tribuna socialista

quarta-feira, setembro 30, 2009

CAVACO SILVA vs GOVERNO: UM SINTOMA DO ESTADO NOS NOSSOS DIAS ...

Ontem Cavaco Silva acrescentou ruído ao ruído que já existia no aparelho de Estado. Não esclareceu, passou ao lado das verdadeiras questões que havia (e continuam a existir!) para serem esclarecidas.

Mas também não interessa muito tentar descobrir o sumo desta questão. Acabam por ser meras tricas entre políticos que estão esclerosados por anos e anos de joguetes e joguinhos em todo o aparelho de Estado.

Por isto, é que este aparelho de Estado nunca pode representar qualquer interesse verdadeiramente público. Os Estados no século XXI já não são meras representações classistas, mas tendem a tornar-se como uma espécie de realidade dentro da realidade mais geral. São uma imensa máquina burocrática que escapa a qualquer controlo democrático e social. Os actuais Estados reproduzem o secretismo e a opacidade das grandes empresas. Decorre daqui a guerra - que muita gente não percebe, nem perde tempo a perceber! - entre o Presidente e o Governo.

Esta guerra entre duas cabeças do Estado, dá para entender como a democracia tem ficado à margem de todo o aparelho de Estado. Interrogamo-nos mesmo o que teria de acontecer a este Estado se houvesse um esforço social pela sua democratização?!

segunda-feira, setembro 28, 2009

COMEÇA UM NOVO DIA PARA A ESQUERDA PORTUGUESA: NADA SERÁ COMO DANTES" Francisco Louçã. citado pelo Público

O PS perdeu a maioria absoluta e cerca de quinhentos mil votos, as esquerdas continuam com maioria parlamentar e até aumentaram (BE e CDU) o número de deputados, mas ... mas o PS pode constituir uma maioria absoluta com os deputados do partido mais próximo do ideal limiano, o CDS. Partido que conseguiu subir de forma expressiva!...

Na noite das eleições, às vezes, até parece que somos levados a concluir que essa história da realidade, é algo que existe na cabeça de cada um ... não há uma "realidade", mas tantas quantas as cabeças pensantes!
O resultados eleitorais de ontem trazem consigo uma realidade muito preocupante para o eleitorado que vota à esquerda: há uma maioria parlamentar das esquerdas, mas a probabilidade (tendo em conta a experiência com as diversas direcções do PS, e, esta até é pior que as outras!) é que a tal governabilidade do País volte a ser encontrada junto dos "herdeiros" do queijo limiano! E uma "solução" deste tipo é a continuação do que já tivemos durante os últimos quatro anos! .,. provavelmente para pior!
Outra questão importante é: será que os militantes do PS aceitam novamente o seu partido ligado à direita?
A importância desta questão reside numa resposta que depende TAMBÉM da capacidade das esquerdas, em especial o Bloco de Esquerda (partido-movimento que se reinvidica da esquerda socialista), dialogarem com os socialistas.
Seria importante que não se confundisse PS com a sua actual direcção. Seria importante também que se reconhecesse que a mudança do PS depende dos seus militantes e não da realidade que esta ou aquela direcção de outro partido à esquerda gostasse que já existisse ...
No fundo, trata-se de transportar para o político o que já existe na luta social: ninguém pergunta ao companheiro do lado, em luta, qual o partido a que pertence!
As esquerdas devem incluir o PS! Apesar de não incluir a sua actual direcção, responsável pelas políticas governamentais dos últimos quatro anos. Não obstante, essa mesma direcção ter a confiança dos militantes socialistas ... confuso? É , mas é importante saber ganhar sentido no meio desta realidade confusa!
Está aqui o caminho para a descoberta do tal "novo dia" de que fala Louçã, para que, à esquerda, nada fique como dantes!
Os militantes do PS aprendem com os erros das direcções que elegeram. Mas precisam que, à esquerda, encontrem compreensão e não sectarismo: os militantes do PS não são Sócrates!
Não é só o PS que tem de se explicar quanto às suas políticas. Políticas de direita vestidas com roupagens de esquerda! À esquerda, há também muita coisa que precisa de ser explicada e bem. Nunca se pense que basta falar, para todos acreditarem que é assim, só porque veio das esquerdas ... O esclarecimento precisa de clareza, de paciência, de tolerância e de muita capacidade de unidade em cada luta que se trava!
Ontem, Domingo, iniciou-se uma nova e decisiva etapa para as esquerdas e para a capacidade das esquerdas traduzirem a sua maioria social em alternativa política! Nisto têm também de estar presentes o PS e os seus militantes!
João Pedro Freire

quarta-feira, setembro 23, 2009

DIA 27 DE SETEMBRO, DOMINGO: VOTAR BLOCO DE ESQUERDA PARA REFORÇO DAS ESQUERDAS, PARA OUTRAS POLÍTICAS DEMOCRÁTICAS E SOCIALISTAS!



O grande objectivo para as eleições de Domingo, 27 de Setembro, é conseguir retirar a maioria absoluta ao PS, mantendo uma sólida maioria dos partidos de esquerda representados na Assembleia da Republica.
Os últimos quatro anos de governo PS foram caracterizados por políticas que nada têm a ver com as próprias promessas do PS, feitas há quatro anos. O governo Sócrates governou mais vezes para os lobbies económicos e financeiros do que para quem o tinha eleito. Com maioria absoluta, a direcção do PS e o governo Sócrates não precisaram de explicar o que quer que fosse e a quem quer que fosse. Não precisaram, nem o tentaram, apesar da encenação da deslocação mensal do primeiro-ministro ao Parlamento. Encenação porque Sócrates falou sempre para o seu próprio grupo parlamentar e fez sempre o que quis, guardado, como estava, pela maioria absoluta do PS.
O PS sem maioria absoluta, obriga a sua direcção e o seu grupo parlamentar a falar préviamente com outros partidos. O PS sem maioria absoluta, depois de quatro anos de políticas à direita, terá de reorientar o seu diálogo para a esquerda.
É aqui que entra, como muito importante, os reforços da votação no Bloco de Esquerda e da sua representação parlamentar. No quadro de uma clara maioria parlamentar de esquerda!
O Bloco de Esquerda é, desde há dez anos, um exemplo de reorganização à esquerda, um exemplo de convergência de experiências politico-ideológicas muito diversas que aceitaram repensar o socialismo incorporando as liberdades, o pluralismo, a democracia, os novos direitos sociais e ambientais. O reforço no Bloco de Esquerda é o reforço decisivo de um contributo para que a esquerda socialista reforce a exigência de políticas socialistas no quadro das esquerdas parlamentares.
O reforço do Bloco de Esquerda é também um voto para que, à esquerda, o sistema económico e financeiro não esteja refém de um pensamento único neo-liberal que não consegue ver mais do que a chamada "economia de mercado". O Bloco de Esquerda propõe um sistema onde a justiça seja parte integrante da economia, e, essa proposta, é decisiva nestes tempos de crise e de insegurança para as pessoas e de bloqueio financeiro e fiscal para o esforço das empresas de menor dimensão !
O reforço do Bloco de Esquerda, juntamente com o reforço de partidos europeus similares, como o Die Linke (A Esquerda, na Alemanha), a votos também em 27 de Setembro, representa um passo importante para que a esquerda socialista comece a ter peso político e peso social numa outra visão para uma outra Europa.
O voto que propomos para o Bloco de Esquerda, é também um voto que deve exigir à direcção bloquista capacidade de diálogo à esquerda, na base de programas e políticas muito claras e de sentido democrático e socialista. A direcção do Bloco não pode, nem deve ceder à formação de alianças, coligações ou governos baseados sómente na mera contagem de votos e de deputados para a constituição de maiorias aritméticas. O grande desafio é dar expresão política à maioria social de esquerda MAS com programas e políticas democráticas e socialistas, que cortem, de uma vez por todas, com a destruição neo-liberal !
Dia 27 de Setembro, Domingo, vamos votar Bloco de Esquerda para o reforço das esquerdas no Parlamento, para a possibilidade de afirmação e execução de políticas democráticas e socialistas!

domingo, setembro 20, 2009

O PORTA-VOZ DO PS CONTRA A TRADIÇÃO PROGRAMÁTICA DO PS ...


«Para concretizarmos o programa de nacionalizações do dr. Louçã os portugueses precisavam de gastar todo o IRS que pagam todos os anos durante cinco anos», afirmou o porta-voz do PS, João Tiago Silveira.
A direcção do PS, rendida como está à chamada "economia de mercado" , nem repara que a afirmação do seu porta-voz também permite esta: quanto é que tem custado e vai continuar a custar a aventura da especulação dos mercados, da gestão ruinosa do sector financeiro ? Quantos mais BCP, BPN e BPP poderão surgir no futuro?
A direcção do PS gosta de iludir as pessoas com apelos a uma espécie de quadratura do circulo, quando sugere que a "economia de mercado" pode ser "social" ou quando dá a entender que uma "boa regulação" pode prevenir gestões ruinosas e fraudulentas no sector financeiro ...
Muito melhor regulação para o sector financeiro seria voltar a dar poder de gestão às organizações dos trabalhadores do sector financeiro em vez de se pagar o que se paga ao governador do Banco de Portugal!
José Sócrates, o seu governo e a sua direcção partidária perfilam-se como autenticos guardiões do actual pensamento único, quando defende que não há outro tipo de economia para além desta economia que se alimenta de desemprego, de burlas e gestões ruinosas, da selva de privatizações, de precariedade. Esta economia é a economia capitalista, é a economia do neo-liberalismo! José Sócrates esquece-se (talvez porque era do tempo em que simpatizava com a JSD) que o programa do PS também já defendeu o socialismo, a planificação democrática da economia com poder democrático dos trabalhadores, a nacionalização dos sectores estratégicos ...

sábado, setembro 19, 2009

"GOVERNO DA ESQUERDA POSSÍVEL", disse Alegre em Coimbra ... O QUE É ISSO ?

Para alegria de Sócrates, Manuel Alegre esteve hoje activo no Comicio eleitoral do PS em Coimbra.

Sócrates aproveitou a presença e o apoio de Alegre, para falar sobre a "unidade" do "seu" PS e para apresentar as políticas governamentais dos últimos quatro anos como "politicas de esquerda".

Alegre falou de um coisa indefinida que é "um governo da esquerda possível" como forma de "barrar" o caminho à direita.

Manuel Alegre entrou agora numa espécie de jogo de palavras para colorir de "esquerda" o que foi de direita nos últimos quatro anos. Alegre bate na direita, elege o Serviço Nacional de Saúde como uma diferença face à direita, mas é incapaz de dizer quais são as políticas de esquerda que no seu entender o tal governo da "esquerda possível" poderia implementar !

O grande desafio para este PS de consumo eleitoral não é bater na direita. Isso é fácil ! O que toda a gente espera é que o PS diga quais as "políticas de esquerda" que aplicará nos próximos quatro anos, se for governo. E também o que fará se for governo minoritário no quadro de uma maioria parlamentar de esquerda. Ou o que fará se o PSD ganhar, havendo uma maioria perlamentar de esquerda.

Tudo o resto é ... propaganda eleitoral fácil, populista e ilusória!

Há também uma outra questão importante. É certo que cabe aos militantes do PS decidir quem deve ser o seu secretário-geral. Mas é politicamente importante saber o que farão os militantes do PS em relação a Sócrates se o PS perder as legislativas, depois de já ter perdido as europeias. Quais são as responsabilidades políticas que pedirão a Sócrates e à sua direcção partidária e quais as consequências políticas que o próprio Sócrates tirará!

MAIS OUTRA SONDAGEM ...

Podiam ser para "todos os gostos" ... como se costuma dizer. Mas não!

A responsabilidade desta sondagem pertence a outra entidade, mas o cenário continua a apontar para o mesmo:
  • nenhuma maioria absoluta de um só partido;
  • alguma maioria da direita? nem pouco mais ou menos!...
  • maioria de esquerda? vejam quanto podem somar os deputados projectados do PS, da CDU e do Bloco de Esquerda!

Ou seja, uma maioria social de esquerda que precisa de uma tradução política para um governo com OUTRAS políticas e OUTRO programa!

Os militantes do PS, a confirmar-se nas urnas, o que estas sondagens têm expressado, precisam de saber tirar conclusões óbvias e objectivas!

quinta-feira, setembro 17, 2009

MAIS UMA SONDAGEM: TUDO NA MESMA ... MAIORIA SOCIAL DE ESQUERDA !

A sondagem da responsabilidade da Universidade Católica, divulgada hoje, confirma, no essencial a anterior de 11 do corrente mês: ninguém tem maioria absoluta! Essa maioria está, do lado, da base social dos partidos da esquerda com assento parlamentar.

Mas essa maioria social de esquerda precisa de uma correspondência política. Ainda por cima, perante a quebra do PSD !

quarta-feira, setembro 16, 2009

EUROPA : E OS EXEMPLOS SUCEDEM-SE SOBRE O "CENTRÃO" ...


Os exemplos sobre o "centrão" sucedem-se ...

Agora com a reeleição de Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia, Manuela Ferreira Leite e José Sócrates voltam a convergir numa mesma visão de Europa e no apoio aquela reeleição.

De facto, as diferenças parecem muito reduzidas entre o primeiro-ministro e a dirigente do PSD. Podem existir diferenças de personalidade, mas em questões políticas ...

Durão Barroso recebeu a oposição da grande maioria dos socialistas europeus. Mas os socialistas portugueses do Parlamento europeu (excepção a Ana Gomes!) lá estiveram com a direita portuguesa na choraminguice patrioteira ...

Por estas e por outras é que José Sócrates e a sua direcção têm de ficar fora de qualquer discussão pós-eleitoral sobre uma alternativa de governo à esquerda!

sábado, setembro 12, 2009

O CENTRÃO ESTEVE EM EXPOSIÇÃO !

Será que todos perceberam o que é o centrão?

O debate de ontem (sábado) entre Sócrates e Ferreira Leite foi uma oportunidade.

Políticas para o futuro ... pouco ou nada falaram! Ambos preferiram confrontar as políticas dos governos de cada um ... como se um fosse alternativa ao outro e vice-versa.

Este debate também não foi um debate igual aos outros: foi apresentado como o "mais importante" e até teve mais tempo que os outros! A democracia da era do liberalismo é também isto: formalismo e faz de conta!

Às eleições de 27 de Setembro, não concorrem sómente os actuais partidos parlamentares. Mas quem viu os debates, parece que serão sómente esses partidos a concorrer e a submenter-se ao voto popular... O "Público" de hoje (domingo, 13 de Setembro) incluia um artigo sobre os "outros" partidos concorrentes, sem assento parlamentar, a que chamava a "2ª divisão" ...

José e Manuela, o Sócrates e a Ferreira Leite, por seu lado, também não se cansam de repetir que a escolha é ... entre eles os dois!

Felizmente que não é assim ...

sexta-feira, setembro 11, 2009

11 DE SETEMBRO: EXEMPLOS DE TERRORISMOS ...


11 de Setembro: esta também é uma data para questionar o pensamento único que tem dominado o planeta, sobre os terrorismos que existem e que não são só de um único sentido!
Entre o terrorismo do fundamentalismo islâmico e o terrorismo de Estado, perpetrado muitas vezes pelos instrumentos de que as Administrações norte-americanas se servem, como a CIA e as investidas militares, não há lugar para "bons" e "maus". Nenhum serve, nenhum contribui para a Paz mundial, ambos atentam contra as vontades populares!
Em 11 de Setembro lembramos as vítimas das Torres Gémeas, mas lembramos também as vítimas do golpe de Estado fascista no Chile de 1973, na pessoa do Presidente eleito Salvador Allende.

SONDAGEM : HÁ OU NÃO UMA MAIORIA SOCIAL DE ESQUERDA? O QUE FAZER, ENTÃO?
























Mais uma sondagem, mais uma
demonstração de dois factos evidentes:

Ninguém consegue a maioria absoluta;

Há uma clara maioria social de esquerda.

A não existência de condições para uma qualquer maioria absoluta de um só partido, é um dado importante, dado que qualquer solução tem de passar pelo diálogo inter-partidário. Diálogo à esquerda, como à direita, os partidos mais votados, já declararam que estão dispostos a dialogar.

À esquerda, não obstante a aparente posição intransigente de cada partido para estabelecerem qualquer diálogo pós-eleitoral, entre si, o certo é que as direcções desses partidos terão que explicar porque
é que uma maioria social de esquerda, que existe, não pode ter uma expressão política para uma alternativa de governo.

Uma alternativa de governo à esquerda não tem de reeditar as mesmas políticas do actual governo sócrates. Políticas que vão ser penalizadas nas eleições, retirando o eleitorado a maioria absoluta ao PS. À esquerda o enorme desafio seria a possibilidade dos principais partidos - PS, Bloco e PCP - discutirem séria e humildemente entre um programa de novas políticas - democráticas e socialistas - para um governo de esquerda!

Quem vota PS, quem vota Bloco de Esquerda, quem vota PCP ou quem vota noutros partidos de esquerda mais pequenos tem decerto, motivações diferentes. Mas haverá em todos esses eleitores, uma vontade comum: impedir que a direita volte ao poder, impedir que a direita volta a impor as suas políticas! Esta não é uma vontade pequena ... é um bom ponto de partida para que o diálogo à esquerda se possa iniciar de uma forma consequente e objectiva!

(a imagem foi retirada do portal do Jornal de Notícias)

quarta-feira, setembro 09, 2009

SOCIALISMO É SÓ "ANTI-CAPITALISMO" ?

Alguns sectores da esquerda tendem a reduzir o socialismo a um mero "anti-capitalismo". É claro que enquanto alternativa ao capitalismo, o socialismo é um projecto anti-capitalista.
Mas o socialismo é muito mais do que isso. Até porque ser-se anti-capitalista, não significa que se é socialista. Os nazis, por exemplo, dizem-se "anti-capitalistas"!...
Na nossa opinião, um dos exemplos mais infelizes de designação de um partido de esquerda, é o "NPA", i.e. o "Novo Partido Anticapitalista", de França. O sucessor da LCR, Liga Comunista Revolucionária. No "NPA" não se percebe bem qual o alcance político e ideológico de se ser só "anti-capitalista".
O socialismo deve afirmar-se como alternativa global ao capitalismo, i.e. a chamada "economia de mercado" ou a quadratura do circulo chamada de "economia social (!) de mercado". Como alternativa, o socialismo em termos económicos defende uma planificação democrática definida e gerida pelos trabalhadores e pelos produtores. Uma planificação democrática não rejeita um clima concorrencial ao nível das micro, pequenas e médias empresas. Mas considera que os sectores estratégicos da economia - energia, águas, finanças - devem ser propriedade pública gerida e controlada democráticamente pelos trabalhadores.
No plano político, o socialismo afirma-se pelas liberdades democráticas e pelo pluralismo social e político. A democracia, segundo uma perspectiva socialista, não se reduz ao parlamentarismo, mas está presente em todos os sectores da sociedade. O Parlamento, enquanto expressão da democracia representativa, pode e deve coexistir com outras expressões da democracia directa e participativa. O socialismo recusa qualquer forma ou organização do tipo autoritário e hiper-hierarquizada.
No plano cultural, o socialismo afirma-se pela mais total liberdade de afirmação e negação, criação e destruição, nos planos individual e colectivo.
O socialismo incorpora dialéticamente passos históricos do próprio capitalismo, nos planos económico, político e cultural !

terça-feira, setembro 08, 2009

LOUÇÃ AO PÚBLICO: algumas reflexões sobre a "maioria de esquerda" do BE

Francisco Louçã dá hoje uma extensa entrevista ao Público.

Parece-nos que, desta vez, Francisco Louçã não é muito claro no que diz respeito à definição da "maioria de esquerda" que o Bloco pretende para integrar como governo.

Percebemos que há um processo de recomposição à esquerda. Percebemos também que, nesse processo, o PS poderá não resistir à saída de um importante sector dos seus militantes. Mas o mesmo pode suceder ao próprio Bloco de Esquerda e ao PCP.

Trata-se de um processo que tem muito a ver com a redefinição e reagrupamento do sector da esquerda socialista. Alguns passos já aconteceram em países como a Alemanha (Die Lienke) e França (Parti de Gauche e NPA).

Só que é um processo lento e Francisco Louçã, parece que, às vezes, avança com perspectivas que já parecem balanços e certezas.

A realidade que hoje temos é ainda muito diferente. Quer gostemos ou não, uma maioria de esquerda tem, incontornávelmente, de contar com o PS que temos e com o PCP que temos.

O grande desafio que o Bloco de Esquerda deveria liderar, na nossa opinião, seria um constante apelo a que as esquerdas soubessem discutir entre si, um programa de governo com políticas democráticas e de inequivoco sentido socialista. Louçã, nesta entrevista do Público, prefere avançar já para um cenário que pressuporia, desde já, o esfrangalhamento do PS e até do PCP.

Fixemos esta parte da entrevista, sobre o PS:

Pergunta: O PS de Sócrates é então igual ao de Ferro Rodrigues.
Resposta: Não, têm políticas diferentes. Mas como se percebeu Ferro Rodrigues não tinha qualquer peso do PS que fosse determinante. José Sócrates é o PS.

É completamente errada a afirmação de que "José Sócrates é o PS". Pelo PS ainda estão, para citar os mais conhecidos, Manuel Alegre, a sua corrente de "Opinião Socialista" e a corrente "Esquerda Socialista". Mas também devem lá estar um número considerável de militantes que por lá ficam, porque não encontram, para já, na cena política portuguesa, qualquer alternativa ao "seu" PS. Apesar de também não se identificarem com a direcção de Sócrates.

Francisco Louçã assim, só influencia negativamente qualquer reorganização - que é necessária e urgente! - do espaço da esquerda socialista em Portugal.

Mesmo relativamente a Manuel Alegre, parece que existe alguma obsessão por uma personalidade de teve (!) um milhão de votos, mas que agora, pelo percurso que entretanto já teve, muito dificilmente os voltaria a conquistar. Ora Manuel Alegre até representa uma esquerda do PS que nem está representada na direcção do PS. Quem desenvolve algum trabalho militante no seio do PS, com posições à esquerda, tem sido a corrente "Esquerda Socialista" que até elegeu, no último Congresso PS, alguns membros para a Comissão Nacional.

Louçã não pode falar do PS como se o PS fosse o seu Bloco. O PS tem os seus militantes e cabe aos seus militantes mudarem o que conseguirem mudar. Mesmo que essa mudança não se faça ao ritmo que Louçã queira.

A paciência eterna (!) que Louçã demonstra para Alegre, deveria ser a mesma que deveria mostrar para com os militantes do PS. Militantes que não são todos pró-Sócrates, como se viu nas mobilizações dos professores, por exemplo.

Qualquer pessoa que queira mudar de políticas, que queira outro governo para Portugal, ficará um tanto ou quanto confusa com a entrevista de Louçã, no que diz respeito à definição da "maioria de esquerda". Porque o Bloco, a partir do momento que edita um programa de governo e fala em "maioria de esquerda" para governar, tem de ser mais claro quanto à definição dessa maioria. As pessoas votam no que existe e não no que seria melhor existir! E é no que existe que devem ser encontradas alternativas que mobilizem as pessoas para outro governo e outras políticas.

João Pedro Freire

segunda-feira, setembro 07, 2009

Waterboys This is the Sea

É uma pausa ... para recordar e ... sentir! ... uma peça dos Waterboys que, em tempos, me fez voar! ... literalmente!!!

Esta memória ... também é VIDA!

quarta-feira, setembro 02, 2009

DEBATES TELEVISIVOS: DE ENCENAÇÃO EM ENCENAÇÃO ENTRE OS PARTIDOS DO "ARCO GOVERNATIVO"...


Nos debates televisivos que hoje se iniciaram com um frente-a-frente entre José Sócrates e Paulo Portas, haverá sempre uma nota comum nos intervenientes em confronto, quando eles pertencerem ao PS, ao PSD e ao CDS: todos têm um passado, mais ou menos recente, de passagem pelo governo.

Quer isto dizer que no "tu é que tens responsabilidade", todos, sem excepção neste arco governativo mais ou menos liberal, têm responsabilidades pelo sucedâneo de políticas muito parecidas e muito convergentes numa tendência dos últimos 20 anos (ou mais?...): a progressiva submissão da política à economia e à finança! E, nesta submissão, houve o triunfo de um modelo onde a participação democrática e directa deu lugar aos jogos de poder, longe, muito longe, das pessoas e das suas vontades individuais e colectivas.

É claro que PS, PSD e CDS são partidos diferentes. Mas as diferenças são mais ditadas pelas dinâmicas das suas bases sociais e menos pelas diferenças - cada vez, menos! - entre as suas direcções.

No jogo eleitoral, as direcções destes três partidos tenderão a relembrar que estão mais esquerda, mais ao centro ou mais direita que cada um deles ... mas, depois das eleições, sempre que surgirem as tais "razões de regime" e/ou "razões de Estado" todos podem voltar a ver como essas direcções acabam sempre por estar de acordo!

O que precisamos não é de alternância! É urgente é uma alternativa! Que volte a submeter a economia à política, que volte a criar participação democrática para além do parlamento, que volte a dar poder e direitos aos que trabalham, que volte a dar democracia à democracia!