tribuna socialista

terça-feira, agosto 30, 2005

REORGANIZAÇAO DA ESQUERDA SOCIALISTA (II)

Surgiu na Alemanha, o PARTIDO DE ESQUERDA (PE). Resultou da fusao entre o PDS e os dissidentes do SPD, sendo Oskar Lafontaine o mais conhecido.

Mas mais importante que a criaçao de novos partidos ou grupos, mais importante que a pulverizaçao no espaço das esquerdas, mais importante é a capacidade de se intensificar o debate entre todos os militantes das esquerdas para a definiçao de uma alternativa clara e objectiva de transformaçao democrática e socialista da sociedade FORA do quadro do capitalismo e do liberalismo, perante o qual as direcçoes dos partidos da "Internacional Socialista" há muito capitularam.

Fora do quadro do liberalismo, significa capacidade de se criarem alternativas económicas, mas também quanto à participaçao política. Por exemplo, é urgente repensar a participaçao cidada reduzida ao parlamentarismo e/ou à partidocracia.

A criaçao de novos partidos à esquerda, pode significar rupturas inevitáveis. Mas, repetimos, o importante é o debate entre tod@s e todos à(s) esquerda(s) e o retomar da discussao do socialismo (enriquecido com a discussao quanto ao seu património histórico, depurando-se todas as deformaçoes totalitárias e neo-liberais) como alternativa global ao liberalismo e ao capitalismo.

(NR.: texto escrito no Euzkadi, daí alguns erros...)

sábado, agosto 27, 2005

A ESQUERDA SOCIALISTA EUROPEIA REORGANIZA-SE...

As reorganizações da esquerda socialista acontecem sempre em situações de crise. Crise do capitalismo, mas também crise das soluções propostas pelas direcções da esquerda socialista para a criação de alternativas.

O debate em torno da chamada Constituição Europeia, o posicionamento face à intervenção militar norte-americana no Iraque, a acção de governos ditos de esquerda, formados por partidos da “Internacional Socialista” (IS), mas situados à direita e no quadro do liberalismo … são questões que inevitavelmente produzem crise dentro dos partidos social-democratas, socialistas e trabalhistas da “IS”.

Como o PS em Portugal, os partidos da “IS” possuem bases sociais que buscam soluções fora do quadro do liberalismo. E o que acontece é que enquanto partidos de oposição, merecem o apoio e a confiança dos sectores sociais que querem mudança e buscam, para isso, alternativas fora do liberalismo. Mas, uma vez no governo, esses partidos em nada se diferenciam da direita a quem fizeram oposição .

Na Alemanha, o antigo líder dos social-democratas, Oskar Lafontaine, saiu do SPD, em ruptura com as políticas do governo de Schroeder. Mais, dá corpo de faz campanha por uma nova alternativa de esquerda, a "ALTERNATIVA ELEITORAL TRABALHO E JUSTIÇA SOCIAL", constituída por social-democratas de esquerda e pelo PDS (partido do socialismo democrático, ex-comunista).

Em Portugal, o PS também não escapará ao debate e à crise provocada pela sua direcção, claramente neo-liberal e afastada de qualquer tradição socialista. Nas Presidenciais ou no debate sobre a Europa, a esquerda socialista também se reorganizará em Portugal.

Em França, na sequência da vitória do “NÃO”, há um debate profundo no PSF. Está em causa também a afirmação do PSF como partido socialista ou como partido preso às políticas neo-liberais.

Uma reorganização necessária e urgente, a reorganização da esquerda socialista à escala europeia!



sexta-feira, agosto 26, 2005

MÁRIO SOARES: uma candidatura das esquerdas?

Parece que Mário Soares vai anunciar a sua candidatura no final de Agosto, mas antes da chamada “rentré” dos partidos, incluindo a do PS.

Quer, deste modo, afirmar-se “independente” e “acima” dos partidos.

A direcção do PS tem tentado passar a ideia de que Soares é o “melhor candidato” para “convergir as esquerdas” nas Presidenciais.

Mas, as seguintes questões, são legítimas:

  • O aparecimento de Soares como candidato teve por detrás, algum movimento popular e cidadão? Ou foi antes uma decisão que envolveu exclusivamente a direcção do PS e o próprio Soares?

  • Houve algum debate interno no Partido Socialista sobre qual o melhor candidato na opinião dos socialistas? Ou bastou, tão-só, uma declaração do secretário-geral do PS e depois, tipo reacção em cadeia, declarações de apoio das direcções de algumas Federações Distritais?

  • Antes de Sócrates decretar (!) o apoio do (!) PS a Soares, quantas tinham sido as vezes que Mário Soares manifestou a sua indisponibilidade para ser candidato?

  • Se Soares é um “candidato das esquerdas”, porque razão prepara a sua candidatura (tal como o previsível candidato da direita, Cavaco Silva) em segredo, fora da participação popular e cidadã e à margem dos outros partidos e movimentos das esquerdas?

Um candidato das esquerdas não tem de ser um “operário sindicalista” … mas tem de emergir do movimento popular, tem de estar em contacto com ele, tem de saber criar espaços de diálogo, pontes, com e entre os partidos e grupos das esquerdas … tem de se afirmar como uma candidatura que apela à participação popular e cidadã em ruptura com as práticas e as políticas do liberalismo.

Mário Soares não tem sido nada disto!

sábado, agosto 20, 2005

INCENDIOS & PRESIDENCIAIS: e o debate? e a participação cidadã?

Presidenciais e incêncios ... o que será que isto tem em comum? ...

Tem muito mais do que poderemos pensar, num primeiro momento! São temas que exibem a fragilidade/qualidade da democracia portuguesa, ou seja, são um termómetro do debate que não há e da participação cidadã que vai sendo, cada vez mais, subtraída.

Por vontade das direcções partidárias (principalmente das que têm deputados...) e/ou por vontade do governo (do de Sócrates ou de qualquer outro assegurado pela chamada alternância...), há temas - como os dois que elegemos - que parece que só devem ser debatidos por "quem sabe", pelas chamadas "elites" (tão do agrado de Sócrates) e/ou pelos "estados-maiores" dos partidos ...

Trata-se de um caminho de formalização/desqualificação da democracia, de afunilamento da participação cidadã, de deliberado esquecimento/branqueamento da História relativamente ao que foi e para que serviu o 25 de Abril de 1974 e os ventos de mudança e de participação social que se lhe seguiram!

Quanto aos incêndios: ano após ano, seja qual for o governo da hiper-repetida alternância, sucede-se a "receita" das prevenções que acabam por nunca prevenir nada de nada! As populações, aquelas e aqueles que vivem onde os incêndios se sucedem e martirizam, nunca são ouvidas quanto à sua opinião, quanto à sua proposta, quanto à sua vontade! Por entre o discurso e a lógica neo-liberal dominantes, o Estado (também dominado por liberais de todas as matrizes) vai-se demitindo das suas responsabilidades, nomeadamente quanto à necessidade de se criar uma força anti e de prevenção aos incêndios, capaz de responder ao concreto com total independência face aos interesses e lobbies privados (não só nacionais como já internacionais) ...

Quanto às presidências: a direita parece que chegou à conclusão que só tem de aguardar pela formalização da candidatura do seu Cavaco Silva! Nas esquerdas, o debate é nulo. Completamente nulo. Tanto no plano inter-partidário ou social, como no plano intra-partidário. O PS, como partido maioritário nas esquerdas, vai fazendo valer (impondo!) a visão e a lógica da sua direcção liberal: debate não há, e, parece que nem é preciso. Tudo é decidido, sem debate e sem participação dos militantes, pela direcção nacional e pelas direcções distritais (espécies de filtros da vontade democrática das bases!). Sócrates está a aproveitar as presidenciais para acabar, de vez, com Manuel Alegre. Ao ponto, de antigos apoiantes de Alegre, entretanto colocados em lugares de direcção (ex.: Augusto Santos Silva), já defenderem , sem pestanejarem , as posições da direcção liberal sócratica.

Mas no PCP e no BE, a discussão também é nula ou só para entreter os respectivos dirigentes. No BE, parece que, não obstante as decisões da última Convenção Nacional, ainda (!) não há consenso quanto ao apoio ou não apoio, na 1ª volta, a Mário Soares (se este for o candidato do PS imposto às esquerdas!). No PCP, parece que todos estão à espera da indicação pela direcção do seu candidato "mártir" (já que irá sempre desistir...)

Confrangedor é as esquerdas não discutirem entre si. Não só discussão entre as suas direcções partidárias, mas discussão entre os seus militantes, de uma forma livre, não sectária, sem clubismos e profundamente democrática.

TRIBUNA SOCIALISTA tem defendido e continuaremos a defender a bondade, numa lógica democrática, de esquerda e socialista, da candidatura de Manuel Alegre. Uma defesa para o debate, mas também para a afirmação de uma candidatura de esquerda que emerge de um sentir e de uma vontade sociais.

Incêndios & Presidenciais ... era isso que estavamos a abordar! Vejam como temas tão distintos exibem a desqualificação crescente de uma democracia que se afirmou através de rupturas e particapação social!

domingo, agosto 07, 2005

A LÓGICA LIBERAL É CONTRÁRIA A UM SISTEMA DE LIBERDADES!

Há hoje, neste Planeta, um sistema que tem vindo a ser imposto: a ditadura do que é rentável!

Quando é rentável (seja lá o que isso for...) os poderes apoiam, quando não é rentável destroem, suprimem, acabam!

Um sistema de liberdades e de direitos é incompatível com o sistema do ser rentável...

Ser rentável tem um significado que é determinado por uns quantos em nome dos seus próprios interesses. O mais espantoso é que esses quantos que se regem pela mesma bitola e pelos mesmos conceitos, encontram-se à direita mas também nas esquerdas ...

O ser rentável acaba por se tornar, políticamente falando, numa espécie de dominação ideológica. Económicamente falando, ser rentável é o reino das empresas e dos empresários e o ignorar sistemático do trabalho e dos trabalhadores. Mas também dos consumidores.

Do lado da dominação política e ideológica, temos, como exemplo recente, as nomeações dos amigos de Sócrates para a Administração da CGD. Um exemplo que também se pode descobrir em todas as alternâncias que o parlamentarismo produz...

O fim de títulos como O COMÉRCIO DO PORTO e A CAPITAL determinado por um grupo espanhol, é outro exemplo da incompatibilidade do ser rentável com uma liberdade concreta, a liberdade de expressão e de comunicação. Foi determinado por um grupo espanhol, mas poderia também ter sido por um grupo português. Como já aconteceu!

O fim do BALLET GULBENKIAN determinado por um tipo de gestão baseado no ser rentável, é mais um exemplo da incompatibilidade desse sistema com uma outra liberdade concreta, a da criação artística!

É claro que um governo como o de Sócrates, também ele sujeito/subjugado ao sistema do ser rentável, limitou-se a gerir o silêncio para ... não perturbar o mercado!!!

No plano internacional, o que se passa com a luta anti-terrorista é outro exemplo que se poderia apontar: não tem prevenido e muito menos evitado o terrorismo. No entanto, perturba, restringe, atrofia as liberdades e os direitos civis!

O liberalismo dos dias da globalização capitalista assenta neste sistema do ser rentável e na ditadura dos interesses de uns quantos ... É uma nova forma de totalitarismo à escala planetária!