tribuna socialista

terça-feira, março 29, 2011

VII CONVENÇÃO NACIONAL DO BLOCO DE ESQUERDA: Moção B em debate aberto a toda a esquerda!

TRIBUNA SOCIALISTA é um espaço de debate à esquerda, independente de qualquer partido, grupo ou movimento. Tendo a necessidade de debate para uma alternativa de esquerda, publicamos a MOÇÃO B à VII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, a realizar em 07 e 08 de Maio.
A MOÇÃO B intitulada "ACRESCENTAR LIBERDADE, DEMOCRACIA E SOCIALISMO ÀS LUTAS ANTI-CAPITALISTA E ANTI-TOTALITÁRIA! SEM DEMOCRACIA INTERNA NÃO HÁ PERSPECTIVA POLÍTICA" coloca-se a debate a todas as esquerdas - partidos, movimentos, grupos, activistas, eleitores - .

Consideramos que esta é uma forma de contribuirmos, num momento de crise económica e agora também política, para a definição de uma alternativa de governo com sentido democrático, socialista e anti-capitalista.

É urgente uma alternativa que rompa com a alternância entre os partidos do "centrão" (PS, PSD, CDS), traduzida na repetição, sem fim, das mesmas políticas de austeridade, de desregulação e de ataques aos serviços públicos.

A definição dessa alternativa deveria dizer respeito e ter o contributo de todas e todos que se reclamam da esquerda, não sendo exclusivo de qualquer partido ou movimento.

Sugerimos que LEIAM e COMENTEM a MOÇÃO B ... teremos em conta os contributos que nos chegarem!

jpmfreire@sapo.pt

lista.b@bloco.org

sexta-feira, março 25, 2011

PETIÇÃO POR UMA ALTERNATIVA DE ESQUERDA ...


Iniciativa importante e com intuitos que se podem tornar clarificadores. É preciso, no entanto, ter a consciência que uma alternativa deste tipo não surge por decreto, nem por petição ...

Uma alternativa de governo à esquerda que estanque as políticas neo-liberais e dos PECs é urgente, mas também é prioritário que essa alternativa de esquerda produza políticas de afirmação democrática e socialista.

O Bloco de Esquerda e o PCP são, neste momento, os partidos parlamentares que simbolizam a oposição às políticas de austeridade, mas uma alternativa de esquerda precisa de mobilizar muito mais.
 
Movimentos como o da chamada "geração à rasca" e as próprias manifestações da CGTP mostram que há, neste momento, uma transversalidade que suplanta em muito o que o Bloco e o PCP representam. É urgente, vital até, que essa transversalidade social seja mobilizada por uma alternativa de governo de esquerda.
 
Uma alternativa de esquerda tem de querer ser governo! Porque é muito mais eficaz ter-ser a capacidade para implementar políticas com sentido democrático, socialista e anti-capitalista, do que ficarmos eternamente pelo protesto às políticas de austeridade e dos PECs!
 
Uma alternativa de esquerda ganhadora precisa da mobilização das BASES SOCIAIS do Bloco de Esquerda e do PCP, mas também do PS e de muitos sectores, que têm votado à direita, mas que iniciaram já um processo de critica às políticas dos PECs e da austeridade.
 
O grande desafio político continua a ser, conseguir-se que, na diversidade das esquerdas e nas transversalidades sociais que esta crise gera, surja uma alternativa de governo de esquerda com ambição ganhadora !

segunda-feira, março 14, 2011

KARL MARX: 128 ANOS DEPOIS ...

Há 128 anos falecia Karl Marx ...



Em nome dele, o marxismo sofreu mil e uma caricaturas, ainda mais distorções e usurpações ...
O "marxismo" como ideologia de Estado tem sido o caminho mais rápido para se mutar num turbilhão totalitário ... esquece-se, vestido de Estado, que a emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores ...

Também há uma versão "marxista" por parte daqueles que só falam em Marx para os que lhes convém. Para, no final, mandarem Marx às urtigas ... são os que se esquecem que "os filósofos têm-se limitado a interpretar o Mundo de diversas maneiras; o que importa é transformá-lo."



Nos tempos da globalização capitalista, quando o capital, vestido de "mercados", já não vê fronteiras, nem Estados, nas suas estratégias de dominação, seria muito importante, até decisivo, relembrar Marx, no Manifesto do Partido Comunista: TRABALHADORES DO MUNDO INTEIRO, UNI-VOS!

Porque são os homens que fazem a História e não o contrário … A História não faz coisa nenhuma. Não fomenta quaisquer lutas. O capital há-de tentar opor-se à sua própria ruína. São as contradições internas do capitalismo que conduzem à sua destruição: mas só porque um adversário se desenvolve independentemente da vontade do capitalismo (ou seja, o proletariado) … “.

Actual, não acham?

sexta-feira, março 11, 2011

Não, não, não subscrevo, não assino ... (*)

Não, não, não subscrevo, não assino
que a pouco e pouco tudo volte ao de antes,
como se golpes, contra-golpes, intentonas
(ou inventonas - armadilhas postas
da esquerda prá direita ou desta para aquela)
não fossem mais que preparar caminho
a parlamentos e governos que
irão secretamente pôr ramos de cravos
e não de rosas fatimosas mas de cravos
na tumba do profeta em Santa Comba,



enquanto pra salvar-se a inconomia
os empresários (ai que lindo termo,
com tudo o que de teatro nele soa)
irão voltar testas de ferro do
capitalismo que se usou de Portugal
para mão-de-obra barata dentro ou fora.
Tiveram todos culpa no chegar-se a isto:
infantilmente doentes de esquerdismo
e como sempre lendo nas cartilhas
que escritas fedem doutras realidades,
incompetentes competiram em
forçar revoluções, tomar poderes e tudo
numa ânsia de cadeiras, microfones,
a terra do vizinho, a casa dos ausentes,
e em moer do povo a paciência e os olhos
num exibir-se de redondas mesas
em televisas barbas de falácia imensa.
E todos eram povo e em nome del' falavam,
ou escreviam intragáveis prosas
em que o calão barato e as ideias caras
se misturavam sem clareza alguma
(no fim das contas estilo Estado Novo
apenas traduzido num calão de insulto
ao gosto e à inteligência dos ouvintes-povo).
Prendeu-se gente a todos os pretextos,
conforme o vento, a raiva ou a denúncia,
ou simplesmente (ó manes de outro tempo)
o abocanhar patriótico dos tachos.
Paralisou-se a vida do país no engano
de que os trabalhadores não devem trabalhar
senão em agitar-se em demandar salários
a que tinham direito mas sem que
houvesse produção com que pagá-los.
Até que um dia, à beira de uma guerra
civil (palavra cómica pois que
do lume os militares seriam quem tirava
para os civis a castanhinha assada),
tudo sumiu num aborto caricato
em que quase sem sangue ou risco de infecção
parteiras clandestinas apararam
no balde da cozinha um feto inexistente:
traindo-se uns aos outros ninguém tinha
(ó machos da porrada e do cacete)
realmente posto o membro na barriga
da pátria em perna aberta e lá deixado
semente que pegasse (o tempo todo
haviam-se exibido eufóricos de nus,
às Áfricas e às Europas de Oeste e Leste).
A isto se chegou. Foi criminoso?



Nem sequer isso, ou mais do que isso um guião
do filme que as direitas desejavam,
em que como num jogo de xadrez a esquerda
iria dando passo a passo as peças todas.
É tarde e não adianta que se diga ainda
(como antes já se disse) que o povo resistiu
a ser iluminado, esclarecido, e feito
a enfiar contente a roupa já talhada.
Se muita gente reagiu violenta
(com as direitas assoprando as brasas)
é porque as lutas intestinas (termo
extremamente adequado ao caso)
dos esquerdismos competindo o permitiram.



Também não vale a pena que se lave
a roupa suja em público: já houve
suficiente lavar que todavia
(curioso ponto) nunca mostrou inteira
quanta camisa à Salazar ou cueca de Caetano
usada foi por tanto entusiasta,
devotamente adepto de continuar ao sol
(há conversões honestas, sim, ai quantos santos
não foram antes grandes pecadores).
E que fazer agora? Choro e lágrimas?
Meter avestruzmente a cabeça na areia?
Pactuar na supremíssima conversa
de conciliar a casa lusitana,
com todos aos beijinhos e aos abraços?
Ir ao jantar de gala em que o Caetano,
o Spínola, o Vasco, o Otelo e os outros,
hão-de tocar seus copos de champanhe?
Ir já fazendo a mala para exílios?
Ou preparar uma bagagem mínima
para voltar a ser-se clandestino usando
a técnica do mártir (tão trágica porque
permite a demissão de agir-se à luz do mundo,
e de intervir directamente em tudo)?
Mas como é clandestina tanta gente
que toda a gente sabe quem já seja?



Só há uma saída: a confissão
(honesta ou calculada) de que erraram todos,
e o esforço de mostrar ao povo (que
mais assustaram que educaram sempre)
quão tudo perde se vos perde a vós.
Revolução havia que fazer.
Conquistas há que não pode deixar-se
que se dissolvam no ar tecnocrata
do oportunismo à espreita de eleições.
Pode bem ser que a esquerda ainda as ganhe,
ou pode ser que as perca. Em qualquer caso,
que ao povo seja dito de uma vez
como nas suas mãos o seu destino está
e não no das sereias bem cantantes
(desde a mais alta antiguidade é conhecido
que essas senhoras são reaccionárias,
com profissão de atrair ao naufrágio
o navegante intrépido). Que a esquerda
nem grite, que está rouca, nem invente
as serenatas para que não tem jeito.
Mas firme avance, e reate os laços rotos
entre ela mesma e o povo (que não é
aqueles milhares de fiéis que se transportam
de camioneta de um lugar pró outro).
Democracia é isso: uma arte do diálogo
mesmo entre surdos. Socialismo à força
em que a democracia se realiza.
Há muito socialismo: a gente sabe,
e quem mais goste de uns que dos outros.
É tarde já para tratar do caso: agora
importa uma só coisa - defender
uma revolução que ainda não houve,
como as conquistas que chegou a haver
(mas ajustando-as francamente à lei
de uma equidade justa, rechaçando
o quanto de loucuras se incitaram
em nome de um poder que ninguém tinha).
E vamos ao que importa: refazer
um Portugal possível em que o povo
realmente mande sem que o só manejem,
e sem que a escravidão volte à socapa
entre a delícia de pagar uma hipoteca
da casa nunca nossa e o prazer
de ter um frigorifico e automóveis dois.
Ah, povo, povo, quanto te enganaram
sonhando os sonhos que desaprenderas!
E quanto te assustaram uns e outros,
com esses sonhos e com o medo deles!
E vós, políticos de ouro de lei ou borra,
guardai no bolso imagens de outras Franças,
ou de Germânias, Rússias, Cubas, outras Chinas,
ou de Estados Unidos que não crêem
que latinada hispânica mereça
mais que caudilhos com contas na Suíça.
Tomai nas vossas mãos o Portugal que tendes
tão dividido entre si mesmo. Adiante.
Com tacto e com fineza. E com esperança.
E com um perdão que há que pedir ao povo.
E vós, ó militares, para o quartel
(sem que, no entanto, vos deixeis purgar
ao ponto de não serdes o que deveis ser:
garantes de uma ordem democrática
em que a direita não consiga nunca
ditar uma ordem sem democracia).
E tu, canção-mensagem, vai e diz
o que disseste a quem quiser ouvir-te.
E se os puristas da poesia te acusarem
de seres discursiva e não galante
em graças de invenção e de linguagem,
manda-os àquela parte. Não é tempo
para tratar de poéticas agora.

(*) Santa Bárbara, Fevereiro 1976
(aniversário de uma tentativa heróica
de conter uma noite que duraria décadas),
publicado in Quarenta Anos de Servidão (1979) - Jorge de Sena
Chegado até aqui ao Tribuna Socialista pelo Grazia Tanta.

quinta-feira, março 10, 2011

HOJE HÁ CENSURA NO PARLAMENTO, DIAS 12 E 19 SERÁ NAS RUAS ...

Hoje é dia de CENSURA ao governo na Assembleia da República.

A Moção de Censura apresentada pelo Bloco de Esquerda mostrou quem apoia o governo Sócrates, em quem é que Sócrates se apoia para a execução do OGE e dos múltiplos PECs. A direita - PSD e CDS - que ainda ontem apoiaram o discurso de tomada de posse de Cavaco Silva, exibirão hoje perante a Moção de Censura do Bloco de Esquerda, mais e mais hipocrisia ... a direita, perante o governo, lembra aquele que nada faz, embora esteja sempre a berrar "que o mata"!



Os militantes do PS também poderiam parar um pouco para pensar: como seria a estabilidade se esta fosse assegurada pelas esquerdas representadas no Parlamento? Porque será que todas as medidas de carácter social, medidas civilizacionais, para serem aprovadas, precisam sempre dos votos das esquerdas?
Porque será que os cortes sociais, a austeridade, os PECs ... com sentido neo-liberal (sim, porque poderia haver outro sentido para as medidas económicas de ataque à crise!) juntam sempre o PS ao PSD e ao CDS ?
Interroguem-se também pelo seguinte: quem é que apoiou ontem o discurso de Cavaco Silva ? Qual é então o sentido de uma "estabilidade" que só serve para impor políticas que nunca foram votadas ?



DE FACTO, A MOÇÃO DE CENSURA DO BLOCO DE ESQUERDA MOSTROU O SENTIDO DAS POLITICAS DO GOVERNO SÓCRATES E QUEM SÃO OS SEUS APOIOS NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA E ATÉ NO PLANO DA CONCERTAÇÃO SOCIAL!



Preparemo-nos agora para a CENSURA que decorrerá nas ruas em 12 de Março e em 19 de Março!

terça-feira, março 08, 2011

8 DE MARÇO: AINDA UM CAMINHO MUITO LONGO ATÉ QUE MULHER E HOMEM TENHAM AS MESMAS OPORTUNIDADES!

imagem da CUT-Brasil
Todos os nossos dias, os exemplos de mulheres violentadas enquanto mulheres, enquanto trabalhadoras, enquanto cidadãs, dizem-nos que o capitalismo é uma das partes principais do problema que deve ser urgentemente resolvido para que os trabalhadores e os cidadãos não sejam diferenciados e discriminados por razões de sexo.

No Amor, na vida de todos os dias, nos espaços fechados de cada familia, no local de trabalho, nas autenticas lavagens ao cerebro debitadas pelas estações de televisão, ... , a Mulher continua a ser sempre depois do Homem ...

Mas o machismo que é cultivado ideológicamente pelo capitalismo, não tem encontrado melhores exemplos do lado dos países que se afirmaram ou afirmam "socialistas". Como também é preciso reconhecer que, do lado das esquerdas, os exemplos de subalternização (que é também violentação!) da mulher são mais que muitos ...

Diriamos que só em momentos de afirmação revolucionária é que Mulheres e Homens encontram uma igualdade que é fraterna, libertadora e sinónimo de Humanidade! Esses momentos encontrámo-los na revolução do 25 de Abril, em Portugal, como encontramos nos dias da resistência ao nazismo, em plena 2ª Guerra Mundial, ou nos dias das Revoluções russas e em Espanha, encontramo-los também entre as brisas revolucionárias de jasmim que percorrem, nestes dias, o mundo árabe ... A Humanidade forja-se em momentos de afirmação da solidariedade, da libertação e da plena democraticidade!

Há, de facto, um longo caminho a percorrer para que Mulheres e Homens caminhem lado a lado na construção de espaços de Humanidade! O 8 de Março, em cada ano que passa, é só uma chamada de atenção disso mesmo ...

quarta-feira, março 02, 2011

JORNADAS ANTI-CAPITALISTAS: HÁ ECONOMIA PARA ALÉM DA DITA "ECONOMIA DE MERCADO" ...

"A crise que atravessa o mundo não é um desastre natural nem um acidente de percurso. Faz parte, como outras que a precederam, dos próprios mecanismos do sistema capitalista em que vivemos. Quando os negócios perdem rentabilidade e os investimentos deixam de gerar os lucros necessários, a crise torna-se um pretexto para baixar salários, privatizar bens ou serviços essenciais (água, energia, saúde, educação), reduzir direitos e conceder mais privilégios aos privilegiados.

Depois de vários governos terem injectado fundos públicos (pagos pelo contribuinte) no sistema financeiro – para cobrir os prejuízos provocados pela especulação no sector imobiliário – o problema da dívida pública ganhou uma importância decisiva. Esse mesmo sistema financeiro cobra agora juros cada vez mais elevados aos Estados, pelos empréstimos de que estes necessitam para relançar as respectivas economias e assegurar o seu funcionamento. Os «mercados» procuram compensar as suas perdas através da dívida pública e os governos agem por sua conta, impondo políticas de austeridade e fazendo os trabalhadores pagar a crise.
A luta contra o pagamento da dívida é um dos elementos essenciais da resistência às imposições da alta finança mundial. Recusamos-nos a pagar para manter o capitalismo agarrado à máquina. Por todo o lado se formam grupos, movimentos e organizações para juntar esforços nesse sentido, superando o isolamento nacional e colocando a questão no plano internacional.

É tempo de começar a fazê-lo, também aqui."

(in, http://jornadasanticapitalistas.wordpress.com/)