tribuna socialista

sexta-feira, dezembro 30, 2005

2006: AFIRMAR O SOCIALISMO LIBERTÁRIO COMO A ALTERNATIVA AO LIBERALISMO E AOS TOTALITARISMOS!

A exploração, a miséria, as exclusões, o racismo, a guerra, as ocupações, ... , não mudam de ano para ano. Se mudam - e até têm mudado!... - tem sido sempre para se apresentarem com mais sofisticação e com mais dissimulação... Ao ponto de muito gente, auto-rotulada "de esquerda", considerar que essa coisa da "luta de classes" pertence ao passado!!

Vivemos em plena globalização liberal-capitalista ... uma época em que as identidades culturais são espezinhadas, uma época em que só parece existir um único polícia do Mundo, uma época em que as liberdades são objecto de perseguição porque são consideradas prejudiciais à decretada, pela imperial polícia do Mundo, "luta anti-terrorista" mundializada. O novo ano trará, nesta matéria, provavelmente, más notícias...

A globalização liberal-capitalista tem sido e será a afirmação de um novo totalitarismo de dimensão mundial, perante o qual as direitas de sempre, os lobbies financeiros internacionais, mas também as velhas esquerdas (ou novas direitas?...) , se vergam, se adaptam, parecem uma parte dessa imensa engrenagem mundial!

Coexistindo com este novo totalitarismo de dimensão mundial, há também outros totalitarismos velhos que parece quererem conviver com o novo monstro mundial, numa espécie de retorno aos tempos da chamada "guerra fria". Ambos festejam sob os auspícios da liberalização do comércio mundial, i.e. a pilhagem mundialmente instituida sob os auspícios da Organização Mundial do Comércio ou/e de qualquer outra organização similiar existente ou a (re)criar!

No entanto, do lado de lá dos que dominam toda a engrenagem mundialmente dominante, há um enorme movimento de jovens, de trabalhadores, de mulheres, de pessoas de todos os dias, que não hesitam em dizer NÃO à (des)ordem imposta! É uma enorme esperança que está aí!

Uma esperança para mais um ano que começa! Uma esperança que tem de saber afirmar-se no sentido do cartaz do POUM de Andreu Nin, dos tempos da revolução espanhola, O SOCIALISMO É A LIBERTAÇÃO!

2006: MAIS ESPERANÇA NA AFIRMAÇÃO DO SOCIALISMO COMO ALTERNATIVA AO LIBERALISMO E AOS TOTALITARISMOS!!
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quarta-feira, dezembro 28, 2005

As Presidenciais dos Pequeninos

Nuno Pacheco é jornalista do Público e assina o Editorial da edição de hoje com o título que se usa para esta posta.

Nuno Pacheco é jornalista num diário de referência deste País. Apesar disso, produziu um texto que é pequeno quanto à qualidade do seu conteúdo. Um texto que é um hino à democracia formal que vamos tendo e um insulto a qualquer tentativa de criar intervenção democrática directa, cidadã e anónima.

Para Nuno Pacheco parece que só quem é mediático e político com carreira nesta democracia formal e parlamentarizada, é que se pode candidatar a presidente da Républica. Todos os outros, isto é, os que nunca tiveram funções nas tais instituições democráticas e/ou não são conhecidos via media, esses não passam de cidadãos que "usam, como podem, e como a lei lhes permite, o seu minúsculo grão de imaginária glória a dizer ora vulgaridades, ora coisas de bradar aos ceús e incongruências de que nem vale a pena falar".

Nuno Pacheco usa a influência do Público para acentuar o formalismo crescente da democracia em Portugal. Dir-se-ia que naquela cabeça só é permitido haver iniciativa democrática e cidadã da parte dos tais políticos com profissão nas instituições democráticas.

O aparecimento de candidaturas independentes, pequenas ou grandes, fora dos aparelhos partidários, fora do quadro de instituições hiper-partidarizadas e parlamentarizadas seria um sinal de existência de uma democracia plena. Mas, no nosso caso, é um sinal de que algo vai mal numa democracia crescentemente afunilada e com muito pouco já do que recebeu nos tempos distantes de Abril de 1974.

À democracia portuguesa falta iniciativa directa dos cidadãos, faltam espaços de auto-organização, acções espontaneas! Falta vontade individual e colectiva que não passe a vida a ser controlada, filtrada ou condicionada ... por instituições esclerosadas e/ou por peões ao serviço dos media-parte-de-grupos-económico-financeiros estabelecidos! Posted by Picasa

sábado, dezembro 24, 2005

N A T A L ?? ...

É habitual ... todos os anos por esta altura, parece que o Mundo ocidental se transforma! Mas afinal, é tudo TEATRO!

Porque a violência de todas as matizes continuará a existir ... depois da voragem consumista!

O Natal só em Dezembro é mero teatro ... os protagonistas principais são os que se esquecem do Natal durante a realidade do dia-a-dia anual!

Hoje ou então por estes dias, mais umas centenas ficaram, neste País, sem emprego ou a saber que, mais dia menos dia, ficarão sem ele! ... Mas agora é Natal! ...

Enquanto se compram prendas, noutras paragens continuam as ocupações militares, continuam os cenários e as realidades de guerra, continua-se a morrer ... mas isso não é aqui, é lá longe! ... Aqui é Natal! ...

Outras violências, inúmeras violências, umas silenciosas outras ruidosas continuarão a ser tratadas como meras notícias, como partes de alguma estatística que impressiona ... mas, agora, é Natal!...

Este Natal que se comemora ano após ano, é o palco de um teatro medonho ... Até porque os que se reinvidicam do espírito natalício são os mesmos que não fazem nada para mudar o que quer que seja ... certamente à espera de alguma (outra) vida eterna !!! ... Posted by Picasa

terça-feira, dezembro 20, 2005

SOARES vs CAVACO: AJUSTE DE CONTAS DE UMA COABITAÇÃO ANTIGA?

O último debate televisivo da pré-campanha, entre Mário Soares e Cavaco Silva, foi uma espécie de ajuste de contas entre uma coabitação de outros tempos entre o então ex-Presidente e o então ex-Primeiro Ministro.

Em 2006 será que seria possível reeditar o modelo presidencial de Mário Soares ou então importar para a Presidência da Republica o modelo de primeiro-ministro de Cavaco Silva?

Mário Soares e Cavaco Silva apesar das inegáveis e evidentes diferenças políticas, acabam por representar um mesmo modelo económico e político. Com maiores ou menores nuances, ambos convergem numa visão de defesa da chamada "economia de mercado"e do correspondente modelo político de afunilamento da democracia. Mário Soares será um "bom" presidente a explicar aos portugueses as políticas liberais de Sócrates. Cavaco Silva será um "bom" presidente a acentuar e a reforçar as políticas liberais de Sócrates. Mário Soares explica, Cavaco Silva exigirá mais produção executiva!

Mas será que um Presidente da Republica não pode influenciar um movimento de opinão, um movimento cidadão, um movimento social com determinado sentido político? Será que a eleição de um Presidente não pode por em causa um governo em funções? Será que também não pode influenciar alterações constitucionais profundas? Será que um Presidente eleito por sufrágio directo e universal tem de se ficar por declarações formais de respeito por normais constitucionais?

As respostas ás questões colocadas podem ter respostas de direita e respostas de esquerda. Podem influenciar um Presidente bonaparte, como podem influenciar um Presidente que incentive novas formas de intervenção democrática e cívica.

Por isto é que é dramático que a esquerda persista, entre si, em guerras parlamentares que não levam a nada nem à tão propalada mobilização dos "diversos" eleitorados das esquerdas. Tudo isto, enquanto a direita - os partidos, os políticos, os patrões, os lobbies dos mais variados interesses e domínios - se apresenta atrás de um único candidato!

domingo, dezembro 18, 2005

PRÉ-CAMPANHA DESINTERESSANTE E NÃO MOBILIZADORA...

Neste espaço a intervenção sobre a pré-campanha para as presidenciais tem sido muito reduzida. Na proporção directa da qualidade e do interesse de debates mais voltados para a contabilização de votos e nada para o esclarecimento das diferenças políticas e/ou para o vincar de alternativas.

Os candidatos ou discutem acções que nunca desenvolverão ou demonstram que, afinal, um Presidente só se pode remeter a "moderações" ou ao abstracto "garante do bom funcionamento das instituições democráticas".

Diriamos que as alas direita e esquerda desta democracia crescentemente formal, parlamentarizada e inimiga da participação directa dos cidadãos e dos trabalhadores, acabam sempre por convergir em dinâmicas que confirmam a impossibilidade de qualquer um poder manifestar, individual ou colectivamente, a sua vontade ou exercer a sua acção cívica e política.

Todos os candidatos parecem ter algum receio de criticar a crescente parlamentarização/partidarização da acção política em Portugal. Todos se afirmam com candidaturas "acima" ou "ao lado" dos partidos, com candidaturas "nacionais". Mas no momento de sugerirem alternativas para além dos partidos, todos, sem excepção, fazem vénias e mais vénias ao actual sistema partidário. O mesmo sistema que afunila e condiciona a participação social, cívica e cidadã.

Uma eleição presidencial pode potenciar o aparecimento de movimentos de intervenção política, social e cívica, para além dos partidos ou até alternativo aos partidos. A critica ao actual sistema partidário não pode ser confundido com crítica anti-democrática. O sistema democrático português surgido com o 25 de Abril de 1974, não se reduz aos partidos. Para além dos partidos, apareceram outras formas de intervenção directa, de organização popular, de auto-organização dos trabalhadores, de associativismo estudantil e juvenil, que o sistema partidário tem abafado e anulado, com a ajuda objectiva de todos aqueles que fazem hoje, da direita à esquerda, um autentico culto do parlamentarismo e da partidocracia.

Neste espaço, tivemos alguma esperança no efeito social e politicamente transversal da candidatura de Manuel Alegre. No entanto, Manuel Alegre tem dado sinais preocupantes de se ficar pela mera retórica quando declara que nada fará no futuro - no PS, no Parlamento, na intervenção cívica - se não for eleito Presidente. Manuel Alegre defrauda assim, as expectativas dos que o apoiam, tal como já o fez em relação ao movimento dos militantes socialistas que o tinham apoiado para secretário-geral do PS.

Mário Soares revela-se como candidato presidencial uma autentica contradição em relação ao Mário Soares interveniente no Fórum Social Mundial. É um Mário Soares preso a um Governo com políticas neo-liberais mais próximas de Cavaco Silva e dos partidários derrotados do "sim" à Constituição europeia , do que do programa que deu a maioria absoluta ao PS em Fevereiro deste ano! É um candidato que se afirmou, desde o ínicio, com a estranha missão de "explicar ao povo português" as medidas do actual governo contra a crise!!...

Como é que um candidato como este Mário Soares pode unir a pluralidade das esquerdas?

Jerónimo Sousa e Francisco Louçã são excessivamente candidatos "de partido", presos a uma disputa parlamentar no seio da esquerda portuguesa. Candidaturas assim que contributo objectivo podem ter para uma outra cultura de relacionamento entre as diversas correntes da esquerda em Portugal?

Cavaco Silva revela-se portador de uma pobreza tal de ideias e de projectos que acaba por ser incompreensível como consegue, neste momento, tão elevado score nas sondagens. Embora as sondagens se revelem mais "trabalhos à medida" do que própriamente estudos sérios de medição da opinião dos eleitores!

Cavaco Silva é uma espécie de candidato a Presidente para qualquer governo, sendo certo que, uma vez eleito, será um Presidente com o mesmo projecto que defendeu quando foi primeiro-ministro. Para já, fala pouco, exprime poucas opiniões ... tudo isso, fará como Presidente!

Nestas eleições presidenciais, o objectivo, numa perspectiva de esquerda, não deveria ser só a derrota de Cavaco Silva. Deveria ser também a eleição de alguém que, com um projecto claro e com ideias claras relativamente à mobilização social, política e cívica dos cidadãos e dos trabalhadores, significasse um sinal que obrigasse o actual governo de Sócrates a rever as suas prioridades em matéria de políticas económicas e sociais.

Derrotar Cavaco e eleger alguém que não questionará objectivamente a orientação neo-liberal do governo, é o mesmo que não derrotar Cavaco!

Um Presidente não é, óbviamente, mais um primeiro-ministro. Mas a eleição de um Presidente é um momento culminante na mobilização de cidadãs e de cidadãos com determinada vontade política e cívica.

Para já, a pré-campanha presidencial tem sido desinteressante e não mobilizadora!

quinta-feira, dezembro 08, 2005

MANUEL ALEGRE: ASSIM NÃO!...

Será que Manuel Alegre quer, a todo o custo, passar à 2ª volta? Nem que, para isso, tenha de piscar o olho à direita?

No portal da candidatura de Manuel Alegre, intitulado frase do dia, o candidato presidencial admite, caso fosse eleito, que pediria conselhos sobre finanças a Cavaco Silva!... Como se as crises nas finanças públicas tivessem um único remédio. Como se, da direita à esquerda, dos liberais aos socialistas, a receita fosse sempre a mesma!

Manuel Alegre parece que só tem discurso socialista e de esquerda, quando faz declarações do cimo de uma tribuna. Quando está em confronto directo com os seus adversários políticos, parece que fica mais preocupado em descobrir consensos em vez de afirmar a sua diferença política e afirmar-se como alternativa.

Outro aspecto preocupante é afirmar que, caso não seja eleito, quando voltar ao estatuto de militante do PS e de deputado, não será oposição ou não desenvolverá nenhuma acção que o diferencie da direcção do seu partido. Sendo assim, parece que a intervenção nas presidenciais se resume a uma espécie de participação num jogo sem quaisquer consequências políticas.

É mau que assim seja! Até porque os militantes do PS não esquecem que Manuel Alegre, a seguir ao último Congresso socialista e depois de ter prometido organização interna dos que o apoiaram, nada fez! Nada organizou, e, inclusivamente, assistiu-se ao espectáculo de ver os seus mais mediáticos apoiantes a aceitarem lugares governamentais ou outros políticamente demonstrativos que, afinal, não havia qualquer corrente no PS, alternativa à direcção liberal de Sócrates.

A candidatura de Manuel Alegre afirmou-se como uma candidatura transversal à esquerda. Sem aparelhos partidários, essa transversalidade seria um trampolim importante para a afirmação de um projecto unitário à esquerda saído da vontade de cidadãs e cidadãos, de militantes e de eleitores que querem aprofundar a democracia numa perspectiva claramente diferenciadora do liberalismo e da direita.

Mas a realidade da acção concreta do candidato Manuel Alegre, demonstra que a transversalidade tem estado a ser aproveitada no sentido oposto, ou seja, da abstracção, da não afirmação de uma alternativa!

Manuel Alegre: assim não!