Independentemente da veracidade desta notícia, o que se passa em Matosinhos exibe o que se passa no PS em matéria de preparação das eleições autarquicas e acaba por ser um espelho do PS moldado à imagem da actual direcção liberal de José Sócrates e (para as autarquicas) Jorge Coelho.
- Há cozinhados, há jogos de bastidores entre diversos lobbies (não confundir com tendências ou correntes políticas), tudo à margem de qualquer participação dos militantes;
- Os militantes não foram ouvidos, não houve qualquer apelo a que mostrassem a sua vontade individual ou colectiva. Tudo se passou e tem passado como se o PS fosse uma empresa, onde tudo é decidido pelo "Conselho de Adminstração", leia-se "Comissão Permanente", leia-se, em última instância, o nomeado responsável supremo pela intervenção do PS (a empresa) nas autarquicas;
- Em Matosinhos, Narciso Miranda e Manuel Seabra foram muito justamente impedidos de se voltarem a candidatar na sequência dos miseráveis acontecimentos na lota de Matosinhos no dia da morte de Sousa Franco. No entanto, essa correcta decisão foi acompanhada de uma decisão silenciosa e profundamente anti-democrática por parte da direcção do PS: nunca dar a voz aos militantes matosinhenses, fazer tábua rasa também da vontade democráticamente expressa pelos militantes nas últimas eleições para a Concelhia do PS em Matosinhos;
- A actual direcção do PS, José Sócrates e Jorge Coelho tiveram e têm medo da vontade e da opinião dos militantes. Duvidam do poder da democracia para a resolução de problemas como o que se passou e passa em Matosinhos. Preferem agir como se o PS fosse mais uma empresa em vez de um partido de esquerda.
- A hipotética escolha de Guilherme Pinto confirma o que afirmamos: é o medo da mudança, é o medo de provocar a mudança com a vontade democrática dos militantes. Acaba também por ser continuação de Narciso Miranda sem Narciso Miranda!
O Partido Socialista está a ser objecto de uma profunda transformação por parte de uma direcção que pretende reduzir o partido a uma sigla "PS" sem conteúdo político e ideológico. Fazem no PS o que fazem no Governo: só liberalismo, mais liberalismo, continuação do liberalismo de governo de direita ... mesmo que encham a boca de fraseologias "sociais" e alguns formalismos democráticos!
João Pedro Freire