tribuna socialista

quarta-feira, janeiro 18, 2012

18 de Janeiro 1934 - recuperar a memória, lutando contra o actual governo !

A PROPÓSITO DA NOVA LEGISLAÇÃO LABORAL ...

A propósito do retrocesso civilizacional que representa a nova (i.e. velha muito velha com retoques ...) legislação laboral, convido-vos a ler ou reler o DIREITO À PREGUIÇA de Paul Lafargue. Leiam tudo a partir do link que deixo. Fiquem também com esta de Lessing, citado por Lafargue, "sejamos preguiçoso em tudo, excepto em amar e beber, excepto em sermos preguiçosos" ...



"Uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta consigo misérias individuais e sociais que há dois séculos torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda do trabalho, levado até ao esgotamento das forças vitais do indivíduo e da sua progenitora. Em vez de reagir contra esta aberração mental, os padres, os economistas, os moralistas sacrossantificaram o trabalho. Homens cegos e limitados, quiseram ser mais sábios do que o seu Deus; homens fracos e desprezíveis, quiseram reabilitar aquilo que o seu Deus amaldiçoara. Eu, que não confesso ser cristão, economista e moralista, recuso admitir os seus juízos como os do seu Deus; recuso admitir os sermões da sua moral religiosa, econômica, livre-pensadora, face às terríveis consequências do trabalho na sociedade capitalista."


terça-feira, janeiro 17, 2012

A CONTRA-REVOLUÇÃO NO GOVERNO QUER ELIMINAR O 25 DE ABRIL ...

Despedimentos quase liberalizados, mais cortes salariais, ataques continuados ao Serviço Nacional de Saúde, desvalorização continuada do Trabalho ao contrário do que acontece com o Capital, ... , é claro, muito claro, que está em curso uma ofensiva contra o próprio 25 de Abril e contra tudo o que ele possibilitou de transformações e reformas na sociedade portuguesa. 





O actual governo é uma espécie de braço político daqueles que nunca aceitaram as mudanças de Abril ... o pretexto é a crise. Mas esta crise é a crise do sistema económico - o capitalismo - que o governo defende, com unhas e dentes. É a crise do sistema que Abril quis mudar, mas que, anos e anos, de assalto ao aparelho de Estado e à economia portuguesa por parte dos grandes tubarões financeiros, económicos e políticos, impediram que essa mudança se concretizasse e consolidasse.






O actual governo está mortinho por eliminar da memória o 25 de Abril, tal e qual aconteceu e se desenvolveu enquanto revolução social. Começarão por transformá-lo numa "evolução para uma democracia europeia", para depois concluírem que a "verdadeira revolução" é aquela que este governo executa com as suas políticas ...
Mas aquilo a que estamos a assistir é mesmo a CONTRA-REVOLUÇÃO instalada no governo ...

sábado, janeiro 07, 2012

CONSTRUIR A SOLIDARIEDADE, NÃO AO RACISMO ASSASSINO

Posição de SOCIALISMO LIBERTARIO (Espanha) sobre o assassinato de Ibrahima Dyei, jovem proveniente do Senegal, ocorrido há dias em Barcelona.

Construir la solidaridad
Detener el racismo asesino
Martes 3 de Enero Ibrahima Dyei, un joven procedente de Senegal, ha sido asesinado en
el barrio de Besos en Barcelona mientras trataba de mediar en una disputa. Lo que hace todavía
más terrible e inaceptable este asesinado es que se trata de un crimen racista. Quien ha matado
lo ha hecho concientemente, lo había anunciado, y después, de la manera más obscena, lo
ha reivindicado. Lo ocurrido no es, como dice la prensa, el mero resultado de un conflicto
“entre comunidades” sino algo mucho más grave. Quien ha matado se ha sentido con derecho de quitar la vida a sus semejantes por proceder de otra tierra y de otra cultura, por ser africanos, por tener la piel de otro color. Es el racismo asesino.


 
El hecho que el asesino pertenezca a una comunidad, la gitana, a su vez víctima de prejuicios
y discriminaciones racistas, no cambia la sustancia de las cosas. La responsabilidad no
es de la comunidad gitana en cuanto tal sino de todos aquellos que sintiéndose “españoles” o
“catalanes”, consideren que la vida de los otros, máxime si son inmigrantes y africanos, tiene
menos valor y consideren que se pueda quitar más o menos impunemente. El de Barcelona es un crimen racista trágicamente análogo en el fundamento asesino y racista a lo que paso en Florencia hace unos días, más allá de los motivos diferentes de los asesinos, donde dos hombres, también originarios de Senegal, fueron asesinados por un neofascista italiano.
Ante este crimen, queremos expresar ante todo nuestra cercanía al dolor de los parientes
y los amigos de Ibrahima y nos unimos a la petición de justicia de la comunidad senegalesa.

Consideramos fundamental contribuir al surgimiento de la más amplia solidaridad ante un
hecho que revela que el racismo asesino ha entrado en una nueva y peligrosísima dimensión en este país y en este continente.
Concebimos la solidaridad en nombre de un principio fundamental, la común humanidad
que nos hace identificar y reconocer en cada hombre y en cada mujer y nos compromete
en la lucha contra cualquier tipo de racismo y en la defensa de sus derechos a partir del derechofundamental a vivir.

Afirmar el principio de la común humanidad significa luchar contra todo tipo de racismo.


El racismo asesino se alimenta del racismo ordinario, el que emana de las instituciones
estatales pero que lamentablemente crece también en la sociedad, se alimenta del clima de discriminación y negación de derechos básicos, el clima de indiferencia, de cinismo que puede convertirse dramáticamente hasta en complicidad con el odio asesino.
Es urgente unirse en la construcción de la solidaridad, superando el silencio, la indiferencia
y la pasividad que se escudan detrás de interpretaciones parciales e interesadas a relativizar
la gravedad de los hechos. Consideramos necesaria una iniciativa de denuncia y de solidaridad inmediata. Dirigimos en este sentido un llamamiento a todas las fuerzas y las asociaciones antirracistas


y solidarias para detener el racismo asesino, partiendo del protagonismo en la movilización
de nuestros hermanos senegaleses, reivindicando el derecho a la autodefensa para preservar
la vida y contribuir a crear un clima de libre y pacifica convivencia entre las personas.

sexta-feira, janeiro 06, 2012

UMA CARTA DE JOSÉ MÁRIO BRANCO

Uma carta de JOSÉ MÁRIO BRANCO, músico e poeta, mas também um homem atento sobre o turbilhão social. Uma carta que vale a pena ler e reflectir para agir. Uma reflexão critica sobre movimentos sociais, como o 15O, com a qual estou de acordo!




José Mário Branco, músico e poeta
Tenho acompanhado com interesse, evidentemente, todas as tentativas e experiências que têm vindo a ser feitas por todo o mundo na sequência da "primavera" do Cairo. Mas na minha experiência há um sarro do passado.
Meti-me na política aos 17 anos, estive preso pela PIDE, fugi para França em 1963 e voltei em 1974. Desde 64-65 e até há poucos anos, estive sempre ligado à extrema-esquerda de inspiração maoista. Como não sou realmente um político, mas sim músico, letrista e cantor, nessas pertenças e fidelidades fui sempre guiado por duas coisas:
- os grandes valores que, num artista, naturalmente convocam um lastro de radicalidade e, por outro lado,
- a fidelidade a homens políticos cujos escritos e posições públicas me foram parecendo melhor exprimir politicamente essa radicalidade.
O que me levou a ir entrando e saindo de colectivos onde me sentia em casa. Mas como afirmei pouco antes de deixar o último, que ajudei a fundar: "eu nunca saí de partido nenhum, os partidos é que foram saindo de mim".
As organizações políticas em que participei foram saindo de mim por duas razões principais, e supostamente opostas embora me pareça que são a mesma razão com sinais inversos, razões essas que nada têm de novas porque já vêm desde o último quartel do séc. XIX:
- ou perderam em radicalidade o que ganharam em "realismo", que é o eufemismo que usam para designar a capitulação e a adaptação ao capitalismo;
- ou se confinaram e estiolaram em pequenos grupúsculos, seitas e partidecos que, perdendo o contacto com o real, se satisfazem autofagicamente a proclamar verdades definitivas, directivas infalíveis para as massas e são totalmente incapazes de viverem hoje do modo como dizem querer que seja a sociedade de amanhã, prefigurando-a desde já em si mesmos.

A história da Praça Tahrir é diferente, e eu, que vivi o Maio 68 em Paris e o PREC em Portugal, regozijei-me, como toda a gente de bem, por mais uma queda de um ditador conseguida pelo clamor e pela coragem das ruas. Tempos novos, formas de luta novas.
Tenho tentado reflectir sobre isso e o seu alcance, à luz da única coisa que mantenho bem viva: a minha recusa da iniquidade do capitalismo, a minha exigência de "outra coisa" que "essa é que é linda" (ver, por exemplo, http://passapalavra.info/?p=40478).
Mantenho também um interesse continuado - mas forçosamente à distância - pelos poderosos movimentos sociais de base do povo pobre do Brasil, da Argentina, do México, e de outros países, que têm vindo a lutar por coisas essenciais como terra para cultivar, tecto para se abrigar, direito à água, à cidade, ao trabalho, ao descanso, etc.
Estes, só posso segui-los à distância porque, em Portugal, há tanto tempo que não há nada que se pareça; o povo parece apático, cheio de medo, sem raiva nem desconcerto, sempre bem enquadrado por uma elite de burocratas que há 30 anos o fazem gritar que "o custo de vida aumenta, o povo não aguenta" e a classe dominante a rir-se lá em casa respondendo "aguenta sim senhor, a prova é que gritam o mesmo há 30 anos!".
Convenço-me de que, neste longo caminho aos sacões, deixou de haver - por muito tempo - lugar para generalidades, para proclamações (gerais), para grandes desígnios colectivos. Há lugar, sim, para lutar começando pelo que está perto, pelo que está em baixo, pelo que está agora: o que está mal na minha casa, no meu prédio, no meu bairro; o que está mal na minha empresa, onde por definição não existe democracia, mas que é o centro da minha sobrevivência; na minha escola, seja eu aluno (força de trabalho em formação) seja eu professor (formador de força de trabalho), aquele o produto, este o produtor. Um período que será longo, de lutas defensivas e de lenta reacumulação de forças. O selo de qualidade daquilo a que se chama "lutas" é agora, para mim, a sua concretude, porque a maior parte daqueles que se dizem militantes confundem acção com actividade - e não é de agora.

Plataformas como a 15O são somatórios que só podem ter o peso que é, no melhor dos casos, a soma do peso das suas parcelas. O mesmo direi do que poderão ser o 21 de Janeiro e outras datas afins. O grande erro - parece-me - é que quase toda a gente pensa "o que é que eu vou lá buscar?", quando deveriam pensar "o que é que eu vou lá levar?". É como nos grupos artísticos: a criação colectiva resulta do que se vai pondo na cesta comum ao longo dos dias, esses dias em que parece não se passar nada. É esta a minha visão, completamente wilhelm-reichiana.

E isto passa-se mais assim nas revoltas de "classe média" do que propriamente nas revoltas dos pobres-mesmo-pobres. E acho que percebi porquê. É que, contrariamente aos pobres cuja vida toda é dar sem receber, as "classes médias", que têm ainda muito a perder, não sabem como se pratica o verso de Fernando Pessoa: "Só guardamos o que demos". Duvido até que o compreendam. Por isso "vão lá buscar", em vez de "irem lá levar".

Para o capitalismo, ou antes, para os capitalistas, a produção de bens imateriais (serviços, cultura, lazer) tornou-se desde há muito uma produção em massa para uma massa de consumidores (que são, em grande parte, os seus produtores), como se fossem pão, detergentes, casas ou carros. Mas a "classe média", que está a sofrer um lento processo de proletarização, tem vindo a ser proletarizada (incluindo os profissionais liberais - advogados, médicos, professores, artistas plásticos ou performativos) mas ainda não teve tempo nem experiência para deixar de ser pequeno-burguesa - individualista, idealista, socialmente apática e pusilânime.

[NOTA: eu não estou a afirmar que os proletários têm consciência proletária, bem pelo contrário, infelizmente a esmagadora maioria deles está também impregnada de uma cultura e de uma moral burguesa que lhes é injectada em doses cavalares a toda a hora; mas a própria vida prática se encarrega de lhes tornar evidente a classe a que pertencem; só que, não vislumbrado como sair disso, não se arriscam.]

Daí que, nas acampadas, haja aquele ar de carnaval sociocultural, onde se fala de coisas muito sérias, o que é bom, mas onde o carburante são as palavras em si mesmas, e não o gesto. Não é radicalidade, mas sim e apenas uma transgressão, uma aparência de radicalidade. Vou para o meio de uma praça, levo à boca as mãos em concha e grito "Quero mudar o mundo!"; mas as formiguinhas vão passando de lado, no seu afã de escravas; só fica, eventualmente, quem não precisa de fazer o gesto imediato da sobrevivência. Passe a conversa à Raúl Brandão... mas estou enganado?

O meu tema actual - que, como a palavra indica, está cheio de promessas - é o vazio. "Le creux de la vague". Não, ainda, o súbito recuo do mar na praia antes do tsunami, mas um intervalo côncavo de duração não mensurável entre dois ciclos históricos. Não creio que se possa descer mais fundo, e isso dá-me esperança. É preciso que a juventude "média" dê o salto para o lado de lá, onde estão os pobres a sofrer, muito calados, sem (des)tino. "Vou ao fundo da lama / Do outro lado / Do outro lado da mente / Do outro lado da gente / Do lado da gente do outro lado / Do lado da gente que vive de frente / Da gente que vive o futuro presente" (Margem de Certa Maneira, 1972 (!!!)).

Por isso... talvez apareça, não prometo. Estou a tratar do que está aqui perto: fazer música e mais música, inventar novas canções, novos espectáculos, ajudar outros músicos a serem melhores. Ler e ouvir música. Cantar de vez em quando as canções que tenho para dar ao público. É isso.


domingo, janeiro 01, 2012

EMENTA PARA 2012 ...

Mais um excelente trabalho criativo das NOVAS ECONOMIAS, movimento contra a financeirização da sociedade, grupo de trabalho da Assembleia Popular do Porto.