tribuna socialista

quarta-feira, junho 22, 2005

GUILHERME PINTO CANDIDATO DO PS EM MATOSINHOS?

Segundo alguns jornais, parece que o actual vice-presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Guilherme Pinto, será o próximo candidato do PS em Matosinhos.

Independentemente da veracidade desta notícia, o que se passa em Matosinhos exibe o que se passa no PS em matéria de preparação das eleições autarquicas e acaba por ser um espelho do PS moldado à imagem da actual direcção liberal de José Sócrates e (para as autarquicas) Jorge Coelho.

  1. cozinhados, há jogos de bastidores entre diversos lobbies (não confundir com tendências ou correntes políticas), tudo à margem de qualquer participação dos militantes;
  2. Os militantes não foram ouvidos, não houve qualquer apelo a que mostrassem a sua vontade individual ou colectiva. Tudo se passou e tem passado como se o PS fosse uma empresa, onde tudo é decidido pelo "Conselho de Adminstração", leia-se "Comissão Permanente", leia-se, em última instância, o nomeado responsável supremo pela intervenção do PS (a empresa) nas autarquicas;
  3. Em Matosinhos, Narciso Miranda e Manuel Seabra foram muito justamente impedidos de se voltarem a candidatar na sequência dos miseráveis acontecimentos na lota de Matosinhos no dia da morte de Sousa Franco. No entanto, essa correcta decisão foi acompanhada de uma decisão silenciosa e profundamente anti-democrática por parte da direcção do PS: nunca dar a voz aos militantes matosinhenses, fazer tábua rasa também da vontade democráticamente expressa pelos militantes nas últimas eleições para a Concelhia do PS em Matosinhos;
  4. A actual direcção do PS, José Sócrates e Jorge Coelho tiveram e têm medo da vontade e da opinião dos militantes. Duvidam do poder da democracia para a resolução de problemas como o que se passou e passa em Matosinhos. Preferem agir como se o PS fosse mais uma empresa em vez de um partido de esquerda.
  5. A hipotética escolha de Guilherme Pinto confirma o que afirmamos: é o medo da mudança, é o medo de provocar a mudança com a vontade democrática dos militantes. Acaba também por ser continuação de Narciso Miranda sem Narciso Miranda!

O Partido Socialista está a ser objecto de uma profunda transformação por parte de uma direcção que pretende reduzir o partido a uma sigla "PS" sem conteúdo político e ideológico. Fazem no PS o que fazem no Governo: só liberalismo, mais liberalismo, continuação do liberalismo de governo de direita ... mesmo que encham a boca de fraseologias "sociais" e alguns formalismos democráticos!

João Pedro Freire

domingo, junho 19, 2005

100 dias de Sócrates: golpe de estado liberal no PS, mais e o mesmo liberalismo no País!


Os primeiros 100 dias do Governo Sócrates são a história do não cumprimento das promessas eleitorais feitas há quatro meses mas também o não cumprimento de outras promessas feitas por Sócrates aos militantes socialistas durante a campanha interna no PS para a eleição de secretário-geral.

José Sócrates teve uma eleição histórica como secretário-geral do PS, mas a sua direcção política não soube continuar a onda de democracia e de participação dos militantes que a sua eleição representou. Depressa, demasiadamente depressa, os militantes foram colocados em segundo plano e as decisões passaram a ser exclusivo de ilunimados dirigentes. O PS, por culpa da direcção de Sócrates, voltou aos dias da inexistência de debate político. Exemplo dessa falta de debate é o que se passa com a preparação das eleições autarquicas (o caso do concelho de Matosinhos é ilucidativo do modo como a opinião dos militantes é desprezada e não ouvida) ou com a questão europeia.

José Sócrates conquistou pontos a seu favor, nos primeiros dias de primeiro-ministro, mostrando contenção no que dizia e no modo como falava. Todos ainda nos lembrávamos do reinado de Santana Lopes. Mas passados 100 dias, o silêncio de Sócrates começa a ser excessivo e muito misturado com estudos encomendados a "doutas" e "independentes" comissões, com conclusões que parecem servidas como justificação para a implementação de medidas que nunca constaram do programa eleitoral de Sócrates como candidato a secretário-geral do PS ou como candidato a primeiro-ministro.

Enquanto isso, a direcção do PS encarrega-se de promover, no interior do partido, o deserto de ideias, a falta de debate e o desaparecimento de qualquer restia de democracia. O próprio processo de eleição do secretariado de secções e núcleos é adiado por forma a não se correr o risco de se mostrar para o exterior qualquer voz ou vozes dissonantes!

José Sócrates como primeiro-ministro é, de facto, e no plano pessoal, diferente de Santana Lopes. Mas isso, só por si, não o torna alternativa, já que, no plano das políticas, em nada se diferencia de Santana Lopes. Um parece a continuação do outro só que ... mais contido!

José Sócrates e a sua direcção no PS parecem estar a desenvolver algo comparável a um "golpe de estado" interno no sentido de tornar um partido com uma base social trabalhadora e com vontade política de esquerda, limitado/atado aos ditames de políticas e lógicas liberais, cheio de fraseologia social e de esquerda, mas só isso!

Olhem para o modelo de PS que Sócrates e os actuais dirigentes socialistas querem impor e, a partir daí, podem imaginar também o que pretendem para o País.

O que mais impressiona é a aparente passividade de Manuel Alegre e dos seus apoiantes mais próximos. Onde está a força de ideias que mobilizou um importante número de militantes para um PS colocado à esquerda, comprometido com a sua base social, comprometido com o socialismo democrático, comprometido com um projecto de mudança? Onde estão as promessas de organização desses militantes para que o movimento criado à volta de Alegre não morresse? Será que o preço para esse aparente (será?) silêncio de Manuel Alegre encontra justificação na nomeação por Sócrates de dirigentes socialistas que lhe estão próximos para lugares de reponsabilidade no parlamento e no governo?

O Partido Socialista tem um património construido pelos seus militantes que não pode ser ignorado sempre que vai para o governo. Um património de mudança política e social num sentido democrático e socialista que tem sido sempre esquecido, sempre que o PS é governo. Porquê? Será inevitável? Será que o PS enquanto Partido Socialista tem sempre de situar as suas políticas governamentais no mesmo quadro das políticas dos governos de direita? Será que mesmo perante um cenário de crise, as respostas do PS no governo têm de ser sempre parecidas/semelhantes/iguais às dos governos de direita?

Os trabalhadores têm razão quando se manifestam e chamam "mentiroso" a José Sócrates. É que não há paciência para se ver o que vê quatro meses, isso, só quatro meses, depois de uma campanha eleitoral em que foram feitas promessas que, até parece, Sócrates já sabia que não as ia cumprir!

Este País precisa urgentemente de um governo de esquerda com um programa e políticas socialistas e de esquerda. É que também há políticas de esquerda e socialistas para o combate a crises económicas e financeiras!

Para esse governo alternativo, é fundamental, é imprescindivel, a participação e o contributo dos militantes do Partido Socialista. Mas não da sua actual direcção liberal !...

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O CAPITALISMO E O LIBERALISMO NÃO COMBATEM O RACISMO E O FASCISMO!


Este é o lugar para as políticas racistas, xenófobas e fascistas!

Mas o combate que se deve fazer a essas políticas e a todos aqueles que as apregoam, passa pela coragem de propor medidas socialistas e não a continuação de "receitas" situadas no quadro da chamada "economia de mercado" (com ou sem "social") ou do mais bacoco liberalismo ("neo" ou sem ser "neo").

O crescente deficite na participação democrática e cidadã substituida por uma elitização dos que têm a possibilidade de decisão e de concepção das tais "receitas", também contribui, na nossa opinião, para o ressurgimento das manifestações racistas e xenófobas.

A incapacidade política demonstrada pelos sucessivos governos e também, dramáticamente por um governo que se intitula de "esquerda", para enfrentarem a questão da emigração acaba por criar situações em que o aumento do desemprego (provocado pela incapacidade das políticas liberais e capitalistas resolverem as questões, por exemplo, das deslocalizações e da crescente precarização dos empregos) é associado ao aumento do número de emigrantes (eles mesmos, alvo primeiro do desemprego). Emigrantes que se debatem com crescentes problemas burocráticos, políticos e sociais que obstam a uma livre integração.

Uma outra questão merece reflexão: a incapacidade das juventudes dos partidos parlamentares (da direita à esquerda) para, nas escolas, recolocarem o associativismo estudantil como factor de auto-organização estudantil e como motor da organização de iniciativas que favoreçam o gosto e o prazer pela participação democrática como caminho para a resolução cívica dos problemas. Infelizmente essas juventudes partidárias parecem mais preocupadas em assumirem-se como fábricas de "produção de chouriços" ... Mais outra consequência de uma democracia crescentemente parlamentarizada e com deficite também crescente de participação dos cidadãos e dos trabalhadores a todos os níveis!
Posted by Hello

quarta-feira, junho 15, 2005

EUROPA: LUFADA DE AR FRESCO ?

As vontades populares francesa e holandesa foram inequívocas com o NÃO à dita Constituição Europeia.

Foram expressão popular e democrática de um NÃO que também revelou que existem discrepâncias evidentes entre as vontades parlamentares e as vontades populares directas. Se em França e na Holanda os respectivos Parlamentos se tivessem pronunciado, teriam dito SIM...

Na Europa construída pelos liberais de todas as cores, é uma evidência crescente o déficit democrático quanto à participação cidadã, é uma evidência o esvaziamento democrático do único orgão europeu eleito directamente, o Parlamento Europeu, é também uma evidência a burocratização e afastamento dos cidadãos europeus por parte de quase todos os orgãos europeus. Os dirigentes europeus exibem diáriamente tiques de burocratas colocados num pedestal inatingível pelos cidadãos europeus ...

Perante um cenário destes, é claro que os NÃO francês e holandês significam uma clara reviravolta democrática, um claro basta dos cidadãos perante uma construção europeia que tem passado ao lado da democracia enquanto expressão directa da vontade popular.

A seguir aos NÃO francês e holandês, Tony Blair pediu uma "pausa", o presidente checo declarou o fim do actual processo de consulta, o presidente alemão fez marcha atrás à decisão do parlamento alemão que tinha dito SIM, Durão Barroso também voltou atrás e adoptou a mesma posição de Blair ... ou seja e mais uma vez, eis o poder que os cidadãos têm quando resolvem intervir e manifestar a sua vontade!

É uma lufada de ar fresco! É uma machadada na construção liberal e não democrática da Europa!

Só que temos muitas dúvidas sobre a capacidade reflexiva dos dirigentes europeus que têm liderado uma "construção" europeia que nunca prestou a mínima atenção ao que queriam e querem os europeus.

A Europa precisa de uma refundação democrática! Necessita da participação democrática e cidadã de todos os povos europeus!

Os partidários do "sim" costumam dizer que o "Não" não tem projecto europeu. É claro que não!Há vários NÃO como há vários SIM. Mas a melhor forma de dar expressão democrática a essas pluralidades é convocar eleições gerais europeias para um Parlamento com poderes constituintes. Veremos então o que é que de concreto cada "não" e cada "sim" defende e qual o voto que recolhe dos cidadãos europeus.

terça-feira, junho 14, 2005

ÁLVARO CUNHAL


A homenagem dos socialistas libertários a Álvaro Cunhal é feita lembrando as divergências políticas e ideológicas que sempre existiram. Os socialistas libertários não têm de alinhar no cortejo de hipocrisia que iniciou o desfile logo após a morte do dirigente comunista.

Álvaro Cunhal foi um lutador. Um exemplo de vida e de luta para milhares de anti-fascistas e milhares de comunistas. Em Portugal e no plano internacional.

Mas Álvaro Cunhal ficará ligado à defesa de um "socialismo" que teve sempre mais a ver com totalitarismo e quase nada com a Revolução dos Sovietes. Em momentos cruciais da luta operária e socialista do século XX, como a revolução espanhola, o Maio de 1968 em França, as revoluções checa e húngara, Álvaro Cunhal esteve sempre mais próximo de Estaline de Brejnev do que de Lenine.

As críticas que fizemos e mantemos a Álvaro Cunhal não são confundíveis com as que fazem todos aqueles que, usando fraseologia de "esquerda", há muito que optaram pela defesa da chamada "economia de mercado", mesmo que disfarçada de "social".

Álvaro Cunhal percebeu que os tempos mudaram e manteve-se inabalável na defesa de uma alternativa ao capitalismo. Só que foi uma alternativa que não o era, nem será.

Mário Soares, por exemplo, quaando fala em "mudaram-se os tempos, mudam-se as vontades", também não percebeu que a alternativa ao capitalismo não é nem está no próprio capitalismo, mesmo quando os dirigentes da Internacional Socialista pintam o liberalismo com roupagens "sociais".

A necessidade de uma alternativa socialista, profundamente democrática, anti-capitalista e com dimensão internacional, tem-se debatido dramáticamente com a influência política de correntes que integram Cunhal e Soares. Correntes que falam em "socialismo" mas que, cada uma à sua maneira, se dedicam a adiá-lo ou a afundá-lo.

No momento em que desaprece Álvaro Cunhal, deixamos a nossa homenagem sincera e também deixamos um apelo a todos os comunistas para que bebam no exemplo e na força da vida de Cunhal, alento para se continuar a luta por um socialismo que volte a beber o que de melhor brotou das Revoluções de Outubro, na Russia, e de Abril, em Portugal. Posted by Hello

domingo, junho 05, 2005

BASTA DE HIPOCRISIA !! BASTA DE JOGOS POLITIQUEIROS!!


É isto mesmo: BASTA !!!!

BASTA de fazer de conta que os membros do actual governo PS não sabiam da situação que a direita deixou o País e, face a essa situação, fazem de conta que não sabiam que iriam aplicar as mesmas medidas dos governos de direita porque ... afinal revelam falta de coragem política para aplicarem outras medidas!!

BASTA também de jogos politiqueiros que exibem que afinal PS e PSD (e CDS!) mais não fazem que proteger interesses instalados, lobbies cimentados, ... , jogos politiqueiros que, com aparentes tonalidades diferentes, acabam por manter o mesmo sistema que leva a imensa maioria social a sofrer, uma e outra vez, vezes sem conta, as consequencias de uma politica(s) e de medidas que visam manter a mesma "economia de mercado", i.e. o liberalismo e o capitalismo, a verdadeira origem daquilo que o poder diz combater nas palavras, mas que, afinal, perpetua, perpetua e perpetua...

BASTA também dos apelos dos saudosistas do passado, dos que nunca se livraram do saudosismo do fascismo e do colonialismo, e que agora apelam sorrateiramente, via net, a exibições de bandeiras negras contra ... a democracia (funcionando bem ou mal, tanto se lhes deu!!). Estes saudosistas não são nada, não são alternativa a nada e só merecem ser enterrados de vez!!

As políticas de direita do governo da direcção do PS merecem só uma resposta: mobilização popular, mobilização dos militantes do PS para que as promessas eleitorais do PS sejam PLENAMENTE cumpridas!!
Posted by Hello

quarta-feira, junho 01, 2005

HOL.ANDA: MAIS UM "NÃO" À "CONSTITUIÇÃO" EUROPEIA!

As previsões apontam para um resultado


NÃO 63%
SIM 37%


Uma decisão clarissima por parte da vontade popular holandesa.

Mas os partidários do "sim", em especial os burocratas e os partidos do "arco" liberal, continuam a considerar que o voto "não" é um voto "contra a Europa"! São teimosos e assumem-se como anti-democráticos ... mas não admira porque a Europa que têm "construído" é uma Europa à margem dos cidadãos europeus, é uma congeminação de burocratas, de comissões e de eleições europeias com abstenções em crescendo!

Os cidadãos europeus estão agora a dizer que querem ser eles os construtores de outra Europa. Porque outra Europa mais democrática e mais social é possível e os europeus estão agora a dizer que a querem construir!

Mais uma vez apelamos ao debate democrático em Portugal sobre a Europa e não só sobre uma "Constituição" que já está moribunda.