tribuna socialista

sábado, outubro 29, 2005

MANUEL ALEGRE EM ÉVORA: um pequeno gesto ...

É um pequeno gesto com um enorme significado político. Manuel Alegre inaugurou hoje a primeira sede de campanha, em Évora. A candidatura de Manuel Alegre com esta inauguração confirma-se como a afirmação de um movimento de cidadania para além dos partidos, baseado num processo de afirmação política de cidadãs e cidadãos.

Afirma-se também como um movimento transversal à esquerda. Há sobretudo cidadãs e cidadãos provenientes dos diversos partidos à esquerda. Há socialistas (em maioria), há comunistas, há bloquistas, há muitos independentes. Esta é a força, isto é o que dá ânimo e capacidade de afirmação política à candidatura de Manuel Alegre!

Os partidos políticos são importantes à democracia. Mas a democracia não se esgota nos partidos políticos. E não se pode esgotar em partidos políticos excessivamente presos aos jogos parlamentares, distantes da vontade e da opinião permanentes das cidadãs e dos cidadãos.

Para além dos partidos, também há democracia! Também há vontades individuais e colectivas que têm o direito de se manifestar, que têm o direito de intervir, que têm o direito de participar activamente no aprofundamento da democracia. Este pode ser também um dos vectores de afirmação da candidatura de Manuel Alegre!

Em Évora, Manuel Alegre falou disto! Posted by Picasa

JOSÉ SOCRATES E A "PACIÊNCIA DEMOCRÁTICA"...

José Sócrates começa-se a revelar uma autentico malabarista político ... Mas em todas as grandes decisões que toma, como primeiro-ministro ou como secretário-geral do PS, acabam sempre por ser as portuguesas e os portugueses mais desprotegidos que sofrem sempre as piores consequências ...

Escolhe sempre o cenário para se lembrar das promessas eleitorais que quer cumprir e das que não quer cumprir ...

Quando cumpre as promessas, fala de "paciência democrática". Quando não as cumpre, fala de "interesse nacional" ... Mas é ele, José Sócrates, que sabe o que é uma coisa ou outra...

José Sócrates pede "paciência democrática" às mulheres que vão ter de esperar, pelo menos, até Setembro de 2006, para não verem os seus direitos quanto à interrupção voluntária da gravidez, molestados por decisões e normas administrativas ... Justifica-se com o cumprimento de compromissos eleitorais!

José Sócrates já não falou nos mesmos compromissos eleitorais, quando resolveu impor que as portuguesas e os portugueses apertassem o cinto com mais impostos e com os mais que discutíveis discutíveis nívelamentos por baixo da uniformização do direito à reforma dos trabalhadores. Falou, a este respeito, em "interesse nacional"!

Quem acaba por sofrer as consequências das políticas de José Sócrates, são sempre os mesmos! Os mesmos que em Fevereiro último acreditaram que Sócrates era alternativa à direita ... a paciência, até a democrática, começa, de facto, a perder-se!

terça-feira, outubro 25, 2005

Primeira reflexão ...

MÁRIO SOARES: ALTERNATIVA A CAVACO SILVA?


O Manifesto que Mário Soares acabou de divulgar, revela um candidato politicamente preso ao governo Sócrates e à direcção liberal do PS.

Mário Soares revela-se também como um candidato da Europa que foi derrotada com o “não” à Constituição liberal europeia em França.

Mário Soares é também, tal como Cavaco Silva, um candidato que não consegue mais nada para além da chamada “economia de mercado”. Com uma diferença, é verdade! Pertence ao grupo daqueles que querem “quadrar o circulo”, tentando “reformar” e  “regulamentar” uma economia que será sempre gerida a partir das empresas e dos seus patrões.

A idade em Mário Soares tornou-o, afinal, mais distante do Mário Soares que participou duas vezes no Fórum Social Mundial e do que se bateu contra a guerra de Bush no Iraque. O candidato Soares 2006 revela-se mais próximo do Mário Soares primeiro-ministro ou do Mário Soares que, certo dia, resolveu por o socialismo na gaveta!

Tal como Cavaco Silva, a intervenção de hoje de Mário Soares revelou-se cheia de abstracções, tais como, “estabilidade” , “reforço das instituições democráticas”, “cidadania activa” … termos e grupos de termos que soam a fraseologia, depois de vermos o que os políticos do centrão fazem quando estão, à vez, no governo!!

A Europa de Mário Soares, ou seja, a mesma de Chirac ou de Blair ou de Barroso, é insustentável. A “economia de mercado” de Mário Soares, ou seja, a mesma de Cavaco Silva ou de Marques Mendes ou de Sócrates, é medonha, numa perspectiva social. A defesa do “rigor orçamental” na linha de Sócrates e também de Manuela Ferreira Leite, é aberrante!

Mário Soares não convence como candidato com a pretensão de “unir as esquerdas”. Com um Manifesto como aquele que hoje apresentou, só deverá ter pretensões a voltar a recriar o “bloco central”!

O assunto é sério! As esquerdas continuam num caminho perigoso. Ou seja, as presidenciais podem acentuar o clima de “parlamentarização” e de “clubite” que proliferando entre as esquerdas. E mesmo com diversas candidaturas, seria possível concertar uma estratégia COMUM!

sexta-feira, outubro 21, 2005

É SINTOMÁTICO!!!

É MUITO MAIS AQUILO QUE UNE CAVACO E SAMPAIO DO QUE AQUILO QUE OS SEPARA

(João Lobo Antunes mandatário de Cavaco Silva, Público de 21.10.2005)

É sintomático!

Quem o diz é o mandatário nacional de Cavaco Silva que também o foi de Jorge Sampaio.

Vai sendo, cada vez mais claro, que as diferenças entre todos os que defendem a "economia de mercado", são crescentemente ténues e impercétiveis.

A ditadura (não há outro termo mais adequado) da "economia de mercado" contra a "economia do trabalho", i.e. uma economia baseada na participação e na planificação democráticas, nos direitos e deveres dos trabalhadores, na cultura do pleno emprego, na cultura do direito à reforma e do direito à vida fora do trabalho, é algo que, mesmo com vestes "socialistas" e outras eventualmente mais "radicais", vai colocando no plano da semelhança e até da mais banal igualdade, todos aqueles, aparentemente diferentes mas afinal iguais, defensores dessa coisa chamada "economia de mercado", i.e. o liberalismo/capitalismo!

O mandatário nacional de Cavaco Silva acaba por ser o denominador comum dos defensores nacionais da "economia de mercado"...

quinta-feira, outubro 20, 2005

AÍ ESTÁ CAVACO SILVA...

Aí está o candidato dito supra-partidário da direita. O mesmo que foi primeiro-ministro dos tempos do cavaquistão ... lembram-se?

Parece que não!!!

Cavaco Silva e os seus principais apoiantes lançarão a imagem de uma candidatura que vai da direita até à esquerda. Coincidentemente ou não, surgem na imprensa vozes clamando por mais presidencialismo!

Cavaco Silva parece um candidato a Bonaparte ... por cima e acima de tudo e todos!

Em vez do aprofundamento da democracia ouviremos falar, provavelmente, de algo como democracia forte, de mais ordem ... tudo sob o fundo da chamada economia de mercado!

Os tempos são de crise profunda. São também de profunda divisão à esquerda. De parlamentarização das esquerdas que teimam em não convergir na abordagem dos problemas sociais. Estas crises são uma autentica passadeira para o aparecimento de populismos (como já tivemos nas autarquicas) mas também de sebastianismos bonapartizantes, de homens considerados providenciais...

terça-feira, outubro 18, 2005

Manifesto de Apoio a Manuel Alegre

Mais de 50 personalidades assinam manifesto de apoio
"Manuel Alegre, a abertura à cidadania"
Texto integral do Manifesto e subscritores
[18.10.05]
Na candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República encontramos o espírito de renovação da democracia e a abertura à cidadania de que Portugal neste momento tanto necessita. A coragem, a frontalidade, a determinação e o combate em prol da liberdade que marcam o trajecto de Manuel Alegre parecem-nos qualidades essenciais neste momento de crise e de crispação democrática. Personalidade cosmopolita, de cultura, Manuel Alegre tem sido também sempre um empenhado homem de acção, uma voz firme contra a injustiça e as derivas autoritárias. A sua eleição para Presidente da República que tanto tem defendido, colocá-lo-á, não só como garante do bom funcionamento das instituições, mas sobretudo como a voz clara e rigorosa de que o País precisa contra os interesses instalados e os clientelismos. Figura prestigiada e internacionalmente reconhecida, Manuel Alegre está particularmente bem colocado para transmitir à Europa e ao Mundo a imagem de um Portugal de Futuro, solidário, eficiente, pujante e criativo. Estamos convictos de que esta candidatura é a única que pode unir Portugal em torno da ideia de uma participação cívica que se quer ampliada, porque a força da democracia reside na igualdade de oportunidades, na abertura a novos espaços de diálogo e de transformação e na regeneração dos cargos de poder. Manuel Alegre é um homem de valores e de valor no qual as portuguesas e portugueses podem, para lá de todas as diferenças, rever-se. Abílio Hernandez - Professor universitário Carlos Brito - Escritor e antigo deputado Carlos Reis - Professor universitário Clara Crabbé Rocha - Professora universitária Cristóvão de Aguiar - Escritor Diogo Dória - Actor Eduardo Prado Coelho - Escritor Espiga Pinto - Escultor Fausto Bordalo Dias - Compositor Fernando Pinto do Amaral – Escritor Flak – Cantor e compositor Francisco Fanhais - Músico Francisco Simões - Escultor Hélder Macedo - Escritor Hélia Correia - Escritora Inês Pedrosa - Escritora Jacinto Lucas Pires - Escritor Jaime Rocha - Escritor João Rodrigues - Editor Jorge Palma – Cantor e compositor José Jorge Letria - Escritor e jornalista José Manuel Mendes - Escritor José Niza - Compositor José Rebelo - Professor universitário Kelly Basílio - Professora universitária Leonor Areal - Realizadora Luís Moita - Professor universitário Mafalda Ivo Cruz - Escritora Manuel Alberto Valente - Editor Manuel Correia Fernandes - Arquitecto Manuel Faria - Músico Manuel Freire - Cantautor Manuel Vicente - Arquitecto Maria Augusta Babo - Professora universitária M.Fernanda de Abreu - Prof. universitária Mário Cláudio - Escritor Mário de Carvalho - Escritor Mário Zambujal - Escritor Nelson de Matos - Editor Nuno Félix da Costa - Fotógrafo Nuno Júdice - Escritor Paula Morão - Professora universitária Paulo de Carvalho - Músico Pedro Barroso - cantor e compositor Pedro Támen - Escritor Rui Lagartinho - Jornalista Rui Zink - Escritor Teresa Rita Lopes – Escritora Vasco Pereira da Costa - Escritor Vítor Belém - Pintor Yvette Centeno - Professora universitária

domingo, outubro 16, 2005

IGNACIO IGLESIAS FALECEU

TRIBUNA SOCIALISTA – Democracia & Socialismo transcreve (traduzido) a nota da FUNDAÇÃO ANDREU NIN relativa à morte de IGNÁCIO IGLESIAS, antigo dirigente do POUM.


IGNACIO IGLESIAS MORREU
No dia 15 de octubre de 2005 faleceu em París, com 93 anos de idade, o nosso  querido companheiro e amigo Ignacio Iglesias (1912-2005). Militante do POUM durante a guerra civil e nos anos quarenta, Ignacio foi uma das personalidades mais activas e interessantes do exílio político e cultural republicano. 
A Fundación Andreu Nin comparte a dor com todos os seus familiares e amigos. Queremos dedicar-lhe publicamente a nossa mais sincera homenagem à seu longo percurso na defesa da liberdade, do socialismo e da democracia.
Mais informação sobre a sua vida, a sua personalidade e a sua obra na página dedicada a Ignacio Iglesias em www.fundanin.org FUNDACIÓN ANDREU NIN. Recomendamos a todos os nossos amigos o seu livro Experiencias de la revolución española, uma obra clássica sobre a revolução espanhola e a perseguição ao POUM.

NA UNIÃO EUROPEIA...

PORTUGAL TEM A MAIOR DESIGUALDADE SOCIAL

A notícia merece ser transcrita, tal e qual, foi recebida. Com um único comentário: este é um exemplo das consequências do modelo liberal que a direita quer manter e que o Governo Sócrates não tem coragem para alterar … apesar de ter recebido claro apoio social para o fazer!

Portugal é o país da União Europeia onde há mais desigualdade entre ricos e pobres. Os dados foram hoje revelados à agência Lusa pela associação Oikos.

Para assinalar o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, segunda-feira, várias organizações portuguesas vão lançar um apelo para que o País coloque a pobreza e a desigualdade no debate público, deixando de se concentrar apenas na discussão sobre o crescimento económico e redução do défice do Estado.

Portugal é de longe o país da União Europeia (EU) onde os ricos são os mais ricos e os mais pobres são os mais pobres, declarou à Lusa João José Fernandes, responsável do conselho directivo da Oikos - Cooperação e Desenvolvimento. As 100 maiores fortunas portuguesas representam 17 por cento do Produto Interno Bruto e 20 por cento dos mais ricos controlam 45,9 por cento do rendimento nacional

EUROPA: um tema importante para as Presidenciais!

Francisco Louçã tem razão: a Europa deve ser discutida pelos candidatos à Presidência.

Depois dos NÃO francês e holandês, os governos europeus silenciaram qualquer debate sobre a construção europeia. O objectivo é claro: fazer esquecer o movimento europeu que disse NÃO ao modelo liberal de construção europeia. Mais uma vez, os governos comprometidos com o SIM à Constituição liberal, tal como os dirigentes da "Internacional Socialista" como Sócrates em Portugal, revelam não estar nada interessados em generalizar o debate, em democratizar a participação na discussão sobre qual a Europa que os povos europeus querem.

As eleições presidenciais são um momento por excelência para essa discussão. Será pois muito importante que Mário Soares e Manuel Alegre se definam claramente relativamente a este tema. Que digam como é possível uma Europa ser liberal e social ao mesmo tempo. Que expliquem, afinal, como é que esse modelo liberal pode ser viável no futuro, se, no passado e no presente, tem vindo, aos poucos a por em causa os direitos sociais em qualquer país europeu.
De Cavaco Silva, o tal "bom aluno" desta Europa liberal, já sabemos o que dirá!

Sobre a Europa, precisa-se urgentemente de mais debate para maior participação!

Dos principais candidatos que se afirmam de esquerda, espera-se clareza no que dirão sobre a Europa que defendem. Posted by Picasa

sábado, outubro 15, 2005

FAZER A REVOLUÇÃO É A FORMA MAIS ECONÓMICA DE SER FELIZ

Entrevista retirada do portal www.rodelu.net/lahoja de LA HOJA LATINO-AMERICANA, em castelhano.

Entrevista con Celia Hart Santamaría
Hacer la revoluciónes la manera más económica de ser feliz
Celia tiene 41 años y es hija de dos dirigentes históricos de la revolución cubana, Armando Hart y Haydée Santamaría. Celia es física, escritora y miembro del Partido Comunista de Cuba, impulsora actualmente del comité de solidaridad con Palestina. Se define como «trotskista por cuenta propia». Acaba de culminar una visita a Buenos Aires. La entrevistamos para que nos contara como llegó a Trotski desde la ciencia, buscando una explicación a la caricatura de socialismo impuesta por el stalinismo. Más allá de las lógicas diferencias políticas que tenemos con Celia, es apasionante conocer las opiniones de esta cubana internacionalista y enemiga mortal del «socialismo en un solo país»
Mercedes Petit y Guillermo Pacagnini Alternativa Socialista, Buenos Aires, octubre de 2004
-¿Cómo conociste la obra de Trotski, que tenemos entendido que se estudia y difunde muy poco en Cuba? -En 1982 fui a terminar la carrera de Física a la República Democrática Alemana. Yo tenía una formación muy fuerte desde niña con Martí y el Che. Y los compañeros me decían que ir a la RDA, sería como viajar en la máquina del tiempo, vería el futuro de mi revolución. Encontré un país muy desarrollado, con su economía planificada, con gente con alto nivel de vida, pero que era un país mustio, sin juventud, paralizado ideológicamente, no les interesaba las cosas del Che, lo que ocurría en Nicaragua... era un sistema triste... Y esa quietud me empezó a mortificar y creó una crisis en 1985 donde yo no entendía que ese fuera el sistema.
-Fue un cambio grande para vos... -Cuando volví a Cuba estaba en que me iba a ir del país o iba a promover una reforma... No conocía a Trotski. Me habían enseñado que era un desertor de la revolución rusa, un traidor. Yo me enganchaba con Martí y con el Che en el aspecto internacionalista. Mi papá me dio, sin decirme nada, los libros de Isaac Deustcher. Leí El profeta desarmado, Stalin y La revolución inconclusa. Fue un renacimiento, una felicidad, los entendí inmediatamente y me di cuenta que había habido una gran traición y que yo fui víctima también de esa traición. Se convirtió en mi profeta porque me salvó para la causa del proletariado. De allí en adelante fue una cosa muy lógica... Los libros de Trotsky que tuve oportunidad de conseguir los leí con gran facilidad. Me parecía una cosa que yo sabía, que intuía... Llegué a Trotski a partir del pensamiento de Martí y el Che. Yo pensaba que la única trotskista en el mundo era yo... En noviembre de 2003 escribí mi primer artículo sobre Trotski. Empecé a recibir cartas de todo el mundo, de Cuba ninguna. Allí no me publican... Soy algo así como trotskista por cuenta propia. Ahora me hicieron optar entre la Física y la política. Por eso me fui de la universidad. Milito en el comité nacional cubano de solidaridad con Palestina, que se está desarrollando.
-¿Cómo ves el panorama actual de América Latina? -Muy estimulante. Un reverdecimiento de todas las fuerzas que han estado apañadas por toda la década de globalización, caída del muro, fin de la historia. Se vive un momento diferente. Es muy importante lo que ocurre en Venezuela, el papel de Chávez, no se le extiende un cheque en blanco a nadie, pero sí creo que aunque no es un gobierno socialista clásico, creo que hay intención de reformas radicales y lo más importante, el movimiento de masas, los trabajadores, se ha fortalecido y ha crecido en meses tomando una cultura política impresionante, son los que podrán conducir a Chávez a tomar las mejores medidas. Por eso no tanto confiar en Chávez, sino en esas masas... el espíritu de los bolivarianos trasciende incluso lo que pueda decir el gobierno, que como todo gobierno tiene sus márgenes de conservador. ¡Lo que se ha generado! después del referéndum que convirtió una campaña en una lucha de clases, el NO fue de los obreros, de los humildes...
-¿Y la situación en Cuba hoy? -Somos una referencia más allá de las diferencias que se tengan con el gobierno, es una revolución que logró sobrevivir al derrumbe del campo socialista. Fidel dijo «socialismo o muerte»... Yo tengo una guerra total con el concepto de «socialismo en un solo país», en Cuba no existe el socialismo, lo que hay es revolución socialista. Esta se tiene que dar en muchos países para ir a un sistema socialista, pero no simultáneamente... Muchos se confunden... En Cuba existen los problemas del socialismo en un solo país, que no se puede hacer. Hay una revolución socialista que se está defendiendo en un medio hostil. Fidel no incorpora la revolución permanente a su discurso, no sé por qué, pero no me importa porque él lidera la revolución. Por supuesto hay sectores que han burocratizado muchas cosas del país. Y está el problema de la posibilidad de una restauración capitalista dada la dolarización. El burocratismo y la restauración tienden a hacer alianza, en la ex URSS fue así...
-Desde el punto de vista trotskista de la revolución permanente, ¿cómo ubicas el proceso revolucionario cubano? -La Revolución Permanente como yo la entendí es en dos sentidos. Hacia adentro de las fronteras, no para de cambiar. A mí me decían «ya triunfamos, tranquilícense» No, no hay tranquilidad, es a contracorriente, la revolución permanente es estar contra esa tendencia al status quo que hay. Y hacia fuera de las fronteras, eso que antes se decía de exportar la revolución, que ahora no se puede decir... Lo que hizo el Che, defender la revolución permanente, ya triunfamos aquí pero no es suficiente, hay que hacer muchos Vietnam. El Che es el paradigma de la revolución permanente. Fue el alumno más aventajado de Trotski por intuición, aún criticándolo... y murió con un libro de él en la mochila. Es lo contrario a lo que ahora nos dicen de «no injerencia en los asuntos internos de los países». Tomar el poder es un trámite hacia el socialismo, no es su triunfo, hay que seguir haciendo la revolución estando en el poder, revolucionando constantemente...
-Después de la caída del muro y la URSS, muchos hablaron de «muerte del socialismo». ¿Vos cómo lo ves? -La caída del Muro ojalá se hubiera dado antes. Porque el Muro, la URSS, el stalinismo, nos retrasaron mucho el camino, no sólo en el tiempo, también en la conciencia. Muchos se volvieron reformistas, otros burócratas. A los obreros les extirparon su conciencia de clase. Fue un engaño colosal. Pero la caída del muro permitió salir de la amnesia. Se liberaron las condiciones objetivas de la revolución. Se coloca la vigencia de Trotski, que empieza a ser muy necesario. Se demostró la claridad de Trotski: la revolución permanente, el internacionalismo y también la lucha contra la burocracia. Ahí está el problema de Cuba que tenemos que resolver, el de la burocracia, si no nos va a comer el problema de la dolarización. La revolución atorada es un problema. La revolución vivirá mientras se reproduzca.
-¿Qué opinas sobre los que dicen que no van más la toma del poder, el partido revolucionario y la lucha del proletariado? -Es una tontería. Sin lucha de clases no hay toma del poder. El poder nadie lo regala. Pero a los que decían que era el fin de la historia, hoy el desastre que es el mundo demuestra la incapacidad del capitalismo. No es que un mundo mejor es posible, es que si no cambiamos al mundo, el que hay hoy, el peor, no va a quedar, va al fin de la civilización. La única alternativa es el sistema socialista que aún no ha triunfado. Y los que dicen que el error no fue Stalin sino el propio Lenin se equivocan.
-Para ello es fundamental construir el partido revolucionario... -Es imposible que los movimientos sociales puedan sustituir el rol de las vanguardias políticas. Los partidos son fundamentales para que los movimientos sociales tengan una dirección, un rumbo. Es la gran tarea de la izquierda. Que no se resuelve sólo con este o aquél partido. Es necesaria la unidad de la izquierda comunista, es decir trotskista, para organizar.
-¿Y la necesidad de construir una internacional? -Ah... para mí eso es el sueño. Para lograr lo de «proletarios de todos los países uníos». Una Internacional. Hay que restablecer esa maravilla del marxismo. Empezando por unir alrededor de temas específicos, para movilizar, para juntar a América Latina, para ayudar a romper las fronteras. No sé cómo se puede hacer.
-¿Qué les dirías a los luchadores que buscan una alternativa para superar la miseria capitalista? -La revolución socialista es la única alternativa. Esto no quiere decir que no luchemos contra las injusticias concretas por las que tenemos que ser los primeros en dar la vida. Pero les digo a los jóvenes que la revolución no es solamente el fin más hermoso. Hacer la revolución es la manera más económica de ser feliz.

quinta-feira, outubro 13, 2005

VÊM AÍ NOVAS ELEIÇÕES: Presidenciais ou Legislativas???

O cenário pode ser este:

Mário Soares é o candidato oficial das direcções nacional e distritais do PS (não confundir a arvore com a floresta ou vice-versa...)

Jerónimo de Sousa é o candidato oficial do PCP (será também da CDU?). Os cartazes outdoor confirmam-no ...

Francisco Louçã é o candidato oficial do Bloco de Esquerda ...

Manuel Alegre é uma candidatura não-oficial ... o que é, para nós, uma vantagem política, um desafio político ...

Cavaco Silva será, provávelmente a partir do dia 20 do corrente, o candidato oficial do PSD/CDS e outros sectores da direita, com alguma ajuda de personalidades habitualmente afectas ao PS (não confundir com "de esquerda") . Cavaco Silva será uma espécie de candidato oficial / não oficial a apelar à "mão-de-ferro" populista ...

Pode ser que apareça mais uma candidatura não-oficial à direita ... a ver vamos!

Perante isto ... a pergunta é pertinente: em Janeiro de 2006 teremos novas legislativas???

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quarta-feira, outubro 12, 2005

TRANVERSALIDADES À ESQUERDA: DOIS EXEMPLOS!

Bloco de Esquerda (BE) e Manuel Alegre: semelhantes em quê?

Na nossa opinião são dois exemplos de acções trasnversais à esquerda. Acções que aproveitam experiências e percursos diferentes. Acções que convergem na pluralidade. Contribuem para uma nova cultura unitária de esquerda!

O BE é um exemplo conseguido. Manuel Alegre pode vir a ser um exemplo que se afirmará com as presidenciais.

O BE consegue afirmar-se a partir da união de esforços de partidos e grupos bem diferentes, como o PSR, a UDP, a Política XXI e a FUR/Ruptura. Foi possível, com frutos, organizar a discussão e a acção entre experiências políticas provenientes do trotskismo, do maoísmo e de dissidentes do PCP. A que se juntaram inúmeros militantes sem partido. O resultado tem sido uma plataforma claramente democrática na sua organização e de afirmação crescentemente socialista. Não discutimos, nem avaliamos eventuais discussões internas que possam existir no BE sobre mais ou menos democracia interna ou sobre este ou aquele aspecto político programático. O resultado, esse, tem sido positivo e com crescimento eleitoral reconhecido.

A candidatura de Manuel Alegre surge à margem do PS, sem o apoio explicito dos dirigentes socialistas mais mediáticos e com um apoio que tem sido espontâneo entre sectores das esquerdas que não se esgotam no PS. É uma candidatura que pode trazer organizar convergentemente experiências e percursos políticos diferentes, à esquerda. Pode ser também a afirmação de um movimento transversal à esquerda que contribuirá para uma nova cultura unitária das esquerdas.

A crítica ao liberalismo/capitalismo precisa, mais do que nunca, da afirmação de uma alternativa que se defina pela afirmação política e não só pela negativa, pela oposição. Afirmação num sentido democrático e socialista e global na sua capacidade de afirmação alternativa ao edíficio liberal/capitalista.

Há um movimento social, difuso é certo, mas também crescente que contesta o liberalismo, a sua forma globalizada de dominação e as suas políticas. Esse movimento é difuso porque é plural. Para passar da capacidade de sómente contestar para a capacidade de também afirmar, necessita de organização diferente daquela que oferecem os partidos tradicionais. Precisa de uma organização que nunca elimine a pluralidade, que nunca elimine a diversidade, que seja transversal no modo como organiza experiências e percursos muito diferentes, à esquerda!

O BE (sobretudo como surgiu e se afirmou) e a candidatura de Manuel Alegre são, na nossa opinião, dois exemplos para um debate sobre novas formas de organização para a afirmação de uma alternativa democrática e socialista ao liberalismo. Novas formas de organização onde a transversalidade dos percursos, das experiências e dos projectos é condição de afirmação de uma nova cultura unitária das esquerdasPosted by Picasa

segunda-feira, outubro 10, 2005

Eleições Autarquicas 2005

FAZ OU NÃO FALTA UMA ALTERNATIVA UNITÁRIA DAS ESQUERDAS?


Os mesmos que dificultaram a unidade das esquerdas nos principais centros urbanos, foram os mesmos que agora lamentaram a dispersão dos votos das esquerdas.

O PS (que sempre demonstrou tentações hegemónicas e de tentativas de subordinação doutras correntes às suas políticas liberais), a CDU e o Bloco de Esquerda (ambos em disputas fratricidas), têm responsabilidades no clima que se tem criado no relacionamento entre os partidos das esquerdas. Como temos dito, respira-se e sente-se, entre as esquerdas, um clima de permanente disputa, um clima de permanente crispação entre as direcções daqueles partidos, uma completa incapacidade para o debate político sereno e não sectário.

Ao contrário da direita, as esquerdas revelam não só incapacidade política, mas até receio para dialogarem, receio para tentarem convergências para a concretização de outra realidade política, social e económica.

As autárquicas mostraram, mais uma vez, isso mesmo! As presidenciais (que se seguem!) parece que repetirão o mesmo cenário.

Uma alternativa unitária das esquerdas com um programa democrático e socialista é hoje um enorme desafio em Portugal. Até porque, desde o 25 de Abril, nunca houve nenhuma solução política nacional desse tipo.

Será que a maioria social não aderiria? Será que não seria a melhor forma de combater todos os populismos que vão crescendo à sombra da crise da democracia liberal? Será que não seria uma forma de motivar maior participação popular e cidadã? Não será mais mobilizador uma alternativa unitária das esquerdas que o conformismo do chamado “voto útil”, sem utilidade para nada?

É óbvio que falamos de uma alternativa que não se fique pela mera soma de votos, e com a manutenção das políticas implementadas por quem não se sabe libertar/cortar com os mecanismos da chamada “economia de mercado”, i.e. o liberalismo.

A constituição de uma alternativa com um programa de mudança social, política e económica exige, claro está, capacidade de diálogo, de debate e de conclusão entre as diversas correntes e partidos das esquerdas.

O pluralismo à esquerda não é um problema. É salutar a divergência, o confronto de ideias e projectos. No entanto, tudo se complica quando, à esquerda, a diferença de opiniões é substituída pelo campeonato dos votos, com cada partido a querer ganhar o campeonato!

As esquerdas deveriam ter, antes de mais, uma visão social e a capacidade de uma resposta social aos problemas concretos. O excessivo parlamentarismo à esquerda, tem sido e continuará a ser, se persistir, um sério obstáculo a um melhor relacionamento político das esquerdas.

sábado, outubro 08, 2005

A propósito das autarquicas 2005 ...

VOTOS DE ESQUERDA CONTRA A DIREITA E AS POLÍTICAS DE DIREITA!

De França chegam novamente notícias sobre o movimento social do NÃO à dita Constituição liberal europeia, desta vez, a recusar as políticas liberais do governo de direita de Villepan.

Notícias que mostram também como é possível fazer convergir a pluralidade das esquerdas e de todos os sectores sociais que recusam o liberalismo e as suas políticas, ao mesmo tempo que exigem a defesa dos serviços públicos, a defesa das conquistas sociais e afirmam possível outra realidade política, económica e social.

Em França, convergiu nas ruas a afirmação de uma cultura unitária social e das esquerdas!

A concretização de uma alternativa que emerge dessa cultura, é a única forma de se conquistar a maioria da população para o combate ao liberalismo e às suas políticas.

Quando as esquerdas adoptam a “clubite” típica do parlamentarismo liberal, muito pouco conseguem.

Esta é a lição que se deve tirar do exemplo francês e que interessa à reflexão sobre as eleições autárquicas em Portugal.

São eleições locais, é um facto! Mas são eleições locais em todo o território nacional com a intervenção activa de todos os líderes nacionais dos diversos partidos concorrentes. Acrescem ainda as declarações dos dirigentes e candidatos afectos ao partido do governo Sócrates que fazem questão de afirmar serem “amigos” do governo! Isto é, amigos das suas políticas!

Ou seja, para além da intervenção local, há sem dúvida, uma avaliação das políticas governamentais. E, sendo assim, estas eleições serão uma oportunidade para todas e todos avaliarem o impacto social das medidas do governo Sócrates.

E essas medidas vindas do principal partido das esquerdas em Portugal, prejudicam muito seriamente a possibilidade imediata de uma grande convergência unitária das esquerdas em Portugal.

A direcção do PS desbaratou completamente o efeito social e político dos resultados eleitorais de 21 de Fevereiro último!

O governo Sócrates, o governo da direcção liberal do PS, será também avaliado em 09 de Outubro pelas suas políticas liberais, como foi em Fevereiro último, o governo de direita de Santana Lopes e Paulo Portas.

Essa avaliação terá um peso determinante nas opções eleitorais em Lisboa e no Porto. Pelo peso desses concelhos, mas também pela dinâmica nacional que as direcções partidárias nacionais deram com as suas intervenções permanentes a nível local.

Mas ao mesmo tempo que se avaliam as políticas liberais do governo Sócrates, convém frisar que a alternativa a essas políticas não estão naqueles que foram derrotados em Fevereiro, como é o caso de Marques Mendes, de Carmona Rodrigues, de Rui Rio. Marques Mendes é o actual líder do PSD mas integrou o governo de Durão Barroso. Carmona Rodrigues, candidato do PSD à Câmara de Lisboa integrou o governo de Santana Lopes e foi seu número 2 na Câmara a que se candidata. Rui Rio colecciona lugares de número 2 de todos os últimos líderes do PSD. Não são alternativa a políticas que também defenderam (e defendem…) e praticaram.

As políticas de Sócrates não foram votadas em 21 de Fevereiro e, mais não são, que a continuação das políticas derrotadas nesse dia. Sócrates, tal como Durão Barroso,  Santana Lopes e Marques Mendes,  representa a Europa do “sim” à Constituição europeia liberal e, vem daí, a semelhança das políticas que defendem!

O grande drama, para uma alternativa de esquerda, reside na contradição de essa alternativa ter de rejeitar a actual direcção Sócrates do PS, mas não pode prescindir da participação, do contributo e da vontade dos militantes e eleitores socialistas! Por este motivo, o PS continuará a ser um partido imprescindível para a definição de uma alternativa de esquerda em Portugal.

As eleições autárquicas têm registado uma luta escusada e desgastante, numa perspectiva de esquerda, entre o Bloco de Esquerda e o PCP (CDU). É uma mera disputa eleitoral ditada pelos timings do parlamentarismo liberal (que as direcções desses dois partidos parece terem assimilado), mas que só adia a criação de uma cultura unitária das esquerdas que possibilite a definição de uma alternativa de esquerda. Diríamos que falta às esquerdas mais intervenção social e menos adaptação a guerrazinhas parlamentaristas.

Recuando ao inicio da campanha eleitoral autárquica, todos estaremos também recordados dos diversos episódios acontecidos em Lisboa e no Porto protagonizados pelo PS, pelo PCP e pelo BE quando parecia que todos queriam uma solução unitária de esquerda nas maiores Câmaras do país, mas que acabou por prevalecer a divisão. Pelo caminho ficou visível que a actual direcção do PS entende por “unidade” a submissão às suas políticas, enquanto entre o BE e o PCP mas não se passa que uma disputa para ver quem tem mais peso eleitoral que o outro. Afinal todos falavam em unidade, embalados pela lição política que os resultados eleitorais de 21 de Fevereiro revelaram: uma imensa derrota da direita, uma votação impressionante nos partidos de esquerda! Ou seja, mais uma vez, as direcções dos partidos de esquerda – todas elas! – foram ultrapassadas pelos movimentos sociais!

É num quadro de guerras partidárias entre as esquerdas e de crise das democracias liberais que vão ganhando expressão, correntes populistas claramente reaccionárias. Como as candidaturas de Fátima Felgueiras, em Felgueiras, de Isaltino Morais, em Oeiras, de Valentim Loureiro, em Gondomar, e de Ferreira Torres, em Amarante. Nada têm para oferecer em termos de programa, a não ser o aproveitamento da insatisfação de muitos sectores populares perante sinais de crise das democracias liberais: excessiva centralização do poder político, inexistência de mecanismos de participação popular fora do quadro parlamentar, excessiva partidocracia com partidos sem democracia interna.

A previsível vitória destas candidaturas nos concelhos em que se apresentam, é uma derrota dos que procuram respostas no quadro de um sistema que cria/tem criado as condições para o aparecimento de tais candidaturas. A incapacidade das esquerdas para se apresentarem de uma forma alternativa, é também responsável pela vitória dos populistas.

Mais uma vez, o exemplo francês que demos no inicio desta reflexão, prova que a concretização de uma outra cultura de relacionamento político entre as diversas correntes das esquerdas, pode criar as condições de maior credibilidade e apoio social para uma alternativa que possa emergir do que chamamos cultura unitária das esquerdas. Ou seja, a substituição de um relacionamento mais baseado na intervenção convergente junto de problemas concretos com capacidade de afirmação politica de alternativas.

Nas eleições de 09 de Outubro, o nosso apelo vai para os votos que rejeitem o liberalismo e as políticas liberais. Votos à esquerda, não obstante a postura lastimável e pouco apelativa das direcções das esquerdas.

Não é um apelo abstracto. É um apelo a todas as cidadãs e a todos os cidadãos que têm demonstrado, em muitos momentos, muito mais discernimento político que os jogos de aritmética parlamentar das diversas direcções das esquerdas.

A nível local ou a nível nacional, a emergência de uma alternativa das esquerdas com um programa democrático e socialista, fora do quadro político e económico do liberalismo, é o desafio que se coloca às esquerdas, é o desafio para o aprofundamento da própria democracia, é o desafio capaz de ganhar o apoio social maioritário.

João Pedro Freire