tribuna socialista

domingo, dezembro 31, 2006

2007: MAIS UM ANO DE OPORTUNIDADE PARA LUTARMOS POR UM PLANETA DE MULHERES E DE HOMENS LIVRES!

A edição de hoje da Pública (a revista dominical do Público) é para guardar.

Bem sabemos que o ambiente passou de assunto de uns quantos (à margem do que o pensamento único e dominante decreta como "actual"...) para uma quase moda.

A Pública relembra (tanto quanto uma revista deste tipo pertença de um grande grupo económico português, o pode fazer !) que a luta pela salvação do planeta Terra é uma luta a relançar em 2007 ... questiona: "Ainda vamos a tempo?"

Po estes dias, também ficámos a saber que uma plataforma de gelo equivalente à área da cidade de Lisboa, soltou-se do Ártico e navega, qual nova grande ilha, pelo oceano.

Há dois anos um tsunami causou a devastação e o caos pelos lados da Indonésia e da Tailândia.

Relembramos também o desastre que fustigou a cidade norte-americana de Nova Orleães.

São exemplos que alimentam a questão "Ainda vamos a tempo?".

Mas com esta questão, há outra també, pertinente: SERÁ QUE NOS DEIXAM REAGIR?

Em cada desastre natural, há um número impressionante de exemplos de solidariedade humana que podiam ser citados. Exemplos que acabam por ser efémeros ... Esses exemplos parece que, às vezes, incomodam as lógicas dominantes. Como se existisse uma forma pré-determinada (por técnicos ao serviço de interesses supra-nacionais...) "ser solidário" ...

Anos e anos de modelos económico liberal e estatista, ambos baseados numa competição suícida e desenvolvimentista, criaram um planeta literalmente à beira da explosão ...

Em ambos os modelos, as pessoas, a sua auto-iniciativa, a sua vontade, os seus modelos de solidariedade humana, foram postos num plano secundário ou proibicionista!

Podemos também concluir que anos e anos de receitas técnicas, de estudos cientificos (muito pouco independentes ...), de declarações governamentais, de acordos inter-estatais, ..., muito pouco fizeram, avaliando os resultados concretos neste Planeta estrambilhado!

Cada ano que se inicia, é um hábito repetirem-se declarações de boa-vontade e de boas-intenções ... Preferimos reter o planeta que é a nossa casa, para relançar um apelo à mobilização das vontades individuais e das vontades colectivas que se consigam construir livremente, para continuarmos em 2007 a luta por uma Planeta de mulheres e de homens livres. Um Planeta diverso, desigual na sua imensidão natural, acessível a todas as pessoas e a todos os povos, fraterno e interdito a modelos que continuem a matá-lo e a persistir na exploração do homem pelo homem! Posted by Picasa

SOCRATES: UM LIBERAL DE SERVIÇO!

José Sócrates, o primeiro-ministro e o secretário-geral do PS, teve em 2006 a confirmação de que afinal é mesmo um liberal para todo o serviço!

Como secretário-geral do PS, tem, aos poucos, mas de uma forma determiada, transformado o seu partido em algo amorfo, sem militância critíca, perto do culto da personalidade, uma quase empresa "S.A.". Um partido onde o "S" da sua sigla é, cada vez mais, uma letra misteriosa, à espera que alguém da direcção socratica revele o que realmente significa... O último Congresso do PS, foi uma peça de fazer inveja a um qualquer Kim Il Sung e seu herdeiro ...

Como primeiro-ministro, José Sócrates revelou-se como um autêntico "craque" para o principal patronato ... faz "reformas" que a direita que não se diz "socialista" nunca fez! Sócrates aprendeu muito bem, demasiadamente bem, a falar rápido com o patronato e a direita e a demorar uma eternidade (ou a esquecer-se!!) para chegar à fala com os trabalhadores, com os sindicatos ou com qualquer pessoa ou grupo de pessoas. Ao longo de 2006, foram mais as "reformas" que receberam aplausos dos priveligiados de sempre, do que aquelas que foram vistas pelos explorados de sempre como (finalmente!) caminhos de esperança e de mudança...

José Sócrates é de "esquerda" ... sim senhor! ... mas só quando convida amigos para grandes reuniões e para aparecer na imprensa. Nesses momentos, só ficam os discursos!

NOTA BREVE: continuamos a acreditar que há uma imensa maioria de militantes socialistas que são socialistas e não se revêm no liberalismo sócraticoPosted by Picasa

SADDAM HUSSEIN: A FORCA NÃO RESOLVE NEM RESOLVERÁ NADA!

Saddam Hussein foi desde sempre, para nós, um ditador da pior espécie! Nunca foi exemplo, nunca foi aliado.

Por outras palavras, se fossemos iraquianos teríamos sido sempre OPOSIÇÃO a Saddam!

Saddam tem no seu curriculum de "homem de Estado" e do "seu" Estado, crimes imensos, atropelos sem conta aos direitos humanos, despotismo, autoritarismo ...

Mas tudo isso tem de ser combatido com os instrumentos que a vida nos proporciona!

Por princípio, somos contra a pena de morte!

Saddam Hussein e todos os seus correligionários deveriam ter sido combatidos sem pelo nem agravo, mas sempre com os instrumentos que a vida e justiça permitem.

Há muito pouco tempo escrevemos sobre a morte (natural) do ditador Pinochet. Uma morte que evitou a justiça. Hoje, a morte de Saddam foi uma morte de uma "justiça" parcial, mandada, fantoche ... nada resolverá! Posted by Picasa

VENEZUELA: a caminho do já visto? ...

Hugo Chavez continua a copiar o que não deve. Principalmente se pretende, como diz, construir o "socialismo"...

Ontem sairam notícias na imprensa portuguesa dando conta de que se prepara para não renovar a licença do canal privado de televisão RCTV.

Hugo Chavez entrou no caminho daqueles que já tentaram criar uma fortaleza, a partir do Estado nacional, para construirem (!) o "socialismo" ... o resultado tem sido, pelo menos aqueles que a História regista, monstruosidades totalitárias e policiais! O "socialismo" fica, depois e sempre, para os discursos ...

Como socialistas registaremos sempre como marcante, a experência daqueles que concluiram que o socialismo precisa de democracia como o corpo humano precisa de oxigénio ou que a liberdade é sempre a liberdade de quem pensa de modo diferente ....

domingo, dezembro 10, 2006

PINOCHET MORREU ... QUE VIVA A MEMÓRIA DOS QUE ELE ASSASSINOU!

"Em 17 anos de regime contam-se três mil mortos por razões políticas, (os corpos de mil nunca foram encontrados), 200 mil exilados e milhares de torturados nas prisões do general." (in SIC online)

Augusto Pinochet teve tempo para falecer hoje num hospital militar, em Santiago do Chile.

Este ditador imposto pelas armas e pela vontade imperial norte-americana contra a vontade popular dos chilenos nunca foi verdadeiramente julgado pelos seus crimes. Até teve tempo para morrer no meio de cuidados médicos, nos quais se escudou, anos após anos, para não ter de enfrentar a justiça. Diga-se também que a justiça que o pretendia julgar, também nunca revelou grande vontade para o fazer.

Os milhares de mortos, desaparecidos e exilados do tempo da ditadura que Pinochet liderou, ainda aí estão como testemunho pela vida, pelos direitos humanos, pelo direito de exercer e viver democracia. A memória não se apaga!

Preferimos recordar Allende, exibindo uma das suas fotografias, no momento em que Pinochet morreu.

sábado, dezembro 09, 2006

A PREPOTÊNCIA DOS ESTADOS

Todos os anos, a organização SOCIALISMO LIBERTARIO lança uma Campanha de Auto-Financiamento Internacional no ambito da corrente Utopia Socialista. Este ano, a campanha decorre nos meses de Dezembro (2206) e Janeiro (2007) sob o tema "COMUNHÃO REVOLUCIONÁRIA CONTRA A PREPOTENCIA DOS ESTADOS E DAS IDEOLOGIAS TOTALITÁRIAS".

No último número de SOCIALISMO LIBERTARIO é possível encontrar diversos textos sobre a referida campanha. Traduzimos um deles, intitulado "A PREPOTÊNCIA DOS ESTADOS", de Rocco Rossetti.

"A comunhão é um desejo intenso e um movimento interior que nos leva a comunicar e a compartilhar, a buscar o bem para nós e para os outros, juntamente com os outros. No entanto, esta pulsação pode-se expressar com diferentes graus e conteúdos, de maneiras muito distintas e até opostas em relação às aspirações positivas que as motivam. Pensar uma comunhão revolucionária pressupõe imaginar o seu valor transformador, não limitado, uma busca do bem que não exclui nenhum dos nossos semelhantes.

Neste sentido, a prepotência dos estados apresenta-se como um obstáculo a essa possibilidade. Uma prepotência que advertimos de forma concentrada, como violência contra a nossa vida e nas guerras contra os nossos semelhantes. O ponto mais alto de destruição de vidas humanas considera-se legitimo justamente porque os seus responsáveis são os estados. Pensemos na impunidade de que goza Israel enquanto Estado e, além do mais, democrático, ou nos crimes, também impunes, da ocupação do Iraque.

Uma prepotência que vemos quando é negado a homens e mulheres o direito de conseguirem uma vida melhor noutros países, obrigando-as a arriscar as suas vidas para chegarem até ao Ocidente rico, perseguindo-as e negando-lhes direitos elementares.

Neste momento, quando nos reconhecemos nos sofrimentos dos nossos semelhantes, quando nos identificamos com eles, a arrogancia dos estados parece-nos insuportável como um poder opressivo por cima de toda a sociedade. E é sempre assim, um poder alienado da sociedade perante o qual os seres humanos, não todos e não da mesma forma e da mesma maneira, têm uma série de direitos e de deveres administrados pelo mesmo Estado, de uma forma a que chama de cidadania.

Um poder opressor que, não obstante, é um produto da própria humanidade, das suas aspirações e dos seus limites.

Com efeito, esta prepotência estatal, em benefício de uma minoria opressora, baseia-se também no consenso dos oprimidos, quando se concebe como comunidade estatal, dominada pelo Estado, nos privilégios que este outorga, nas divisões que impõe face a outros seres humanos, sendo uma das causas do racismo.

A opressão e o patriarcado, o belicismo como origem e como recurso, são comuns a todos os estados, democráticos ou não, juntamente com um principio da ideologia totalitária de todo o Estado, quando se apresenta como a única forma possível de uma comunidade humana.


Todavia, as ideologias totalitárias, os sistemas de ideias que se apresentam como os únicos possíveis, não se reduzem sómente à política e às suas instituições. Pelo contrário, perante a crise da política, a vitalidade das religiões demonstra como, por um lado, a busca do bem está presente nas pessoas e, por outro lado, essa busca aliena-se igualmente da humanidade, teorizando no bem supremo e na perfeição divina a impossibilidade da auto-emancipação humana.

Também perante isto, procuramos uma comunhão humana, revolucionária, ou seja, transformadora e não exclusiva entre as pessoas, as comunidades e os povos"

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terça-feira, dezembro 05, 2006

PRÓS & CONTRAS SOBRE OS MILITARES ...

O programa PRÓS & CONTRAS, de ontem, na RTP1 sobre as Forças Armadas em Portugal foi elucidativo.
A propósito da contestação que tem vindo a crescer nos três ramos das Forças Armadas, a RTP escolheu a dedo os participantes no debate: parece que todos os intervenientes admitiam que as Forças Armadas, tal como o Futebol, devem gozar de um regime de excepção no que diz respeito ao exercicio das liberdades.

Tal como no Futebol, também nas Forças Armadas, os Tribunais não riscam ...

Por que razão, o exercicio das liberdades e o reconhecimento dos mais elementares direitos democráticos podem por em causa a "instituição militar"?

Porque razão um militar não pode recorrer aos Tribunais quando vê os seus direitos de cidadão em causa? Ou porque não pode recorrer contra acções ou medidas impostas pela sua hierarquia?

Porque razão é que as decisões dos Tribunais não são acatadas pelas hierarquias militares, quando essas hierarquias discordam das decisões judiciais?

Parece, isso sim, é que trinta anos depois do 25 de Abril de 1974, a instituição militar, nomeadamente as suas hierarquias, não compreendeu o que é viver em democracia e em liberdade. E isso é visível quando evocam a idade (600 anos!?) da instituição militar. Mas será que a idade justifica as excepções ao cumprimento da democracia e ao exercicio das liberdades? Ou será antes a única forma de afirmar a instituição militar não como o "único reduto da nação", mas o último reduto para a defesa de um Estado vocacionado para a manutenção de privilégios classistas e imposição de conceitos meramente formais da democracia?

No programa de ontem da RTP faltaram muitas opiniões. Nomeadamente aquelas que defendem que até pode nem ser precisa ESTA instituição militar. Ou até nenhuma insituição militar. Ou que se defende melhor uma nação com um povo conscientemente mobilizado para esse fim.

Afinal o que fizeram os militares quando desencadearam o golpe militar em 25 de Abril de 1974? E como receberam a adesão popular?

domingo, dezembro 03, 2006

ESCOLHAS POPULARES COM RESULTADOS CONTRADITÓRIOS...

A reeleição de Hugo Chavez, tal como a eleição de Evo Morales ou a de Daniel Ortega, revelam que na América Latina há uma enorme vontade popular de mudança. De por fim a anos e anos de controlo imperialista por parte das várias administrações norte-americanas.

Há também uma mesma vontade popular de criar democracia, de fazer aplicar a vontade de cada povo. Ter direito ao exercício da sua própria vontade independentemente do poder norte-americano. Independentemente do poder dos ditadores locais, colocados e mantidos pela força imperial das administrações norte-americanas.

Mas a vontade popular sul-americana tem esbarrado com uma outra realidade: será que o voto popular tem apontado para as melhores soluções? Ou, será que tem existido alguma alternativa genuinamente popular e socialista?

Será que a alternativa se esgota no "modelo" cubano? Será que a alternativa tem de passar pela gestão de Estados caducos e corruptos vestidos com roupagens "socialistas" e populistas? Será que a alternativa tem de passar pela "emissão" de cheques em branco por parte dos trabalhadores a homens "providenciais" que têm como programa um qualquer discurso "anti-imperialista" totalmente despidos de qualquer ideia de democracia directa e de exercicio do poder pelos trabalhadores, pelos cidadãos, pelas pessoas?

Há ainda um outro drama (a palavra é esta exactamente): parece que, tal como no tempo da chamada guerra fria, alguns sectores das esquerdas deixaram de pensar de forma autonoma. Tal como noutros tempos a escolha de alguma esquerda era pelo lado soviético, por oposição ao imperialismo norte-americano, agora parece que a opção é feita com base na ilusão de que ter um discurso anti-americano e/ou anti-globalização será logo sinónimo de "revolução social"!...

Parece que muitos sectores das esquerdas, não sómente aqueles que suportam as heranças estalinistas, mas agora também alguns que surgem de percursos trotskistas, deixaram de ter como critério de análise, a luta de classes e a opção por projectos de democracia socialista. Há como que um súbito (será?!) deslumbramento pela tomada do aparelho de Estado por homens a quem só se lhes conhece anti-americanismo, algum verbalismo "socialista", mas que continuam a manter uma enorme distancia relativamente às massas que dizem representar ... mas só isso!

Da parte dos novos dirigentes do Brasil, da Nicarágua, da Bolívia, ... , e dos velhos dirigentes de Cuba, parece que se mantém o mesmo critério nacionalista que os impede, por exemplo, de aprenderem alguma coisa com a experiência dos povos de Oaxaca, no México!

PARAÍSOS FISCAIS & OFFSHORES: PARA QUE SERVEM?

A notícia de primeira página do Público exibe uma das facetas dos chamados "paraísos fiscais": autenticas lavandarias de dinheiro!

Não haverá muito mais a acrescentar ao que já tem sido denunciado. Convém, no entanto, lembrar que nos paraísos fiscais o dinheiro não tem rosto ... co-habitam cifrões que podem pertencer a simples aforradores (sem sequer o saber...) como ao mais monstruoso terrorista!

Por lá, também qualquer empresa (financeira ou não...) consegue chegar a lucros inimagináveis em qualquer outro contexto ... digamos, mais normal!! Posted by Picasa