tribuna socialista

sexta-feira, dezembro 24, 2010

É NATAL ? ... PARA QUEM ?

Neste Ocidente que se reclama do catolicismo, não seria despropositado relembrar a imagem (fabricada ? biblica ?) do presépio em que Jesus Cristo nasce num contexto de miséria.

A miséria que se chama também, nos nossos dias de crise do capitalismo mais abjecto (como se houvesse algum que não o fosse!), desemprego, precariedade, cortes dos apoios sociais, desespero social. Uma miséria que os defensores do capitalismo falam com receitas de esmola, mas uma esmola que também vai sendo comida pela crise que impuseram com anos e anos de especulação financeira e exploração dos trabalhadores.


O Natal do capitalismo é a orgia do consumo e uma série de blá-blá-blás de pieguice e de intrujice. Os que exploram durante todo o ano, os que legislam para que os miseráveis fiquem ainda mais na penúria, são os que, por esta altura do ano, enchem a boca por um dia, para depois tudo voltar a ser o mesmo de sempre.

Ainda bem que por essa Europa fora, milhares e milhares têm descido às ruas para gritar por ESPERANÇA contra os dias de crise e mais crise que o capitalismo europeu, institucional e governamental continua a impor. Os milhares de trabalhadores e de jovens que se manifestam são os que, verdadeiramente, querem que o Natal não seja só uma treta de um dia!

Os guardiões do capitalismo - nos governos, nas instâncias europeias, nos partidos do arco neo-liberal, ... - berram contra a "anarquia" que vêm nesses movimentos sociais de protesto e de luta para que a esperança não morra.

Mas o espirito de Natal, para não morrer, precisará, cada vez mais e mais de muita luta e de muita esperança! Precisará de um grande e internacional movimento social que varre o capitalismo da face do nosso Planeta ... a bem de toda a Humanidade!

domingo, dezembro 12, 2010

POR UMA "FRENTE DEMOCRÁTICA" (**)

Em 2011 haverá muito provavelmente eleições legislativas antecipadas. Já se viu que apesar de haver uma maioria teórica de esquerda na Assembleia da República, a tendência do PS para se aliar ao PSD inviabilizou uma política de esquerda face à actual crise económica e financeira. Pelo contrário, foi uma política agressivamente neo-liberal que veio a ser imposta aos portugueses, a qual não só nada faz para atacar as fontes estruturais da crise como veio tornar inevitável um agravamento das condições de vida de todos os que dependem do seu trabalho para viver.

Há muitas visões de esquerda em Portugal e não tem havido capacidade para ultrapassar as diferenças entre elas, o que tem inviabilizado a adopção de políticas de esquerda, apesar de haver no nosso país uma maioria sociológica de esquerda.

Face à gravidade da crise, é essencial que tal não volte a acontecer.

Para isso é necessária a criação de uma ampla coligação eleitoral de esquerda que englobe desde o PCTP até à ala esquerda do PS, passando pelo PCP, pelo BE e pelo Verdes, e que inclua os muitos independentes de esquerda que têm preferido até agora preservar a sua independência.

Com um programa cuidadosamente elaborado, este é um leque eleitoral que poderia captar de 30 a 40% dos votos, criando condições reais para uma participação no governo, e para permitir a adopção de políticas eficazes contra a crise, sem cedências à banca e aos grandes interesses económicos nacionais e estrangeiros.

O programa de uma tal coligação deveria ter como prioridade a redução da nossa dependência financeira do exterior, promovendo a colocação da dívida pública em Portugal e adoptando mecanismos de limitação do valor das importações ao valor das exportações, o que não só travaria o agravamento da nossa dívida externa como promoveria a produção em Portugal. O reforço do uso de energias renováveis e a redinamização da nossa produção alimentar, seriam outras prioridades a levar em conta. Tal como a defesa dos direitos dos trabalhadores e a socialização da banca.

O sucesso de empresas como a Auto-Europa, Continental e tantas outras, é a prova de que os trabalhadores portugueses são competitivos e não precisam de aceitar reduções salariais, desde que lhes sejam proporcionados os meios tecnológicos adequados e sejam competentemente dirigidos no seu trabalho. É a incompetência de quadros superiores e de empresários gananciosos que está na origem da baixa produtividade média em Portugal, e não a falta de qualidade e de esforço de quem trabalha. É preciso que um governo de esquerda meta na ordem quem prefere distribuir dividendos a investir.

Por isso desde já lanço o desafio a todos os que são de esquerda para que comecem a trabalhar para a criação de uma coligação com a designação de Frente Democrática, com a amplitude já referida, para que nunca mais se possa impor aos portugueses políticas ruinosas ao serviço da oligarquia internacional.

(**) Nuno Cardoso da Silva

NÃO MAIS ATAQUES AO WIKILEAKS!

LIBERTEM JULIAN ASSANGE ! NÃO AMORDACEM A WIKILEAKS ! PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO!

http://www.wikileaks.ch

quinta-feira, dezembro 09, 2010

PRESIDENCIAIS: À ESQUERDA SÃO NECESSÁRIOS VOTOS VÁLIDAMENTE EXPRESSOS !

As eleições presidenciais possuem um enquadramento legal especifico, segundo o qual, só são contabilizados os votos expressos.

Ou seja, votos brancos e nulos e a abstenção não aquecem nem arrefecem.
Isto deve ser tido em linha de conta por parte daqueles que, à esquerda, não se reveem nos candidatos que se posicionam, e, querem derrotar Cavaco Silva e o projecto da direita para conseguir um Presidente, um Governo e uma maioria parlamentar.

Na minha opinião, nenhum dos candidatos formalmente posicionados à esquerda conseguem ser mobilizadores, consequentes e entusiasmantes para a criação de um movimento social unitário das esquerdas.

Mas para se derrotar Cavaco Silva e a direita, vai ser preciso que, à esquerda, todas e todos VOTEM, NÃO FALTEM COM UM VOTO VÁLIDAMENTE EXPRESSO, para se obrigar a uma 2ª volta!

Ficar em casa, NÃO! Voto nulo ou em branco, NÃO!
Votar em Fernando Nobre ou em Manuel Alegre ou em Francisco Lopes ou em Defensor de Moura, SIM!


João Pedro Freire

quarta-feira, dezembro 01, 2010

RUBRA : ALGUNS COMENTÁRIOS CRITICOS ...



Rubra nr.9 Outono 2010 revistarubra@gmail.com

A revista Rubra é, em cada número editado, um exemplo de reflexão séria à esquerda. Há reflexão e, mais importante, são propostos caminhos para a acção.

O número 9, agora saído, continua nessa senda. Do seu conteúdo, sugerem-se os seguintes artigos:
  • Editorial: E Alegre se fez triste ... ou porque é que a esquerda não tem um candidato de jeito?
  • Dívida pública, negócios privados. "Quando se viram a braços com a crise no crédito privado que começou em 2008 (falência de bancos, crédito mal parado, etc), Governos burgueses como o de Sócrates só vêem uma saída: diminuir as verbas públicas destinadas aos serviços sociais (...) e aumentar impostos indirectos, os que mais incidem no bolso dos trabalhadores".
  • Entrevista com Michael Savas-Matsas, dirigente do EEK da Grécia. "Defendemos a rejeição unilateral da dívida aos usurários internacionais e a nacionalização da banca"
  • Entrevista com Sjaak Van der Velden, dirigente do Partido Socialista holandês: "Os trabalhadores fazem greve quando acreditam que vale a pena"
Neste número de Outono, surge encartado um folheto intitulado "Pela derrota da NATO. Pela vitória militar da Resistência Islâmica!"  que tem por referência a recente cimeira da NATO em Lisboa.

O conteúdo deste folheto merece-nos alguns comentários criticos. Começamos, desde logo, por discordar do seu título. Defendemos, sem equívocos, a retirada de Portugal da NATO, como defendemos imediatamente a saída da NATO, nomeadamente do Afeganistão. Consideramos, no entanto, que não há nenhuma "resistência islâmica" que possa ser apontada, por exemplo, na Somália, no Iraque e no Afeganistão, como correspondendo a algo com apoio popular nesses países. Aquilo a que se chama de "resistência islâmica" com capacidade militar, corresponde, nesses países, a grupos sem apoio popular e com uma relação de prepotência e de intimidação em relação às populações locais.

O conteúdo do folheto é, todo ele, construído segundo o principio de que "Estamos do lado da vitória militar da ditadura ocupada contra a "democracia ocupante" ...". Este principio, assente no princípio abstracto do conceito "povo", justificaria, desde um ponto de vista socialista e internacionalista, a perpectuação de muitas situações de prepotêcia, autoritarismo e securitárias e a paralização de qualquer acção laica, internacionalista e socialista.

No caso dos países referidos, consideramos que as populações locais vivem perante um monstro bicéfalo. Uma cabeça é o imperialismo norte-americano e ocidental e a outra cabeça representa o terror dos grupos fundamentalistas islâmicos, os únicos com capacidade militar. Desde um ponto de vista socialista e internacionalista, tudo deveria ser feito para se conseguir, nesses países, o surgimento de fortes movimentos sociais e populares com sentido laico, democrático, de classe e socialista.

Uma "vitória militar da Resistência Islâmica" não acrescentaria nada de nada a uma "derrota da NATO". Tal como, nos anos 70 do século passado, a vitória militar da Resistência Islâmica (na altura armada pelos norte-americanos) ao ocupante soviético no Afeganistão, representou um enorme retrocesso para a vida dos afegãos.