tribuna socialista

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

A PROPÓSITO DOS DOZE ANOS DO BLOCO DE ESQUERDA ...

Retenham sempre, nunca esqueçam, reforcem sempre essa ideia de um partido que também é movimento e que teve, tem e deveria sempre ter a ousadia de correr por fora ... trazer os movimentos sociais, as lutas sociais, o sentir das pessoas, que são trabalhadores, desempregados, precários, para a agenda que é preciso recuperar: a vontade popular não se esgota, nem é o parlamento, nem os partidos que lá estão!
Relembrem também que o Bloco de Esquerda concretizou como possível a convergência entre percursos diferentes à esquerda. Correntes, partidos, activistas convergiram na base de uma democracia interna que funcionou como motor de unidade. Essa democracia interna, doze anos depois, precisa de ser revigorada com o reconhecimento de novas pluralidades, de mais minorias, de mais correntes identificadas com tendências organizadas, … , afinal não é uma maioria, por mais avassaladora que seja, que é o fundamento do exercício da democracia interna!



O partido-movimento que é o Bloco de Esquerda é plural porque plural é o movimento social. Porque no curso das lutas sociais essa pluralidade consegue convergências decisivas. A pluralidade do Bloco de Esquerda é também o espelho das discussões necessárias, importantes e decisivas para um socialismo como alternativa de democracia, de liberdades e de exercício do poder por uma maioria social capaz de introduzir justiça e equidade nas políticas. Na discussão por uma alternativa ao capitalismo, a pluralidade acrescenta, não diminui, não subtrai!

O tempo que vivemos não é para “vanguardas”. É um tempo em que as respostas sociais e populares ao capitalismo e às injustiças precisam de novas formas de organização, a partir da iniciativa espontânea dos movimentos e das lutas sociais. A espontaneidade é sinónimo de combatividade acrescida, é sinónimo de transversalidades para convergências que ficam! O Bloco de Esquerda, como partido-movimento pode compreender e intervir nos movimentos sociais muito melhor, na quantidade e na qualidade.



Doze anos depois, o Bloco de Esquerda deve enfrentar um desafio decisivo: ter ambição de contribuir de uma forma decisiva para a definição e criação de uma alternativa de poder com sentido democrático, socialista e anti-capitalista. Uma alternativa política para uma maioria social que quer ter protagonismo na definição e execução de novos programas para novas políticas. Como força política e social da esquerda socialista, o Bloco de Esquerda pode e deve criar espaços de discussão para a afirmação dessa alternativa de governo. Uma alternativa que exige capacidade de convergências sociais e políticas em toda a área das esquerdas, mas também conseguindo agregar vontades provenientes de áreas mais à direita, como consequência da presente crise capitalista.



12 anos depois, o Bloco de Esquerda tem ainda um longo caminho a percorrer na busca de novas pluralidades convergentes num socialismo alternativo a todas as formas de totalitarismo e a todas as formas de dominação capitalista!

João Pedro Freire

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

MANIFESTO: EM CADA ROSTO IGUALDADE ! (*)


Vivemos num mundo doente!

Doente, um mundo que circula indiferente perante Seres Humanos que vivem no chão da rua e comem de uma sopa nada mais que caridosa.

Doente, um mundo que assume como lei natural meia dúzia possuírem algarismos virtuais que os torna bem alimentados, bem vestidos, bem vividos, perante milhões de outros que, sem algarismos virtuais, sobrevivem de uma fome bem real.

Doente, um mundo em que a propriedade do Ter, roubou a dignidade de Ser.
Doente, um mundo que ajuíza o que cada um é pelo que cada qual possui, assim pretendendo fazer crer que entre seres iguais um possa ser mais e outro menos.

Não!
Não chegamos ao fim da História!
Porque o sabemos reclamamos um outro mundo!

Nós ousamos contrariar as regras com que nos tentam ajoelhar todos os dias.
Nós queremos construir um Mundo mais são, justo e digno para todos os seres.
Nós assumimos que o que nos estrutura enquanto Seres Humanos é a forma como vemos o outro.
E em cada rosto desconhecido, triste ou feliz, rude ou amável, amargo ou gentil vemos um Ser Humano Igual.



O Mundo que queremos é outro!
O que queremos é um Mundo de gente igual por dentro e gente igual por fora!
O Mundo que queremos é a Terra da Fraternidade - sentida, vivida e contada por José Afonso.
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade

(*) Associação José Afonso

domingo, fevereiro 20, 2011

LOUÇÃ, KAFKA E A MOÇÃO ... uma resposta aberta a Mário Leston-Bandeira!

Caro Mário Leston-Bandeira,
(a propósito de “Louçã, Kafka e a Moção”, no seu blogue “A Bela Moleira”)


Mário Leston-Bandeira

Não concordo com o seu texto ...

Como é sabido, sou militante do BE e no BE tenho mantido posições criticas relativamente à maioria que tem dirigido o Bloco.
Essas posições críticas levaram-me, durante duas Convenções Nacionais, a integrar uma das correntes minoritárias, a Esquerda Nova. Neste momento, não integro nenhuma corrente interna ou qualquer Associação Política. Sou militante de base, só!
Sou militante do BE, o que quer dizer que, por isso, também sou solidário, para o bem e para o mal, com as acções do meu partido-movimento. Isso não quer dizer que não afirme sempre a minha opinião, mesmo que ela esteja em dissonância com a maioria ...



Também já tive oportunidade de estar com o Mário Leston-Bandeira, em discussões colectivas, não enquadradas partidariamente, mas que considero úteis e imprescindíveis ao espaço das esquerdas em Portugal. Não me arrependo e estarei sempre disponível para repetir...

Mas o texto do Mário Leston-Bandeira é, todo ele, orientado de uma forma crítica ao Bloco e com críticas que passaram a ser banais e comuns às que a direita e os seus comentadores de serviço também fazem...
Não, caro Mário Leston-Bandeira, o Bloco não é só o partido das ideias fracturantes. Além do mais é injusta essa crítica. O Bloco tem dado contribuições, nomeadamente na Assembleia da Republica, em muitas outras áreas da sociedade portuguesa. Nomeadamente na área da educação, do ambiente, da agricultura, das finanças, da saúde, ...

Nas presidenciais não apoiei nenhum candidato, nomeadamente Manuel Alegre. Bati-me contra Cavaco Silva, por uma 2ª volta, depois de ter apelado a uma candidatura unitária das esquerdas com um sentido democrático, socialista e anti-capitalista. Critiquei a posição da direcção política do Bloco de Esquerda. Mas, mesmo discordando profundamente dessa posição, ela representa a visão da direcção política do BE sobre os caminhos para a recomposição das esquerdas em Portugal, nomeadamente do espaço da esquerda socialista.

Pela minha parte, defendo também, até como consequência da actual crise, a reorganização/recomposição das esquerdas em Portugal. É minha opinião, que as consequências sociais da crise, terão reflexos determinantes no espectro político. É bem possível que a crise económica do capitalismo, crie novas correntes na crítica anti-capitalista e novas formas de organização do descontentamento social e político. Não sei se o actual quadro partidário conseguirá sobreviver às consequências da actual crise … Como activista estou atento e, por isso, não fico embalado com o discurso conjuntural, venha ele de onde vier …
Estou convicto que essa reorganização das esquerdas teve já, aqui há doze anos atrás, uma consequência política que foi a fundação do Bloco de Esquerda. Não vejo o aparecimento do Bloco, como algo nebuloso que tenha resultado da aliança, considerada “tenebrosa”, entre trotsquistas, estalinistas e desiludidos do PCP. O que eu tenho visto, é uma convergência muito interessante e saudável, entre correntes, que depois de caminhos divergentes, souberam, com base numa auto-critica profunda sobre os seus percursos anteriores, iniciar um processo de convergência inovador, mantendo, como base comum, uma matriz democrática, socialista e anti-capitalista.

É claro que nem tudo correu ou corre bem (e daí, algumas das críticas que tenho desenvolvido em matéria de democracia interna), mas o caminho que foi iniciado é marcante, inovador e continua actual.



Lembra-se DESTE P.S. ?
 Pessoalmente, o meu caminho foi iniciado no PS e na JS, onde procurei sempre manter um pólo de afirmação marxista. A minha chegada ao Bloco de Esquerda, logo na sua fundação, é também a busca de caminhos de convergência no reconhecimento da pluralidade que as esquerdas sempre tiveram, mas que nem sempre foi reconhecido por algumas das suas correntes.

Quando participei com o Mário Leston-Bandeira numa discussão sobre as Presidenciais, também foi no reconhecimento de que os caminhos da reorganização das esquerdas não têm só um sentido.

Muito frontalmente, caro Leston-Bandeira, qual tem sido, até ao momento, o contributo do Movimento “Nova Esquerda”, que, penso, ainda o integra, para a reorganização das esquerdas em Portugal e outras áreas de intervenção?

O Bloco de Esquerda surgiu também com o propósito de “correr por fora” em relação ao que faziam os partidos com assento parlamentar. Houve e continua a haver, no Bloco, uma preocupação de se tentar interligar os assuntos parlamentares com aquilo que é o sentir dos movimentos e das lutas sociais. E sempre que se sente uma quebra, um relaxe nessa vital interligação, há quem eleve a voz entre os bloquistas.
A reorganização das esquerdas não é algo decidido com régua e esquadro. Também não é determinado pelo que as direcções partidárias queiram. É determinado, isso sim, pelos movimentos sociais, pelas lutas sociais e pela expressão que a luta de classes vai adquirindo.

É minha opinião que a acção precede a organização e que a acção também condiciona a(s) organização(ões) existentes …
Qualquer corrente que queira intervir nessa reorganização não pode assumir-se, à la carte lenino-estalinista, como “a vanguarda” do quer que seja ou então como a encarnação de uma reorganização que ainda poderá vir a acontecer …

A actual crise económica ainda está no seu inicio quanto às consequências que terá no espectro político actual. E essas consequências resultarão sobretudo por via das lutas sociais e dos movimentos sociais. Nunca por causa do que se vai passando em matéria das ditas “agendas parlamentares” …

A Moção de Censura do Bloco de Esquerda faz todo o sentido, por aquilo que acabei de escrever … A contestação social que se sente na sociedade portuguesa não está directamente representada na Assembleia da República. Como que existe um filtro ao sentir social determinado pelas ditas “agendas parlamentares” … a imagem mais caricata é dada pelos partidos da direita parlamentar – PSD e CDS – que passam do discurso em que quase que “matam” Sócrates, para num esfregar de olhos, estarem-no cinicamente a apoiar na manutenção do governo … que afinal até tem políticas previamente negociadas entre PS e PSD!…



A Moção de Censura do Bloco de Esquerda mostrou quem, na Assembleia da Republica, apoia o Governo de Sócrates e quem é a sua oposição. E essa clarificação será importantíssima para quem se for manifestar no dia 12 de Março em nome da “geração à rasca”, para os Professores que também voltarão às ruas e para os que responderem ao apelo da CGTP para o dia 19 de Março.

Esta interligação entre a acção parlamentar e o que se faz no plano social, também contribui para a reorganização da política e do espectro político. Significa também que é absolutamente vital que o exercício da democracia não se esgote no seu afunilamento, por via só do representativismo, mas que seja refrescado pela prática da democracia participativa e directa.

Caro Mário Leston-Bandeira, não concordo portanto que a apresentação da Moção de Censura do Bloco de Esquerda seja um “jogo palaciano”. Um jogo desse tipo, seria condicionar a apresentação da Moção à negociação prévia com as direcções parlamentares, ignorando-se o sentir social …



Também sigo com muita atenção os ventos revolucionários que acontecem, em dominó, nos países árabes. Até me dei ao trabalho de apelar a uma concentração no Porto. Que se realizou com boa participação!
O exemplo da revolução árabe merece ser acompanhado e devidamente estudado. Nomeadamente quanto aos ensinamentos em matéria de espontaneidade social e de novas formas de organização. Mas também porque o que se passa na Tunísia, no Egipto, no Iemen, no Bahrein … não é só a luta pelas liberdades, é também e sobretudo a luta por justiça social contra um sistema, que é o capitalista, que, também nessas paragens, invade as sociedades com precariedade, com desemprego, com salários de miséria e com “democracias” de fachada …

Caro Mário Leston-Bandeira,
Mesmo discordando do que escreveu, agradeço a oportunidade para manifestar a minha opinião a propósito dessa discordância.
Aproveito para sugerir a organização de uma discussão colectiva sobre estes temas, envolvendo outras opiniões e outras vontades.
Saudações fraternas,
João Pedro Freire

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

AINDA A MOÇÃO DE CENSURA !

Para que fique claro, eu defendo a Moção de Censura ao governo Sócrates.



Defendo a Moção de Censura anunciada pelo Bloco de Esquerda, como defenderia qualquer Moção de Censura, no pressuposto que o seu objectivo é devolver a palavra democrática aos Portugueses para a escolha de um novo governo.

A exigência de uma Moção de Censura não advém de jogos de aritmética parlamentar. A sua exigência advém dos inumeros dados objectivos sobre a crise e sobre a vida das pessoas que vão sendo diáriamente divulgados: desemprego, precariedade, cortes nos salários, cortes nas prestações sociais ...

E há factos incontornáveis que reforçam a exigência de uma Moção de Censura: a vida das pessoas não espera pela autorização dos comentadores de serviço para a sua apresentação, a deterioração da vida das pessoas não está dependente do resultado de sondagens à espera que deem luz verde para o governo mais desejado ...

As jogadas parlamentares dos que passam a vida a dizer que são oposição, para depois não o serem quando há oportunidades para isso, contribuem decisivamente para a desacreditação de todo o acto político.

Uma Moção de Censura também não se orienta pela disposição dos chamados mercados. Tal como os mercados também se estão borrfando para os resultados eleitorais, quaisquer que eles sejam ... veja-se como reajiram à eleições presidenciais!

Eu defendo a Moção de Censura do Bloco de Esquerda, como defenderia qualquer outra Moção de Censura que queira devolver a palavra democrática aos portugueses.



Há, no entanto, outras questões a outro nível, a propósito da Moção de Censura do Bloco de Esquerda:

■continua a ser confrangedor a falta de diálogo entre os partidos da esquerda parlamentar;
■a direcção política do Bloco, com o seu "Líder" à cabeça, parece que ignoraram as movimentações sociais que ocorrerão em Março, uma promovida pela CGTP, outra promovida pelos professores e outra pela chamada "geração à rasca";
■a direcção política do Bloco, com o seu Líder à cabeça, voltaram a ignorar a realidade plural interna do BE, não promoveram um debate prévio com todos os aderentes ... tudo como já tinha acontecido com as Presidenciais, com os resultados que se conhecem.
■o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda revelou uma completa azelhice política, anunciando uma Moção de Censura com pressupostos que nunca possibilitariam a obtenção de um consenso parlamentar para a sua aprovação ...

NOTA FINAL: mais uma vez, declaro que escrevo este comentário como militante do Bloco de Esquerda. E faço-o, porque os assuntos que interessam à esquerda não se confinam a espartilhos partidários. Mas também porque, se os dirigentes do Bloco falam à imprensa enquanto tal, porque é que um militante de bas também não o poderá fazer? E mais, o que não é menos importante, há uma liberdade e uma democracia internas que o Bloco adoptou, desde a sua fundação, e que devem ser defendidas com a sua aplicação em casos concretos ...


João Pedro Freire
(militante do Bloco de Esquerda)

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela.


Sábado, 12 de Março às 15:00
em Avenida da Liberdade - Lisboa

PROTESTO APARTIDÁRIO, LAICO E PACÍFICO.

Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escra...vos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.

Protestamos: - Pelo direito ao emprego! Pelo direito à educação! - Pela melhoria das condições de trabalho e o fim da precariedade! - Pelo reconhecimento das qualificações, competência e experiência, espelhado em salários e contratos dignos! Porque não queremos ser todos obrigados a emigrar, arrastando o país para uma maior crise económica e social!

Manifesto
Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.

Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país.
Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados.
Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.
Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza - políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.

Caso contrário: a) Defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar. b) Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação. c) Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida.

Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico. Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. Acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal. Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam.

Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela.

http://geracaoenrascada.wordpress.com/

geracaoarasca@gmail.com

Indicadores Sociais de 2009 do INE: https://docs.google.com/document/d/1YGZgX3vJBGkoa8iEwOmsiLF66Ts_dhKcGdkv5Yzb6R0/edit?hl=pt_PT&authkey=COum4KwH#

RAZÕES OBJECTIVAS PARA SE CENSURAR O GOVERNO SÓCRATES ...


MAIS DE 600.000 PORTUGUESES ESTÃO NO DESEMPREGO ... SÃO OS NÚMEROS OFICIAIS. PORQUE OS REAIS, JÁ SABEMOS QUE VÃOPOR AÍ A CIMA ...
MAIS DE 600.000 RAZÕES OBJECTIVAS, PARA CENSURAR O GOVERNO SÓCRATES!...

Aos mercados, ao governo, aos partidos que passam a vida a falar em oposição mas depois são incapazes de a praticar, ... , a toda esta tralha, estes números parece que não dizerm nada ...

terça-feira, fevereiro 15, 2011

A nossa solidariedade para com os trabalhadores imigrantes em greve da fome na Grécia é incondicional!

TRIBUNA SOCIALISTA associa-se a este movimento de solidariedade internacional!



A imigração não é um crime, nem um problema. É a política da União Europeia, que é criminosa e altamente problemática. O Pacto Europeu sobre Imigração e Asilo de 2008- essa política desumana que os persegue há anos- foi agora reforçado numa versão mais agressiva do que nunca.. Embora as medidas necessárias em matéria de asilo e de imigração sejam mencionadas o objetivo principal é o reforço das fronteiras,a exclusão e a expulsão.



É uma declaração de guerra contra os imigrantes. uma proibição explícita da legalização dos imigrantes em geral.
Desde 25 Janeiro 2011 são 300 os imigrantes na Grécia em greve de fome, para exigir a sua legalização
A privação de direitos de pessoas por causa de sua origem não acontecerá apenas na Grécia, mas em toda a Europa.

A solidariedade para com a sua luta passa por uma oposição concreta ao reforço de fronteiras e à exclusão dos imigrantes, tal como praticada na Europa.
Os imigrantes em greve da fome na Grécia decidiram lutar pelos seus direitos. E com toda a razão! Num clima de repressão brutal em que aumentam as polémicas anti-imigrantes,em que as perseguições são já visíveis por todo o lado, os mortos e feridos por xenofobia começam a ser perigosamente banais, temos de agir!



Não só na Grécia, mas em toda a Europa e em todo o lado, temos de lutar por direitos iguais para todos.
A nossa solidariedade para com os trabalhadores imigrantes em greve da fome na Grécia é incondicional.
Legalização já! Igualdade de direitos já! Abolição das fronteiras!
Iniciativa Anarquista em Portugal de solidariedade com a luta dos imigrantes em greve da fome na Grécia

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

M A N I F E S T O : A minha geração está à rasca !

Manif no Sábado, 12 de Março às 15:00 na Avenida da Liberdade, em Lisboa

Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.



Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país. Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados. Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.



Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza - políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.



Caso contrário:

a) Defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar.

b) Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação.

c) Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida. Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico.



Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. Acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal.

Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela."



sábado, fevereiro 12, 2011

ESTE FOI O HOMEM QUE A DIRECÇÃO POLITICA DO BLOCO APOIOU ... A MOÇÃO DE CENSURA ANUNCIADA TAMBÉM CLARIFICA, AQUI!

Manuel Alegre declarou ao Expresso:
"Tenho dificuldade em compreender o sentido político desta moção. (...) O país precisa de estabilidade"

E diz mais:
"Não quero acreditar que um partido de esquerda, por muito grandes que sejam as suas divergências, esteja interessado em substituir este Governo por um de direita"



"Estabilidade" e "esquerda" para Manuel Alegre não passam de figuras de estilo, abstractas e alheadas da realidade concreta.

A estabilidade de que Manuel Alegre fala, é a mesma de que falam os dirigentes dos partidos do centrão - PS, PSD/CDS - e só tem servido para políticas que acentuam a deterioração de vida das pessoas.

Esquerda para Manuel Alegre, parece que não tem nada a ver com um acção de mudança, de intervenção para mudar e, muito menos, para querer acabar com o sistema capitalista predador. Esquerda para Manuel Alegre parece ser o lado de um jogo, neste caso, o parlamentar. Só isso, mais nada!

Manuel Alegre, à semelhança dos partidos do centrão e dos comentadores de serviço, parece não entender para que servem eleições democráticas e a apresentação de uma Moção de Censura.

A apresentação de uma Moção de Censura, numa perspectiva de esquerda, não decorre de aritméticas parlamentares, de calculismos partidários, nem de suposições futuristas. A exigência de uma Moção de Censura, numa perspectiva de esquerda, decorre da objectividade da permanente deterioração das condições de vida dos trabalhadoes e da inexistência de condições políticas num dado quadro parlamentar para responder, com políticas adequadas, a essa deterioração. Uma Moção de Censura, uma vez aprovada, terá como consequência a realização de eleições. As eleições são sempre uma resposta democrática (seja qual for a sua expressão) e é o seu resultado que determina qual o governo que será constituido.

A apresentação de uma Moção de Censura pelo Bloco de Esquerda, não significa que se estejam a abrir "as portas à direita", só porque as sondagens apontam para isso. Sondagem é diferente de eleições! É simples mas, às vezes, é preciso lembrar ...

É preciso lembrar precisamente áqueles que se dizendo-se de "esquerda" só se ficam pelos jogos parlamentares e esquecem que as respostas democráticas também passam pela intervenção directa das pessoas. Manifestações, greves, desobediência civil, ... , são expressões democráticas de intervenção e de afirmação, tão legitimas como as eleições. Quem não percebe nada disto é que depois enche a boca com apelos abstractos à "estabilidade", acabando por abrir as portas à legitimação de políticas que nunca foram, não são, nem nunca serão sufragadas.




Nestes dias do movimento revolucionário espontâneo, popular e laico nos países árabes, faz todo o sentido lembrar que Ben Ali (na Tunísia) e Mubarak (no Egipto) também encheram a boca de apelos à "estabilidade" até ao dia em que foram apeados. Mais uma vez, essa "estabilidade" só servia para acentuar a deterioração das condições de vida das pessoas ... e as pessoas fartaram-se. Exigiram ter a palavra, exigiram que a sua vida fosse definida com a sua intervenção directa!

Manuel Alegre repete no pós-eleições presidenciais, o mesmo sentido de intervenção que teve durante a última campanha eleitoral: claramente pró-governo PS, abstracto na expressão do que entende ser "de esquerda" ...

Tendo apoiado Manuel Alegre, a direcção política do Bloco de Esquerda pode também agora constatar porque razão dividiu, como nunca, os militantes do Bloco de Esquerda. Nunca Manuel Alegre, com os mais do que evidentes compromissos e ligações que possui, poderia unir os bloquistas, quanto mais as esquerdas. A aparente defesa do "Estado Social" e dos "serviços públicos" por parte de Alegre, podemos agora voltar a constatar que é mera retórica, é abstracção e, ainda por cima, fica sempre condicionado a esse conceito pantanoso de "estabilidade".



A Moção de Censura que Francisco Louçã anunciou, depois de uma primeira hesitação, de muito calculismo e algum sectarismo face ao PCP, serve também para clarificar a trapalhada que foi o apoio da direcção política bloquista à candidatura de Manuel Alegre. Como também serve para voltar a demonstrar que, infelizmente, no Bloco de Esquerda, sobre decisões políticas importantes, primeiro fala o "líder", depois a direcção política e, só se houver tempo e interesse (para a direcção política!), é que os militantes são ouvidos.

A apresentação de uma Moção de Censura é muito importante, como sinal para todos aqueles que viram os seus salários cortados, as prestações sociais cortadas ou diminuidas, que estão no desemprego ou têm a vida precarizada. A estas pessoas interessam muito pouco os jogos parlamentares, as sondagens e os comentários dos mesmos nos mesmos canais televisivos, ... . Estas pessoas têm a sua vida instabilizada e infernizada com a "estabilidade" exigida pelos ditos mercados e aplicada com políticas de austeridade pelos seus paus-mandados, como são os partidos e politicos do centrão.

Uma Moção de Censura para essas pessoas é um sinal de esperança para que lhes possa ser dada a palavra. Seria bom que, no mês que falta até ao dia da apresentação da Moção, o grupo parlamentar e a direcção do Bloco desenvolvessem, junto do movimento sindical, junto das organizações dos trabalhadores, junto de todas as lutas que se venham a desenvolver, contactos e acções, devidamente divulgadas, para que a Censura ao Governo Sócrates seja também parte integrante da contestação social que já existe.

João Pedro Freire

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

EGIPTO: O POVO VENCEU ... A REVOLUÇÃO COMEÇOU!

Festeje-se com JASMIM, festeje-se com CRAVOS, festeje-se a força democrática e transformadora do Povo Egipcio que mostrou que a sua VONTADE é muito mais importante que a estabilidade que impuseram durante 30 anos ..



Festeje-se mais este EXEMPLO REVOLUCIONÁRIO dos povos árabes, porque aqui na Europa precisamos de lembrar aos que falam em "estabilidade" para imporem políticas de austeridade NUNCA SUFRAGADAS que é tempo de OUVIREM o Povo, é tempo de DAREM A PALAVRA ao Povo.




É TEMPO DO POVO MOSTRAR QUE É O PODER E NÃO OS DITOS "MERCADOS", O PODER FINANCEIRO ....

SIM À MOÇÃO DE CENSURA ; SIM AO DEBATE NO BLOCO DE ESQUERDA ; É URGENTE UMA ALTERNATIVA DE ESQUERDA PARA O GOVERNO!

Gil Garcia, da corrente Ruptura/FER do Bloco, classificou "de «oportunista» a forma como o BE anunciou a apresentação de uma moção de censura ao Governo, acusando a direção do partido de «oportunismo» e de «saber» que o PSD não a viabilizará. ".

Já por diversas vezes critiquei o excesso de iniciativa, à margem de qualquer debate livre e democráico que envolva todos os militantes bloquistas, por parte de Francisco Louçã e da direcção política do Bloco de Esquerda. Uma dessas vezes, foi a propósito, como é sabido, das eleições presidenciais.



Quanto à anunciada Moção de Censura, considero que é também matéria para debate dentro do Bloco. Até porque não ficou muito clara, a posição que Louçã tomou quando o PCP mostrou abertura para a apresentação de uma Moção de Censura. A rectificação da posição de Louçã, anunciando uma Moção de Censura quando, há dias, mostrava dúvidas, é de saudar e de apoiar.

É bom que seja dada voz aos milhares e milhares de portugueses que sofrem as consequências de uma crise que não provocaram. É bom que os portugueses possam dar em eleições democráticas, a sua resposta à crise e a sua opinião sobre políticas que nunca foram sufragadas.

É bom que a iniciativa de uma Moção de Censura, para o primeiro dia em que ela, a ser aprovada, possa ter resultados concretos, pertença à esquerda. Poderia ter sido o PCP, mas acabou por ser o BE. Tanto faz!

A posição de Gil Garcia é, na minha opinião, insustentável e reveladora, mais uma vez, de alguém que parece estar em bicos de pés à procura de visibilidade para o seu umbigo ...

Os trabalhadores, de certeza, que percebem a Moção de Censura anunciada pelo Bloco. Não entenderão o que quer Gil Garcia ...

Tudo isto não invalida que os militantes bloquistas não tenham de continuar a exigir mais debate no seio do seu partido-movimento.

Nota final: este assunto, a Moção de Censura, não é exclusivo de ninguém à esquerda. Tem e deve ser discutido ultrapassando as fronteiras organizativas de qualquer partido ou corrente à esquerda. Em nome da urgência de uma alternativa de esquerda, democrática, socialista e anti-capitalista que passe por uma ampla convergência social e política capaz de ganhar o apoio da maioria social!

João Pedro Freire

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

AVANTE! : 80 anos de lutas e de resistência.


Os parabéns ao Avante! pelos 80 anos que hoje passam.

Apesar das diferenças politicas e ideológicas que nos separam, saudamos todos os militantes do PCP pelo que esses 80 anos representam de luta, de militância e de ardúa resistência nos tempos da ditadura fascista e agora na resistência ao capitalismo.

O Avante! apareceu já num ano em que se fazia sentir na então URSS o peso da repressão estalinista. No entanto, em Portugal os militantes do PCP, com o sacrifício da sua vida, lutavam por dias de liberdade.

Apesar das diferenças já referidas, consideramos que os militantes do PCP e o PCP são parte imprescindivel para uma alternativa de esquerda, democrática, socialista e anti-capitalista que o nosso País precisa urgentemente.

EM DEMOCRACIA AS RESPOSTAS DEMOCRÁTICAS PASSAM POR ELEIÇÕES! O POVO, EM DEMOCRACIA, É O PODER!

O que é que conta mais ou deveria contar mais: as ditas agendas parlamentares ou as condições concretas de vida das pessoas?



O PCP anunciou uma Moção de Censura, mas ... parece que se arrependeu!

O Bloco de Esquerda não pensa nisso porque não quer dar o Poder à direita!...

O PS óbviamente que quer protelar ao máximo uma previsivel passagem a partido da oposição ...

O PSD e o CDS estão mortinhos por chegarem ao governo, animados pelas sondagens!

O Presidente da República, em segundo mandato, mostra que quer favorecer os sectores políticos que apoiaram a sua reeleição ...

Para além do sentir parlamentar, será que a revolta que cresce entre os trabalhadores pela permanente deterioração das suas condições de vida, serve só para alimentar periódicas manifestações ?



Não terá essa deterioração das condições de vida a ver com as consequências de políticas de austeridade impostas, sem nunca terem sido democráticamente sufragadas ? Diáriamente as notícias, dão conta das exigências da Comissão Europeia, dos governos, de instituições financeiras ... mas nunca se ouve nada sobre a auscultação das legitimas exigências de quem produz, de quem trabalha, de quem só parece ter deveres!

Calculismos parlamentares óbviamente que jogam contra o respeito de qualquer vontade popular democráticamente expressa. Contribuem também para o aumento crescente dos que se absterão porque duvidam da eficácia do seu voto que, depois, é sistemáticamente adulterado ao ritmo de mil e um joguinhos partidários.

A intervenção com eficácia perante uma crise que não foi criada pelos trabalhadores, exige respostas democráticas que envolvam esses trabalhadores!

Respostas democráticas em democracia, passam por eleições democráticas! A não ser que esta democracia esteja empenada, afunilada, manietada por uma minoria, e então o Povo terá de intervir directamente para que a plenitude e a qualidade da democracia seja restabelecida.



No Egipto, o Povo veio para a rua para lembrar que, em democracia, ele é o Poder!

Será que, por cá, também vai ser necessário ? ...

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

MOÇÃO DE APOIO À LUTA DO POVO EGIPCIO

Há mais de duas semanas que, consecutivamente, centenas de milhares de pessoas se manifestam nas principais cidades do Egipto exigindo o fim do regime de Hosni Mubarak. O apoio internacional é importante para que os direitos do povo egípcio sejam atendidos. Nesse sentido, convidamo-lo a subscrever e a divulgar a seguinte moção:


Apoio ao povo egípcio



Desde 25 de Janeiro, a revolta popular no Egipto exige o fim do regime liderado por Hosni Mubarak.
Mais de 300 pessoas foram, entretanto, mortas pelas forças repressivas.

Mas, longe de perder força, a revolta continua e ganha mais adeptos.
No sétimo dia de protestos, mais de um milhão de pessoas manifestaram-se no Cairo e muitas mais centenas de milhares concentraram-se nas principais cidades do Egipto.

As suas exigências são as mesmas por todo o país: demissão do presidente Hosni Mubarak, fim do regime instaurado há 30 anos, liberdade, melhores condições de vida.



A resposta do regime resume-se a procurar ganhar tempo, a lançar provocadores contra os manifestantes, a fomentar a insegurança – tentando com isso desmoralizar e desmobilizar os protestos.


Juntando-se às acções de solidariedade que decorrem por todo o mundo, os cidadãos e as organizações abaixo-assinados

Manifestam o seu completo apoio à luta e às exigências do povo egípcio;

Reclamam das autoridades portuguesas, designadamente, do Presidente da República, do Governo e da Assembleia da República,

- que reconheçam publicamente a justeza dessas mesmas exigências;
- que desenvolvam a acção diplomática necessária para que as autoridades egípcias respondam cabalmente às reivindicações populares abdicando sem mais demora do poder e abstendo-se de reprimir os manifestantes.


Lisboa, 1 de Fevereiro de 2011



Associação Abril
Bloco de Esquerda
Colectivo Casa Viva, Porto
Colectivo Mudar de Vida
Colectivo Mumia Abu-Jamal
Colectivo Política Operária
Comité de Solidariedade com a Palestina
Fórum Pela Liberdade e Direitos Humanos
Pagan/Plataforma anti-Guerra, anti-Nato
Resistir.info
SOS Racismo
Terra Viva (Porto)
Tribunal-Iraque (Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque)

Alfredo Martins (Porto)
Ana Ribeiro (membro da mesa da assembleia geral da Associação José Afonso)
António Cunha (membro do colectivo Casa Viva, Porto)
António Pedro Valente (membro do colectivo Casa Viva, Porto)
António Sequeira (membro da Direcção da Associação José Afonso)
Domingues Rebelo (técnico oficial de contas, Porto)
Fernando Lacerda (presidente da direcção da Tane Timor – associação Amparar Timor)
Francisco Silvério de Almeida Fernandes (membro do núcleo do norte da Associação José Afonso)
Joana Afonso (membro do núcleo do norte da Associação José Afonso)
Judite Almeida (membro da direcção do Sindicato dos Professores do Norte)
Lígia Cardoso (membro da direcção da Tane Timor – associação Amparar Timor)
Maria José Ribeiro (dirigente do Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins)
Paulo Esperança (membro da Direcção da Associação José Afonso)

domingo, fevereiro 06, 2011

GUERRA COLONIAL: HÁ 50 ANOS, EU TINHA 3 ANOS ! (um testemunho pessoal)

É importantíssimo que a memória sobre a Guerra Colonial seja preservada para que as novas gerações saibam, com exemplos vividos, o que foi e o que representou.



Há 50 anos, eu tinha 3 anos!
Até aos 16 anos, juntamente com a minha Mãe, as minhas irmãs e o meu irmão, acompanhei o meu Pai, nas comissões militares, em Moçambique, em Angola e na Guiné-Bissau.
Lembro-me muito bem desses tempos e não tenho muita saudade deles. Porque foram momentos de angústia, de grande stress à espera que o meu Pai regressasse, que fizeram com que a memória ficasse bem gravada!
Sim, e eu tinha a idade que tinha!

Aprendi que a guerra colonial era uma guerra anacrónica, injusta, despropositada que só servia para manter em Lisboa uma clique fascista e nas antigas colónias uns quantos que viviam da exploração de mão-de-obra quase escrava.



Por exemplo, em Moçambique, quando lá estive, na zona das plantações de sisal, lembro-me que havia grandes proprietários que todos os finais de mês davam uma carga de pancada aos trabalhadores, expulsando-os, para depois recrutarem outros diferentes para o mês seguinte. E este cenário repetia-se, mês após mês …



Ou então, quando a mim – na altura, uma criança – alguns residentes dessas antigas colónias me chamavam a atenção para os pretos que não deveriam ser tratados por “senhor”, porque … eram pretos!
Tenho, no entanto, outras recordações boas. Do espaço familiar com carinho que os meus Pais sempre souberam criar, pese a envolvente de guerra, dos amigos que fui criando, de África com as suas paisagens com um cheiro especial, …



Eu cresci nesse ambiente e ao ritmo de um ano lectivo na “Metrópole” (como se dizia) e dois anos em qualquer colónia (o tempo de uma comissão militar) … esse ritmo também não deixa boas recordações, mas regista, para sempre, memória com traços fortes.

O momento mais marcante, até estruturante, desses anos foi, sem dúvida, o 25 de Abril de 1974 … o final da guerra é mesmo um sinal de libertação! E esse momento de libertação fica também gravado com os momentos de profunda alegria e felicidade que eu vi nos meus Pais, em todos os camaradas de armas do meu Pai e nos tais pretos que me diziam para não tratar por “senhor”.



A libertação que assisti em Bissau, testemunhei-a depois também nos momentos de conquista das liberdades, da democracia e na possibilidade do povo poder decidir e escolher o seu destino, quando regressei a Lisboa.

Por isto, a memória da guerra colonial deve ser preservada e apresentada, com exemplos concretos, às novas gerações. Até para que outras guerras possam ser combatidas … porque uma guerra é sempre uma sucessão de momentos angustiantes, traumatizantes e destruidores, que parecem infindáveis …
Obrigado ao Mário Tomé pelo seu excelente texto sobre a guerra colonial, colocado no Facebook.

João Pedro Freire

Revolução no Egipto junta cristãos e muçulmanos!