tribuna socialista

segunda-feira, março 29, 2004

FRANÇA: APRENDER COM A VITÓRIA DA ESQUERDA!

A esquerda francesa obteve uma vitória histórica sobre a direita governamental e sobre a extrema-direita.

Depois de Espanha, agora foi em França. Parece que outros ventos sopram na Europa.

As eleições regionais francesas motivam algumas reflexões para o espaço português:

* A vitória é da esquerda e não só de um único partido da esquerda. O lider do PSF, François Hollande, considera mesmo que é preciso instituir um espaço de diálogo entre as diversas forças de esquerda que garanta, no pluralismo, a necessária unidade na acção para os momentos decisivos. Considera Hollande que sózinho o PSF não conseguiria triunfar. A vitória da esquerda é a vitória do esforço conjunto do PSF, do PCF e do Verdes!

* Depois de Espanha, a França ... será que estamos perante uma onda de mudança política na Europa ou perante um mero ciclo de alternância? Será que a esquerda socialista, social-democrata e trabalhista europeia vai desperdiçar, como já o fez, a oportunidade de por fim ao neo-liberalismo, implementando novas políticas sociais e económicas claramente de esquerda, promotoras da participação cidadã a todos os níveis nomeadamente para uma Constituição europeia mais democrática?

* Será que um resultado em Portugal como aquele que aconteceu em França, não deveria implicar um claro CARTÃO VERMELHO ao governo PSD/CDS? Será que o cumprimento da agenda eleitoral é mais importante que a vontade de mudança de todos aqueles que sofrem diáriamente as consequências da política liberal da direita?

* Quais as consequências em Portugal de um diálogo entre todas as principais correntes e partidos da esquerda, como o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda? Será que a a alternativa à direita não pressupõe um diálogo convergente, na pluralidade, entre as principais forças de esquerda? Será que essa convergência não corresponde à vontade e ao sentir de todos aqueles que diáriamente sofrem os efeitos das políticas anti-sociais do governo de Durão Barroso?

domingo, março 28, 2004

O TERRORISMO E A AL-QAEDA

Opinião de Rui Mota, militante do PS na secção da Senhora da Hora:

A Política norte americana de Bush, continua a acolher e a proteger as iniciativas verdadeiramente repressivas e atentatórias ao Direito
Internacional,levadas a efeito pelo seu executivo.
De facto,como se não bastasse o sofrimento do povo Palesteniano
exercido pelo exército israelita,cuja população de Israel se encontra dividida face a esta política implementada pela direita judaica e seus lobies,a criação de um verdadeiro muro da vergonha dividindo e criando verdadeiros guetos de exclusão,é digno dos tempos dos famosos gulags estalinistas e do extermínio nazi,fenómenos que no século XXI só são possíveis com o beneplácito de Bush e Blair e de forma tácita de Durão,ao arrepio da Carta das Nações,assistindo-se também à ocupação dos ferteis terrenos de produção e
cultivo palestinianos,uma vez que a depauperada economia israelita tem sido levada à exaustão pela política militar sionista.

Assistimos sistemáticamente às incursões do exército judaico por terras do Estado Palestino,que visam operaçães de extermínio cirúrgicos,como aconteceu na passada segunda-feira com o líder espiritual do Hamas. Apesar de uma ténue condenação da parte da União Europeia face a este acto miserável de Sharon, a verdade é que a U.E.não consegue afirmar-se a uma só voz de forma clara e inequívoca,configurando-se agora, depois dos atentados
de 11 de Março em Madrid,em instituir a figura europeia do Sr. Terrorismo e,ao contrário,contribuir para uma solução negociada para o problema do Médio Oriente e que muitos socialistas e sociais- democratas num passado recente viabilizaram cimeiras no sentido do real entendimento.

Não é claro para mim que o terrorismo de Bin Laden seja a fonte de todos os males que vêm ao Mundo,mas parte do problema até que não seja redefinida a política externa e interna norte americana para com os países Árabes, Africanos e do próprio continente Americano( veja-se o apoio da administração de Bush à oposição a Chavez...)vamos continuar a assistir a mais atentados,seguramente!

Portugal vai brevemente ser palco de dois eventos de mediatismo global com o Euro 2004, e o Rock in Rio/Lisboa!
O executivo de Durão/Portas materializa uma política atlantista e de cego seguidismo para com os E.U.A./Inglaterra!
Foi sem dúvida uma opção assumida por este governo e por mais que se esforcem em afirmar que os nossos serviços de protecção( secretos,militares e civis....)estão devidamente preparados para acontecimentos trágicos e sempre lamentáveis como os que sucederam em Madrid ( para não falar dos de 11 de Setembro em Nova York ) Durão mente!
Aliás, este governo é uma MENTIRA!
Aznar e o seu executivo perderam as eleições porque mentiram.Mas já há muito tempo que mentía (lembrem-se do Prestige....)
O P.S. tem que saber aproveitar e interpretar este movimento político ocorrido em Espanha e com as regionais que decorrem em França!

Durão mente ao Povo Português!É necessário ganhar as europeias para vencer o PSD/PP.
O Povo Português merece melhor e não esquece o 25 de Abril de 1974 que Durão quer apagar da História relativizando-o a um mero acontecimento,como se de um lapso se tratasse.

É preciso dizer basta!Portugal merece viver em paz!
É imperioso dar uma oportunidade à paz!


Rui Mota
Militante nr.73641
Srª da Hora
.

sábado, março 27, 2004

EUROPEIAS: OS MILITANTES DO PS SABEM QUE É PRECISO MOBILIZAR!

Não é preciso que nenhum dirigente lembre aquilo que qualquer militante socialista sente no dia dia-a-dia: é preciso mobilizar para derrotar a direita nas europeias!

Isto não obstante o processo que conduziu à formação da lista europeia do PS ter sido um processo no qual os militantes nunca foram chamados a participar e a manifestar a sua vontade.

Mas os militantes do PS, como sempre, revelam muito maior sentido de responsabilidade que as cenas tristes que alguns dirigentes do Partido protagonizam em muitos momentos. E o habitual tem sido, os dirigentes cozinharem as soluções e depois servirem-nas aos militantes como sendo as “melhores soluções” com uma argumentação que envolve sempre um cenário de grande dramatização.

Mas estamos todos mobilizados para vencer a direita. Tal como estamos mobilizados para que a alternativa que o PS protagoniza, uma vez vencedora, não volte a cometer os mesmos erros que já cometeu quando foi governo. Os erros crassos de ser, no governo, melhor executor de políticas de direita e de cedência aos lobbies económico-financeiros do que os governos da própria direita.

O Partido Socialista é um partido de esquerda e não um partido equidistante da esquerda e da direita que tende para um lado conforme a ocasião e a conjuntura!

A vitória do PS nas eleições europeias podem ter um significado duplamente importante: por um lado, um passo importante para acabar com o governo PSD/CDS em Portugal, por outro lado, pode ser parte de uma nova onda de esquerda e de esperança democrática na União Europeia contra os governo liberais e de direita que têm dominado.

Uma Europa com maioria de governos de esquerda e com uma maioria de esquerda no Parlamento Europeu, é também um passo para se avançar decisivamente para se conseguir no espaço europeu mais políticas sociais e também maior participação democrática dos cidadãos.

Uma Europa construída com participação democrática e social dos cidadãos é uma Europa diferente da que vamos tendo hoje em dia, em que até a Constituição Europeia é consequência de um cozinhado e não resultado da discussão e do trabalho democráticos de uma Constituinte Europeia democraticamente eleita. A Constituição Europeia que nos querem impingir NÃO SERVE porque não é democrática, não resultou da participação democrática dos cidadãos e não foi elaborada por nenhum órgão democraticamente eleito!

Uma Europa mais social e mais democrática é também uma Europa que respeita a vontade dos seus cidadãos e, como tal, não alinha com aventuras belicistas de invasões em nome de lutas anti-terroristas que não combatem terrorismo.

O Partido Socialista não pode estar a meio-gás nesta luta. Não pode reduzir o apelo à mobilização contra a direita somente a pensar nas contas políticas nacionais. É preciso saber concluir sobre o significado dos novos ventos de mudança que chegam de Espanha e de França. Até porque não pode vir a acontecer o que já aconteceu anteriormente: uma Europa com maioria de governos de Partidos Socialistas, Social-Democratas e Trabalhistas que depois não sabe dar seguimento ao anseio democrático de mudança que os elegeu!

segunda-feira, março 22, 2004

ESPANHA ... AGORA FRANÇA! LIÇÕES PARA OS SOCIALISTAS E A ESQUERDA!

A derrota de Aznar começou também quando o PSOE e Zapatero não tiveram medo de abalar as lógicas liberais que continuam a dominar as acções das principais potências mundiais e dos seus dirigentes, como Bush, Blair e Berlusconni.

Ideias e propostas claras deram a vitória ao PSOE e possibilitaram uma concentração importante de votos das esquerdas para a derrota da direita.

Agora em França, o PSF JUNTAMENTE com o PCF e os Verdes conseguiram um importante passo em frente para uma vitória no próximo Domingo, na 2ª volta das Regionais.

Em França, o PSF é um partido onde o debate entre tendências e correntes autonomas, dentro do Partido e não fora em "Clubes", como acontece em Portugal, desenvolve-se com naturalidade, contribuindo para um partido de militantes mais esclarecidos e intervenientes nas grandes questões da sociedade francesa.

Espanha e França, num momento em que o debate sobre as europeias toma forma, são dois bons exemplos para os socialistas portugueses pensarem para agirem.

domingo, março 21, 2004

20 de Março: onde estiveram os socialistas?

Pelo menos no Porto, na concentração e na manifestação que assinalaram o 1º ano da ocupação americana do Iraque não vi nenhum militante do PS.

Como sempre, estiveram presentes pessoas ligadas ao PCP, ao BE, ao ATTAC e a núcleos anarquistas. Estiveram presentes e deram-se a conhecer através de bandeiras partidárias e cartazes diversos. Sinceramente não percebo qual a razão que leva os socialistas a não intervirem activamente nestas iniciativas!?!

O 20 de Março de 2004 até tinha um significado muito especial para os socialistas. A muito recente vitória do PSOE tendo bem presente a oposição à guerra, poderia ajudado a mobilizar com visibilidade os socialistas. Mas não!

Aliás, sou de opinião que a direcção do PS, terá desperdiçado mais uma oportunidade para isolar a coligação de direita PSD/CDS na vespera das eleições europeias. É incompreensível a posição de Ferro Rodrigues e da direcção do PS sobre a presença da GNR no Iraque. Não se percebe porque não exigem a retirada da GNR do Iraque...

Mais uma vez a direcção do Partido Socialista cola todo o Partido a abstractas questões de Estado, as quais só contribuem para a permanencia da direita no Governo.

O Partido Socialista, com as suas próprias posições politicas, não pode estar alheado dos movimentos sociais. À semelhança do que fez a Juventude Socialista em Lisboa, a direcção do PS deveria ter apelado à participação dos militantes e simpatizantes nas manifestações contra a ocupação do Iraque, contra as guerras, pela Paz!

Por toda a Europa, os militantes dos Partidos Socialistas, Trabalhistas e Social-Democratas da Internacional Socialista participaram activamente nas diversas iniciativas que aconteceram no dia 20 de Março.

As manifestações de 20 de Março são também um momento de mobilização para, em Junho nas eleições europeias, os cidadãos europeus darem, com o seu voto, outra cor à Europa: mais social, mais democrática e que trave os desvarios neo-liberais!

sexta-feira, março 19, 2004

20 DE MARÇO: TODOS PELA PAZ, CONTRA AS GUERRAS!!

SERÁ QUE OS SOCIALISTAS NÃO DEVEM PARTICIPAR MASSIVAMENTE AS MANIFESTAÇÕES DE AMANHÃ?

SERÁ QUE AINDA HÁ ALGUMA DÚVIDA SOBRE O MUNDO QUE BUSH & BLAIR QUEREM?

SERÁ QUE A PAZ SE CONSEGUE COM GUERRAS E INVASÕES OU ANTES COM MAIS PARTICIPAÇÃO POPULAR, COM MAIS DEMOCRACIA EM TODOS OS PAÍSES E INTERNACIONALMENTE?

AMANHÃ, 20 DE MARÇO, DIGAMOS NÃO ÀS GUERRAS, NÃO ÀS INVASÕES, NÃO AOS TERRORISMOS! DIGAMOS SIM À DEMOCRACIA, SIM À PAZ!




domingo, março 14, 2004

PSOE : UMA VITÓRIA POPULAR CONTRA A GUERRA E O TERRORISMO!

A vitória do PSOE nas eleições gerais espanholas, realizadas hoje, são um claro ponto de viragem não só em Espanha, mas também, entre os aliados que sustentaram a invasão Bush & Blair do Iraque.

A vitória nacional do PSOE segue-se a uma outra vitória histórica na Catalunha. Na Catalunha e no Estado Espanhol, o PSOE e a esquerda, nomeadamente a Izquierda Unida (IU) e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) podem marcar a viragem com a formação do primeiro governo de unidade de esquerda em Espanha desde o fim do franquismo.

Mas mais importante que o formalismo de um governo plural de esquerda será a capacidade desse governo implementar políticas de mudança que contribuam para se combater eficazmente o terrorismo, para se avançar numa solução que resulte da participação democrática e voluntária de todas as nacionalidades e regiões e, muito importante, que faça do Estado Espanhol um aliado dos povos e não um servente do imperial Bush!

A vitória do PSOE é também motivo de alento para os portugueses. Será possível derrotar Barroso & Portas como foi possível derrotar o seu aliado Aznar!

sexta-feira, março 12, 2004

Ainda o atentado de Madrid: resposta a algumas avestruzes...

O que ontem se passou em Madrid é um acto condenável seja qual for a perspectiva de abordagem.

O terrorismo não é um meio e muito menos um fim. O terrorismo tem contribuido, isso sim, seja qual for o momento histórico em que ocorra, para a limitação das liberdades, sejam as individuais, sejam as sociais, sejam as culturais.

Pode-se dizer que, num certo sentido, o terrorismo é parceiro dos candidatos a ditadores e do regimes que, com referência à democracia, não são carne nem peixe!

Desde que existe o conflito no Médio Oriente, opondo Israel e a Palestina, e não só depois da invasão do Iraque, há uma série de iniciativas da ONU e/ou contempladas no chamada Direito Internacional que têm sucumbido, sistemática e frequentemente, à lei do mais forte, à lei do império que se assume, unilateralmente e contra todos, como uma espécie de gendarme do mundo!

A resposta dos povos ocupados e dos povos oprimidos nem sempre adquire a forma das lutas de libertação nacional que conhecemos, por exemplo, nas ex-colónias portuguesas. Aliás essas lutas começam, muitas vezes, com actos isolados, os quais, consoante o momento histórico, passam de actos heróicos a actos terroristas ou a actos de luta de libertação nacional...

No nossos dias e por força da imposição do discurso do imperial Bush, a perspectiva que é tornada ideologia dominante é aquela que elege a diferença, muitas vezes qualquer que ela seja, como sinónimo de terrorismo. Não esquecendo que, tendo em conta o que se passou no Iraque, a mentira é parte integrante da argumentação dominante.

Bush e os seus aliados, como por exemplo Berlusconni, Aznar e Durão Barroso, não são nos seus países exemplos de garantes das liberdades e dos direitos democráticos. E são estes senhores que serão os garantes de uma luta eficaz contra o terrorismo?

Qualquer um deles não é o responsável pelo terrorismo que já acontece há centenas de anos na humanidade. Mas são, de certeza, um dos principais responsáveis pela passagem do terrorismo localizado em espaços nacionais para um terrorismo à escala planetária. O direito de que se arvoram, mesmo sem mandato das instâncias supra-nacionais em que participam, como a ONU, de invadirem em qualquer parte do planeta, dá como reacção o que temos visto de ataques terroristas também de âmbito planetário.

O terrorismo não é meio nem fim. Nunca foi e não será hoje quando os povos têm meios de comunicação e de afirmação democrática e social como nunca dantes tiveram para afirmarem a sua vontade.

Em relação a todas as formas e expressões de terrorismo é fundamental a intervenção social, a unidade de todos. Fazem mais as manifestações que vimos em Madrid de repúdio pelos atentados que invasões militares, aumento de dispositivos policiais ou restrições às liberdades democráticas.

Prolongar por mais tempo a aplicação das teorias de Bush e dos seus aliados, é contribuir para o aumento da probabilidade de atentados como o que aconteceu em Madrid.

É pena que algumas avestruzes sómente com penugem de esquerda nos rabos que ostentam não vejam um palmo à frente dos olhos ...

quinta-feira, março 11, 2004

MADRID: ATENTADO CONTRA A HUMANIDADE!

Todo o Mundo presenciou hoje através das televisões mais uma imagem do novo Mundo que Bush & Blair prometeram com a invasão do Iraque.

A imagem foi de mais um atentado, de mais um massacre no qual morreram mais de duzentas pessoas. O massacre não foi em nenhuma cidade do Iraque, mas aqui na vizinha Espanha, em Madrid.

Um massacre com proporções nunca dantes vistas numa capital europeia. Se foi a Al-Qaeda ou a ETA ou outro qualquer grupo ... isso, pouco importa.

O que importa é que a chamada "luta anti-terrorista" conseguiu mais um atentado de proporções medonhas...

A seguir, os terroristas vão conseguir que os governos apertem ainda mais o cerco às liberdades, aos direitos sociais ... num caminho em que o medo como motor da política, tudo parece permitir...

A luta contra o terrorismo precisa, antes de mais, da luta contra as políticas que têm contribuido para mais terrorismo, e, pela afirmação de novas políticas que promovam a paz a partir da justiça social e do respeito pela vontade dos povos!

João Pedro Freire

domingo, março 07, 2004

NOVOS RUMOS PARA A REGIÃO:

UMA BOA INICIATIVA DO PS MATOSINHOS COM MOMENTOS DE PREOCUPAÇÃO!

A Comissão Política de Matosinhos (CPC) do PS com o apoio da Federação Distrital do Porto (FDP) realizou no Sábado, 06 do corrente, um debate sobre “Rumos para a Região no Século XXI”. É uma boa iniciativa no quadro de uma série de debates que se encontram planeados. São iniciativas que demonstram que a CP do PS de Matosinhos está mais interessada em debater o concreto do que envolver-se em polémicas que só servem os que têm da política uma visão arrivista e fulanizada...

Manuel Seabra referiu e bem que “Nós preferimos assumir que há problemas por resolver em Matosinhos. Em vez de nos envolvermos em tricas prolongadas, concentramo-nos na discussão das políticas que verdadeiramente interessam ao desenvolvimento do concelho.”

A iniciativa da CPC do PS de Matosinhos levanta contudo, desde logo e para quem assistiu ao debate, uma questão importante: até que ponto uma boa iniciativa pode ter um impacto político positivo hipotecado pelo excesso de tecnicismo/tecnocratismo que domina grande parte das intervenções.

Coloca-se a dúvida sobre a capacidade política dos chamadas “grupos de trabalho” e/ou “Gabinetes de Estudo” que estão por detrás da organização logística destas iniciativas. Não se dúvida da sua capacidade técnica, duvida-se, isso sim, da sua capacidade política. Por exemplo: como se podem discutir “rumos para a região” sem o envolvimento de organizações de trabalhadores (ex.:sindicais) e só com organizações de empresários e empresários individualmente? Como se pode falar em cooperação Norte de Portugal/Galiza só com a presença de um empresário ...castelhano? Será que não seria de convidar o PSG/PSOE ou mesmo o BNG? Será que só os empresários é que podem falar de economia ou de políticas de desenvolvimento??...

O PS como partido politico socialista e de esquerda não pode sistematicamente cair, como tem caído, no distanciamento das suas iniciativas relativamente à intervenção na realidade social ou ao contacto directo permanente com a sua base social de apoio.

Boas iniciativas não podem nem devem servir para mera exibição mediática ou até como mais uma arma de arremesso das eternas guerras fulanizadas que continuam a massacrar e a enfraquecer o Partido Socialista.

Os jornais de Domimgo que se referiam ao debate não perderam a oportunidade para relembrar a guerra na autarquia matosinhense e para descobrir uma nova (?) na Federação do Porto que envolve o seu Presidente Francisco Assis e o Manuel dos Santos. Narciso Miranda, por exemplo, conseguiu marcar pontos já que conseguiu aparecer notícia com o título “Entregar 537 casas até ao final do ano” que relatava uma sua visita ao Bairro da Biquinha!

Acabem com estas guerras que não levam a nada. Deixem a democracia interna e a vontade dos militantes resolver o que burocratas já provaram que não têm capacidade para resolver.

Voltando ao debate organizado pela CPC do PS de Matosinhos.

Ideias importantes merecem ser sublinhas e trabalhadas politicamente no futuro:

• Reintroduzir a necessidade da REGIONALIZAÇÃO como instrumento de desenvolvimento e de maior democratização e participação dos cidadãos na vida política política nacional e local;
• O Partido Socialista deve abrir um debate interno e um debate nacional sobre a Regionalização como forma de explicar o seu projecto e mobilizar os cidadãos, evitando erros crassos que cometeu no passado;
• A Regionalização no quadro europeu não pode passar ao lado da necessidade de reordenamento de novas regiões com claras complementaridades, como é o caso do Norte de Portugal e da Galiza. Ou seja o novo reordenamento é, no quadro da União Europeia, supra-nacional e não só nacional. Esta é também uma forma de se contrair as novas teses sobre a “Ibéria” que alguns patrões resolveram avançar...
• As Juntas Metropolitanas, nomeadamente as de Lisboa e do Porto, devem ser eleitas por sufrágio directo. Esta é também uma forma de envolver a participação dos cidadãos num órgão que deve ser um espaço democrático de ligação política entre os diferentes concelhos.

A intervenção de alguns dos convidados revelou o perfil político de alguns deles. É importante que o PS demonstre abertura e capacidade de diálogo. Mas também aqui há algo que deve ser reorientado.

Não é verdade nem subscrevo que o relançamento económico deva assentar nas empresas e na chamada “economia de mercado” .Ou que se deva ter tanta antipatia como aquela que Oliveira Marques demonstrou relativamente a medidas planificadoras. Como socialista, considero que uma economia assente nas empresas e fora de qualquer planificação é o caminho para continuar a existir e a acontecer o que tem sido relatado em todo o lado: desemprego, deslocalização de empresas, crise, inflação, desinvestimento, especulação, evasão fiscal ...

Numa perspectiva socialista, a planificação democrática da economia é o caminho para se conseguir uma outra perspectiva de desenvolvimento económico. Garantido-se uma participação qualificada e decisória dos próprios trabalhadores. Nada disto tem a ver com perspectivas abstractamente estatizantes ou dirigistas. Não tem também nada a ver com o actual cenário imposto pela globalização liberal-capitalista.

Todos os quadros técnicos juntamente com os trabalhadores devem poder participar e decidir sobre as políticas de desenvolvimento económico e social. Uma realidade estranha ao que se verifica hoje. E que continuará a ser estranha se o Partido Socialista não tiver a coragem de demonstrar que o que defende não tem nada a ver com a direita e os modelos liberais.

João Pedro Freire – Militante nr.3760

quinta-feira, março 04, 2004

RUMOS PARA A REGIÃO NO SÉC XXI

Uma Iniciativa da Comissão Política Concelhia do PS de Matosinhos

Neste Sábado, 06 de Março, a Comissão Política Concelhia do PS de Matosinhos organiza no AUDITÓRIO INFANTE D.HENRIQUE, em Leça da Palmeira (junto aos Bombeiros e à marina), vários debates subordinado ao tema central RUMOS PARA A REGIÃO NO SÉCULO XXI.

Reunindo entidades portuguesas e galegas, com entrada livre, o programa é o seguinte:

10.15 horas: recepção aos participantes;

10.30 horas: Importância das relações Galiza / Norte de Portugal
Intervenções de Elisa Ferreira, Angel Sanchez, Teresa Marques, Freire de Sousa e Horácio Reis

14.30 horas: As infra-estruturas decisivas no futuro da Região Norte.
Intervenções de Braga da Cruz, Oliveira Marques, Rui Moreira e um representante da AEP.

17.00 horas: Encerramento, com intervenções de Manuel Seabra (Presidente da Comissão Política Concelhia do PS) e Francisco Assis (Presidente da Federação Distrital do PS).

Uma oportunidade para se debater o futuro da Região Norte no quadro ibérico e europeu. Um debate que tem de continuar fazendo valer uma perspectiva não tecnocrática, mas antes, social, participativa, regionalista e democrática.