tribuna socialista

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

JOSÉ AFONSO: A LUTA PELA TERRA DA FRATERNIDADE ... CONTINUA!


Passam hoje 20 anos sobre a morte de JOSÉ AFONSO.
José Afonso escreveu, cantou e lutou. A sua vida é sobretudo uma vida de luta e de militância.
Não é, como alguns querem fazer crer, um espécie de cantor do regime. Se fosse vivo, de certeza, que seria uma voz critica. Critica de todos os que querem fazer esquecer Abril de 1974 e o extraodinário movimento de mudança e de revolução que se seguiu. E criticaria principalmente aqueles que enchem a boca com Abril, mas, na prática, nada fazem por isso ...
Há muitas formas de lembrar José Afonso ... visitem o portal da Associação José Afonso. Relembrem a voz de José Afonso. Pensem nisto.


Mas, o mais importante, não se esqueçam que é preciso lutar pela terra da fraternidade. E, para isso, tragam sempre mais um amigo!
20 anos depois ... José Afonso para sempre!


terça-feira, fevereiro 20, 2007

DOIS ANOS DEPOIS ...

Há dois anos o Partido Socialista conquistava a sua primeira maioria absoluta na Assembleia da Republica. Fartos da governação PSD/CDS, de Durão Barroso, Santana Lopes e Paulo Portas, a votação no PS correspondeu a uma vontade de novas políticas num sentido que contrariasse o neo-liberalismo.

O que temos passados dois anos?

A esta pergunta surge uma outra: o actual governo tem alguma coisa a ver com o resultado de há dois anos atrás no PS? Ou outra ainda: José Sócrates é mesmo secretário-geral de um Partido que ainda se intitula "socialista"?

O actual governo não é o governo PSD/CDS. Não é! Mas nas políticas, nas intenções, nas consequências dessas políticas, quais são as diferenças? Será que há diferenças?

Tomemos o exemplo recente das reacções da direcção do PS e do governo Sócrates, às declarações da euro-deputada socialista Ana Gomes sobre os voos da CIA em território nacional. Os dirigentes e os governantes do PS não se diferenciaram da acção dos governos de direita. Até os defenderam, atacando públicamente a socialista Ana Gomes. Este exemplo, vem demonstrar que há, de facto, um enorme "centrão" de interesses e cumplicidades que parece unir os dirigentes do PS, do PSD e do CDS. Não obstante, as diferenças que vão assumindo no quadro dos jogos parlamentares e politiqueiros.

Outro exemplo desse "centrão" é que se passou com o chamado "Código Laboral". Das críticas que o PS fez enquanto oposição, sucedeu-se uma acção acrítica face a esse "Código".

Na saúde, na economia, na educação, o governo de Sócrates comporta-se como um aprendiz das políticas dos governos de direita ...

Sócrates tornou o PS um partido dócil à direita e face aos lobbies económico-financeiros. Tornou também o PS um partido sem militantes e sem debate interno. Fez do PS um partido preso dos jogos parlamentares e do aparelho de Estado, mas estranho à intervenção social e ao sentir da sua tradicional base social de apoio.

A última eleição presidencial revelou que, felizmente, há um grande número de socialistas que não se revêm na direcção Sócrates. A derrota de Mário Soares revela isso mesmo. A posterior colagem de Sócrates a Cavaco Silva revela também o mesmo e o lado que o primeiro-ministro e secretário-geral toma sistemáticamente.

O resultado do referendo sobre a despenalização da IVG não pode ser atribuido como uma vitória de José Sócrates. Muito menos do seu governo. Aliás a posição do Ministro da Saúde sempre foi dúbia. O resultado do referendo também não foi uma acção de apoio à política de saúde do governo. O resultado do referendo foi o corolário do esforço social e transversal da mesma base social que deu a maioria absoluta ao PS: mais uma vez há o clamor por outras acções e políticas governativas! Só não vê quem quer perpetuar o que nunca foi votado ...

O actual governo PS não é alternativa a qualquer governo de direita. Tal como o PSD sózinho ou com o CDS ou outro apêndice, não é alternativa ao actual governo PS. O mesmo não é alternativa do igual ...

A direcção Sócrates do PS não faz parte das forças que precisariam de começar a falar sobre uma nova alternativa de governação. Uma alternativa fora do neo-liberalismo e com um sentido popular, libertário e socialista!

PORTUGUESES ENTRE OS MAIS POBRES DA U.E. ...

Existem muitos caminhos para se ler e interpretar uma notícia. Mesmo quando se trata de uma como aquela que está no Público de hoje com o título: "Portugueses entre os mais pobres da UE".
Não é novidade, apesar dos anunciados "Planos Tecnológicos" ou dos novos "Códigos Laborais" ou até do combate à evasão fiscal.
José Sócrates certamente que encontrará as suas razões para continuar com a mesma política. Marques Mendes apontará o dedo ao governo como o "grande responsável" por esta situação.
Num ou noutro caso, daria para pensar: porque razão falam ambos assim, se são, com os seus partidos, os únicos (com o apendice CDS) que foram governo neste País?
Esses governos do "centrão" foram também os responsáveis pela crescente desvalorização do factor Trabalho na economia nacional. Para além da sucessiva perda de direitos e do caminho aberto para a total obstrução a qualquer forma de participação dos trabalhadores em qualquer matéria que lhes diga repeito.
Os trabalhadores, em qualquer sector de actividade, público ou privado, são hoje olhados pelos governos e pelas empresas como um custo que para ser rentabilizado tem de ser sempre menorizado quanto ao seu valor ou até quanto à sua valorização (por exemplo, formação profissional).
O estudo da Comissão Europeia chama a atenção para o seguinte: "Mas Portugal tem o pior resultado da UE num outro indicador, o dos trabalhadores pobres, o que significa que o salário não protege contra a precariedade: segundo os mesmos dados, 14 por cento dos portugueses com um emprego vivem abaixo do limiar de pobreza, contra 8 por cento no conjunto dos Vinte e Sete".
Enquanto este cenário de pobreza se vai acentuando, as empresas, os empresários e a banca vão batendo recordes de lucros. Ou até conquistando, por parte do governo, alguma tolerância no ambito do dito combate (apanha primeiro os mesmos de sempre ...) à evasão fiscal ...
Perante estas duas realidades opostos e contraditórias, bem pode o governo continuar a pedir confiança para a retoma económica aos portugueses ...

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

O QUE FAZEM OS MOVIMENTOS DO "NÃO" (à IVG) PERANTE ISTO?

A edição de hoje do Jornal de Notícias noticiava em primeira página: DESPEDIMENTOS DE GRÁVIDAS NÃO PÁRA DE AUMENTAR!
Perante uma realidade destas o que fazem os responsáveis dos movimentos do "não" à IVG, como o ex-ministro Bagão Felix, um dos responsáveis pelo actual Código Laboral que liberaliza despedimentos?
O que dirão a estas trabalhadoras-mães que, de repetente, se vêm sem emprego, sem estabilidade, sem segurança? O que dirão às suas famílias?
Perante estas realidades de vida, os tais "defensores da vida" metem a cabeça na areia, agora que a campanha acabou ... agora que voltam a defender as mesmas soluções de sempre que só resultam em mais miséria e insegurança social.

domingo, fevereiro 18, 2007

PROVOCAÇÕES DO MINISTRO DA SAÚDE NA TELEVISÃO ...

O Ministro da Saúde, Correia de Campos, além de demagogo é provocador ... A propósito do possível (?) encerramento da urgência nocturna de Valença, resolveu colocar 10 milhões de portugueses contra a população daquela cidade minhota, depois de culpabilizar o Presidente da Câmara pela manifestação popular que hoje se realizou!

O governo Sócrates pensa que as alterações no Serviço Nacional de Saúde devem ser efectuadas sem qualquer intervenção das populações ou do poder local. É uma posição prepotente que deveria merecer uma resposta à altura por parte dos 10 milhões de portugueses incluindo os milhares de socialistas que se revêm (será?) no que sobra do PS (entendendo que o "S" ainda quer dizer "socialista"...).

Tal como os habitantes de Valença vieram para a rua mostrar a sua indignação, é tempo dos milhões de portugueses (de norte a sul, contribuintes, trabalhadores, consumidores ...) mostrarem que têm opinião e que sabem também o querem quando se fala em reestruturações, remodelações ou alterações que mexam com as suas vidas concretas!

sábado, fevereiro 17, 2007

Camara Municipal de Lisboa: um exemplo de alheamento da vontade popular!

O que se passa na Câmara Municipal de Lisboa: será que o que lá vai acontecendo ainda tem alguma coisa a ver com o resultado das últimas eleições autarquicas?

Tirando o Bloco de Esquerda, parece que todos os restantes partidos entraram num processo de empurrarem uns para os outros a exigência da consulta da vontade dos lisboetas. Alguns ainda caem no ridiculo de admitirem novas coligações entre eles ... porque a consulta aos lisboetas poderia dar no mesmo!

Mas será que, mesmo dando no mesmo, os lisboetas não têm o direito de se pronunciarem sobre o caos em que está mergulhada a maior Câmara do País? Porque será que alguns partidos só apelam à consulta popular quando lhes convém?

Há também os que resolvem invocar os "altos custos" que envolve uma consulta popular ... como que a insinuar que o exercício da democracia é "cara", embora a democracia (no seu lado formal ...) não!

O exemplo do Município de Lisboa exibe também a distância crescente que se vai estabelecendo entre eleitores e eleitos numa democracia crescentemente formal, como é a portuguesa. Há uma tendência para os eleitos tentarem resolver (!?) as suas crises com alianças e acordos entre si, desprezando a consulta de quem os elegeu. A par disso, desenvolvem discussões que se revelam actos esquizofrenicos e impercetíveis para quem os ouve de fora ...

No plano nacional é o que sabemos com o excesso de parlamentarismo e de partidocracia. No plano local, seja municipal ou nas freguesias, os tiques do formalismo democrático representativo como que são copiados com régua e esquadro. Em ambos os planos o que sobra é a inexistência de participação e decisão popular e cidadã.

O representativismo desta democracia funciona como um funil e contribui para que as crises se sucedam sem qualquer resolução convincente e durável.

Não existem receitas pré-fabricadas para as crises da formalidade democrática. Mas a criação de mecanismos de participação directa, de decisão directa, a todos os níveis da sociedade, certamente que contribuiria para mudar alguma coisa. Desde que, as mudanças também ocorressem no modelo sócio-económico dominante que tudo condiciona!

JOSÉ AFONSO: há quase 20 anos ...

Há quase (23 de Fevereiro de 1987) vinte anos ... subsiste a sua música e o seu exemplo de coerência!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

TRAZER O DEBATE PARA O SOCIAL PARA DERROTAR AS FORÇAS RETROGRADAS...

Não dizemos que a oposição de direita tem mau perder relativamente ao resultado do referendo de 11 de Fevereiro.

Afinal o debate SOCIAL sobre o referendo mostrou um corte muito TRANSVERSAL relativamente ao POLITICO. Explicamos: o SIM reuniu apoios à esquerda e à direita, políticamente falando. Quanto ao NÃO temos alguma dificuldade em encontrar alguma esquerda entre os seus apoiantes...

Dizemos mesmo que o debate deveria ser descentrado: passar do político (hiper-parlamentarizado, afunilado, partidarizado, ...) para o social (que precisa de ser libertado, socializado, revitalizado anulando fronteiras artificiais e repressoras ...). É isso que se pode concluir do debate sobre a IVG e é isso que se concluiria se o debate se centrasse no plano do social.

Somos de opinião que debates como o que se travou sobre a IVG, trazem ao de cima quais os sectores sociais responsáveis pelo atraso cultural deste País. Igreja, direcções dos partidos de direita, lobbies económico-financeiros e alguns orgãos de soberania comportam-se, de facto, como os grandes obstáculos a qualquer abertura, a qualquer perspectiva descriminalizadora na sociedade portuguesa.

A intervenção pós-resultados do referendo dos movimentos "Não", das direcções do CDS e do PSD e da hierarquia da Igreja Católica, mostra que as mudanças pela modernidade, pela abertura, pela tolerância, têm de ser feitas com capacidade de ruptura, com vontade!

A recente intervenção do Presidente da República com o coro dos movimentos "Não" e das direcções dos partidos de direita, mostram até que ponto é que as forças mais retrógradas (não) aceitam as expressões da vontade popular quando essa vontade é contrária a esses interesses.

Os descendentes dos tiques que dominaram o chamado "Estado Novo", sempre se deram muito mal com liberdade de consciências e com consciências livres ... quando podem, como já o fizeram, tentam controlar as consciências ...

O respeito pela vontade expressa no referendo de 11 de Fevereiro, exige que a futura lei sobre a IVG seja feita sem concessões áqueles que continuam a pretender a criminalização da mulher ou a opressão da sua consciência. Mesmo que agora tentem aproveitar, para os seus fins, a formação de "comissões de aconselhamento" para a IVG.

É importante que se retirem as devidas conclusões do referendo sobre a IVG. E uma delas é que a vontade popular só pode ter expressão concreta se o debate se situar ao nível das pessoas e no plano da sua intervenção diária e concreta! Arranjos, engenharias eleitorais, lobbying político, jogadas e jogos parlamentares, defesa de interesses de Estado (que nunca são verdadeiramente explicados), ... , tudo isto só pode levar a novas formas de totalitarismo!

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

DEMOCRACIA ... SIM, MAS SÓ EM ÁREAS PERMITIDAS...

Dez sargentos começam hoje a cumprir uma pena de cinco dias de detenção por terem participado num "passeio do nosso descontentamento" em Novembro passado, em Lisboa.

Os partidos do chamado "centrão", todos os chamados orgãos de soberania, a hierarquia militar, ... , todos os "guardiões" da actual formalidade democrática, sustentam ilhas (cada ves mais abundantes ...) dignas de um regime totalitário: as liberdades e os direitos democráticos e sociais só são permitidos dentro de espaços limitados e determinados ... é o que parece, acaba por ser a realidade!

O que se passa (tradicionalmente ...) na instituição militar é também o que se passa em qualquer empresa. Nas empresas (principalmente nas privadas) a democracia e os direitos ficam à porta. Lá dentro (das empresas) o que reina é um código dominado por deveres e quase-omisso em direitos. Os trabalhadores das empresas que não cumpram o tal código de deveres não são obrigados a cumprir dias de detenção ... podem ser, pura e simplesmente, colocados na "prateleira" da não progressão de carreira ou despedidos ...

Militar ou empresarialmente falando, esta é a realidade de uma democracia formal e liberalizada!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

TAMBÉM VOTÁMOS SIM, PELA DIGNIDADE, CONTRA A HIPOCRISIA!

Mais de 2 milhões de pessoas votaram ontem pela DESPENALIZAÇÃO da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).


Foi uma vitória das mulheres, foi uma vitória da dignidade, foi uma vitória contra a hipocrisia!


A vitória do SIM abre portas a uma redução muito significativa dos abortos clandestinos e à adequação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a respostas universais e com qualidade. Haja vontade política!


A derrota do NÃO é a derrota dos que só se lembram da VIDA quando se fala em abstracto. Porque da vida concreta de todos os dias - dar condições de vida digna a todas as famílias, com acesso universal e gratuito à saúde, à educação, ... - fazem vista grossa! Da mesma forma que assobiam para o lado quando se trata de falar contra as guerras, quando se discute o direito a empregos não precários, ...


Os defensores do NÃO foram bem derrotados, porque já em 1998 se manifestaram contra a actual lei que, agora, davam a entender que defendiam. Porque já a seguir ao 25 de Abril de 1974 estavam contra a revisão da Concordata com o Vaticano. Porque sempre se manifestaram, nos anos a seguir a Abril de 74, contra a introdução de disciplinas de educação sexual nas escolas ou acesso gratuito e universal a consultas de planeamento familiar no ambito dos serviços prestados pelo SNS ... foi vencida a hipocrisia!


O referendo de 11 de Fevereiro levanta outras questões, igualmente importante, quanto à (falta) qualidade da democracia que temos. Há uma clara falta de participação popular, cívica e cidadã, motivada, em parte significativa, pela excessiva parlamentarização e partidarização da vida política portuguesa. Tudo parece que tem de ser resolvido na Assembleia da Republica e via-partidos. Muito pouco sobra ou é deixado para a intervenção social!


Na nossa opinião, esta é uma das razões que obstaculiza a maior participação popular nos referendos: três referendos deram participações inferiores a 50%!


O debate sobre a IVG provocou o aparecimento de movimentos de composição transversal, com capacidade de mobilização superior áquelas que os partidos conseguem.


Tal como o debate em torno da IVG, há debates que devem ser generalizados e socializados, nomeadamente ao nível do poder local. Debates que podem ser dinamizados para além dos partidos e apesar dos partidos. Como há decisões que podem ser tomadas na sequência desses debates e fora das instituições locais e nacionais que afunilam e boicotam o debate social.


A sociedade portuguesa precisa de mais democracia, de mais participação social e individual, de mais sentido crítico perante as instituições, as empresas e o Estado! A democracia portuguesa criada na sequência do 25 de Abril de 1974, é hoje formal, amorfa, burguesa e caricaturizada à imagem e semelhança do que o modelo económico liberal cria em cada empresa.


Esta realidade precisa de ser mudada radicalmente com participação social, consciente e sistemática ! Com uma perspectiva socialista, alternativa ao liberalismo reinante, é possível criar um movimento popular com composição transversal (no actual quadro político, mas fora dos partidos existentes) capaz de mobilizar, sem dirigismos, vontades e forças trasnformadoras.


domingo, fevereiro 11, 2007

EUA : SERÁ QUE O SISTEMA CONSEGUE PRODUZIR UM PRESIDENTE ANTI-SISTEMA?

Barack Obama é o nome do senador democrata do Illinois, negro, que avançou ontem com o anúncio de uma candidatura a candidato pelo Partido Democrata a Presidente dos EUA.

Com um discurso que pretende ser simultaneamente transversal e radical (para a realidade norte-americana dominada por dois partidos que se assumem como duas faces de uma mesma moeda), algumas questões colocam-se: será que o sistema político norte-americano conseguirá produzir um Presidente com uma perspectiva que se pode definir como "anti-sistema" ? será que o poder económico-financeiro norte-americano e/ou o complexo militar industrial tolerarão um Presidente que fala em "transformar a América"? Será que os norte-americanos se mobilizarão fora do espartilho bipartido?

A democracia norte-americana não é própriamente o melhor exemplo de democracia. Principalmente quando se olha para o modo de eleição para Presidente. Ao que se pode adicionar os exemplos recentes de autenticos atentados anti-democráticos, como o que aconteceu na eleição que opôs o George W.Bush a Al Gore ...

Obama é um produto do Partido Democrata. Um produto do próprio sistema! Mas é possível que a experiência que ganhou com o trabalho social junto de comunidades pobres ou como advogado especialista em direitos humanos, contribua para a afirmação de um candidato com preocupações políticas e sociais pouco habituais no sistema político norte-americano.

Afirmações como:
  • "Podemos ser a geração que liberta o país da tirania da guerra, que controla as emissões de carbono para a atmosfera, que não esquece as lições do 11 de Setembro, que reconstrói as nossas alianças e leva a esperança a tantos outros países do mundo"
  • "Nós podemos ser a geração que recupera a classe média neste país. Que acaba com a pobreza e garante que ninguém fica sem emprego por falta de formação. Nós podemos ser a geração que finalmente acaba com a crise do sistema de saúde e consagra a cobertura universal dos cuidados médicos".
  • "fazer compromissos sem abdicar dos seus princípios"

merecem atenção. Por um lado, importa verificar como é que Obama desenvolverá a sua campanha dentro do partido a que pertence e depois, se vier a ser designado como candidato, junto das pessoas por todo o país que percorrerá. Por outro lado, como é que o aparelho de Estado (o federal e os regionais), com todos os seus tentáculos e lobbies, reagirá perante um candidato (ainda por cima negro ...) que pretende mobilizar a sociedade para uma transformação que tem produzido vitímas atrás de vitímas!

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A imagem típica da actual liderança do PS ...


A passagem por território português de aviões utilizados pela CIA, tem servido para definir o carácter da actual direcção sócratica do PS: socialista é coisa que já não é há muito (alguma vez terão sido?...), coloca os jogos e o controlo do aparelho de Estado como uma prioridade, é cumplice dos piores enredos da politiquice internacional e ... não tem qualquer problema em sacrificar camaradas (!!!) de partido na praça pública!...


Foi o que fez o alto dirigente socratico que aparece na figura que decora esta posta ...


Isto tudo a proposito da reacção dos socraticos à decisão do Ministério Público abrir um inquérito aos voos da CIA ...



domingo, fevereiro 04, 2007

VOTO "SIM" NO DIA 11 DE FEVEREIRO!

No dia 11 de Fevereiro votarei SIM pela despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez.

Será um voto pela dignidade da Mulher, um voto pelo direito a cuidados de saúde universais e gratuitos, um voto pelo direito a uma vida digna e em liberdade!

Como socialista libertário acredito que a luta pela despenalização é uma questão de liberdade de consciência. A consciência de cada uma e de cada um não é propriedade de nenhum Estado, de nenhuma empresa ou de qualquer religião.

Como socialista luto por uma sociedade que permita que a afirmação de direitos e de deveres não esteja dependente de critérios classistas, sexistas ou até tradicionalistas. A actual sociedade é violenta para a consciência de cada uma e de cada um e é violenta porque também não permite a afirmação plena de direitos e de deveres.

O voto SIM é um voto de liberdade, é um voto por uma sociedade que elimine todas as formas de violência sobre a mulher e o homem, é um voto pela VIDA!

João Pedro Freire Posted by Picasa

CONTRA A GUERRA! PELO DIREITO A UMA VIDA DIGNA E EM PAZ!

Ontem no Iraque morreram mais de 100 pessoas depois de ter explodido uma autocarro armadilhado ...

Se tivesse acontecido o mesmo com metade das vítimas em qualquer país Ocidental, certamente que hoje toda a imprensa e os governos estariam a emitir mensagens de pesar, comunicados, ... , em grande número.

Mas não ... como a guerra e os resultados da guerra são lá longe ... até parece que nada aconteceu ou acontece!

Por cá, os partidários da manutenção da criminalização da mulher no referendo de 11 de Fevereiro, continuam a dizer que o o voto "não" é que "defende" a vida ... mas vão continuando a fazer vista grossa à guerra e aos seus resultados devastadores!

Hipócritas! Enchem a boca de abstrações porque não sabem fazer o que quer que seja para intervir na realidade concreta das coisas e da vida!

sábado, fevereiro 03, 2007

A legislação sobre aborto na Europa dos 25

A edição de hoje do Público relembra que "o tipo de lei que vigora em Portugal apenas tem paralelo na Irlanda, em Malta e na Polónia´. A maioria dos países que constituem a União Europeia têm legislações que despenalizam as mulheres que praticam abortos".
Eis então o que se passa na União Europeia (retirado do Público que cita como fonte as Nações Unidas e a Federação Internacional de Planeamento Familiar):
Portugal, Espanha, Luxemburgo, Reino Unido: só em certas circunstâncias.
Eslovénia: a pedido nas primeiras 10 semanas.
Bélgica, Grécia, Alemanha, Bulgária, Hungria, Eslováquia, Républica Checa, Lituânia, Letónia, Estónia, Dinamarca, França: a pedido nas primeiras 12 semanas. (Na Bélgica, casos em que a gravidez provoca estado de angústia).
Holanda: a pedido nas primeiras 13 semanas.
Roménia: a pedido nas primeiras 14 semanas.
Suécia: a pedido nas primeiras 18 semanas (entre as 12 e as 18 semanas a mulher tem de discutir o caso com uma assistente social).
Itália: A pedido nos primeiros três meses.
Irlanda: só quando a vida da mãe corre perigo (incluindo o risco de suícidio, sem prazos)
Malta: proibido.
No próximo dia 11 de Fevereiro, está também em causa, também nesta matéria que tem a ver com o acesso a uma rede qualificada de saúde pública e direitos e a dignidade da mulher, a aproximação à União Europeia. Saúde, direitos e dignidade são três vectores concretos para a defesa da vida com qualidade!
O SIM tem a ver com isso! E tem a ver com isto ...

SOCRATES: O ARTISTA QUE TENTA QUADRAR O CIRCULO ...

Manuel Pinho é Ministro do governo de José Sócrates. Antes de ser ministro era quadro superior de um banco. Não há registo que tenha estado, alguma vez, sindicalizado ou participado nalguma greve. Também não há registo de alguma intervenção pró-transformação socialista da sociedade. Para entidades como o Ministro Pinho, o desenvolvimento de um País é só obra de empresários capazes de manter trabalhadores dóceis. Dóceis porque pouco reinvidicativos. Dóceis porque submissos aos seus patrões ...

Paradoxalmente, a própria Europa parece que não reunirá as simpatias de Pinho quanto ao modelo social que adopta para favorecer os empresários e submeter os trabalhadores ... ainda por cima, existem grandes estruturas sindicais que passam a vida a reinvidicar ...

O que realmente mexe com as simpatias de Pinho é a actual China ... diz-se "socialista" (como se diz Sócrates e até Pinho!) mas não se vêm sindicatos e os trabalhadores trabalham dócilmente 70 horas por semana por uma bagatela ... E ai do trabalhador que resolva levantar a garimpa ...

Manuel Pinho já veio dizer que ninguém percebeu o que ele quiz dizer com o que realmente disse ... ou melhor, disse efectivamente o que disse, mas ... só para consumo "out of country", i.e. fora do país !

Por cá, parece que não se aplica o que disse ... lá! Por cá, para consumo interno, o que fica é a discrepância entre os discursos e os programas e a prática diária da acção governativa!

Após uns dias de reflexão (!), o primeiro-ministro resolveu falar do que o seu Ministro Pinho disse: E falou para lhe dar razão ... revelando, fora do País, a mesma mestria que vai revelando internamente para ... quadrar o círculo! Digno da conhecida série "Yes, Minister".

Um Primeiro-Ministro que é também secretário-geral de um Partido que se (ainda...) diz socialista, dar cobertura política a um Ministro que defende políticas de baixos salários para atrair investimento externo ou que ataca sindicatos com o mesmo argumentário da direita mais retrógrada, é, de facto, uma pessoa que tem tanto de socialista como os dirigentes chineses têm de socialista ou até de comunista ... E este é mais um sinal do sentido das políticas do actual governo e da actual direcção liberalzita do PS !

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

O "NÃO" À IVG: será que são mesmo pela vida ?

Os partidários do NÃO enchem a boca de "defesa da vida" . Como se defender a descriminalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG) significasse defesa da liberalização ou qualquer coisa semelhante com não defesa da vida!

Habitualmente quem no dia-a-dia nunca faz nada pela defesa da vida em concreto, tem o hábito de escolher algumas ocasiões para mostrar o que nunca é! Com alarde, com boçalidades,

Alguns exemplos e outras tantas questões:
  • Defesa de um Serviço Nacional de Saúde universal e gratuito: quem passa a vida criticar a oferta pública de saúde e a fazer o elogio de cuidados de saúde quase que reduzidos à iniciativa privada ou à iniciativa dos seguros de saúde ?
  • Quem tem tempo e poder para exibir faustos cartões de crédito que ... dão acesso a uma série de clínicas médicas privadas estrangeiras do tipo "topo de gama" ?
  • Quem se salientou, enquanto Ministro, na aprovação de de um Código Laboral que acaba por precarizar (ainda mais!) o emprego e o trabalho? Descubram essa figura nas iniciativas do "não" ! ...
  • Quantas organizações ditas de "defesa da vida" se mobilizam para protestar contra a deslocalização de empresas que deixam no desemprego e sem recursos milhares de famílias?
  • Quantas organizações ditas de "defesa da vida" se mobilizaram ou mobilizam contra a guerra, seja a que existe no Iraque ou em qualquer outro ponto do planeta ?
  • Quantas organizações ditas de "defesa da vida" ou pessoas pelo "não" à IVG, se mobilizaram ou mobilizam ou mantêm mobilização fora de campanhas, pela educação sexual nas escolas?
  • Quantas organizações ou pessoas pelo "não" são vistas ou sentidas, fora das campanhas, a defenderem redes públicas junto dos centros de saúde ou de hospitais públicos de esclarecimento sobre a contracepção e/ou o planeamento familiar ?
  • Quantas organizações ou pessoas pelo "não" foram vistas a atacarem e a proporem medidas concretas contra o flagelo do trabalho e explorações infantis em Portugal ?
  • Quantas organizações ou pessoas pelo "não" foram vistas a defenderem a descriminalização das mulheres que foram julgadas na Maia ou em Aveiro por terem abortado? Ou seja, quantas dessas organizações defenderam EM CONCRETO a descriminalização perante casos CONCRETOS ?

Fiquem com esse grande hino à vida cantado por Victor Jara "GRACIAS A LA VIDA ..." , poeta e cantor assassinado por Pinochet, o ditador (já falecido!) chileno amigo e referência da seita que dá pelo nome de "PNR" e que foi vista numa manifestação, em Lisboa, promovida pelos partidários do "não" !