicieron optar entre la Física y la política. Por eso me fui de la universidad. Milito en el comité nacional cubano de solidaridad con Palestina, que se está desarrollando.
-¿Cómo ves el panorama actual de América Latina? -Muy estimulante. Un reverdecimiento de todas las fuerzas que han estado apañadas por toda la década de globalización, caída del muro, fin de la historia. Se vive un momento diferente. Es muy importante lo que ocurre en Venezuela, el papel de Chávez, no se le extiende un cheque en blanco a nadie, pero sí creo que aunque no es un gobierno socialista clásico, creo que hay intención de reformas radicales y lo más importante, el movimiento de masas, los trabajadores, se ha fortalecido y ha crecido en meses tomando una cultura política impresionante, son los que podrán conducir a Chávez a tomar las mejores medidas. Por eso no tanto confiar en Chávez, sino en esas masas... el espíritu de los bolivarianos trasciende incluso lo que pueda decir el gobierno, que como todo gobierno tiene sus márgenes de conservador. ¡Lo que se ha generado! después del referéndum que convirtió una campaña en una lucha de clases, el NO fue de los obreros, de los humildes...
-¿Y la situación en Cuba hoy? -Somos una referencia más allá de las diferencias que se tengan con el gobierno, es una revolución que logró sobrevivir al derrumbe del campo socialista. Fidel dijo «socialismo o muerte»... Yo tengo una guerra total con el concepto de «socialismo en un solo país», en Cuba no existe el socialismo, lo que hay es revolución socialista. Esta se tiene que dar en muchos países para ir a un sistema socialista, pero no simultáneamente... Muchos se confunden... En Cuba existen los problemas del socialismo en un solo país, que no se puede hacer. Hay una revolución socialista que se está defendiendo en un medio hostil. Fidel no incorpora la revolución permanente a su discurso, no sé por qué, pero no me importa porque él lidera la revolución. Por supuesto hay sectores que han burocratizado muchas cosas del país. Y está el problema de la posibilidad de una restauración capitalista dada la dolarización. El burocratismo y la restauración tienden a hacer alianza, en la ex URSS fue así...
-Desde el punto de vista trotskista de la revolución permanente, ¿cómo ubicas el proceso revolucionario cubano? -La Revolución Permanente como yo la entendí es en dos sentidos. Hacia adentro de las fronteras, no para de cambiar. A mí me decían «ya triunfamos, tranquilícense» No, no hay tranquilidad, es a contracorriente, la revolución permanente es estar contra esa tendencia al status quo que hay. Y hacia fuera de las fronteras, eso que antes se decía de exportar la revolución, que ahora no se puede decir... Lo que hizo el Che, defender la revolución permanente, ya triunfamos aquí pero no es suficiente, hay que hacer muchos Vietnam. El Che es el paradigma de la revolución permanente. Fue el alumno más aventajado de Trotski por intuición, aún criticándolo... y murió con un libro de él en la mochila. Es lo contrario a lo que ahora nos dicen de «no injerencia en los asuntos internos de los países». Tomar el poder es un trámite hacia el socialismo, no es su triunfo, hay que seguir haciendo la revolución estando en el poder, revolucionando constantemente...
-Después de la caída del muro y la URSS, muchos hablaron de «muerte del socialismo». ¿Vos cómo lo ves? -La caída del Muro ojalá se hubiera dado antes. Porque el Muro, la URSS, el stalinismo, nos retrasaron mucho el camino, no sólo en el tiempo, también en la conciencia. Muchos se volvieron reformistas, otros burócratas. A los obreros les extirparon su conciencia de clase. Fue un engaño colosal. Pero la caída del muro permitió salir de la amnesia. Se liberaron las condiciones objetivas de la revolución. Se coloca la vigencia de Trotski, que empieza a ser muy necesario. Se demostró la claridad de Trotski: la revolución permanente, el internacionalismo y también la lucha contra la burocracia. Ahí está el problema de Cuba que tenemos que resolver, el de la burocracia, si no nos va a comer el problema de la dolarización. La revolución atorada es un problema. La revolución vivirá mientras se reproduzca.
-¿Qué opinas sobre los que dicen que no van más la toma del poder, el partido revolucionario y la lucha del proletariado? -Es una tontería. Sin lucha de clases no hay toma del poder. El poder nadie lo regala. Pero a los que decían que era el fin de la historia, hoy el desastre que es el mundo demuestra la incapacidad del capitalismo. No es que un mundo mejor es posible, es que si no cambiamos al mundo, el que hay hoy, el peor, no va a quedar, va al fin de la civilización. La única alternativa es el sistema socialista que aún no ha triunfado. Y los que dicen que el error no fue Stalin sino el propio Lenin se equivocan.
-Para ello es fundamental construir el partido revolucionario... -Es imposible que los movimientos sociales puedan sustituir el rol de las vanguardias políticas. Los partidos son fundamentales para que los movimientos sociales tengan una dirección, un rumbo. Es la gran tarea de la izquierda. Que no se resuelve sólo con este o aquél partido. Es necesaria la unidad de la izquierda comunista, es decir trotskista, para organizar.
-¿Y la necesidad de construir una internacional? -Ah... para mí eso es el sueño. Para lograr lo de «proletarios de todos los países uníos». Una Internacional. Hay que restablecer esa maravilla del marxismo. Empezando por unir alrededor de temas específicos, para movilizar, para juntar a América Latina, para ayudar a romper las fronteras. No sé cómo se puede hacer.
-¿Qué les dirías a los luchadores que buscan una alternativa para superar la miseria capitalista? -La revolución socialista es la única alternativa. Esto no quiere decir que no luchemos contra las injusticias concretas por las que tenemos que ser los primeros en dar la vida. Pero les digo a los jóvenes que la revolución no es solamente el fin más hermoso. Hacer la revolución es la manera más económica de ser feliz.

quinta-feira, outubro 13, 2005

VÊM AÍ NOVAS ELEIÇÕES: Presidenciais ou Legislativas???

O cenário pode ser este:

Mário Soares é o candidato oficial das direcções nacional e distritais do PS (não confundir a arvore com a floresta ou vice-versa...)

Jerónimo de Sousa é o candidato oficial do PCP (será também da CDU?). Os cartazes outdoor confirmam-no ...

Francisco Louçã é o candidato oficial do Bloco de Esquerda ...

Manuel Alegre é uma candidatura não-oficial ... o que é, para nós, uma vantagem política, um desafio político ...

Cavaco Silva será, provávelmente a partir do dia 20 do corrente, o candidato oficial do PSD/CDS e outros sectores da direita, com alguma ajuda de personalidades habitualmente afectas ao PS (não confundir com "de esquerda") . Cavaco Silva será uma espécie de candidato oficial / não oficial a apelar à "mão-de-ferro" populista ...

Pode ser que apareça mais uma candidatura não-oficial à direita ... a ver vamos!

Perante isto ... a pergunta é pertinente: em Janeiro de 2006 teremos novas legislativas???

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quarta-feira, outubro 12, 2005

TRANVERSALIDADES À ESQUERDA: DOIS EXEMPLOS!

Bloco de Esquerda (BE) e Manuel Alegre: semelhantes em quê?

Na nossa opinião são dois exemplos de acções trasnversais à esquerda. Acções que aproveitam experiências e percursos diferentes. Acções que convergem na pluralidade. Contribuem para uma nova cultura unitária de esquerda!

O BE é um exemplo conseguido. Manuel Alegre pode vir a ser um exemplo que se afirmará com as presidenciais.

O BE consegue afirmar-se a partir da união de esforços de partidos e grupos bem diferentes, como o PSR, a UDP, a Política XXI e a FUR/Ruptura. Foi possível, com frutos, organizar a discussão e a acção entre experiências políticas provenientes do trotskismo, do maoísmo e de dissidentes do PCP. A que se juntaram inúmeros militantes sem partido. O resultado tem sido uma plataforma claramente democrática na sua organização e de afirmação crescentemente socialista. Não discutimos, nem avaliamos eventuais discussões internas que possam existir no BE sobre mais ou menos democracia interna ou sobre este ou aquele aspecto político programático. O resultado, esse, tem sido positivo e com crescimento eleitoral reconhecido.

A candidatura de Manuel Alegre surge à margem do PS, sem o apoio explicito dos dirigentes socialistas mais mediáticos e com um apoio que tem sido espontâneo entre sectores das esquerdas que não se esgotam no PS. É uma candidatura que pode trazer organizar convergentemente experiências e percursos políticos diferentes, à esquerda. Pode ser também a afirmação de um movimento transversal à esquerda que contribuirá para uma nova cultura unitária das esquerdas.

A crítica ao liberalismo/capitalismo precisa, mais do que nunca, da afirmação de uma alternativa que se defina pela afirmação política e não só pela negativa, pela oposição. Afirmação num sentido democrático e socialista e global na sua capacidade de afirmação alternativa ao edíficio liberal/capitalista.

Há um movimento social, difuso é certo, mas também crescente que contesta o liberalismo, a sua forma globalizada de dominação e as suas políticas. Esse movimento é difuso porque é plural. Para passar da capacidade de sómente contestar para a capacidade de também afirmar, necessita de organização diferente daquela que oferecem os partidos tradicionais. Precisa de uma organização que nunca elimine a pluralidade, que nunca elimine a diversidade, que seja transversal no modo como organiza experiências e percursos muito diferentes, à esquerda!

O BE (sobretudo como surgiu e se afirmou) e a candidatura de Manuel Alegre são, na nossa opinião, dois exemplos para um debate sobre novas formas de organização para a afirmação de uma alternativa democrática e socialista ao liberalismo. Novas formas de organização onde a transversalidade dos percursos, das experiências e dos projectos é condição de afirmação de uma nova cultura unitária das esquerdasPosted by Picasa

segunda-feira, outubro 10, 2005

Eleições Autarquicas 2005

FAZ OU NÃO FALTA UMA ALTERNATIVA UNITÁRIA DAS ESQUERDAS?


Os mesmos que dificultaram a unidade das esquerdas nos principais centros urbanos, foram os mesmos que agora lamentaram a dispersão dos votos das esquerdas.

O PS (que sempre demonstrou tentações hegemónicas e de tentativas de subordinação doutras correntes às suas políticas liberais), a CDU e o Bloco de Esquerda (ambos em disputas fratricidas), têm responsabilidades no clima que se tem criado no relacionamento entre os partidos das esquerdas. Como temos dito, respira-se e sente-se, entre as esquerdas, um clima de permanente disputa, um clima de permanente crispação entre as direcções daqueles partidos, uma completa incapacidade para o debate político sereno e não sectário.

Ao contrário da direita, as esquerdas revelam não só incapacidade política, mas até receio para dialogarem, receio para tentarem convergências para a concretização de outra realidade política, social e económica.

As autárquicas mostraram, mais uma vez, isso mesmo! As presidenciais (que se seguem!) parece que repetirão o mesmo cenário.

Uma alternativa unitária das esquerdas com um programa democrático e socialista é hoje um enorme desafio em Portugal. Até porque, desde o 25 de Abril, nunca houve nenhuma solução política nacional desse tipo.

Será que a maioria social não aderiria? Será que não seria a melhor forma de combater todos os populismos que vão crescendo à sombra da crise da democracia liberal? Será que não seria uma forma de motivar maior participação popular e cidadã? Não será mais mobilizador uma alternativa unitária das esquerdas que o conformismo do chamado “voto útil”, sem utilidade para nada?

É óbvio que falamos de uma alternativa que não se fique pela mera soma de votos, e com a manutenção das políticas implementadas por quem não se sabe libertar/cortar com os mecanismos da chamada “economia de mercado”, i.e. o liberalismo.

A constituição de uma alternativa com um programa de mudança social, política e económica exige, claro está, capacidade de diálogo, de debate e de conclusão entre as diversas correntes e partidos das esquerdas.

O pluralismo à esquerda não é um problema. É salutar a divergência, o confronto de ideias e projectos. No entanto, tudo se complica quando, à esquerda, a diferença de opiniões é substituída pelo campeonato dos votos, com cada partido a querer ganhar o campeonato!

As esquerdas deveriam ter, antes de mais, uma visão social e a capacidade de uma resposta social aos problemas concretos. O excessivo parlamentarismo à esquerda, tem sido e continuará a ser, se persistir, um sério obstáculo a um melhor relacionamento político das esquerdas.

sábado, outubro 08, 2005

A propósito das autarquicas 2005 ...

VOTOS DE ESQUERDA CONTRA A DIREITA E AS POLÍTICAS DE DIREITA!

De França chegam novamente notícias sobre o movimento social do NÃO à dita Constituição liberal europeia, desta vez, a recusar as políticas liberais do governo de direita de Villepan.

Notícias que mostram também como é possível fazer convergir a pluralidade das esquerdas e de todos os sectores sociais que recusam o liberalismo e as suas políticas, ao mesmo tempo que exigem a defesa dos serviços públicos, a defesa das conquistas sociais e afirmam possível outra realidade política, económica e social.

Em França, convergiu nas ruas a afirmação de uma cultura unitária social e das esquerdas!

A concretização de uma alternativa que emerge dessa cultura, é a única forma de se conquistar a maioria da população para o combate ao liberalismo e às suas políticas.

Quando as esquerdas adoptam a “clubite” típica do parlamentarismo liberal, muito pouco conseguem.

Esta é a lição que se deve tirar do exemplo francês e que interessa à reflexão sobre as eleições autárquicas em Portugal.

São eleições locais, é um facto! Mas são eleições locais em todo o território nacional com a intervenção activa de todos os líderes nacionais dos diversos partidos concorrentes. Acrescem ainda as declarações dos dirigentes e candidatos afectos ao partido do governo Sócrates que fazem questão de afirmar serem “amigos” do governo! Isto é, amigos das suas políticas!

Ou seja, para além da intervenção local, há sem dúvida, uma avaliação das políticas governamentais. E, sendo assim, estas eleições serão uma oportunidade para todas e todos avaliarem o impacto social das medidas do governo Sócrates.

E essas medidas vindas do principal partido das esquerdas em Portugal, prejudicam muito seriamente a possibilidade imediata de uma grande convergência unitária das esquerdas em Portugal.

A direcção do PS desbaratou completamente o efeito social e político dos resultados eleitorais de 21 de Fevereiro último!

O governo Sócrates, o governo da direcção liberal do PS, será também avaliado em 09 de Outubro pelas suas políticas liberais, como foi em Fevereiro último, o governo de direita de Santana Lopes e Paulo Portas.

Essa avaliação terá um peso determinante nas opções eleitorais em Lisboa e no Porto. Pelo peso desses concelhos, mas também pela dinâmica nacional que as direcções partidárias nacionais deram com as suas intervenções permanentes a nível local.

Mas ao mesmo tempo que se avaliam as políticas liberais do governo Sócrates, convém frisar que a alternativa a essas políticas não estão naqueles que foram derrotados em Fevereiro, como é o caso de Marques Mendes, de Carmona Rodrigues, de Rui Rio. Marques Mendes é o actual líder do PSD mas integrou o governo de Durão Barroso. Carmona Rodrigues, candidato do PSD à Câmara de Lisboa integrou o governo de Santana Lopes e foi seu número 2 na Câmara a que se candidata. Rui Rio colecciona lugares de número 2 de todos os últimos líderes do PSD. Não são alternativa a políticas que também defenderam (e defendem…) e praticaram.

As políticas de Sócrates não foram votadas em 21 de Fevereiro e, mais não são, que a continuação das políticas derrotadas nesse dia. Sócrates, tal como Durão Barroso,  Santana Lopes e Marques Mendes,  representa a Europa do “sim” à Constituição europeia liberal e, vem daí, a semelhança das políticas que defendem!

O grande drama, para uma alternativa de esquerda, reside na contradição de essa alternativa ter de rejeitar a actual direcção Sócrates do PS, mas não pode prescindir da participação, do contributo e da vontade dos militantes e eleitores socialistas! Por este motivo, o PS continuará a ser um partido imprescindível para a definição de uma alternativa de esquerda em Portugal.

As eleições autárquicas têm registado uma luta escusada e desgastante, numa perspectiva de esquerda, entre o Bloco de Esquerda e o PCP (CDU). É uma mera disputa eleitoral ditada pelos timings do parlamentarismo liberal (que as direcções desses dois partidos parece terem assimilado), mas que só adia a criação de uma cultura unitária das esquerdas que possibilite a definição de uma alternativa de esquerda. Diríamos que falta às esquerdas mais intervenção social e menos adaptação a guerrazinhas parlamentaristas.

Recuando ao inicio da campanha eleitoral autárquica, todos estaremos também recordados dos diversos episódios acontecidos em Lisboa e no Porto protagonizados pelo PS, pelo PCP e pelo BE quando parecia que todos queriam uma solução unitária de esquerda nas maiores Câmaras do país, mas que acabou por prevalecer a divisão. Pelo caminho ficou visível que a actual direcção do PS entende por “unidade” a submissão às suas políticas, enquanto entre o BE e o PCP mas não se passa que uma disputa para ver quem tem mais peso eleitoral que o outro. Afinal todos falavam em unidade, embalados pela lição política que os resultados eleitorais de 21 de Fevereiro revelaram: uma imensa derrota da direita, uma votação impressionante nos partidos de esquerda! Ou seja, mais uma vez, as direcções dos partidos de esquerda – todas elas! – foram ultrapassadas pelos movimentos sociais!

É num quadro de guerras partidárias entre as esquerdas e de crise das democracias liberais que vão ganhando expressão, correntes populistas claramente reaccionárias. Como as candidaturas de Fátima Felgueiras, em Felgueiras, de Isaltino Morais, em Oeiras, de Valentim Loureiro, em Gondomar, e de Ferreira Torres, em Amarante. Nada têm para oferecer em termos de programa, a não ser o aproveitamento da insatisfação de muitos sectores populares perante sinais de crise das democracias liberais: excessiva centralização do poder político, inexistência de mecanismos de participação popular fora do quadro parlamentar, excessiva partidocracia com partidos sem democracia interna.

A previsível vitória destas candidaturas nos concelhos em que se apresentam, é uma derrota dos que procuram respostas no quadro de um sistema que cria/tem criado as condições para o aparecimento de tais candidaturas. A incapacidade das esquerdas para se apresentarem de uma forma alternativa, é também responsável pela vitória dos populistas.

Mais uma vez, o exemplo francês que demos no inicio desta reflexão, prova que a concretização de uma outra cultura de relacionamento político entre as diversas correntes das esquerdas, pode criar as condições de maior credibilidade e apoio social para uma alternativa que possa emergir do que chamamos cultura unitária das esquerdas. Ou seja, a substituição de um relacionamento mais baseado na intervenção convergente junto de problemas concretos com capacidade de afirmação politica de alternativas.

Nas eleições de 09 de Outubro, o nosso apelo vai para os votos que rejeitem o liberalismo e as políticas liberais. Votos à esquerda, não obstante a postura lastimável e pouco apelativa das direcções das esquerdas.

Não é um apelo abstracto. É um apelo a todas as cidadãs e a todos os cidadãos que têm demonstrado, em muitos momentos, muito mais discernimento político que os jogos de aritmética parlamentar das diversas direcções das esquerdas.

A nível local ou a nível nacional, a emergência de uma alternativa das esquerdas com um programa democrático e socialista, fora do quadro político e económico do liberalismo, é o desafio que se coloca às esquerdas, é o desafio para o aprofundamento da própria democracia, é o desafio capaz de ganhar o apoio social maioritário.

João Pedro Freire

quarta-feira, setembro 28, 2005

MANUEL ALEGRE:

UMA CANDIDATURA TRANSVERSAL DAS ESQUERDAS PARA A REAFIRMAÇÃO E APROFUNDAMENTO DA DEMOCRACIA !



Por si só, uma candidatura é mais uma candidatura! Até já existem 6 e todos, formalmente, com origem nas esquerdas.

As candidaturas já existentes são candidaturas fechadas e que se afirmam contra (o previsível candidato da direita que ainda não o é!) representando somente os partidos de que são originárias! Há entre elas, uma espécie de competição do tipo “legislativas à esquerda”…

As candidaturas de esquerda que já existem comprometem qualquer tentativa de reafirmação de uma cultura unitária de esquerda que consiga também capacidade de afirmação política alternativa ao liberalismo dominante.

Uma cultura unitária de esquerda com capacidade de afirmação política é a melhor alternativa à direita e às políticas neo-liberais. É também a melhor forma para se conquistar para um projecto alternativo ao liberalismo, todas e todos os que ensaiam críticas às consequências do liberalismo no seu dia-a-dia.

Uma cultura unitária de esquerda é também o melhor caminho para a reafirmação do socialismo – expurgado de todas as suas caricaturas totalitárias e liberais – como a alternativa global ao liberalismo globalizado!

As eleições presidenciais, enquanto eleições que deveriam ter origem no direito e na afirmação de cidadania, são um acontecimento privilegiado para um debate lançado por uma candidatura que saiba afirmar a sua transversalidade política indo para além do(s) espaço(s) partidário(s).

MANUEL ALEGRE como homem de esquerda, como homem de e da cultura, como militante socialista, tem todas as condições políticas para confirmar a transversalidade de esquerda da sua candidatura, conquistando todas e todos os que querem mais e melhor democracia e buscam um projecto de justiça social contra os desmandos e as prepotências do liberalismo e das suas políticas.

TRIBUNA SOCIALISTA está e estará com uma candidatura deste tipo!

segunda-feira, setembro 26, 2005

A URGÊNCIA DE UMA ALTERNATIVA SOCIALISTA!

A URGÊNCIA DE UMA ALTERNATIVA SOCIALISTA!


As democracias europeias estão ingovernáveis!

Este é o comentário mais ouvido e lido, pronunciado da direita à esquerda. As recentes eleições alemãs vieram acentuar o que os referendos francês e holandês sobre a chamada Constituição europeia já tinham mostrado: as soluções governativas no quadro do liberalismo e dos seus mecanismos de democracia parlamentarista formal são cada vez mais precárias e instáveis. Pura e simplesmente, não são soluções para nada!

Mas, da direita às esquerdas, todos constatam o referido facto, mas todos, também da direita às esquerdas, parecem persistir em soluções baseadas no mesmo quadro de formalismo democrático parlamentar.

O liberalismo, i.e., a democracia servida segundo os ditames da chamada economia de mercado, tende a criar, entre crescentes sectores populares, sentimentos contra a própria democracia, quase sempre, associada aos jogos parlamentaristas de políticos profissionalizados e desligados da realidade social e/ou a partidos que só conseguem sobreviver alimentando jogadas parlamentares.

O liberalismo, como temos repetido, é hoje um sistema muito próximo de um novo totalitarismo, ávido de ocupar a falência do parlamentarismo que foi alimentando, com soluções securitárias, totalmente desligadas da participação social e cidadã, mas ligado a “elites” ou a providenciais iluminados com pretensões a caudilhos.

Dentro do quando democrático do liberalismo vão coexistindo a própria direita (que sustenta o sistema) e as diversas esquerdas. Entre as esquerdas, não só os partidos da chamada “Internacional Socialista” (IS), mas também o que resta dos partidos comunistas e mesmo novos sectores da esquerda, como o Bloco de Esquerda em Portugal.

De um modo geral, as esquerdas têm-se parlamentarizado. Vai faltando, cada vez mais, uma cultura unitária de esquerda. Um deficit que é da responsabilidade quase exclusiva das diversas direcções partidárias das esquerdas. É confrangedor a obsessão que parece existir entre as direcções do PCP e do Bloco de Esquerda para aproveitarem todos os actos parlamentares para verificarem quem tem mais votos que o outro.

No plano das lutas laborais e sociais esse despique – entre PCP e BE – é constantemente alimentado pelos respectivos dirigentes, evitando, muitas vezes, unidades que já se tinham estabelecido de forma espontânea. Já ninguém reivindica o ser “vanguarda revolucionária” (apesar de ainda haver muitos dirigentes desses partidos com esses tiques sectários…), mas, em vez disso, os dirigentes comunistas e bloquistas rapidamente aprenderam e absorveram as disputas cultivadas pelo parlamentarismo.

À esquerda faz muito falta uma cultura unitária de esquerda que respeite e até cultive o pluralismo, mas que saiba, nos momentos decisivos, unir de forma afirmativa todos aqueles que criticam o liberalismo, enquanto sistema global e dominante. Mas é importante que essa unidade na diversidade se faça afirmando também uma alternativa global socialista.
As esquerdas, em geral, têm vindo a perder capacidade de definirem uma alternativa ao mesmo tempo que contestam o sistema dominante. Isso é também um sintoma da referida falta de cultura unitária de esquerda. Por exemplo, a critica ao capitalismo/liberalismo é reduzida sempre às receitas de cada partido ou grupo. Será impossível as esquerdas tentarem uma resposta comum ao capitalismo que se critica?

A forma de organização partidária como instrumento de mobilização anti-capitalista e socialista está condenada. A organização de todos os que buscam uma alternativa à globalização liberal/capitalista precisa de outro desenho para além da organização partidária. Porque as organizações partidárias têm vindo também a minar e a enfraquecer as lutas sociais, laborais e populares. Têm contribuído somente para uma absurda e mortífera parlamentarização da capacidade de resposta popular e socialista.

As próximas eleições presidenciais em Portugal são também um exemplo do que afirmamos. Há já 6 candidaturas à esquerda que se têm apresentado com um único projecto: derrotar um candidato de direita que ainda não se apresentou formalmente! Ou seja, esse candidato da direita poderá ser único para toda a direita, mas isso não impede de à esquerda, já existirem 6 (seis!!) … com o mesmo objectivo!!!

As esquerdas para essas eleições, que só serão em Janeiro de 2006, nunca pararam na sua corrida parlamentarista para pensarem, discutirem, dialogarem para uma candidatura conjunta contra a direita! Cada partido, desde o maior ao mais minúsculo, resolveram apresentar o seu candidato. Até o PS, com as responsabilidades de ser o maior partido e ser governo, arranjou uma solução … contra a direita que, de certeza, faria a mesma política que o PS tem feito no governo!

Todas as candidaturas à esquerda são candidaturas de partido. Todas menos a de Manuel Alegre que pode ter uma dinâmica transversal a todas as esquerda e a todas as estruturas partidárias à esquerda.

A candidatura de Manuel Alegre, se quiser, pode prolongar em Portugal o que se tem vindo a desenvolver na Europa quanto à reorganização do espaço da esquerda socialista em função da critica ao liberalismo e à cedência das direcções dos partidos e governos de partidos da “IS” à direita e a políticas neo-liberais.

A candidatura de Manuel Alegre tem de assumir uma dinâmica transversal à esquerda. Tem de se afirmar como uma candidatura de projecto democrático e socialista. Tem de ter a coragem de lançar debates sobre as políticas do governo PS que atentam contra os direitos democráticos e sociais, e, também, sobre tudo o que interesse a uma cidadania critica, interventiva e exigente. Tem de contribuir para a tal cultura unitária entre a diverdade das esquerdas!








terça-feira, setembro 13, 2005

MAIS UM ANO SOBRE O 11 DE SETEMBRO...

Há um ano atrás quando passou mais um ano sobre o 11 de Setembro, a Administração Bush ainda podia exibir a sua capacidade militar como algo superior perante todo o Planeta ... independentemente dos resultados!!! O que importa para Bush e para os seus aliados é a constante imaginação de uma ameaça para depois se apresentarem como os únicos com capacidade militar de resposta ...

Para os liberais dos dias da globalização, tudo se resume a respostas securitárias ...

Mas ... este ano a imensa capacidade militar norte-americana foi ridicularizada por um acto natural. O furacão Katrina exibiu a todo o Planeta o que são os bastidores da única super-potência mundial com pretensões de gendarme planetário! E perante um acto natural, será que por um instante Bush não terá pensado em associar o furacão que devastou News Orleans a algum terrorista do tipo Bin Laden?!...

Mas muitos neste Planeta terão justamente pensado que as Administrações (no plural!) norte-americanas têm sérias responsabilidades nas alterações climatéricas na Terra ... lembram-se de Quioto?

Sem armas, sem o complexo militar industrial, a Administração Bush fica como que NUA perante os Povos deste Planeta ... E a cada minuto que passa milhares e milhares morrem de fome, enquanto outros morrem às mãos dos terroristas de todas as matizes! É este o Mundo perferido de Bush e dos seus amigos. É este Mundo que milhões e milhões querem e podem mudar!

sábado, setembro 10, 2005

PRIORIDADES ...

Brevemente acontecerão mais dois actos eleitorais neste espaço chamado Portugal: um para as autarquias e outro para as presidenciais ...

Os dois actos eleitorais ainda terão as respectivas campanhas eleitorais, mas, na prática, as pré-campanhas já iniciadas, têm vindo a exibir o grau máximo de parlamentarização e de partidarite a que chegou a democracia portuguesa. À direita e à esquerda, perante um cenário de crescente desacreditação do acto de participar politicamente, os protagonistas parece que se esquecem daqueles de quem querem o voto. Parece, isso sim, que o mais importante é o jogo partidário, qual partida de futebol ...

Os incêncios são esquecidos com as primeiras chuvas, os direitos democráticos (ex.: de manifestação por parte dos militares, por exemplo) são servidos como arma de arremesso à maneira do 24 de Abril, as consequências do furacão Katrina servem só para notícias bombásticas, para as presidenciais cada candidatura acaba por ser o próprio partido que a sustenta, seja ele de grande ou de minusculo dimensão ...

Os protagonistas do jogo parlamentar e partidário estabeleceram como prioridade esse jogo ...

O apelo à participação cidadã, a proposta de debate sobre temas concretos e do dia-a-dia, o direito de participação e organização a todos os níveis da sociedade ... são assuntos entre parentesis, não são prioridades!

terça-feira, agosto 30, 2005

REORGANIZAÇAO DA ESQUERDA SOCIALISTA (II)

Surgiu na Alemanha, o PARTIDO DE ESQUERDA (PE). Resultou da fusao entre o PDS e os dissidentes do SPD, sendo Oskar Lafontaine o mais conhecido.

Mas mais importante que a criaçao de novos partidos ou grupos, mais importante que a pulverizaçao no espaço das esquerdas, mais importante é a capacidade de se intensificar o debate entre todos os militantes das esquerdas para a definiçao de uma alternativa clara e objectiva de transformaçao democrática e socialista da sociedade FORA do quadro do capitalismo e do liberalismo, perante o qual as direcçoes dos partidos da "Internacional Socialista" há muito capitularam.

Fora do quadro do liberalismo, significa capacidade de se criarem alternativas económicas, mas também quanto à participaçao política. Por exemplo, é urgente repensar a participaçao cidada reduzida ao parlamentarismo e/ou à partidocracia.

A criaçao de novos partidos à esquerda, pode significar rupturas inevitáveis. Mas, repetimos, o importante é o debate entre tod@s e todos à(s) esquerda(s) e o retomar da discussao do socialismo (enriquecido com a discussao quanto ao seu património histórico, depurando-se todas as deformaçoes totalitárias e neo-liberais) como alternativa global ao liberalismo e ao capitalismo.

(NR.: texto escrito no Euzkadi, daí alguns erros...)

sábado, agosto 27, 2005

A ESQUERDA SOCIALISTA EUROPEIA REORGANIZA-SE...

As reorganizações da esquerda socialista acontecem sempre em situações de crise. Crise do capitalismo, mas também crise das soluções propostas pelas direcções da esquerda socialista para a criação de alternativas.

O debate em torno da chamada Constituição Europeia, o posicionamento face à intervenção militar norte-americana no Iraque, a acção de governos ditos de esquerda, formados por partidos da “Internacional Socialista” (IS), mas situados à direita e no quadro do liberalismo … são questões que inevitavelmente produzem crise dentro dos partidos social-democratas, socialistas e trabalhistas da “IS”.

Como o PS em Portugal, os partidos da “IS” possuem bases sociais que buscam soluções fora do quadro do liberalismo. E o que acontece é que enquanto partidos de oposição, merecem o apoio e a confiança dos sectores sociais que querem mudança e buscam, para isso, alternativas fora do liberalismo. Mas, uma vez no governo, esses partidos em nada se diferenciam da direita a quem fizeram oposição .

Na Alemanha, o antigo líder dos social-democratas, Oskar Lafontaine, saiu do SPD, em ruptura com as políticas do governo de Schroeder. Mais, dá corpo de faz campanha por uma nova alternativa de esquerda, a "ALTERNATIVA ELEITORAL TRABALHO E JUSTIÇA SOCIAL", constituída por social-democratas de esquerda e pelo PDS (partido do socialismo democrático, ex-comunista).

Em Portugal, o PS também não escapará ao debate e à crise provocada pela sua direcção, claramente neo-liberal e afastada de qualquer tradição socialista. Nas Presidenciais ou no debate sobre a Europa, a esquerda socialista também se reorganizará em Portugal.

Em França, na sequência da vitória do “NÃO”, há um debate profundo no PSF. Está em causa também a afirmação do PSF como partido socialista ou como partido preso às políticas neo-liberais.

Uma reorganização necessária e urgente, a reorganização da esquerda socialista à escala europeia!



sexta-feira, agosto 26, 2005

MÁRIO SOARES: uma candidatura das esquerdas?

Parece que Mário Soares vai anunciar a sua candidatura no final de Agosto, mas antes da chamada “rentré” dos partidos, incluindo a do PS.

Quer, deste modo, afirmar-se “independente” e “acima” dos partidos.

A direcção do PS tem tentado passar a ideia de que Soares é o “melhor candidato” para “convergir as esquerdas” nas Presidenciais.

Mas, as seguintes questões, são legítimas:

  • O aparecimento de Soares como candidato teve por detrás, algum movimento popular e cidadão? Ou foi antes uma decisão que envolveu exclusivamente a direcção do PS e o próprio Soares?

  • Houve algum debate interno no Partido Socialista sobre qual o melhor candidato na opinião dos socialistas? Ou bastou, tão-só, uma declaração do secretário-geral do PS e depois, tipo reacção em cadeia, declarações de apoio das direcções de algumas Federações Distritais?

  • Antes de Sócrates decretar (!) o apoio do (!) PS a Soares, quantas tinham sido as vezes que Mário Soares manifestou a sua indisponibilidade para ser candidato?

  • Se Soares é um “candidato das esquerdas”, porque razão prepara a sua candidatura (tal como o previsível candidato da direita, Cavaco Silva) em segredo, fora da participação popular e cidadã e à margem dos outros partidos e movimentos das esquerdas?

Um candidato das esquerdas não tem de ser um “operário sindicalista” … mas tem de emergir do movimento popular, tem de estar em contacto com ele, tem de saber criar espaços de diálogo, pontes, com e entre os partidos e grupos das esquerdas … tem de se afirmar como uma candidatura que apela à participação popular e cidadã em ruptura com as práticas e as políticas do liberalismo.

Mário Soares não tem sido nada disto!

sábado, agosto 20, 2005

INCENDIOS & PRESIDENCIAIS: e o debate? e a participação cidadã?

Presidenciais e incêncios ... o que será que isto tem em comum? ...

Tem muito mais do que poderemos pensar, num primeiro momento! São temas que exibem a fragilidade/qualidade da democracia portuguesa, ou seja, são um termómetro do debate que não há e da participação cidadã que vai sendo, cada vez mais, subtraída.

Por vontade das direcções partidárias (principalmente das que têm deputados...) e/ou por vontade do governo (do de Sócrates ou de qualquer outro assegurado pela chamada alternância...), há temas - como os dois que elegemos - que parece que só devem ser debatidos por "quem sabe", pelas chamadas "elites" (tão do agrado de Sócrates) e/ou pelos "estados-maiores" dos partidos ...

Trata-se de um caminho de formalização/desqualificação da democracia, de afunilamento da participação cidadã, de deliberado esquecimento/branqueamento da História relativamente ao que foi e para que serviu o 25 de Abril de 1974 e os ventos de mudança e de participação social que se lhe seguiram!

Quanto aos incêndios: ano após ano, seja qual for o governo da hiper-repetida alternância, sucede-se a "receita" das prevenções que acabam por nunca prevenir nada de nada! As populações, aquelas e aqueles que vivem onde os incêndios se sucedem e martirizam, nunca são ouvidas quanto à sua opinião, quanto à sua proposta, quanto à sua vontade! Por entre o discurso e a lógica neo-liberal dominantes, o Estado (também dominado por liberais de todas as matrizes) vai-se demitindo das suas responsabilidades, nomeadamente quanto à necessidade de se criar uma força anti e de prevenção aos incêndios, capaz de responder ao concreto com total independência face aos interesses e lobbies privados (não só nacionais como já internacionais) ...

Quanto às presidências: a direita parece que chegou à conclusão que só tem de aguardar pela formalização da candidatura do seu Cavaco Silva! Nas esquerdas, o debate é nulo. Completamente nulo. Tanto no plano inter-partidário ou social, como no plano intra-partidário. O PS, como partido maioritário nas esquerdas, vai fazendo valer (impondo!) a visão e a lógica da sua direcção liberal: debate não há, e, parece que nem é preciso. Tudo é decidido, sem debate e sem participação dos militantes, pela direcção nacional e pelas direcções distritais (espécies de filtros da vontade democrática das bases!). Sócrates está a aproveitar as presidenciais para acabar, de vez, com Manuel Alegre. Ao ponto, de antigos apoiantes de Alegre, entretanto colocados em lugares de direcção (ex.: Augusto Santos Silva), já defenderem , sem pestanejarem , as posições da direcção liberal sócratica.

Mas no PCP e no BE, a discussão também é nula ou só para entreter os respectivos dirigentes. No BE, parece que, não obstante as decisões da última Convenção Nacional, ainda (!) não há consenso quanto ao apoio ou não apoio, na 1ª volta, a Mário Soares (se este for o candidato do PS imposto às esquerdas!). No PCP, parece que todos estão à espera da indicação pela direcção do seu candidato "mártir" (já que irá sempre desistir...)

Confrangedor é as esquerdas não discutirem entre si. Não só discussão entre as suas direcções partidárias, mas discussão entre os seus militantes, de uma forma livre, não sectária, sem clubismos e profundamente democrática.

TRIBUNA SOCIALISTA tem defendido e continuaremos a defender a bondade, numa lógica democrática, de esquerda e socialista, da candidatura de Manuel Alegre. Uma defesa para o debate, mas também para a afirmação de uma candidatura de esquerda que emerge de um sentir e de uma vontade sociais.

Incêndios & Presidenciais ... era isso que estavamos a abordar! Vejam como temas tão distintos exibem a desqualificação crescente de uma democracia que se afirmou através de rupturas e particapação social!

domingo, agosto 07, 2005

A LÓGICA LIBERAL É CONTRÁRIA A UM SISTEMA DE LIBERDADES!

Há hoje, neste Planeta, um sistema que tem vindo a ser imposto: a ditadura do que é rentável!

Quando é rentável (seja lá o que isso for...) os poderes apoiam, quando não é rentável destroem, suprimem, acabam!

Um sistema de liberdades e de direitos é incompatível com o sistema do ser rentável...

Ser rentável tem um significado que é determinado por uns quantos em nome dos seus próprios interesses. O mais espantoso é que esses quantos que se regem pela mesma bitola e pelos mesmos conceitos, encontram-se à direita mas também nas esquerdas ...

O ser rentável acaba por se tornar, políticamente falando, numa espécie de dominação ideológica. Económicamente falando, ser rentável é o reino das empresas e dos empresários e o ignorar sistemático do trabalho e dos trabalhadores. Mas também dos consumidores.

Do lado da dominação política e ideológica, temos, como exemplo recente, as nomeações dos amigos de Sócrates para a Administração da CGD. Um exemplo que também se pode descobrir em todas as alternâncias que o parlamentarismo produz...

O fim de títulos como O COMÉRCIO DO PORTO e A CAPITAL determinado por um grupo espanhol, é outro exemplo da incompatibilidade do ser rentável com uma liberdade concreta, a liberdade de expressão e de comunicação. Foi determinado por um grupo espanhol, mas poderia também ter sido por um grupo português. Como já aconteceu!

O fim do BALLET GULBENKIAN determinado por um tipo de gestão baseado no ser rentável, é mais um exemplo da incompatibilidade desse sistema com uma outra liberdade concreta, a da criação artística!

É claro que um governo como o de Sócrates, também ele sujeito/subjugado ao sistema do ser rentável, limitou-se a gerir o silêncio para ... não perturbar o mercado!!!

No plano internacional, o que se passa com a luta anti-terrorista é outro exemplo que se poderia apontar: não tem prevenido e muito menos evitado o terrorismo. No entanto, perturba, restringe, atrofia as liberdades e os direitos civis!

O liberalismo dos dias da globalização capitalista assenta neste sistema do ser rentável e na ditadura dos interesses de uns quantos ... É uma nova forma de totalitarismo à escala planetária!

sábado, julho 30, 2005

MANUEL ALEGRE: não está sózinho!

Mário Soares (que se diz amigo de Manuel Alegre) planeou com Sócrates (que por sua vez também já teria sondado Alegre para candidato presidencial) uma candidatura presidencial de um homem de esquerda (como é Mário Soares) que não perturbasse a governação do PS e que conseguisse, para já, "unir a esquerda" e calar a contestação social ...

É claro que Sócrates nunca poderia (nem conseguiria!) pôr o PS a apoiar o homem de quem gostaria para candidato da actual política governamental: Cavaco Silva! Também não se sentiria bem a apoiar quem lhe fez frente (com um claro programa socialista de esquerda!) na última eleição para secretário geral do PS: Manuel Alegre.

Mário Soares é, neste momento, para Sócrates o seu (muito diferente de Partido Socialista!) melhor candidato. Só que o Mário Soares candidato será, não o Mário Soares entusiasta do movimento anti-globalização capitalista ou o Mário Soares defensor da "unidade das esquerdas", mas o Mário Soares institucional, o Mário Soares do aparelho de Estado e dos compromissos que se fazem nessa qualidade, ou seja, um Mário Soares pronto a defender as políticas liberais de Sócrates em "nome do interesse nacional"! Mário Soares será um candidato escolhido por um aparelho partidário, só ....

Manuel Alegre não é isso. É importante e sintomático que prefira uma candidatura de afirmação poética em vez de afirmação política. É a assumpção de independencia de um homem de esquerda e socialista perante os jogos politiqueiros.

Manuel Alegre tem, neste momento, milhares de portuguesas e portugueses que esperam dele um passo de afirmação para uma candidatura socialista, de esquerda, e de esperança de uma presidencia que não vire a cara aos dramas sociais que o liberalismo continua a criar e a impor.

Manuel Alegre NÃO ESTÁ SÓZINHO!

Registamos o que escreve hoje no Expresso:

"Sei muito bem que estou sózinho. Mas enquanto me bater a guerra não está perdida, ainda que se me perguntassem que guerra é eu não soubesse ao certo responder. Diria talvez que é a guerra de um homem no meio do seu quadrado. Um homem que se bate, talvez em sonho, porque tudo se calhar é sonho. Sonho de um sonho, lembro-me de ter lido algures. Que importa? Sonho ou não, eles aí estão, tenho de defender o meu quadrado, não há outro sentido senão este, lutar até ao fim, um homem não se rende, não seria bonito, seria, aliás, se me permitem, uma falta de educação, uma grande falta de educação."

REINO UNIDO: THE BIG BROTHER ... EXISTE!


Cada dia que passa, a Polícia britânica anuncia a detenção de mais e mais suspeitos ... suspeitos, entenda-se! Cada dia que passa, estamos todos à espera que haja mais um suspeito (suspeito, entenda-se!!) baleado na cabeça por uma mão cheia de balas ...

Para a detenção de suspeitos, a Polícia britânica entrou no caminho das chamadas estratégias de tensão, para obrigar meio mundo a denunciar o outro meio mundo! Depois, no entanto, a Polícia suspeita quer do meio mundo que denunciou, quer do meio mundo que foi denunciado!

Para já, o que fica da acção dos terroristas e da reacção das policias democráticas, são restrições e mais restrições às liberdades, aos direitos democráticos e sociais. É devido a isto, que dizemos e reafirmamos que terroristas e neo-liberais (como Blair & Bush) são gémeos na situação de tensão e de terror que criam e impõem a milhões de cidadãos inocentes.

A militarização das democracias ocidentais com supressão ou arrepio das liberdades não contribui EM NADA para a erradicação do terror e das acções terroristas. Será que não é exactamente isto que os terroristas islâmicos pretendem? Será que não é uma situação a que estão habituados em todos os cenários do Médio Oriente onde a guerra e a instabilidade têm sido criadas, mantidas e aumentadas com a intervenção desastrosa dos governos ocidentais?

Aquilo a que Blair & Bush nos obrigam com o seu tipo de acções, é a generalização a todo o Planeta (e principalmente no continente europeu) de uma situação crescentemente parecida à que tem vigorado há dezenas de anos no Médio Oriente e, nos últimos anos, no Iraque ou no Afeganistão.

Estamos plenamente de acordo com o que afirma SOCIALISMO LIBERTARIO (www.socialismolibertario.org/) : "Revoltarmo-nos e defendermo-nos dos monstros gémeos, o terrorismo sistémico e as democracias terroristas, significa afastarmo-nos e separarmo-nos radicamente de ambos, afirmando um princípio de revolução global e humanista contra a lógica da morte dos opressores. Sómente no seio de sociedades onde se possam criar e fazer nascer pontes de inter-etnicidade, de solidariedade e de paz é que se conseguirá isolar ambos os monstros, afirmando-se valores de justiça e de irmandade em vez do ódio que germina dos terroristas e dos Estados. Por isso, temos uma enorme responsabilidade, aqui e agora. Deter a espiral endiabrada guerra/terrorismo é uma tarefa de todos. Que requer uma afirmação radical de valores e de principios humanistas, pacifistas e anti-estatistas. Que requer a preparação de uma revolução socialista e himanista que nos auto-liberte e desvie do caminho que os monstros nos querem impor. Este é o compromisso dos socialistas libertários".

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