tribuna socialista

terça-feira, dezembro 22, 2015

UMA BANCA ÚNICA E PÚBLICA COM GESTÃO SOCIALIZADA !

À esquerda e à direita os escândalos que se sucedem na gestão dos bancos, recolhem, na grande maioria das reacções, a enumeração de factos que podem ter contribuído para que se consumasse cada desastre.



As "soluções" que se apontam variam entre umas pinceladas mais de "supervisão" a apelos à moralidade da raposa que supervisiona o galinheiro ...
Já com algum intervalo de tempo que permitiu reflectir sobre o assunto, o resultado da Comissão parlamentar de inquérito ao BES reflecte o unanimismo da constatação de factos e o unanimismo na incapacidade para se apontarem soluções.
Os apelos ao reforço da supervisão não eliminam nenhuma das causas que têm contribuido para a sucessão de desastres na banca. 




Devido à economia de casino, assente na necessidade de financeirização da sociedade, a banca (um pouco por todo o mundo e também em Portugal!) não está dimensionada para as necessidades da economia nacional. A banca está dimensionada para as expectativas de ganhos dos principais accionistas de cada banco!
A quantidade exagerada de bancos que operam no sistema financeiro deveria ser questionada. É uma questão política inadiável com reflexos evidentes nas necessidades e exigências da economia nacional. 



A gestão privada de cada banco obedece exclusivamente à opacidade do relacionamento entre os principais accionistas e quem dá a cara pelo banco: os conselhos de administração. Pode o supervisor Banco de Portugal produzir toneladas de avisos, directivas e regulamentos ... isso não passará de palavreado em relação ao qual a máquina opaca de cada banco se encarregará de desenhar a melhor finta.




Já são muitos os exemplos que mostram que as consequências da gestão privada e opaca dos bancos num número imenso de empresas bancárias acabam sempre por acertar nos contribuintes perante a estátua chamada Banco de Portugal e os governos que parece que agem como moços de recados do supervisor europeu.
Um sistema financeiro quase totalmente com gestão privada não é regulável mantendo-se a economia de casino. É a institucionalização do jogo do gato e do rato num plano onde esses jogos não podem acontecer!




O sistema financeiro tem de ter uma dimensão adequada às exigências de uma economia nacional e tem de ser objecto de uma única gestão única, rigorosa, pública e socializada.
A defesa de uma banca única e pública com gestão socializada (que comprometa os agentes económicos e sociais) parece-me ser o único caminho capaz de evitar novos e mais desastres.
Bem sei que a Comissão Europeia e o modelo financeiro que impõe, é um obstáculo a qualquer mudança. 




O único caminho para se vencer esse obstáculo é a luta com dimensão europeia, através da interligação de todas as acções que visem essa mudança racional num sistema financeiro que tem minado economias nacionais, europeias e mundiais.
Por cá, vive-se o episódio BANIF, que sucede a outros e antecede outros que já se preparam ... para deleite de muitos comentadeiros!


João Pedro Freire

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